Kissu´s escrita por LiLiSaN


Capítulo 4
Wakai meido




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(Imagem: Shaoran - CLAMP) 

...

Lanchonete: Food doo - 08h40min

“Aiaiai que vergonha...”. Sakura suspirou e se debruçou na mesa da lanchonete, que ficava em frente ao hotel ao qual trabalhava.

Seus amigos Naoko e Mamoru, ao seu lado, a olhavam preocupados, tentando conforta-la. 

“Sakura-chan não fique assim, não adianta nada! E como você disse, foi um acidente, não sabia que ele estava lá”. Naoko deu o último gole no seu suco de laranja, e a encarou preocupada.

“Desculpe novamente Sakura-chan, a culpa de tudo isso é minha! Se tivesse lembrado que falei com ele no corredor e ligado uma coisa com a outra, você não estaria desse jeito”. Disse demonstrando culpa, olhando para ela que levantou a cabeça rapidamente.

“Já disse para parar de se culpar Mamoru-kun, foi tudo um mal entendido, não se culpe, por favor...”. Deu um sorriso, mas voltou a abaixar a cabeça.

Na verdade o que a preocupava não era ter entrado no quarto sem saber que tinha alguém ou ter visto “o alguém” apenas de toalha. O que realmente preocupava Sakura, era algo que aconteceu e que por faltar coragem, omitiu dos amigos.

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“Oi...”. Disse Shaoran maliciosamente, não deixando de notar os lindos olhos verdes, arregalados, certamente de surpresa.

As palavras bem que tentavam sair, mas Sakura não abria a boca, estava ruborizada. Era o vocalista da banda, lembrava-se do show pela TV. Ele tinha a fisgado pela TV e pessoalmente, era ainda mais bonito.

A imagem dele, sem camisa e sua cintura coberta por uma toalha, a desconcertou. Com certeza estava nu, e a conclusão disso, a fez virar bruscamente para trás, evitando continuar a vê-lo naquele estado. O seu corpo másculo, bem definido, seu tórax rígido e o seu peitoral eram incríveis imãs. Imãs, extremamente, perigosos.

“Desculpe estar desse jeito, mas não esperava nenhuma visita, poderia me dar o roupão?”- Shaoran se referia ao roupão que estava na cadeira ao lado dela. Ela ficou parada e lentamente o pegou, esticando a mão. Shaoran se aproximou para pega-lo, deixando ela tensa, e sussurrou – “Não vou fazer nada que você não queira”. A dica de sensualidade, escondida, naquele tom baixo de voz rouca, a provocou arrepio dos pés a cabeça.

Tudo o que ele pôde notar foi o medo emanando dela, o que o fez sorrir. Não estava habituado a esse tipo de garota: arredia, tímida, envergonhada. Era um tipo raro. Depois de pega-lo, foi ao banheiro, vestir o roupão lá.

Sakura notou sua ausência e deu um longo suspiro, aliviada, pensou logo em se desculpar, afinal, havia quebrado umas das vastas regras daquele hotel, é aquela era a principal.A voz fina e irritante da generala, veio em sua mente: “Nunca, mas nunca incomode um hospede! E isso se inclui a não entrar em seu quarto sem permissão! Mesmo se o quarto estiver pegando fogo, só entre se o hospede permitir! ENTENDEU KINOMOTO?!”.

Não desejava estar na própria pele, caso a Generala soubesse o que estava acontecendo naquele exato momento... Tentando afastar aqueles pensamentos, virou-se e foi pedindo desculpas, junto de repetidas reverencia mesmo ele não estando ali:

“SENH... SEN... SENHOR ME DESCULPA POR ESSE ACIDENTE, É QUE VIM DEIXAR ESTA LEMBRANÇA QUE COLOQUEI EM SUA CAMA, POIS HAVIA ESQUECIDO DE FAZER ISTO, MAS NÃO SABIA QUE O SENHOR JÁ ESTAVA NO QUARTO. EU ATÉ BATI E ME ANUNCIEI, MAS NÃO OBTIVE RESPOSTA, FOI QUANDO ENTREI COM A COPIA DA CHAVE. MIL PERDÕES, PROMETO QUE ISSO NÃO ACONTECERÁ NOVAMENTE!! CASO O SENHOR QUEIRA SE QUEIXAR, O SENHOR TEM TODO O DIREITO...”. Sakura falava alto, olhando para baixo, sem pausa, quando olhou timidamente para cima o viu sorridente voltando do banheiro, terminando de enxugar os cabelos.

