Kissu´s escrita por LiLiSaN


Capítulo 30
Nagasaki-shi




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(Imagem: Fay, Kurogane, Sakura e Shaoran - CLAMP)

...

O garçom pegou o cardápio e se retirou, levando consigo, também, os pedidos.

“'Que enorme coincidência vocês três já se conhecerem!”.  John comentava feliz, olhando os três.

“Sakura é uma fã fiel dos doces do meu tio, não é Sakura?”.

“Sim! Seu tio faz coisas maravilhosas! Ele tem mãos divinas!”. Respondeu empolgada ao lembrar da torta de limão, que só o senhor Yusuke sabia fazer.

Realmente, era uma enorme coincidência em reencontrar Akiho, sobrinha de Yusuke, dono da confeitaria que tanto gosta em Tóquio, na China. Rememorou quando Yusuke as apresentou e quando a viu pela primeira vez. Sorriu de lado, ao lembrar do quanto Akiho quebrou a cabeça com as palavras cruzadas, naquele fim de tarde: “Diminuir e Distância”. Lembrava-se dessas duas palavras, com carinho.

Notou que Akiho estava um pouco pálida, mas sua beleza continuava intacta.

“Querida, você não me disse que conhecia o líder Li”. Fitou a esposa.

Shaoran engoliu seco e ficou nervoso.

Akiho disfarçou o nervosismo, pelo encontro repentino, respondendo de maneira firme: “Eu não liguei o nome à pessoa, querido”.

“E de onde vocês se conhecem?”. John perguntou de forma descontraída. Sakura olhou para eles, também queria saber da resposta.

“De Nagasaki!”. Responderam os dois ao mesmo tempo, e se olharam, sem jeito.

“E quando foi isso?”. John perguntou, fitando mais uma vez a esposa. Shaoran pegou a taça de vinho, estava tentando de algum modo disfarçar o seu nervosismo.

“Querido, foi no começo do ano, quando eu estava morando com o meu irmão”.

Shaoran ao ouvi-la, engasgou e tossiu sem parar. Os três ficaram preocupados, ele cobriu a boca com o lenço da mesa, e falou entre as tossidas: “E-estou bem! Tomei o vinho rápido demais”.

“Tudo bem mesmo?”.

“S-sim, sim John!”.

Sakura olhou Shaoran e depois Akiho, alguma coisa estava acontecendo ali. Não fazia ideia do que era, mas desde que Shaoran a encontrou, ele tinha mudado. Aparentava nervosismo e estar desconfortável.

“Então é por isso que não sabia. Não estávamos juntos”. John olhou para a esposa com o olhar entristecido e segurou a mão dela.

Shaoran suspirou aliviado ao ouvi-lo. Sakura notou sua feição.

“O importante é que estamos juntos agora”. 

Sakura parou de olhar Shaoran, e olhou para o casal: “Como vocês se conheceram?”.

“Eu a conheci quando fui para o Japão fazer mestrado. Akiho-chan estudava na minha turma e quando a vi, foi amor à primeira vista” – A olhou, com olhares apaixonados – “Namoramos por 5 anos e depois noivamos. Por causa do pedido da Sra. Li, para cuidar de uma das empresas da família Li nos Estados Unidos, acabei rompendo nosso noivado. Seus pais não a deixariam ir embora comigo sem casar. Já eram pacientes com nosso longo namoro. Mas... Eu me achava muito jovem para casar, então optei pelo trabalho. Errei feio” – Beijou a mão da esposa – “Então, depois de tempos separados, fui atrás dela e a pedi em casamento aos seus pais. No outro dia, nos casamos!”. Sorriu, satisfeito, encarando Akiho.

“No outro dia?!”. Sakura ficou surpresa.

“Não queria mais perder tempo”. Sakura sorria ao presenciar os olhares apaixonados que o casal trocava. Fitou Shaoran e percebeu que ele continuava estranho.

O garçom veio até a mesa, trazendo as entradas. 

...

O resto do jantar seguiu normalmente. Shaoran, ainda incomodado em reencontrar Akiho, e John conversaram sobre os negócios da empresa. Sakura conversava à vontade com Akiho, que contava sobre seu tio e como ele estava radiante com sua gravidez.

Akiho levou a mão até a boca e John notou: “Algum problema, querida?”.

“E-estou enjoada. Eu volto já”. Akiho levantou apressada em direção à toalete e deixou o marido preocupado, que fez menção de acompanha-la, mas Sakura se ofereceu para ir atrás dela. Queria conferir se ela não precisava de algo, já que não teve tempo de perguntar a ela. Pediu licença a eles e foi em direção do toalete.

“E vocês? Qual é a história?”. Perguntou enquanto olhava Sakura se distanciar.

“É uma longa história John”. Shaoran a seguia com o olhar.

...

Ao entrar no banheiro, viu Akiho escorando-se na bancada de madeira, com duas cubas, do banheiro. Respirando fundo, Akiho molhou as mãos e passou atrás do pescoço.

“Tudo bem?”

“Ah! Oi, Sakura! Sim, sim! Foi só outro enjoo. Tenho tido muitos. E são horríveis”.

“Posso fazer alguma coisa?”.

“Obrigada pela gentileza Sakura-chan! Estou bem. Mas se você puder convencer esse ser que está crescendo dentro de mim dar uma folga para a mãe dele, eu agradeceria!”. Disse sorridente, enquanto enxugava as mãos.

