Kissu´s escrita por LiLiSaN


Capítulo 22
Sono baka...




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(Imagem: Sakura e Shaoran - CLAMP)

...

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Shaoran! Até que enfim resolveu ligar! Tudo bem aí?”. Eriol atendeu o celular e deixou de brincar com Spinnel, sentou-se no chão da sala e o acariciava.

 —“Está tudo bem. Todos já sabem?”.

 “Sim, sim. Ficaram preocupados, mas disse a eles que você voltará daqui uns dias”.

 — “Eriol, eu...” - Hesitava - “Está só?”.

 “Sim! Tomoyo-chan foi dar aulas de canto. Ela está preparando o coral. Está bem empolgada” - Sorriu ao lembrar - “Ah! Novidade! Yue e Nakuru, se acertaram!”.

 —  “Quê?”.

 “Formam um casal”.

 — “Que bom, fico feliz por eles!”.

 “Shaoran, aconteceu alguma coisa? Você está estranho”.

 — “Eriol, eu não vou mais voltar”.

 “Como assim? Sua mãe não está bem? Vai precisar de mais dias?”.

 — “Ela está bem. Mas é que...”

 “Sem problemas! Mizuki teve a ideia de soltar uma nota dizendo que você não estaria no show de Tóquio. Achamos precipitado, mas se você...”

 — “Eriol, eu não vou voltar mais para o Japão. Estou fora da banda”.

 “M-mas do que você está falando Shaoran?”. Levantou bruscamente do chão, assustando spinnel.

 — “E-eu não posso. Minha família precisa de mim. Chegou a hora de retribuir a oportunidade que tive de conhecer uma vida diferente dessa aqui, e por ter tido amigos como vocês”.

 “E-eu não estou entendendo nada. Explica isso melhor”.

 — “Preciso assumir os negócios da família”.

 “Mas a sua mãe não era quem...”

 — “Eriol, ela já chegou ao limite”.

 Eriol escutou um grito feminino seguido por batidas, a voz chamava por Shaoran: “O que está acontecendo?”.

 — “Tenho que desligar, adeus meu amigo”.

 “Shaoran, escuta aqui, seja lá o que esteja acontecendo, você não está fora da banda! Resolva o que tiver que resolver e volte, ouviu? Shaoran?”. Não respondeu, desligou.

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 “E depois ele desligou”. Eriol estava rodeado por Tomoyo, Yukito e Mizuki. Contava da ligação de Shaoran. Estava chateado.

“Shaoran...” - Tomoyo estava com os olhos marejados - “Mas isso é tudo tão...”

“Deve haver uma explicação melhor. Vamos ligar pra ele!”. Disse Yukito.

“Ele também me ligou… Acho que chegou a hora de vocês saberem de algumas coisas”- Fitaram Mizuki - “Shaoran é herdeiro legítimo do clã li, e líder de todos os outros clãs Como herdeiro ele tem obrigação em assumir a liderança do clã. Ele foi enviado pelos pais a Wei, porque eles não queriam que Shaoran tivesse a mesma infância que ambos tiveram. Com o falecimento do senhor Li, Yelan mãe de Shaoran assumiu a liderança...”.

“E-eu sempre soube desse clã, mas não sabia da dimensão disso tudo”. Disse Yukito consternado.

“Mas porque ele disse que não vai voltar?”. Perguntou Tomoyo.

“Se ele sair da China, será desertor. Logo, a liderança fica vaga. E qualquer clã pode assumir”.

“E qual é o problema? Deixei que outro clã assuma”

“Não deve ser tão simples assim Yukito. Para ele dizer que não voltará, definitivamente não é simples”. Conclui Eriol, com semblante triste.

“Como você sabe disso tudo, Mizuki?”. Tomoyo perguntou.

“Wei me contou, quando eu tinha 15 anos”. Mizuki encarou Tomoyo com o semblante sério.

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Lembrança Mizuki

Lembrou de juntar as folhas secas que deixou acumulada, próximas ao lago do Templo, ao se aproximar, viu a figura de um menino, se escondendo entre as árvores.

 “O que você está fazendo aqui, criança?”. Nunca o tinha visto.

 “Não é da sua conta!”. Deu língua e voltou a se esconder atrás do tronco da árvore.

Sua rebeldia a fez sorrir. Ele falou um japonês enrolado.