Não pôde parar de constatar o quanto ele era bonito, da cabeça aos pés... Sim, ela reparou nos seus pés, pois olhar todo o tempo para o chão ajudava nisso. Alto, de presença marcante, cabelos desalinhados, olhos tão penetrantes que estava difícil resistir ao eletrizante olhar. Ele poderia ser modelo, se quisesse.

“Queixar-me? Aparece uma das coisas mais lindas que já vi, de surpresa, em meu quarto, e vou me queixar? Nada disso senhorita...” -Ele forçou a vista, lendo no pequeno crachá do uniforme, o nome dela, mas somente disse o sobrenome - “Senhorita Kinomoto, se continuar me visitando assim, vou ficar muito agradecido”. Disse por fim, sentando na enorme cama, havia convite insinuativo ali, mas ele falhou, e isso chamou mais ainda a atenção dele.

Sakura não conseguia mais disfarçar as bochechas vermelhas, balançou a cabeça tentando se desfazer da vermelhidão, e continuou a fazer repetidas reverencias, até que sentiu ele chegar mais perto.

“E então... Por que a gente não esquece isso logo, e nos conhecermos melhor?” - Shaoran se aproximou como um gato sorrateiro, percebendo seu rosto vermelho, encantando-se mais ainda. Realmente, ela era tímida. Seria, para ele, uma conquista mais gloriosa – “O que você acha Sakura?”. Ao ouvir seu nome saindo de sua boca, ela enrijeceu. Junto sentiu o calor do corpo e o aroma provocante que emanava dele, certamente ele havia passado perfume quando foi ao banheiro. Tudo era provocador.

Como num estralo, levantou a cabeça e o viu aproximando seu rosto bem perto do dela, ficou hipnotizada pelo olhar dele, e principalmente por aqueles lábios convidativos. Ele iria beija-la. Recobrou a consciência e o resultado disso a faria ficar muito arrependida.

Shaoran ficou incrédulo, tão surpreso que nem sentiu a dor do tapa em seu rosto. Ela levou a mão até a boca, surpresa, havia esbofeteado um hospede, e pior, um hospede muito famoso, a única coisa que conseguiu dizer foi “Desculpa” e saiu de lá correndo.

Ele levou a mão até o lado esquerdo do rosto, que estava começando a ficar vermelho: “Doeu...”.

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 “Ele mereceu!”. Sakura levantou-se da mesa, com o punho fechado, chamando a atenção de todos que estavam ali, não deixando de fora seus amigos.

“Quem mereceu o quê?”. Perguntou Naoko sem entender nada, assim como Mamoru que olhava Sakura, que agora estava sem graça.

“Ahn nada... Estou com medo de ele reclamar para Generala, se fizer isto, serei demitida...”. Com um olhar tremulo, Sakura abaixava a sua cabeça.

“Não se preocupe, se isso acontecer, você não vai estar nessa sozinha!”. Mamoru engoliu de vez o biscoito de morango e se levantou bruscamente, como Sakura antes, com a mão fechada e totalmente confiante, fazendo Sakura sorrir.

“É ISSO AÍ! Eu também estou com você, Sakura-chan!”. Naoko levantou-se sorrindo, e piscou para a amiga, agora os três em pé, chamavam atenção das pessoas ao redor, os olhavam como se fossem ET’s entres os seres humanos.

“Obrigada aos dois, não sei o que seria de mim sem vocês...”. Ela falava com os olhos cheios de lagrimas, deixando Mamoru e Naoko emocionados, em questão de segundos, os três se abraçaram chorando, deixando as pessoas da lanchonete, intactas.

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Hotel 5 Estrelas: TokYo 9h:55min -Recepção

"Então senhorita, as pessoas chamadas Yukito, Eriol, Nakuru, Rika, Mizuki, Yamazaki e Yoko foram conhecer o hotel, três deles estão na sala de cinema, o resto, infelizmente, não sei informar, pois...”.

"O único que me interessa é o Xiaolang! Procure por Shaoran!".A voz alterada fez o educado funcionário, que ligava escondido de um dos telefones da recepção, engolir seco, e sorrir sem graça.

"Ah me desculpe senhorita... Deixe me ver... Só um minuto, por favor". Meiling cerrava os dentes de tanta raiva, o seu informante a estava decepcionando, batia o pé esquerdo no chão impaciente pela demora, perto de chegar ao ponto de desligar e ir ela mesma procurar saber -"Senhorita, ainda está aí?".