Sakura aproximou-se e ficou próxima ao ventre dela. Akiho ficou surpresa com a atitude dela, assim que Sakura começou a falar, a olhou com carinho: “Ei neném, sua mamãe está sofrendo muito com esses enjoos. Que tal ajudar a mamãe a não sentir tantos enjoos enquanto ela mantém você aí dentro, protegido e aquecido? Mas só se você puder, tudo bem?” – Sakura olhou para ela – “Pronto! Espero que ele me ouça!”.

Akiho sorriu, afetuosamente. Ao lembrar de Shaoran, ficou receosa e desviou o olhar: “Escuta, Sakura...”.

“Sim?”.

“Você conhece Shaoran a quanto tempo?”.

“Shaoran? Eu não lembro a data exata, mas o conheci no começo do ano também!”.

“Então vocês namoram desde começo do ano?!”. Perguntou assustada.

“N-não! Nós apenas nos conhecíamos, não sabíamos que sentíamos algo um pelo outro. Eu o conheci no hotel em que ele e a banda, que ele tocava, se hospedou. Trabalho como camareira em Tóquio. Tivemos muitos desencontros e...”.

“E-espera...” – Akiho ficou por um instante pensativa, e bateu uma mão na outra, como se tivesse lembrado de algo super importante – “Então é você!”. Feliz, apontou para ela.

“Hã?”. Ficou sem entender nada.

Akiho a chacoalhava: “Que alívio! Shaoran gosta muito de você, Sakura. Você é uma sortuda!”.

...

Em frente ao restaurante, despediam-se.

“Espero que da próxima vez que eu vier a China, eu possa te mostrar o que tenho aprendido com meu cunhado!”. Fez algumas poses de luta, deixando a esposa encabulada.

“Ficarei aguardando ansioso John, até lá treine muito!” – Shaoran sem jeito, encarou Akiho e curvou-se, ela fez o mesmo – “Mais uma vez, parabéns pela gravidez”.

Akiho, disse, sorrindo: “Agradeço Shaoran!”.

“Senhorita, foi um prazer conhece-la. Quando estiver por Tóquio, nos procure! Ficaremos felizes em recebe-la em nossa casa, não é querida?”.

“Sim, querido! Você sempre vai à confeitaria do meu tio, não é Sakura? Eu tenho ido sempre, a propósito foi ele quem desconfiou que eu estivesse grávida.... Só porque comi quase um bolo inteiro de morango” – Sorriu sem graça. Mexeu na bolsa e dela tirou um cartão – “Aqui está meu cartão. Pode me passar seu contato?”. Sakura rapidamente passou seu número a ela. Leu rapidamente o cartão, e viu que ela era decoradora de interiores, isso explicava a elegância que ela tinha em se comportar e se vestir.

“Nosso carro chegou! Shaoran pode ficar tranquilo que aplicarei tudo o que conversamos. Acredito que o rendimento irá aumentar! Você nasceu para os negócios! Até mais!”. Despediu-se dele e sorriu para Sakura.

Akiho deu tchauzinhos para eles, John abriu a porta para ela e depois deu partida.

Logo em seguida, a limusine de Shaoran chegou.

...

O silêncio entre eles, estava constrangedor. Notou a inquietude dele, ao seu lado. Pensava se ele estava preocupado com a conversa de negócios que teve com John. Talvez não tinha dado certo como aparentou.

Ambos disseram, os respectivos nomes, ao mesmo tempo.

“Você primeiro...”. Disse Sakura.

“Não, pode falar”. Shaoran, pediu sem graça.

“Eu só ia perguntar, se tem alguma coisa te incomodando”.

Shaoran fez uma longa pausa antes de responde-la: “Sakura, tem muitas coisas que quero falar com você. Essa não era uma delas, mas eu não quero esconder nada de você, nem mesmo as pequenas coisas que fazem parte do meu passado” – Fez outra pausa, soltou todo o ar do pulmão e continuou – “Lembra quando todos nós fomos para Nagasaki?”.

“Sim, claro”.

“Lembra que eu mencionei sobre uma recordação especial que tive com uma mulher, em Nagasaki e você escutou sem querer?” - A ficha caiu! Então a mulher era Akiho? Ficou boquiaberta. Recordou da pergunta que Akiho fez no banheiro, da felicidade repentina – “Sakura? Tudo bem?”. Ficou preocupado pelo silêncio e o estado de transe em que ela ficou.

“Sim, só estou surpresa...”. Apertou a mão. Akiho era linda e elegante, era tão diferente dela. Assim ficava difícil manter sua autoestima lá encima.

“É, eu também fiquei. Não esperava reencontra-la, ainda mais como esposa de um importante e um dos melhores CEO de uma de nossas empresas. Mas, fiquei aliviado... Por um instante achei que eles já estivessem juntos quando a gente se conheceu” – Ele a olhou, receoso – “Você está chateada?”.

“N-não Shaoran. Na verdade, agradeço por me contar”.

Suspirou aliviado.

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Shaoran flashback...

 

“Ei, o que é tão engraçado?”. Abriu a porta do banheiro, ainda seminua.

“Não, nada. Foi só uma mensagem que recebi”. Disse estendendo o celular, desconversando. Satisfeita com a resposta, voltou a entrar no banheiro.

 ...