 “Onde estão seus pais?” - Ao ouvi-la, ele abriu o berreiro. Chorava alto. Ela se desesperou - “Calma, calma. Não chore!”. Com gestos, pedia que ele parasse.

 “Eu quero voltar pra casa!”. Ele enxugava as lágrimas, enquanto soluçava.

 Mizuki aproximou-se dele, e agachou, ficando frente a frente com o menino: “E onde é sua casa? Onde você mora? Eu levo você”. Disse sorrindo.

 “Leva mesmo?” -Perguntou contente. Ela fez sinal de positivo - “Moro na china, vamos!”. Segurou na mão dela, e a puxou.

 “C-china? Ér...É bem longe” –Ele voltou a chorar - “N-não chore!”.

 “Aí está você, jovem Li!” - Ela olhou o senhor desesperado, andando apressadamente na direção deles - “S-sinto muito senhorita”. Ele foi até ao menino querendo colocá-los em seus braços.

 “Não vou com você, seu velho!”. O menino chutava o homem, o deixando sem graça.

 “V-vamos jovem Li, por favor!”.

 “Não quero, me larga!”.

Mizuki observava sem graça a cena, até que decidiu intervir: “Sabe, se eu fosse você eu iria embora, já está anoitecendo, e a noite aqui é bem assustadora”. Cochichou.

 “S-sério?” - Olhou para os lados, assustado - “Vamos velho!”. Saiu correndo.

 “Obrigada senhorita, me chamo Li Wei”.

 “Kaho Mizuki”. Ele deu tchau e se foi.

 

 Já tinha perdido as contas de quantas vezes ele aparecia no templo. Já não estava tão arredio. Até deixava ela pegá-lo no colo. Antes era sempre o mesmo: fugia de casa, escondia-se detrás da árvore e chorava. Agora, apenas fugia de casa e passava tardes e mais tarde brincando pelo templo.

 Mizuki segurava o menino em seus braços, que dormia profundamente, cansado de tanto brincar. Ela com cuidado, o entregou para Wei.

 “Senhor Li, porque ele foge tanto?”.

 “Xiaolang sente muita falta da própria casa. Dos pais, das irmãs… Mas foi preciso… É uma longa história” - Ele olhou o sobrinho dormindo, agora em seus braços - “Ele gosta muito de você. Sente falta de uma figura materna”.

 “Eu também gosto muito dele”. Ela sorriu e acariciou a cabeça do menino chorão.

 “Tenho que ir”.

 “Qualquer dia, o senhor poderia me contar essa longa história?”. Wei sorriu.

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 Ficaram mudos. Não tinham ideia de toda a complexidade que envolvia Shaoran.

“Temos que avisar Nakuru e Yue”. Disse Yukito.

“Eu aviso” - Disse Eriol, olhou para a noiva - “Tomoyo...”

“Sim, vou ver se Sakura está sabendo”.

“Não conte nada a ela. Deixe que Shaoran o faça”.

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“Está ligado ou não, isso aí?”.

“Calma pai, está conectando!”. Nakuru mexia no notebook encima da mesinha. Yue estava sentado no sofá ao lado dos pais de Nakuru. Usavam chapéus de aniversário.

Ela ajeitou, e voltou ao sofá, se sentaria ao lado de Yue, mas seu pai, não abriu espaço. Decidiu sentar ao lado da mãe. Esperaram alguns minutos, e começaram a ver algumas imagens distorcidas.

“É ela!”.

“Lang zal hij leven (que por muito tempo ele viva)! Lang zal hij leven (que por muito tempo ele viva)! Lang zal hij leven (que por muito tempo ele viva) in de gloria (em glória), in de gloria (em glória), in de gloria (em glória)”. Puderam escutar a voz feminina e masculina cantando ‘parabéns pra você’ em holandês.. A imagem ainda não estava nítida.

Nakuru olhou seu pai que sorria feito uma criança, segurando um pequeno bolo com uma vela encima. Voltou a olhar a tela no notebook e ficou nítido. Sua irmã e Johan sorriam.

“Parabéns papai! Amo muito o senhor” - Ao ver Yue, ficou surpresa— “Eii, estou vendo coisas ou é o Yue que está aí do seu lado mamãe?”.

 “Sou eu sim, bruxa velha!”

“Como se atreve a de me chamar assim? Seu cara de lua!”.