"Que pergunta idiota! Fale logo!".

"Err... Desculpe-me, o Senhor Shoran está no quarto, ele ligou a meia hora informando que não iria almoçar a 12h00min no restaurante e pediu que levasse o seu almoço no quarto, parece que mais tarde irá para piscina, não confirmou, deixou pôr confirmar depois, disse que procurava um senhor chamado Eriol, deixou recado para ele...”.

"Hum... Não é uma informação das mais importantes, mas você vai receber sua recompensa, agora escute bem, dá próxima vez, seja muito mais ágil, não tenho o dia todo para esperar que você procure informações, as quero prontas! E ele se chama SHAORAN!"

"Sim... Me...". Ele nem pode terminar, ela desligou -"Mulheres independentes... No tempo do meu vovô, que Deus o tenha, não era assim...". Fez cara feia, e dava língua para o telefone.

 

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Quarto 412 - 10h10min

Shaoran não havia conseguido dormir, e isso era de se estranhar. Sentia seu corpo tão pesado e um cansaço inevitável que o certo seria dormir feito um bebê. Não deixava de pensar no que havia acontecido, aquilo foi fora do seu padrão de vida de galanteador, aquele tapa doía até agora.

Conquistou mulheres de todos os tipos, e sempre teve todas aos seus pés, implorando seu amor, não que se gabasse disso, sempre foi muito educado em dispensa-las, somente apreciava a conquista.

Claro que sua vida não foi feita somente de aceitação por parte dos casos amorosos, já ouviu poucos “não” sempre ditos de formas arrependidas ou singelas, mas nunca foi desprezado daquela maneira bruta.

Estava deitado na cama, com os braços atrás da cabeça, fitando o teto, ainda tinha a marca do tapa que havia levado, e pensar nisso o fez sorrir.

"Por que estou sorrindo?"- Levantou, bruscamente, da cama, sentando-se- "Aquela louca! Deve ter espalhado para todo mundo! Se tiver feito isso, vai me pagar com o emprego dela!" - Disse dando um soco na mão aberta. Sua feição mudou novamente, estava sereno- "Mas até que foi divertido...".

Sorriu ao lembrar-se da linda camareira, que parecia uma boneca de tão tímida e retraída que era. Seus olhos verdes arregalados quando o viu de toalha, o fez sorrir feito um bobo. Divertiu-se bastante com todas as reações que ela esboçava, mas queria ter prolongado a diversão muito mais e de outro jeito...

Shaoran despertou de seus pensamentos, com o barulho do bater na porta, levantou olhando para o relógio, e pôs o roupão, calçando também pantufas do Pikachu, personagem do anime "Pokémon".

Por um momento, hesitou. Poderia ser ela. Olhou-se no espelho, deu uma leve ajeitada no cabelo e chutou as pantufas para longe. Certamente, ela tinha vindo pedir desculpas, e como sua imaginação era fértil, ela estaria vestida com roupa sexy de empregada, pronta para servi-lo.

Com pressa, nem olhou pelo olho mágico da porta, apenas a abriu, e fechou a cara, quando viu quem era.

"Desculpa a demora, mas só agora rec..."- Eriol não completou o que dizia, foi puxado bruscamente. Shaoran pôs somente a cabeça para fora do quarto, olhando para os dois lados do corredor e fechou a porta. Eriol desamassava o terno- "Estou vendo que o assunto é urgente, o que foi desta vez?". Disse, retirando os óculos e os limpando.

Além de colega na banda, Eriol era seu melhor amigo. Considerava muito todos, mas era o amigo inglês a quem ele escutava. O achava muito maduro, apesar da pouca idade. Gostava dos conselhos que recebia dele, não, necessariamente, os seguido sempre.

E se alguém podia colocar algo em sua cabeça, este alguém era Eriol. Ele até que se esforçava muito para o amigo deixar as conquistas de lado e procurar alguém para ser feliz, de verdade, mas isso o chinês era cabeça dura.

Shaoran foi atrás das pantufas jogadas, falando: "Você demorou hein? Faz meia hora que mandei o recado!". Ele estava inquieto, andando de um lado para o outro, com a cara amarrada.

"Bem, como ia dizendo, estava no salão de festas, por isso demorei, mas me diga, por que você está assim?". Recolocou os óculos, observando o amigo inquieto.

"Por isso!". Shaoran apontou para a bochecha esquerda, ainda, vermelha.