 “Então, não vai me contar mesmo o motivo de tanta risada?”.

 “É melhor não. Não sei como você reagiria”. Colocava a calça jeans.

 “A minutos atrás você sabia tudo sobre mim”. Vestia-se.

 “Tem razão. Acho que você não faz o tipo de que se apaixona fácil” – Ele terminou de abotoar a blusa, e sentou-se na cama – “É que descobri que estou gostando de uma mulher que conheci em Tóquio”.

 “E porque isso é engraçado?”. Terminou de fechar o vestido e olhou curiosa. Percebeu um brilho no olhar dele, e um sorriso bobo.

 “Eu não sou do tipo que vive se apaixonando, Shinomoto. Acho que você deve ter percebido isso”. Revirou os olhos, impaciente.

 “Então, transar com uma desconhecida era o que estava faltando para você descobrir?”. 

“De certa maneira, sim. Não se ofenda!”. Gesticulou com a mão, sem graça. 

Ela sorriu e balançou a cabeça: “Nosso encontro foi causal, não há motivos para eu me ofender. E eu te entendo, mas ao contrário de você, eu não gosto de alguém: Eu o amo”. 

“E onde ele está?”. Percebeu a tristeza no olhar dela.

 “Longe daqui! Mas prefiro não falar sobre isso. Agora me conta sobre ela! Adoro histórias de amor!”. Disse com os olhos brilhando.

 “É longa!”. Calçava os sapatos.

 “Se você topar, podemos comer alguma coisa, conheço um lugar que está aberto”. Amarrou os cabelos e andou em direção a porta.

 “Combinado! Mas antes, que tal transarmos mais uma vez, só para eu ter certeza dos meus sentimentos por ela?”. Levantou as sobrancelhas, pôde escutar a risada baixinha dela.

 Akiho, pegou o paletó dele, antes deixado encima da cadeira, e o jogou nele. Continuou a andar em direção a porta: “Não, obrigada. Meu desejo por você passou, agora o vejo como outra pessoa que perdeu para o amor, como eu!”. Deu língua.

 Shaoran riu: “Estou brincando! Não estou errado mesmo sobre você. Vamos, então?”. Pôs o paletó e a olhou sorrindo. Pegou a chave do carro.

 “Vai me contando no caminho sua história romântica”. Ela abriu a porta.

 “Bem... Eu a conheci no hotel em que fiquei hospedado, aliás canto em uma banda, Kissu´s, já ouviu falar?” – Ao ouvir a negativa, fingiu uma falsa indignação – “O quê? Em que caverna você esteve mantida presa, mulher?”.

 “Não enche!”. O empurrou.

 “Enfim, ela trabalha como camareira de lá. Eu senti algo louco quando a vi a primeira vez, não sei explicar...”.

 “Isso se chama amor à primeira vista, Shaoran”.

 “Será?” – Ele perguntou intrigado, ela confirmou –“Enfim, ela é linda! Têm lindos olhos verdes... Então depois do impacto de vê-la, a primeira coisa que fiz foi dar encima dela! Mas não deu muito certo!”. Coçou a cabeça.

 “Ela te deu um fora, logo de cara?”.

 “Na verdade, um tapa!”

 “O quê?! Conta isso direito!”. Ficou surpresa.

 Shaoran fechou a porta do quarto, e se foram. Contava, com empolgação, os detalhes da história com a camareira de lindos olhos verdes.

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 “Nem sei como John reagiria a isso. Eu, particularmente, não ficaria muito feliz. Foi algo que aconteceu entre duas pessoas solteiras, maduras e resolvidas. Mas mesmo assim, fiquei nervoso”.

“P-percebi”. Disse baixinho.

“Você não está mesmo com raiva ou chateada?”. A encarava profundamente, tentava ler seus pensamentos. Estava com receio, mas não poderia esconder aquilo dela.

“Só com um pouquinho de ciúmes”. Disse evitando olha-lo.

“Sua boba!” – Shaoran segurou sua mão – “Não fique. Mas eu entendo você. Se fosse ao contrário, eu ficaria louco de ciúmes” – Lançou um olhar sedutor e hipnotizante a ela, que sentiu arrepios- “Aliás, nesse tempo em que ficamos separados você não namorou ninguém, Sakura?”.

Touma veio em sua mente, não tiveram um relacionamento propriamente dito, mas foi o mais próximo que ela chegou de ter um depois de Shaoran. Sentiu-se à vontade em compartilhar aquilo, já que ele estava sendo tão sincero com ela.

“Bem, é.... Eu...”. Shaoran não gostou da hesitação dela, ficou com a feição séria.

“Você teve?”. Aproximou-se mais dela.

“N-não, q-quer dizer, Touma e eu...”. Encarava o chão do carro.

“Você namorou aquele idiota?!”. Repetiu o nome dele alto, chamando a atenção do motorista.

“N-não, e não o chame assim!”. Ela o encarou contrariada. Touma era uma boa pessoa, ele foi um dos que a incentivou a estar ali.

“Ainda o defende?”. Bufou.

“Shaoran, ele tem nome!”.

“Ah! Ótimo! Vejo que ainda nutre um carinho pelo seu ex-namorado!”.

 “Ele não é meu ex-namorado, nós não namoramos!” – Estava ficando irritada – “Ele me pediu em namoro, mas eu não aceitei! E eu não aceitei porque eu não conseguia tirar você do meu pensamento!”. Disse zangada.