 “Yue, como vai!? Quanto tempo!”. Disse Johan acenando, Yue fez o mesmo.

 “Rubi, querida, agora Yue faz parte da família. Os dois estão namorando!”.

“Séééério? Então podemos finalmente a nos falar, Yue? Você demorou muito! Estou muito feliz por vocês!”.

 “O aniversário aqui, é de quem mesmo?”.

“Desculpa papai! Faça um desejo e apague as velinhas!”. Fez o que a filha pediu. Todos aplaudiram.

“Parabéns, sogro!”.

 “E os peixes, seu imprestável, conseguiu?”.

“Olha só quantos pesquei sogro! Obrigado, acho que aprendi a técnica!”. Johan mostrava orgulhoso os peixes dentro de um recipiente.

“Não admito que genro meu, não saiba pescar! É uma vergonha para minha família!”- Ele olhou Yue- “Você sabe Yue?”.

“S-sim..”.Todos riram com o nervosismo dele.

“Mamãe, papai e irmã… Johan e eu gostaríamos de dizer algo!”- Se entreolharam e gritaram ao mesmo tempo— “Vocês vão ser vovós!” - Ela se levantou e mostrou a barriga já saliente. Os pais de Nakuru ficaram sem reação. Nakuru pulou do sofá de felicidade. Yue sorria com aquela cena - “Papai, está chorando?”. O pai de Nakuru limpava as lágrimas.

“Claro que sim! Minha filha mais velha vai ter filho de um estrangeiro”. Mentia escondendo a emoção de ser avô. Sua mentira fez todos rirem.

“Mas querida, sua barriga está bem grandinha”. A mãe dela, limpava as lágrimas de emoção.

“São gêmeos mamãe. Ficamos sabendo hoje. Não contei para vocês, porque estava esperando ter certeza e que eles crescessem mais um pouco”. Mais uma vez ficaram surpresos.

 “Estou muito feliz onii-chan! Não vejo a hora de mimá-los”.

“Johan e eu decidimos que eles nasceram no Japão. Quero vocês todos ao meu lado”. O pai dela chorou novamente.

 Yue sentiu o celular vibrar, aproveitou a brecha, e foi atendê-lo: “Eriol-kun, tudo bem?”

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“Nos vemos amanhã então?”.

“Sim, Touma! Obrigada por hoje, meus estudos renderam muito!”.

“Que bom! Melhor irmos antes que essa chuva caia”- Olhou para o tempo fechado - “Não quer mesmo que eu te acompanhe até a estação?”.

“N-não, não. Pode ir sossegado. Ainda está cedo. E não estou traumatizada com ontem” - Sorriu - “Vejo você amanhã. Até mais!”

“Até Sakura!”. Ficou parando a vendo ir embora. Sorriu de lado e seguiu seu caminho também.

Queria ir correndo para casa, tomar um banho e tentar falar com ele. Sentia tanta falta. Não sabia que gostar era um sentimento tão gostoso.

Se aproximava da estação, mas parou de andar ao ouvir o toque do celular, O procurou na bolsa, ao ver quem era, abriu um largo sorriso: “Shaoran! Tudo bem?”.

“Oi Sakura. Sim. E com você?”.

“Estou bem! Voltando para casa agora! Como estão as coisas por aí? Dando o seu melhor?”.

“Eu preciso falar com você”.

 “Aconteceu alguma coisa?”.

“E-eu acho melhor a gente terminar...” – Sakura parou de andar. Ficou parada na entrada da estação - “Você não se encaixa na minha vida agora. Não temos como levar essa relação adiante. Eu sinto muito”.

 Ao escuta-lo, não pôde evitar as lágrimas, que desciam sobre seu rosto. Ainda perplexa com o que ouvia, não sentiu a chuva. Algumas pessoas esbarravam nela, ao entrarem apressadas na estação, tentando escapar dos pingos que caiam. Ela, porém, permaneceu parada.

— “Sakura? Sakura? Você está aí?”.

 “Sim, Shaoran”.

“Sinto muito, mas vai ser melhor assim. Espero que entenda”.

 A chuva aumentou, mas não se importava com os pingos que caiam sobre si, não os sentia mesmo. Não queria acreditar no que ouviu. Pensou em todos os momentos que passaram juntos. Nas declarações, nos olhares, nos beijos… Não se encaixava? Virou um simples quebra-cabeça, que mudou de forma, e não serve mais?