Eriol franziu a testa e constatou:"Hum... Dormiu de mau jeito? Ou bateu o rosto em algum lugar? Está ficando inchado, é melhor colocar um gelo nisso, se não você...”.

"LEVEI UM TAPA ERIOL!"- Eriol novamente foi interrompido, e não ficou surpreso, apenas sorriu- "Por que você esta sorrindo?!"-Shaoran cerrou os dentes, fechando o pulso.

"Ora Shaoran, eu disse que isso ia acontecer um dia, e você disse que se acontecesse eu poderia rir. Lembra-se do que eu disse? Que nem todas as mulheres são iguais?"- Shaoran sentia que ia explodir de tanta raiva- "Mas quem foi que fez isso? Andou cantando uma mulher casada ou mais velha?". Da raiva passou para a vergonha, Eriol já reagiu daquela forma sabendo do tapa, se soubesse que não foi nenhum tipo dessas mulheres, será que...

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Pensamento Shaoran:

"HAHAHAHAHAHA! Você levou um tapa de um moça nova e solteira?!HAHAHAHAHAHA! O pessoal precisa saber disso!HAHAHAHAHA!". Eriol ria com a mão na barriga que doía de tanto rir.

"Eriol-chan, por favor, não espalhe!". Disse agachado, "riscando" o chão, com o dedo indicador.

A porta foi aberta: “Ali pessoal, foi nele que dei um tapa! Huhuhuhuhuhu!". Dizia a camareira acompanhada de vários funcionários que riam, e se surpreendiam.

"Nossa!". Surpreendiam-se uns, outros a cumprimentavam.

"Você é demais garota!"

Eriol e Sakura agora riam, lado a lado, apontado para ele, assim como todos.

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 "Acorda Shaoran!". Pediu Eriol, que realmente o acordou- "Então quem foi?".

"Foi uma jovem camareira...". Disse baixinho, olhando para o lado, vermelho.

"Uma o quê?".

"Jovem Camareira..."

"O quê?". Eriol se esforçava pra escuta-lo, sem sucesso.

“Jovem Camareira...”.

"Hã?". Eriol tinha uma paciência impressionante, pois perguntava novamente, calmamente. Parecia ter todo o tempo do mundo para decifrar o que o amigo dizia.

"Jovem Camareira...”

"Cabeleireira?". Shaoran, foi quem perdeu a paciência, olhou para ele ainda vermelho e gritou:

"CAMAREIRA ERIOL, CA-MA-REI-RA!".

“Caramba Shaoran, galanteando camareiras de novo?"- Shaoran tinha os dedos indicadores batendo um no outro- "Hum... Admiro essa moça". Pôs a mão no queixo.

"O QUÊ?! Ela me esbofeteia e você a admira?". Perguntava indignado, encarando o amigo que continuava com o mesmo sorriso.

"Você não vê? Ela poderia ser mais uma, aquelas que se encantam por você ser famoso. Muitas que você já conquistou tinham bastante dinheiro, outras nem tanto, e ela tudo que fez, foi dar um tapa em seu rosto. Por isso a admiro, mostrou que tem valor, ela disse o nome?".

"Err... Hum..."-Realmente, mais uma vez, o que Eriol havia falado, fazia sentido...- "Se chama Sakuma, ou Sakume, ou será, Sorata? Err...Não lembro".Colocou a mão direita detrás da cabeça, sem jeito.

"Para variar, não é?" -Disse dando tapinhas, no ombro de Shaoran- "Ah ia esquecendo! Hoje à noite, vai haver um coquetel, e nos convidaram para tocar, ofereceram dinheiro, mas Mizuki recusou, já que estamos aqui de graça".

"Hum... Legal”. Foi tudo o que respondeu. Eriol notou o amigo pensativo

“Shaoran, anime-se, não percebe? Há esperanças de que você encontre uma mulher que não esteja interessado apenas em passar apenas uma noite com  você”.

 

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Hotel 5 Estrelas:TokYo -Salão de Festa- 10:20

"O que iremos tocar?!". Nakuru rabiscava um papel, debruçada no lindo piano cinza, no palco do salão.

Este palco não era tão grande, mas era do tamanho suficiente para caber vários instrumentos, além das pessoas ali em cima. Mizuki tocava apenas algumas notas, enquanto deixava Nakuru angustiada por não dar a resposta.