Soltou o ar, na tentativa de controlar a raiva, e a encarou: “Tudo bem... Me desculpe” - Percebeu que chegavam na mansão – “Fico irritado só em imaginar ele e você... Mesmo eu não tendo nenhum direito de ficar chateado, eu fico, Sakura” – Fez uma breve pausa, e a encarou - “Amo tanto você”.

“Shaoran, e-eu também a-amo você...”. Eles se encararam profundamente. Shaoran levou sua mão até o rosto dela, o acariciando.  O carro foi parando.

Shaoran fez menção de beija-la, mas parou no meio do caminho: “Então, vocês não chegaram a se beijar, não é?”.

Sakura abriu os olhos e ficou nervosa, desviando o olhar: “É-é-é, bem... Ele...”. Shaoran percebeu a relutância dela em dizer um simples ‘não’ e teve a certeza de que os dois se beijaram. A raiva mais uma vez cresceu.

“Chegamos senhor!”. O motorista abriu a porta. Shaoran tomado pela raiva, saiu do carro abruptamente.

“Shaoran, e-espera!”. Ele não deu ouvidos para ela. Sua raiva era maior. Entrou na mansão e foi em direção as escadas, sem olhar para trás. Não percebeu a prima, Fay, Kurogane e seus amigos envolta da lareira da sala que, antes, conversavam animadamente. Ficaram atônitos com aquela cena.

“Mas o que ele tem?”. Yukito indagou.

Sakura entrou apressada e chamou por ele: “Shaoran, e-espera!”.

“Amanhã a gente conversa!”. Disse alto, sem olhar para trás, subindo as escadas apressadamente.

Tomoyo foi até ela, preocupada: “Sakura, o que foi?”.

Ao perceber que todos estavam a olhando, ficou sem graça. Curvou-se, dando boa noite.

...

“Você beijou esse tal de Touma?!”.

“N-não. Ele me beijou! Eu fiquei sem reação!”. Negou veemente a pergunta de Meilin. Estava sentada, e envolta tinha todos os amigos que tentavam entender o que tinha acontecido.

“Então porque o bobão do meu primo está bravo com você? Ele devia estar bravo com esse atrevido!”. Meilin cruzou os braços.

“E-ele não me deixou explicar nada”. Respondeu tristemente.

“Argh! Ele é um cabeça dura e ciumento!”. Meilin apertou a mão, irritada.

“Ele deve estar pensando besteiras”. Sakura disse, chateada.

“Sakura-chan, não se preocupe. Ele só ficou com ciúmes”. Tomoyo disse apertando sua mão.

“Lembro quando ele viu você e o Touma, juntos, no casamento da Tomoyo e do Eriol: Ele ficou bem triste!”. Nakuru chateou-se ao lembrar daquele dia.

“E-ele me viu com o Touma?!”. Ficou surpresa, não imaginava que aquilo tivesse acontecido. Seu coração ficou apertado e sentia-se culpada... Ele disse coisas lindas a ela, naquela noite.

“Sim Sakura, ele ficou arrasado”. Meilin disse, ficou distante, lembrou-se do primo triste.

“E foi culpa da Nakuru, que filmou tudo”. Yue apertou a bochecha dela.

“Yue-chan!” – Olhou atordoada para Sakura – “E-eu não fiz por mal Sakura-chan! Foi quando você chegou ao casamento, e depois foi quando Tomoyo e Eriol dançavam, vocês apareceram no fundo e.... M-me desculpa!”. Nakuru curvou-se, chorosa, fez bico. Sakura sorriu para ela, e balançando a cabeça, indicando que ela não se preocupasse.

“Sakura” – Eriol sentou-se ao seu lado, e segurou sua mão. Ela encarou o inglês – “Eu vou subir e falar com Shaoran, mas saiba que ele não está com raiva de você ou muito menos de Touma. Ele tem raiva do tempo que ficou longe de você. Dê um tempo a ele. Amanhã ele estará com a cabeça fria e pensará o quanto foi tolo de não estar aproveitando o agora ao seu lado”. Sakura retribuiu o sorriso. Ele soltou sua mão, cumprimentou a todos e andou em direção as escadas. Sakura o seguiu com o olhar.

“Eriol tem razão Sakura” – Fay concordou, sorrindo – “Shaoran teve a vida virada de cabeça para baixo. Ele tem certa dificuldade de aceitar algumas coisas, e uma delas foi se ver obrigado a deixar você para trás”.

“Desse jeito, eu vou chorar!”. Nakuru fazia cara de choro, fazendo todos sorrirem.

Sakura sorriu, mas permaneceu preocupada. Não iria atrás dele. Escutaria Eriol, daria um tempo a ele.

...

O bater na porta o trouxe de volta dos seus pensamentos. Estava sentado no chão, debaixo da janela do quarto, o céu estrelado iluminava o quarto escuro. Fez cara feia: “Não estou precisando de nada, obrigado”.

“Nem conversar com seu amigo?”. Ao escutar a voz de Eriol, respirou fundo.

Levantou do chão e foi até a porta, a abrindo.

“Entra” – Eriol entrou e estranhou a escuridão do quarto. Reparou na feição triste de Shaoran. Aquilo não parecia apenas uma cena ciúmes de Sakura. Tinha algo a mais – “Mas eu sinceramente, não estou afim de ouvir sermão, Eriol”. Shaoran voltou a sentar no chão, Eriol o seguiu e sentou na cadeira da escrivaninha.