“Sim. Entendo”.

— “E-eu… Droga! Me desculpa!”. Desligou.

“Tudo bem”. Respondeu mesmo sabendo que ele já não a ouvia mais.

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Hong Kong – China

“Merda, merda, merda, merda!”. Shaoran andava de um lado para o outro, transtornado.

“O que foi agora?”. Meilin entrou no quarto.

“Nada!”.

“Shaoran, me poupe tempo! Fala logo”.

“E-eu terminei com ela!”

“Você ficou louco mesmo!? Como assim terminou com a Sakura!?”. Ficou assustada com a atitude impulsiva do primo.

“Te-te-terminando! Eu não vou voltar para o Japão, Meilin! Está decidido!”

“E daí?! Ela pode vir para cá! Vocês podem até pensar em se casar, dane-se se eles reclamarem por ela ser japonesa...”

“Que direito eu tenho de mudar a vida dela, Meilin? Não posso simplesmente falar: ‘ei, sou herdeiro de um clã, por isso, sou obrigado a ficar na China, deixe sua vida aí e venha para cá, case-se comigo. Talvez os líderes dos outros clãs não aceitem você, por ser estrangeira’…”

“Ok, ok! Eu já entendi!” - Shaoran deitou na cama, tapou o rosto - “Só acho que você foi precipitado.  É um relacionamento que envolvem DUAS pessoas, então as DUAS pessoas devem pensar JUNTAS o melhor para o relacionamento DELAS! Não sei se fui clara...”.

“Já está feito!”.

“Você vai se arrepender, Shaoran. Conheço você. Você está gostando dela, e muito”.

“Do mesmo jeito que gostei, eu posso desgostar”.

“Nossa, você me deixa surpresa por falar tanta baboseira!”.

“Me deixa sozinho, ainda não tive um tempo só para mim desde que cheguei aqui”.

“Ok, ok! Só vou te falar uma coisa: Amor à primeira vista significa que você mesmo não sabendo nada da pessoa, nem mesmo o seu nome, você a ama no instante em que a ver”.

“Sai Meilin”.

“Saindo...”.

Tirou a mão do rosto e fitou o teto, com os olhos marejados, sussurrou: “Sakura…”.

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 Não se importava com os olhares que caiam sobre si. Ensopada pela chuva, encolhia-se na cadeira do trem, olhava para baixo, na tentativa de entender o que tinha acontecido minutos atrás. Queria entender também porque sentia uma dor tão grande no peito. Gostava dele. Mas não imaginava o quanto. Se abraçou, sentiu um frio incomodo. Olhou pela janela e a chuva ainda se fazia presente. Representava bem o que estava aquela sua noite. Encostou a cabeça no vidro.

Tirou a roupa molhada, e a colocou para secar. Enrolou a toalha em seu corpo e a outra, em seus cabelos. Sentiu o nariz coçar. Deitou-se em sua cama.

O celular na bolsa, tocou. Seu coração palpitou. Poderia ser ele. Rapidamente o pegou da bolsa: “Tomoyo chamando”.

 “Alô?”.

— “Sakura-chan! Boa noite! Tudo bem?”.

 “S-sim, estou bem. E você?”.

“Estou bem Sakura. Com saudades de você, para variar. Não tenho mais nada para gravar”. Fez Sakura sorrir.

“Também sinto saudades Tomoyo-chan. Vai vir a Tóquio?”.

“Infelizmente não, vou ter um compromisso com a escola de música” - Tomoyo lembrou de Shaoran - “Escuta Sakura… Shaoran deu notícias?”.

 Ao escutar o nome dele, seus olhos tremeram: “Sim, Tomoyo”.

 — “E ele disse alguma coisa?”- Notou o estranho silêncio - “Sakura?”.

 “E-ele, e-ele terminou comigo”.

“Ele terminou?!”. Teve a certeza de que Shaoran realmente não voltaria mais.

“Disse que não me encaixo na vida dele. E-eu estou tão confusa, tão triste Tomoyo-chan”.

“Ele contou mais alguma coisa?”.

 “Não. Só pediu desculpa e desligou”.

“Sakura-chan, Shaoran saiu da banda e não vai voltar mais para o Japão. Ele está...”.