O salão era um ambiente tranqüilo com belíssimas decorações de paisagismo, assim como quadros de tudo que se relacionava com a musica. Bem extenso, provavelmente caberia 700 pessoas ali, ou até mais, tinha uma enorme porta, que dava para uma sacada também muito bem decorada, com cadeiras de madeira, vasos de flores, e de bônus a bela vista para a torre de Tóquio, famoso cartão postal, estava inclusa.

O enorme movimento por causa do coquetel era notório, haviam decoradores, pessoas encarregadas da limpeza, músicos subindo ao palco, enfim vários funcionários do hotel desesperados, para que tudo saísse como a "Generala" queria. As mesas estavam sendo decoradas, cortinas sendo trocadas, janelas sendo limpas, tudo de acordo com as ordens dela.

"Não adianta ficar nervosa Nakuru-chan, pensaremos nisso com calma".

"Mas nem ensaiamos Mama... Estou nervosa sim". Continuava a rabiscar o papel, com as músicas que ela acha que daria para tocar.

Yukito também estava lá, mas conversava com uns funcionários do hotel, que se divertiam com ele, mas pararam de rir ao mesmo tempo, e arregalaram os olhos, quando viram um rapaz passar por detrás de Yukito, diziam que era igual a ele.

"Ah ele é meu irmão..."-Virou para vê-lo, e sorriu ao dizer - "Ei Yue, vem aqui". Yue fez cara feia, como sempre, e foi até o irmão.

"Fala". Estava com as mãos dentro dos bolsos da calça.

"Pessoal, este é meu irmão Yue, ele toca guitarra na banda". Todos fizeram reverencias, ele retribuiu, e se foi, deixando todos sem entender nada.

"Nossa, seu irmão é mal educado, desculpa lhe dizer isso...". Comentou uma moça de cabelo curto.

"Tudo bem, a família toda acostumou!". Todos riram, e Yue ainda pôde escutar, os encarando com um olhar fulminante para trás, os fazendo congelar.

"Já sei, que tal, cantarmos alguma canção inédita?". Saltitante Nakuru abriu um sorriso com essa possibilidade.

"Hum... Pode ser lá vem Yue, pergunte a ele, o que acha da ideia". Mizuki sorriu, e parou de tocar, dando lugar a um dos músicos que lhe fez as reverencias e se pôs em seu lugar.

"Yue o que você acha...”.

"Não".

"Mas eu nem...”.

"Não".

"Mass...". Nakuru fechou a cara.

"Yue, Nakuru teve a idéia de vocês tocarem uma musica inédita, hoje à noite". Mizuki tentará encerrar a boba discussão.

"Sem ensaio? Só pode ter vindo dessa cabeça oca". Disse de braços cruzados, não ligando por ela tentar lhe bater, mas Mizuki a impedia.

"Chato! Você nem deu ideias, porque está me criticando?!"

"É divertido!". Deu um meio sorriso, e Nakuru ficou vermelha de raiva.

"Parem já!"- Mizuki deu um grito que assustou a todos, os dois ficaram sem jeito, olhando cada um para o lado- "Faremos mais um trabalho hoje, por favor, comportem-se".

"Desculpa Mama...". Disse Nakuru chorosa.

"Estão brigando de novo... Yue para de pegar no pé da Nakuru todo o tempo". Yukito, com o grito, viu o que acontecia, repreendendo o irmão, que continuou olhando para o lado.

"Então acho melhor vocês, decidirem logo, ou então irem descansar e deixar esse pequeno show para lá, acabaram de vir de um show...". Mizuki cruzou os braços.

"Tudo bem Mama, acostumamos". Disse Yukito, sorrindo.

"Decidir o quê?". Shaoran junto de Eriol se infiltraram na roda formada, observou Mizuki com uma leve expressão de irritação, coisa rara de se ver.

"Decidir o que iremos tocar"- Yukito disse observando Nakuru que agora estava calada- "Nakuru-chan deu a ideia de tocarmos músicas inéditas, mas Yue não concorda por que não ensaiamos"- Ele se aproximou mais de Shaoran apertando os olhos, vendo o rosto vermelho do amigo- “O que foi isso no seu rosto? Dormiu de mau jeito, e seu rosto ficou desse jeito? Ou você bateu o rosto em algum lugar? Está ficando inchado, é melhor colocar um gelo nisso, se não você...”. Ele falou exatamente o que Eriol tinha dito horas antes. Eriol se divertia com a situação, rindo discretamente.

“Não foi nada!”. Bravo o interrompeu.