Eriol ficou em silêncio, assim como o amigo chinês. Respirou fundo e sorriu: “Eu entendo você Shaoran” – Shaoran o fitou – “Também ficaria chateado em saber que alguém beijou Tomoyo enquanto estávamos separados. E teria raiva, não dela e nem do novo relacionamento, mas do tempo que nos separou”.

“Você sempre sabe de tudo Eriol”. Sorriu, tristemente.

“Não é verdade. Ainda não sei o motivo de você perder tempo sentindo essa raiva. Sakura veio até aqui porque ama você. Não deveria tentar enterrar a raiva e aproveitar o agora?”.

“Eriol, eu não sinto só raiva. Eu tenho medo”.

“Medo? Medo de quê?”

“Medo de perder a Sakura novamente. Dessa vez, eu sei que não tem mais volta”.

“Como assim, Shaoran?”.

Shaoran hesitou. Encarou o amigo aflito e se pôs a falar sobre as tradições que envolviam ele, seus costumes e suas crenças. Eriol ouviu tudo atento, mas expressou surpresa na maior parte do tempo.

Ao terminar de contar, Shaoran olhou para cima, e pôde ver um pouco do céu estrelado pela janela. Sentiu-se aliviado em desabafar, mas aquilo em nada mudaria o que sentia. Lágrimas desceram sobre seu rosto.

Eriol arregalou os olhos, nunca tinha visto o amigo chorar. Aproximou-se dele e pôs a mão em seu ombro e com o costumeiro doce sorriso, disse: “Vai dar tudo certo, Shaoran. Não sofra à toa”.

Shaoran sorriu de lado, e limpou o rosto. Eriol sempre sabia de tudo, será que ele acertaria mais uma vez?

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Dia seguinte...

Dava socos e chutes no ar, com força. Não estava se concentrando, apenas tentando descarregar a chateação que ainda tinha. Resolveu acordar cedo e treinar naquela manhã ensolarada.

Ao mesmo tempo em que se sentia infantil por ter ficado com raiva em saber de Touma e Sakura, sentia-se chateado. Conversar com Eriol o deixou de certa forma aliviado, e esperançoso, mas o medo de perde-la novamente ainda estava lá. Estava preso nas tradições, não seria fácil para Sakura.

Perguntava-se o que estava fazendo com ela. A fazendo perder tempo?

Deu um chute para o ar e se desequilibrou, mas manteve-se em pé.

“Treinar com raiva não é uma ideia das mais inteligentes”.

A voz de Zhang, o deixou surpreso: “Olha só! Não está pescando hoje?”. Zhang se aproximou adentrando na sala de treinamento. Parou em frente ao tatame.

“Não. Aqueles peixes fogem de mim”.

“E o Ren?”.

“Dormindo”.

“Como sabia que eu estaria acordado?”. Shaoran voltou a treinar alguns movimentos.

“Procurei por você e Fay me informou”.

Deixou de praticar e o encarou: “Algum problema?”

“Líder Wang”.

“O que ele fez dessa vez?”.

“Nada. Mas estou preocupado com o que ele pretende fazer”.

“Como assim?”.

“Ele está tramando algo, não sei bem o que é, por isso fique preparado”.

“Desde que cheguei ele tem feito jogo sujo. Então, mais um jogo ou menos um, não faz diferença”.

“Não o subestime” – Disse sério – “ E a japonesa, quando vai me apresenta-la?”.

“Quando surgir a oportunidade, não sei até quando ela vai ficar”. Disse sem empolgação.

“Ren me disse que ela é muito bonita. Até a desenhou para a mãe dele e para mim”.

“Zhang...” – Lembrou-se do que Fei havia dito sobre o pai de Ren – “Porque o pai de Ren é tão ausente?”.

Zhang não o respondeu, andou até o armário de espadas chinesas. Ele reconheceu uma entre elas. A pegou cuidadosamente.

Shaoran voltou a praticar, entendeu que o silêncio dele era a resposta para sua pergunta. Zhang começou a fazer alguns golpes no ar com a espada. Shaoran parou o que estava fazendo e ficou hipnotizado com a habilidade e elegância dele em manusear a espada que um dia pertenceu ao seu pai: “O pai de meu neto desviou dinheiro de minha empresa anos atrás” – Falava enquanto usava a espada – “Era uma pessoa gananciosa que se casou com minha filha por dinheiro. Eu não o denunciei por ela, mas em troca pedi que ele ficasse longe da criação de Ren até que eu achasse que ele fosse digno”.

“Como assim?”. Shaoran percebia que ele não aparentava cansaço. Ele tinha vigor físico admirável.

“Não queria que ele criasse o filho até que aprendesse a ser alguém melhor. Ele é um adulto, já tem a personalidade e os valores moldados, é mais difícil mudar. Depois disso, ele deixou de ser meu braço direito na empresa para ser o faxineiro”

“E ele aceitou?”. Estava surpreso com toda aquela história. Não imaginaria aquela atitude vindo daquele senhor calmo e sorridente.

“Sim. É uma profissão digna, como qualquer outra. E ele não tinha opção, preferiu me dar o filho do que ir preso. Com o tempo, ele subiu de cargo por mérito”.