 Sakura sentou lentamente na cama. Impactada pela notícia, ouvia Tomoyo contar toda a história.

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“Para de chorar bruxa”.

“Claro que não. Não vou ver mais o Shaoran”. Limpava as lágrimas. Yue colocou seu braço envolta dela. Estavam sentados lado a lado, no banco da praça, próximo à casa dela.

“Isso tudo vai se resolver”.

“Como vamos continuar com a banda, sem o Shaoran? Ele é um dos grandes responsáveis pela existência dela!”.

“Vamos honrar os compromissos da banda. Depois veremos o que vamos fazer. Até lá teremos que ser fortes e pacientes”.

“Sinto tanto pela Sakura. Ela deve estar triste”.

“Eu disse que se ele a fizesse a chorar, teríamos uma conversa de homem para homem. Pelo jeito, essa conversa vai acontecer” - Nakuru sorria, ao limpar as lágrimas - “O que foi?”.

“Gosto desse seu lado”. Encostou a cabeça em seu peito.

“Bruxa chorona!”. Acariciou sua cabeça.

“Espero que isso tudo termine, e tudo volte a ser como antes”.

“Então você quer que a gente volte a ser amigos?”.

“N-não foi isso que eu quis dizer!” - Yue sorriu com o bico que ela fez- “Eu quero o Shaoran aqui, Yue!”. Voltou a chorar.

“Eu também. A conversa que vou ter com ele, não vai ser por telefone”.

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“Bommm diaaa!”.

“Credo, Naoko-chan! Que felicidade a essa hora da manhã?”. Perguntou uma das camareiras, que se trocava, assustada com a felicidade alheia.

“Hihihihi. É que minhas férias estão chegando!”. Avistou Motoko e Sakura e correu até elas

“Bom dia Motoko-chan”- Fitou Sakura que terminava de se trocar - “Bom dia Sakura-chan!”.

“Bom dia...”. Deu um meio sorriso. Naoko olhou para Motoko, que já estava preocupada com o desanimo dela.

“Tudo bem Sakura?”.

“S-sim…!” - Tossiu. Pediu desculpas e colocou mascara - “Desculpem, acho que peguei um resfriado”.

“Suas bochechas estão bem vermelhas”. Naoko colocou a mão na testa dela - “Caramba Sakura, você está com febre! Está muito quente!”.

“E-eu me sinto bem. Já tomei remédio. Logo, logo passa. Vamos?”

“Mas Sakura…?”. Motoko a impediu de falar.

“Deixe. Ela é teimosa. Vamos falar com o Mamoru”.

Tirava os lençóis de cama com dificuldade. Sentia um cansaço extremo, parecia que tinha passado um caminhão encima de seu corpo. A tosse seca começava a incomodar. Foi a chuva… Duas chuvas em seguida. Que azar o seu. E que imunidade baixa.

Era só o que faltava, levar um fora e ainda por cima ficar doente. O coração voltou a ficar apertado ao lembrar dele. Como ele pôde lhe tirar da sua vida, sem ao menos perguntar o que ela achava? Estava certa desde o início. Devia ter seguido sua cabeça, e não seu coração.

“Então você está aqui” - Mamoru entrou no quarto seguido por Naoko e Motoko - “Que conversa é essa de estar vindo trabalhar doente?”.

“E-eu estou bem”. Mamoru se aproximou dela, e sentiu sua temperatura. Arregalou os olhos.

“Cerejeira, você está ardendo em febre! Você tem que voltar pra casa e repousar!”

“N-não. Eu estou bem!”.

“Não seja teimosa Sakura-chan!”.

“Shaoran sabe que você está trabalhando doente? Vamos ter que…” - Motoko se calou ao ver as lágrimas que caiam sobre o rosto da amiga - “Sakura! O que foi?”.

“Conte para nós, cerejeira. O que foi?”.

“Sakura...”

“Shaoran terminou comigo”. Os três ficaram espantados com a notícia, se entreolharam. Em silêncio, ouvia se apenas os tossidos de Sakura.

“E-eu sinto muito Sakura”. Disse Naoko.

“Porque ele terminou Sakura?”.

“Ele disse que não me encaixo na vida dele... Parece, que por problemas familiares, ele não vai voltar mais. Vai ficar na China”.