"Hum... Mas não iria ter problema, se a música fosse de fácil recordação". Eriol deixou de rir, e colocou a mão no queixo tentando se lembrar de uma, mais atual, que eles pudessem tocar sem grande dificuldade.

"Yue tem razão, não ensaiamos, melhor deixar esta minha ideia para lá". Esses dizeres surpreenderam Yue, que raramente ouvia Nakuru concordar com ele, percebeu que a chateou, ela estava desanimada, mas forçava um sorriso.

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Vestiário dos Funcionários -Feminino- 10h40min

"Tchau, até mais!". Acenou para a colega, terminando de tirar o uniforme. Assim como ela, também iria para casa. Finalmente iria descansar depois de três dias de trabalho intenso no hotel.

Seu corpo pedia por um bom tempo de descanso, levou a mão até o pescoço que doía, alias suas costas também, as pernas... Tudo doía.

"Pareço ter mais idade...". Sentou no banco que dividia os armários em colunas, e logo tirava o sapato, e quando o fez, massageava os dedos doloridos, trabalhar ali, estava roubando muito de seu tempo, e isso começava a lhe preocupar.

Mas... Pensando bem, só estava daquele jeito, por que substituía sua colega que ficou doente. Por isso o trabalho dobrado.

Afinal... Quando iria para Tomoeda? Sentia muitas saudades de lá, precisava de férias, mas será que ainda estaria empregada?!

O hospede atrevido não de saia da cabeça, o jeito que ele conduzia às palavras, sua beleza exuberante, o olhar, o sorriso, tudo o fazia ser um perfeito galanteador! E o quase beijo? E o tapa?!

"Sakura-chan! Que bom que te encontrei!". Disse Naoko ofegante, assustando a amiga, antes perdida em seus pensamentos.

"O que foi algum problema?! Não me diga que...". Ela pensava no pior, e o pior seria sua demissão.

"Você estava indo para casa é?". Naoko sabia que a amiga estava cansada, e o que ia lhe dizer a deixaria chateada.

"Sim... Estava?". O desanimo surgiu.

"Sakura-chan, acabei de ver a lista das pessoas que ficaram hoje à noite no coquetel e o nome de Megumi-chan está lá...".

"Ahn... Tudo bem". Desapontada recolocava os sapatos. 

"Sakura-chan, vá tomar um banho para relaxar, vai te fazer bem"- Sorriu, e ela apenas concordou- "Vou trazer outro uniforme para você, já volto".

"Obrigada Naoko-chan".

"Não há de quê, e não fica assim, vamos estar juntas lá, vou te ajudar o máximo que puder".

Sakura sorriu ainda desanimada, e viu a indo, suspirou lentamente e foi ao seu armário, quando o abriu, viu a foto família, dela com seus pais, seu irmão e de Kerberus em seus braços.

"Saudades..."

O barulho do celular, vibrando, em cima do banco, a tirou do olhar fixo para o nada, pegou olhando para ele, abriu um lindo sorriso quando, pela pequena tela, pode ver quem a ligava: "Papai chamando".

"Papai, eu estava pensando em vocês!". Atendeu já dizendo.

 

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Hotel 5 Estrelas:TokYo -Salão de Festa

"Então está decidido, acho melhor todos vocês irem descansar". Mizuki, como uma mãe foi ouvida pelo os filhos obedientes.

Shaoran tocava uma guitarra imaginária enquanto ouvi Eriol, que certamente o lembrava dos acordes da que iriam tocar. Yukito também se juntou à dupla, e devia ter perguntando algo relacionado a isso também, pois Eriol fazia alguns movimentos do baixo.

"Yue espera..."- Nakuru vinha andando atrás de Yue, que parou- "Você tem certeza, que vou conseguir lembrar a música? Não, sei, faz muito tempo que a gente não a toca...". Yue havia dado a idéia de Nakuru cantar uma música que ela havia escrito á muito tempo, e que eles nunca haviam lançado.

"Acredite em você mesma, tenho certeza de que você vai conseguir".

"Mas..."- Impressionada, engoliu seco e lembrou-se da pergunta que ia fazer- "Você ainda lembra?".

"Te ajudei nela, lembra?".

Ela sorriu, e ele se virou continuando a andar.

"Lembro". Murmurou, sorrindo.

........

Era um show informal para eles, por isso, não se preocuparam com as roupas, com os arranjos, na verdade seria um show-ensaio, poderia surgir dali, uma vontade de colocar alguma música nova no repertório da turnê, ou não.