“Você acha que foi justo?”.

Zhang parou de manusear a espada e o encarou: “Não. Afastei meu neto do convívio com o pai, não me orgulho disso. Mas foi para o bem dele”.

“E ele nunca vai poder voltar a conviver com o filho?”.

“Sim. Esse dia está próximo, até porque, estou ficando a cada dia mais velho”. Colocou protetor na lâmina da espada e depois a entregou para Shaoran.

“Velho e viciado em novelas!”. Mesmo sem entender, pegou a espada das mãos dele.

“Que tal uma luta?”.

“Você exibe toda a sua habilidade e depois me convida para lutar?”.

“Está com receio de perder para um ancião?” – Shaoran fez cara feia – “Se você conseguir me derrubar no chão apenas uma vez, você ganha. Mas seu o derrubar cinco vezes, eu fico com a espada”. Referiu-se a espada que ele minutos atrás manuseava e que entregou a ele. Zhang pegou uma lança, Qiang, que por ser muito flexível, dá ao praticante maior velocidade e golpes mais amplos.

“Cinco vezes? Você acha que vai ser tão fácil assim me derrubar? Não me faça dá risadas, Zhang! Não vou facilitar só porque você é um ancião! Confesso que tenho medo de machuca-lo”. Disse em tom pesaroso, mesmo com a lâmina da espada de seu pai protegida, tinha medo de exagerar na luta. Sabia que ele era um exímio lutador, apesar de nunca o ter visto em ação, mas não gostaria de derruba-lo no chão.

Zhang não lhe deu ouvidos, separou as pernas suavemente e posicionou a lança na direção de Shaoran.

Shaoran sorriu de lado, posicionou a espada para trás e esticou a mão em sua direção. Concentraria para não machuca-lo. Sabia que não seria simples derrubá-lo no chão, mas faria antes que Zhang o derrubasse.

Em passos rápidos, foi para cima de Zhang, que com a lança tentou golpeá-lo, fazendo com que Shaoran defendesse com a espada. Pulou para trás, e com apenas um ataque percebeu o quanto Zhang era forte.

Zhang manuseou a espada para cima e para baixo, e se posicionou novamente. Com a mão, o chamou.

Shaoran correu em sua direção, aquela luta seria divertida.

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“Bom dia, Sakura-chan!”. Disse Tomoyo, com Yukito, Eriol e Meilin sentados à mesa.

“Bom dia!”- Sentou-se à mesa, agradeceu pelo café da manhã e se serviu. Notou a ausência de Nakuru e Yue – “Aonde estão Nakuru-chan e Yue?”. Notou a ausência de Shaoran, mas evitou perguntar por ele.

“Eles foram dá uma volta pela propriedade”. Respondeu Meilin.

“Dormiu bem Sakura-chan?”. Tomoyo perguntou, entre sorrisos.

“S-sim...”.

“Hoje, Fay e eu, planejamos outro passeio! Dessa vez, iremos todos. Inclusive Shaoran!”. Ao terminar de falar, Meilin olhou para Sakura, que estremeceu. Riu baixinho.

“E onde nós vamos Meilin-chan?”.

“Em lugares lindos!”. Respondeu, animada.

Depois de alguns minutos, mesmo após terminarem o café da manhã, ainda conversavam sobre a mesa.  

A chegada de Nakuru afoita e descabelada, o assustaram: “Andem, depressa! Shaoran...!” – Sakura sentiu um nó na garganta– “S-shaoran está lutando! A luta está incrível, venham!”. Nakuru saiu de lá, correndo.

Eles se entreolharam, e mesmo sem entender nada, decidiram segui-la.

...

Ofegante, equilibrava-se no chão com ajuda da espada. Sentia os braços e as pernas doerem, certamente pelos golpes que levou ou evitou. Sentiu um gosto estranho na boca, e levou a mão até ela: era sangue. Zhang não estava para brincadeira. Levantou a cabeça e olhou para frente, viu Zhang sereno e com um sorriso no rosto. Irritou-se, ele não aparentava cansaço algum, enquanto mal conseguia respirar direito.

Ren sempre contava o quanto o avô era um ótimo lutador e que queria ser um grande lutador como ele. Imaginava o talento de Zhang, mas jamais poderia imaginar que estava lutando com um lutador tão incrível. Ele realmente fazia jus a palavra ‘mestre’.

Mas, mesmo ele sendo incrível, não perderia a espada de seu pai para ele, de jeito nenhum!

 Distraído com a luta, não notou que a maioria dos funcionários de sua casa estavam assistindo a luta, eletrizante, entre eles.

“Aquele velho é bem forte”. Yue, ao lado de Kurogane e Fay, assistia a luta.

“Líder Zhang é um exímio lutador, conhece todas as artes marciais chinesas, mas é mestre do estilo Nanquan, do Wushu. Ganhou muitos torneios quando jovem”. Disse Fay, estava bestificado com as habilidades de Zhang sentia-se sortudo em assisti-lo lutar.

“Shaoran está perdendo tempo querendo ataca-lo ao invés de prestar atenção na luta”. Observou Kurogane. Para ele, Shaoran não estava concentrado.

“Então, vai desistir?”. Zhang perguntou ao notar a dificuldade de Shaoran em se levantar do chão.

Sorriu de lado: “Até parece ancião!” – Posicionou-se – “Só estamos começando”. Zhang sorriu.