“Hum… E por isso, você quer cometer suicídio?” – Mamoru recebeu olhares horrorizados - “Você estar aqui desse jeito, sem se importar com a sua saúde, para mim significa isso. Vamos, levo você ao hospital, e depois trarei seu atestado médico. Você precisa descansar Cerejeira!”.

“Mamoru, tem razão. Não se preocupe, cobrimos vocês dois! Vão!”.

“N-não precisa!”

“Sakura, chega! Não me faça ligar para seu pai e seu irmão”. Mamoru, disse com uma voz firme.

“T-tudo bem”.

“Vamos te visitar mais tarde Sakura. Levaremos coisas bem gostosas para você comer”.

“Seja uma boa menina e obedeça Mamoru”. Pediu Motoko.

“Obrigada pessoal”.

“Como ela está?”. Naoko, ao lado de Motoko entrava no apartamento de Sakura.

Usagi e Mamoru as recepcionavam, na entrada: “Nada bem. A febre não quer passar”. Usagi respondeu, preocupada.

“Ela está ardendo em febre, se não baixar, vamos ter que levá-la ao hospital novamente”. Concluiu Mamoru.

“Sakura-chan...”. Naoko ficou receosa.

“Eu vou preparar uma sopa que minha vó disse ser muito boa!”. Motoko correu até a cozinha, com algumas sacolas na mão.

“Ela está dormindo?”. Naoko perguntou, queria vê-la.

“Sim, tomou um caldo e se deitou. Mas ela está delirando”. Usagi respondeu.

Naoko andou até o quarto, e abriu a porta lentamente. Sakura estava deitada, coberta da cabeça aos pés, com um pano em sua testa. Respirava alto.

“Sakura-chan...”. Escutou o vibrar de um celular, e percebeu que vinha de dentro da bolsa de Sakura. Foi até a bolsa e achou o celular: “Touma chamando”. Resolveu atender.

“Sakura-chan?”

 “Olá. Aqui quem fala é a amiga dela, Naoko”.

“Ah sim… E-ela está?”.

 “Sakura está dormindo. Ela pegou um resfriado e não está muito bem”.

— “O que?! E-e-e-ela já foi ao médico? É-é-é muito grave?”

“Ela já foi medicada! Não é grave, só a febre que não quer baixar. Mas não se preocupe, estamos cuidando dela”.

— “Desculpa a ousadia, mas… Você poderia me passar o endereço do apartamento? Gostaria muito de vê-la. Me chamo Kikuchi Touma. Somos amigos, olhe nosso histórico de conversa, para se sentir mais segura”.

Naoko hesitou, mas fez o que ele pediu. Leu algumas mensagens enquanto ele a aguardava na linha. Sakura tinha comentado de um amigo, mas não tinha falado seu nome. Poderia ser ele, mas, de qualquer forma, seria bom confirmar.

“Certo, Touma. Você é de confiança, vou passar o endereço. Mas não precisa vim, nós estamos cuidando muito bem dela”.

“Tenho certeza que sim!”

Passou o endereço e logo se despediram. Com um semblante de preocupação, voltou a olhá-la.

Ao se aproximar, ouviu ela dizer: “Shaoran...”.

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China – Hong Kong

“Mandou me chamar?”. Fay, abriu a porta, perguntou com o costumeiro sorriso. Shaoran que estava sentado na cadeira da escrivaninha, de seu quarto, tirou os olhos do livro e retribuiu o sorriso.

“Sim, entre Fay. E Kurogane?”. Notou a ausência ao vê-lo fechar a porta.

“E-ele está vindo...”. Respondeu sem graça.

“Ele não vem, não é?”. Notou a feição de Fay.

“Hehehe. Não”. Coçou o couro cabeludo.

“Entendo. Não o culpo. Deve ser difícil para ele servir alguém como eu”.

“N-não Shaoran. Ele só é muito ligado as tradições. E é cabeça-dura, não entende que você não optou em morar no Japão. Foram os seus pais que fizeram o que acharam melhor para sua felicidade”.

“Depois de adulto, eu nunca me importei em saber sobre os negócios da família Fay. É nisso que ele deve pensar” – Shaoran permaneceu sério - “Mas enfim, eu te chamei aqui, porque como líder, eu preciso saber de tudo. E quando eu digo tudo, me refiro a absolutamente tudo”.

Fay ficou empolgado ao ouvi-lo: “E-entendo Shaoran, vou ajudá-lo no que o senhor quiser. O que quer saber?”. Ficou ao seu lado.