Todos haviam descansado, afinal, o show do dia anterior tinha sido desgastante, mas de certa forma, o resultado de todos os seus esforços, importava muito mais, se comparassem ao desgaste. Eram 19hrs, e o show ficou marcado exatamente as 20h00min.

Shaoran havia ido à piscina à tarde, por isso estava com uma linda pele bronzeada e todo radiante. Tinha esquecido a bofetada por alguns instantes, mas era lembrado nas vezes em que passava funcionárias dali, que recolocavam toda a farta comida da festa, que inclusive ele estava ao lado.

Pensava se já sabiam do ocorrido, pois algumas as olhavam. Preocupado com essa possibilidade, não notará que o real motivo para aqueles olhares, definitivamente não era o tapa, mas sim a sua beleza, vestia-se com bom gosto e elegância, usando terno azul marinho, blusa de seda por dentro, meio aberta mostrando um pouco de seu peitoral e o cordão que usava.

Foi o terceiro a descer, Eriol e Mizuki já estavam lá conversando com alguns empresários. Não chamava somente atenção das funcionárias, mulheres daquela festa suspiravam.

Nakuru e Yukito chegaram feito robôs, pararam na entrada, tinham os olhos brilhando encantados com a beleza da festa. Havia muitas pessoas elegantes, o que fizeram olharem para si, perguntando-se, se estavam mesmo arrumados. Ela vestia um vestido rodado vermelho escuro, com detalhes e um leve decote em “V”, ele vestia um terno cinza, simples e confortável.

Shaoran acenou para os dois, e vendo onde ele estava, foram correndo. Atrás dele, havia a mesa farta de comida, de todos os gostos, tão atrativa. Boquiaberto com a falta de educação dos dois, Shaoran continuou a não perceber que estava sendo observado, e em frações de segundos, foi rodeado pelas belíssimas mulheres insinuantes e falantes, observadoras.

 

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Hotel 5 Estrelas:TokYo - Cozinha – 19:30

"Kinomoto, leve este peru ao molho branco, sim?". Pediu um dos cozinheiros.

"Sim, tudo bem”. Pegou a bandeja cuidadosamente. Estava exausta, era a quinta bandeja que levava para o salão, cada uma mais pesada que a outra. Cada vez que ia lá, olhava, cuidadosamente, para todos os lados, tinha medo de encontra-lo... O hospede atrevido.

"Aiai, não agüento mais levar essas coisas, estão com um cheiro tão bom!". Naoko voltava, com lagrimas em forma de cachoeiras.

"Farei um prato maravilhoso para vocês duas, no final da festa". Disse Tetsuyo, o cozinheiro, fazendo as duas sorrirem.

"Sakura-chan, quer ajuda?". Perguntou Naoko.

"Não precisa, melhor você fazer uma pausa para parar de desejar estas comidas". Sua amiga sabia como fazer-la rir.

"Impossível...". Olhava com cobiça, para o peru ao molho branco, e ficou triste quando Sakura colocou a tampa da bandeja o cobrindo.

Sakura saiu da cozinha rumo ao salão, levando o peru com cuidado, sabia que se alguma coisa acontecesse, era do bolso dela que sairia o prejuízo. Ficou parada na porta, e viu que estava mais cheio do que da última vez, ela respirou fundo, ergueu a coluna, ficando ereta, e foi até a mesa.

"Então como ia dizendo, os salões de festas foram às primeiras coisas que os egípcios fizeram, muitos acreditam que as pirâmides eram as suas prioridades, mas não era exatamente isso...". Sakura escutava a conversa, e andou lentamente, aquele rapaz parecia ser bastante intelectual, e por um minuto Sakura se sentia mais bem informada.

"Pare de contar suas mentiras Yamazaki!". Uma mulher enforcava o homem, fazendo alguns rirem. Outros não acostumados com aquela cena se espantavam.

Ao ouvir aquilo, Sakura quase caiu para trás com o peru, então era mentira? Ela não prestou atenção nas pessoas que estavam naquela roda, e seguiu, tinha um trabalho a cumprir.

"Nossa, isso aqui está muito bom!". Nakuru falava de boca cheia, Yukito apenas colocava tudo que via na boca, feliz da vida.

"Então Sr. Li, você estará disponível depois da festa?". A mulher insinuante, filha de um juiz que se hospedava ali, o olhava com segundas intenções.

"Ei, eu perguntei isso para ele, primeiro!". Dizia outra morena, herdeira de uma famosa empresa de tecnologia, o puxando para perto.