Zhang não perdeu tempo e correu, indo para cima de Shaoran, que tentava se defender de seus golpes rápidos. A habilidade dele era impressionante, lembrou-se do seu tio Wei. Ambos tinham os estilos parecidos, mas Zhang era mais agressivo.

Esticou a espada para cima, defendendo-se da lança, mas Zhang o golpeou na barriga o fazendo ir para trás. A comoção com a luta era geral, a cada golpe manifestavam a empolgação.

Shaoran foi para trás, mas não teve tempo de recuperar o ar, Zhang correu em sua direção. Tentou uma rasteira, mas Zhang saltou para cima e o golpeou no peito. Com a força do golpe, Shaoran caiu para trás. Era sua terceira queda.

No começo da luta, estava decidido a pegar leve com Zhang, não só pela idade, mas também pelo respeito que tinha por ele. Zhang o derrubou na primeira vez, em questão de segundos. Quando levantou, percebeu que Zhang o recriminava com o olhar, certamente percebeu que não estava levando aquela luta a sério. Então, decidiu que iria lutar de verdade, mostraria suas habilidades e o venceria logo, antes de cair pela segunda vez, mas agora, com a terceira queda, pensou se era possível vencê-lo.

Ao adentrar, Sakura tomou um susto ao vê-lo naquele estado: Shaoran estava caído e ofegante. Reparou nos machucados dele e ficou preocupada. Observou com quem lutava, e ficou surpresa, além de ser um senhor de idade, ele estava intacto e sereno.

Shaoran com certeza estava querendo poupa-lo!

“Vai Xiaolang! Levanta daí!” Meilin gritou.

O grito da prima chamou sua atenção, o seguiu com o olhar e a viu ao lado de seus amigos e de Sakura. Pronto. Era só que faltava, estava apanhando feio e agora seria na frente dela. Humilhação melhor que essa, não iria ter.

Levantou e cambaleou um pouco para o lado. Zhang já achava que era o momento de pararem, mas o filho de Lang era teimoso feito o pai. Lutaram diversas vezes, Lang não ganhou uma vez sequer, mas nunca se dava por vencido.

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“Shaoran, seu idiota! Pare de tentar toca-lo, apenas lute!”. Kurogane gritou, irritado.

Shaoran escutou o amigo, jogou a espada para o lado e fez pose de luta.

Zhang ficou surpreso.

“M-mas o que...?”. Meilin ficou boquiaberta com o primo.

“Mas o que ele está...”. Fay, também surpreso, ficou rodeado por sinais de interrogações.

“Ele vai lutar o estilo Nanquan”. Kurogane disse, sorriu de lado.

“Mas o oponente dele não é mestre nesse estilo?”. Yue indagou.

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“Não sei no que você está pensando, mas tudo bem”. Zhang soltou o lança, e se posicionou. Os dois faziam a mesma pose de luta.

Estava nervoso em lutar com um mestre daquele estilo, mas lembrou-se dos ensinamentos do tio, e um deles é que a melhor forma de derrotar um mestre, é lutar usando o estilo que o oponente domina. Seu ponto fraco ficaria nítido.

Havia notado uma falha no golpe de Zhang, mas tinha que ter certeza de que estava certo. Sem pensar mais, foi para cima dele.

Zhang notou a mudança de postura de Shaoran na luta. Estava agressivo e focado. Finalmente Shaoran havia se concentrado em lutar e não em somente derruba-lo.

Defendia-se dos golpes dele, e o chute que Shaoran deu, o fez pular para trás. Ao se recompor, percebeu que Shaoran estava imitando seus movimentos. Ficou perplexo, por um momento viu Wei, seu antigo rival, à sua frente. Wei tinha ensinado o sobrinho muito bem.

Sakura notou que o oponente de Shaoran era um ótimo lutador, e que Shaoran não estava poupando ninguém.

Zhang golpeou Shaoran no antebraço, mas ele defendeu, e pulou para cima, desviando da rasteira de Zhang.

Shaoran correu na direção de Zhang, sorriu de lado, e permitiu ser golpeado por Zhang, no rosto. Caiu mais uma vez. Era a quarta queda, se caísse mais uma vez, perderia a espada de seu pai. Mas a queda o fez ter certeza do ponto fraco de Zhang.

Zhang notou que ele se deixou ser golpeado, mas não teve muito tempo para pensar: Shaoran levantou rapidamente e foi para cima dele e, outra vez, Zhang o golpeou da mesma forma. E em questão de segundos, caiu no chão.

Gritos de empolgação puderam ser ouvidos: Shaoran o tinha derrubado. A falta de velocidade para se defender depois de atacar, era o ponto fraco de Zhang. 

Ao ver Zhang caído a sua frente, Shaoran caiu para trás, e no chão tentava recuperar o folego. Abriu os braços e respirava rapidamente, estava exausto. Zhang em um salto, levantou-se do chão e limpou a roupa.

Andou até Shaoran: “Você percebeu, líder Li. Confesso que estou impressionado, apenas Wei sabia meu ponto fraco”. Sorriu.

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“O que foi que aconteceu?!” Nakuru perguntava confusa.

“Shaoran descobriu o ponto fraco do Líder Zhang. Ele se deixou ser golpeado da primeira vez para ter certeza, o segundo o golpe fez parte da estratégia dele”.