“Primeiro: Kurogane é japonês?”. Fay caiu para trás.

“Achei que estava querendo saber mais sobre os negócios, os clãs...”.

“Vamos por partes”.

“Sim! Kurogane morava na rua. Seu pai, em uma viagem de negócios pela província de Yunnan o encontrou. Era bebê quando veio para a China, junto dos pais. Eles receberam promessa de emprego, mas era tudo mentira e acabaram sendo feitos de escravos em uma plantação de arroz. Os pais dele acabaram falecendo, e Kurogane conseguiu fugir. Foi quando seu pai o adotou e trouxe para cá. Ele nunca escondeu dele e de ninguém as origens”.

“É por isso que não me lembro dele...”. Ficou pensativo.

“O senhor era um bebê!”.

“Fei Wang disse que era amigo do meu pai, é verdade?”

“Sim. Meu pai contava que os dois cresceram juntos. Eram os melhores amigos. Mas com o passar dos anos, seu pai foi percebendo o quanto Fei se tornava mais ganancioso e calculista”.

“Meu pai era bem inteligente”.

“Sim. As coisas azedaram de vez quando Fei se apaixonou pela prometida ao seu pai”.

“M-minha mãe?!”

“Sim. Fei era louco pela senhora sua mãe. Ela foi oferecida ao seu pai, por ele ser o líder supremo. Se ele recusasse, ela seria oferecida a Fei. Mas seu pai se apaixonou por ela”.

“Não consigo nem imaginar aquele velho nojento com a minha mãe”.

“Depois que seu pai faleceu, ele a pediu em casamento. Mas sua mãe recusou. Dizem que ele ainda ama a sua mãe”.

“Vou mantê-lo bem longe dela...”- Shaoran o olhou - “E você? Qual é a sua historia?”

“A-a minha? B-bem… Como eu disse, meu pai foi o secretário do seu pai. Ele o admirava muito. Quando o líder falece, o seu secretário deixa de existir, é como se ele morresse também, sabe? Então, eu cresci sabendo que iria substitui-lo um dia. Ele dizia que era meu dever, minha obrigação”.

“Você não se sentiu preso?”.

“Sim. Mas eu gostava de pensar que eu seria importante e respeitado, como meu pai era. Meu velho me ensinou muita coisa nessa vida, agora tem seu merecido descanso”

“A-ah sinto muito pela sua perda...”

“Hã? Ah não! Ele não morreu! Ele mora na província de Sichuan, com meus irmãos!”. Sorria.

“Idiota...”-Shaoran revirou os olhos - “Antes de me contar mais coisa, preciso que você arranje alguém para treinar artes marciais chinesas comigo, estou um pouco fora de forma”.

“Kurogane é o melhor dos lutadores”.

“Sério? Ótimo! Agora me fale sobre cada um dos líderes”

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Tóquio - Horas depois…

“Você tem certeza de que isso funciona?”. Naoko observava Touma colocando uma mistura de ervas na testa da amiga. Disse que baixaria a febre.

“Sim. Meu pai costumava fazer isso sempre. Ele aprendeu com o pai dele. É algo de família”. Touma continuava a colocar as ervas sobre a testa de Sakura.

Estavam sentados envolta dela. Ainda preocupados.

“Você tem certeza que pode ficar Naoko-chan?”. Mamoru a encarou.

“Sim, podem ir. Eu passo a noite com ela, amanhã cedo eu vou para o trabalho. Já avisei meus pais”    - Naoko olhou Mamoru e Usagi e Motoko. Iriam embora, pois não poderiam passar a noite - “E é até melhor, tem muita gente aqui”.

“Qualquer coisa, nos ligue. Ficaremos esperando por notícias”. Os três se levantaram.

 “Sakura-chan, por favor, fique boa logo!”. Pediu Usagi.

“Até mais Touma, prazer em conhecê-lo”. Disse Mamoru, ele acenou com a cabeça.

“Vou deixar vocês na porta. Touma, cuide dela, sim?”.

Touma os viu ir, e voltou a olhar Sakura, ainda estava ofegante, fazia caretas de quem estava tendo um pesadelo. Ele olhou sua mão delicada, e a pegou. Ela se acalmou, e sorriu: “Shaoran...”.