"Você vai Li?". Uma ruiva encostava o seu decote, mostrando parte dos seios, no peitoral de Shaoran.

"Calma senhoritas! Estarei livre sim, se me derem licença vou pegar drinques...". Shaoran foi se afastando e logo as três foram brigando entre si. Não sabia explicar, apesar de lindas e de todas possuírem um corpo escultural, elas estavam o deixando impaciente e nada a vontade. Talvez, estava cansado demais aquela noite para flertar.

Sakura chegou à mesa, e pediu licença para um rapaz que não parava de comer, ele sorrindo saiu de sua frente. Ela colocou, com cuidado, o peru, recém-chegado e já cobiçado, e aproveitou e arrumou outros pratos que ali estavam.

"Você ainda está comendo?!". Shaoran riu, e batendo nas costas do amigo, e foi colocando vinho em três taças, os garçons serviam, mas também havia na mesa.

Sakura reconheceu a voz, suas bochechas coraram, e seu coração bateu tão forte, que ela levou a mão até o peito para assegurar de que ele permaneceria ali dentro. Não teve coragem de levantar a cabeça, queria sair dali urgentemente, o mais rápido possível.

"Está tudo muito gostoso, não que provar o peru?". Yukito perguntou entre mordidas e mais mordidas na coxa do peru.

Sakura ficou tão nervosa, que não escutou Nakuru falando que havia caído vários lenços, do pacote que estava na mesa. Eles eram tão finos, que combinados com a sola de um sapato bem escorregadio, poderia levar alguém ao chão, e foi o que aconteceu.

Tão apressada para ir, acabou escorregando, levando um tombo consideravelmente doído, muitas pessoas viram, uns riam discretamente, outros nem deram a sequer importância, ela tinha gotas na cabeça e o rosto mais vermelho que um morango.

“Ai meu bumbum...”. Sakura levava as mãos até as costas.

"Você está bem?". Yukito abaixou, ficando frente a frente com ela, que nada disse, apenas balançou a cabeça positivamente, ficou lisonjeada pela educação do rapaz, ela tinha a impressão de já tê-lo visto antes: “Seria um dos membros da banda?” pensou. Nakuru recolheu a bandeja e logo depois os lenços. Shaoran não havia visto o rosto da desajeitada garota, pois Yukito ficou em sua frente.

Shaoran pegou copo de água do garçom, que passava, e levou até ela - "Tome, vai fazer passar o susto...". Disse sorrindo, Sakura ao escutar a voz, abaixou a cabeça, e isso o fez ficar curioso, olhando cheio de interrogações -"Espera eu a conheço..."

"Acho que não senhor..."-Bebeu a água em um gole, agradeceu Yukito e depois se virou para Nakuru pegando a bandeja, colocando o copo que havia bebido -"Obrigada, desculpa pelo transtorno". Por um momento, Sakura lembrou o papa-léguas.

"Pessoal, vamos lá? O que foi Shaoran?!". Eriol se juntou a eles e estranhou a cara de Shaoran que olhava a garota que ia embora, e repentinamente, ele gritou.

"É ELA!". Shaoran apontava, e tudo que Eriol pôde ver foi uma moça andando, apressada, entre os convidados.

“Ela quem?!”. Yukito perguntou terminando de morder a coxa do peru.

“Ah ela me paga se tiver contado pra alguém! Maldita camareira!”. Fechava a mão.

“A culpa foi sua, não esqueça”. Eriol sorriu.

“O que ele tem Yukito-chan?!”. Nakuru, depois de engolir de uma vez o tradicional bolinho de arroz, ficou olhando para ele, que resmungava sendo ouvido pelo amigo.

“Não sei...”. Os dois com cara de taxo, apenas o olhavam, sem deixar de lado a comida.

“Se vocês não pararem de comer toda a comida da festa, juro que irei cuidar pessoalmente para que vocês não toquem hoje”. Dizendo isso, Yue passou por eles sem parar e instantemente pararam de comer, limpando as mãos.

“Quase na hora, vamos lá?!”. Eriol fez um sinal com a cabeça para eles o segui-lo.

Meiling observava Shaoran de longe e não pôde deixar de notar que alguma coisa havia acontecido entre ele e a moça que acabara de passar correndo por ela. Iria descobrir.

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Continua...

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Wakai meido = Jovem camareira.

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Notas finais do capítulo

Gostaram? Obrigada pela leitura! =***



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