“Incrível!”. Nakuru batia palmas, empolgada olhando o amigo ainda caído no chão.

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Deitado no chão, sentia cada parte sua doer. Respirar doía. Como aquele vovô baixinho tinha tanta força? Levou a mão até testa, tirando alguns fios de cabelo do rosto.

“Não queria perder na frente dela, não é?”.

Ouviu a voz do amigo, e olhou para ele: “Não mesmo”. Admitiu. Eriol estendeu a mão e o ajudou a se levantar. Shaoran e Zhang cumprimentaram-se e depois curvaram-se em direção aos que os assistiam, que bateram mais palmas.

“Você foi ótimo primo!”. Meilin pulou encima dele, o abraçando.

Shaoran reclamou da dor, a prima o apertava com força: “Ai, Meilin!”. Ela o soltou, desculpando-se.

Sakura ficou aonde estava. Batia palmas também, tinha descoberto mais sobre Shaoran. Agora sabia que ele era um grande lutador. Ele tirou a blusa, e a fez desviar o olhar de seu corpo suado, com músculos, ombros largos e abdômen, definidos.  

...

Fay e Yukito conversavam animadamente sobre a luta, imitavam alguns golpes que lembravam de terem visto. Kurogane e Yue, em sincronia, reviraram os olhos com a cena. Nakuru ao lado de Eriol, conversavam com Meilin, queriam saber mais sobre o passeio daquela ensolarada tarde.

Shaoran foi de encontro a eles.

“Você está péssimo!”. Meilin falou ao ver o rosto do primo com curativo no supercílio esquerdo, e um pequeno corte no canto da boca. Tinha um hematoma roxo próximo ao olho. Juntar-se-ia a eles no passeio, finalmente teve um tempo livre para aproveitar os amigos e... Sakura. Ainda não tinha a visto desde que a luta acabou, mais cedo.

“Obrigado pela força, prima”. Disse sarcásticamente. Colocou os óculos escuro, ray-ban, modelo wayfarer. Vestia uma jaqueta de couro preta, jeans surrado e uma blusa de algodão. Pôs as mãos no bolso.

“Líder Zhang não ficou com um hematoma sequer”. Fay rememorou lembrando dele intacto.

“Ele é extraordinário! Eu nunca tinha visto um lutador tão incrível de perto!” -  Disse Nakuru empolgada, percebeu o olhar matador de Shaoran – “Depois de você, é claro Shaoran-chan! Eu não sabia que você lutava tão bem assim!”. Disfarçou.

“Vamos ou não vamos para esse passeio?”. Shaoran perguntou, impaciente.

“Calma, falta a Sakura... Falando nela”. Meilin olhou para detrás dele. Ele se virou e a viu.

Sakura andou na direção deles, ao lado de Tomoyo, ao ver Shaoran, sorriu timidamente. Não havia falado com ele desde o mal-entendido. Percebeu os machucados no rosto dele. Queria se aproximar dele, mas ele parecia ainda bravo com ela. Ia falar algo, mas não teve tempo, Shaoran virou-se e saiu andando em direção ao carro que os aguardava.

“Ei! Espera a gente!”. Meilin seguiu Shaoran.

...

Ficou assustada com a enorme fila que se formava para pegar o teleférico e ir ao mosteiro de Po Lin. Fay havia dito que aquela era uma das atrações mais disputadas da cidade, mas que valeria a pena. 

Jjuntos, entraram no teleférico Ngong Ping, seguro e moderno, que os levava ao mosteiro e também ao monumento do Buda.

Sakura ficou tão maravilhada com a paisagem da mata nativa e do mar que tinham de dentro do teleférico, que não se importou com os 30 minutos de percurso. Shaoran aproveitava-se dos óculos escuro, que usava, e não tirava os olhos dela. Observava cada gesto seu.

Ao entrar no Mosteiro de Po Lin, Sakura concordou plenamente com Fay. Ele tinha razão, valeu a pena estar ali. O grandioso interior do mosteiro, era decorado com bom gosto, com madeira entalhada, altares, lanternas e 3 grandes estátuas de bronze que representam o passado, presente e futuro do Buda. Sakura sentia que aquele lugar exalava um senso incomum de paz. Rezaram um pouquinho, antes de continuarem o passeio. 

Foram em direção a estátua de Buda, na subida dos 268 degraus, já podiam ver a estátua de bronze de 26 metros do Buda sentado. Ela era fascinante, Sakura, impressionada pela magnitude daquele monumento, ficou imóvel. Seus olhos brilhavam enquanto o admirava.  

Depois do passeio até o Buda, foram ao Hong Kong Park: um parque pequeno, com um lindo lago, e arborizado em meio aos grandes prédios. Aproveitaram para fazer uma pausa e lanchar. Meilin durante todo o passeio, notou o distanciamento entre Shaoran e Sakura.

Sua paciência com os dois estava no limite, ser a fada madrinha deles era cansativo e estressante.

Mas o próximo lugar que iriam, a ajudaria em seu plano de unir os dois bobões!

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Continua...

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Nagasaki-shi: Nagasaki

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Notas finais do capítulo

Como estamos? Eu vou bem, graças aos céus! Hehehehe. Gostando do desenrolar da história, me avisem, se sim, ok? Hehehehe.
Muito obrigada por acompanharem, fico feliz com cada visualização que recebo. *.*
Beijão pra vocês ♥



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