Arregalou os olhos... Ela chamou pelo namorado. Estranhava o fato de ele não está ali, cuidando dela também. Será que ele não sabia?

“Já foram!”. Naoko voltou para o quarto e olhou surpresa para ele que segurava a mão da amiga. Ao vê-la, soltou, envergonhado.

“E-e-e-e-e-eu só estava..”. Vermelho, tentava se justificar.

Sorrindo sentou ao seu lado: “Não precisa ficar com vergonha! Vejo que Sakura é uma pessoa muito especial pra você!”.

“S-sim… Gosto muito dela… Co-co-como amigo, claro”.

“Fico feliz. Sakura é uma menina muito especial. Me corta o coração vê-la assim”.

“Ela vai ficar bem. Ela só precisa descansar e se alimentar direito”.

“Mas não é só o resfriado...”- Fechou a mão - “Que raiva que estou sentindo do Shaoran!”.

“O-o-o que Shaoran fez?”.

Ela a olhou por segundos, em dúvida se contava: “Pelo jeito você sabe que ele é namorado dela, né?”- Ele confirmou - “Quer dizer, era!”.

“Era?”.

“Shaoran terminou com ela!” - Touma, surpreso, não disse nada - “Parece que ele não vai voltar mais para cá e nem para a banda. Não sei bem o motivo! Mas ele não deu a oportunidade dela nem dizer o que achava! É um bobão!”.

“Então essa história era verdadeira”- Deixou de pensar, ao notar que Naoko chamava por ele- “É, é estou bem surpreso”.

“Eu nem tive tempo pra pensar que ele saiu da banda, só consigo ficar com raiva de ele ter terminado com ela...” - Naoko soltou um suspiro pesado - “Vou fazer algo para comer, quer comer antes de você ir?”.

“Sim, sim” - A viu se levantar - “Quer ajuda?”.

“Não! Fique com Sakura-chan! Já volto!”. Sorriu e saiu apressada do quarto.

Olhou Sakura, que agora tinha o semblante mais sereno. Pegou o termômetro e conferiu sua temperatura. A febre estava baixando. Sorriu.

Ao lembrar do que Naoko havia contado, lamentou por ela. Ela devia estar bem triste. Como queria de alguma forma ajudá-la… Se ela quisesse, ele queria ajudá-la a esquecer Shaoran.

O vibrar do celular, chamou sua atenção. Era de Sakura. Pensou em chamar por Naoko, mas poderia ser os amigos de Sakura que se foram. Pegou o celular e leu: “Shaoran chamando”.

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“Atende Sakura, por favor...”. Andava de um lado para o outro no quarto. Não conseguia parar de pensar no que tinha feito. A forma que tinha terminado. Precisava explicar melhor as coisas para ela. Não queria admitir, mas sua prima tinha razão. Foi precipitado, ele precisava ouvir dela, o que ela achava de tudo aquilo. Aceitaria ter um relacionamento tão estranho, como seria, o deles?

Desligou e voltou a ligar. Abriu um sorriso, ela o atendeu!

“Sakura-chan!”

”Não. Kikuchi Touma”.

 Ficou boquiaberto, mas o que diabos ele estava fazendo com o celular dela: “O que você está...”

“Sakura não pode atender agora, está repousando”.

 “Repousando? O que ela tem? Aconteceu alguma coisa?”.

“Ela está resfriada”.

 “Você está no apartamento dela?!”.

“Sim. Todas as pessoas que se importam, vieram cuidar dela”.

 “Você não perde tempo, não é?”

— “O que você ainda quer com ela? Você não terminou?”.

 “Não é da sua conta!”.

 “É-é-é s-sim! E-eu gosto dela! Desde do colégio eu sempre gostei dela! Nunca magoaria ou faria a Sakura-chan chorar!”.

 “Escuta aqui, seu…!”

“Se você se importa mesmo com ela, deixe a em paz e siga sua vida aí com seus problemas, não a envolva! Sakura têm planos para a vida dela, não a atrapalhe! Até!”.

 Ficou sem reação. Pensou em ligar de novo, mas… Ele tinha razão.

Aquele idiota... Aquele idiota, tinha razão.

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Continua…

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Sono baka...: Aquele idiota... 

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Notas finais do capítulo

O que acharam? Obrigada pela audiência! A história está cheia de reviravoltas... hihihihi ^^
Kissus! =***



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