Kissu´s escrita por LiLiSaN


Capítulo 21
Kōun




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(Imagem: Xing Huo e Wang Fei - CLAMP, mangá Tsubasa Chronicle)

...

O barulho do despertador, a fez abrir os olhos lentamente. Sentou-se na cama e desligou o despertador. Olhou o relógio: 8h00. Esticou o corpo. Estava cansada, trabalhou muito na noite anterior, mas precisava levantar e estudar. A prova seria no fim do mês.

Estava até mais confiante. Desde que começou a namorar Shaoran, se tornou uma pessoa menos medrosa e mais forte.

Olhou o celular, não havia nenhuma ligação ou mensagem. Releu a mensagem de ontem que ele a enviou: “Sakura, tudo bem? Está tudo bem aqui. Minha mãe está melhor. Vou demorar aqui mais do que pensei. Está tudo muito confuso… Enfim, estou com saudades. Te ligo amanhã. Cuide-se, namorada”. A saudade aumentava em saber que ele estava em outro país. Mas a família sempre vinha em primeiro lugar, o entendia, não seria egoísta em confessar sua saudade. Faria melhor, o apoiaria.

Lembrou do estudo e se apressou em ir tomar banho. Não queria chegar atrasada.

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“Bom dia, querido!” - Terminava de pôr a mesa. Ela olhou a roupa que ele vestia - “As roupas couberam direitinho!”. Yue estava sem graça, vestia um traje de dormir do pai de Nakuru. Decidiu ficar, e por não ter trazido roupa alguma, a mãe dela arranjou roupas velhas do marido.

“B-bom dia. Sim, couberam”. Curvou-se.

“Dormiu bem?”.

“S-s-sim”.

“Sente-se, falta só meu marido e Nakuru. Eles já estão vindo” – Yue fez o que ela pediu. Ela terminou de ajeitar a mesa e também sentou. O encarava com os olhos brilhando que deixavam Yue sem jeito - “Estou muito feliz que Nakuru e você tenham iniciado um relacionamento. Pensei que vocês nunca se acertariam”.

“A Nakuru disse que gostava de mim?”

“Nakuru?” - Ela riu - “Nakuru não é igual a mim. Ela puxou para o pai quando se trata de sentimento. Rubī Mūn me contou. Eu fiquei muito feliz, eu sempre gostei muito de você. Lembra que você me disse que gostava da minha filha mais velha?” – Yue confirmou, como poderia esquecer? – “Fiquei triste, queria que você tivesse entrado para nossa família. Mas sabia que seu sentimento não era de amor”. Fez uma cara de tristeza, caricata.

“Mais uma vez, agradeço e...”

“Ah não seja tão formal! Agora você é da família!”. Acariciava sua cabeça de forma afoita.

“Bom dia!”. A voz do pai dela o fez levantar bruscamente da cadeira.

“Bom dia, querido!”. Sorria.

“B-b-bom dia...”. Yue respondeu, nervoso. O pai o olhou de forma intimidante, sentando-se à mesa. Yue voltou a sentar.

“E Nakuru, ainda dormindo?”.

“Não, ela já está descendo. Deve estar com vergonha por causa de ontem”.

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Nervosos, estavam sentados um do lado outro, no sofá da sala de Nakuru.

 “Pronto, querida. Estamos aqui. O que vocês querem nos dizer?”. A mãe dela, ao lado do marido, sorria.

 “Eu falo ou você fala?”. Nakuru cochichou. Yue levantou do sofá e curvou-se.

 “Sr. e Sra. Akizuki, e-eu quero pedir permissão para namorar a filha de vocês”.

 “Sério? Mas que boa notícia!” - A mãe dela pulava de alegria, não escondia a felicidade. O marido ao lado, engoliu a surpresa, e os encarou ferozmente, permaneceu calado. Apenas olhava Yue ainda curvado e Nakuru de bochechas vermelhas, nervosa - “Não vai dizer nada, querido?”.

 A demora do pai em responder, estava deixando aflita. Ele não aprovaria? 

 “Johan é um genro idiota e paspalho, mas faz minha filha mais velha feliz. Você fará minha filha mais nova feliz? Vai respeitá-la, cuidar bem dela e amá-la?”

 “S-sim senhor!”.

 “Querido, ele pediu nossa filha em namoro, não em casamento...”. Sorria sem graça, balançando a mão direita.

 “Se vão namorar é porque depois vão casar. Se não for assim, nem comecem!”.

 “Senhor, prometo ser um bom namorado para sua filha. E me casar com ela futuramente”. Nakuru corou, sua mãe suspirava. O pai, antes surpreso com o que ouvirá, deu um meio sorriso.

 “Tudo bem rapaz. Cuide bem dela, e de nós”. Curvou-se.

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“B-bom dia!” - Nakuru disse timidamente. Estava arrumada. Yue sorriu, com certeza ela se arrumou por causa dele. Que boba. Era linda de qualquer jeito, a qualquer hora. Ela olhou para ele - “Bom dia”. Ele retribuiu.

“Porque a demora?”. O pai perguntou de forma autoritária.

“É-é que eu estava me trocando papai”.

“E você acorda usando essa tonelada de maquiagem? Vá lavar o rosto! Ele tem que gostar de você de cara limpa!”.

“Mas, pai…!”.

“Agora!”.

Yue sorriu da cena de Nakuru tentando argumentar com o pai. A mãe dela ria com aquela confusão.

Em que família foi se meter…

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Da janela via o jardim ao longe, em forma de labirinto. Não lembrava dele. Aliás, lembrava-se tão pouco da infância vivida naquela casa.

Abotoava a camisa social azul, com os olhos perdidos lá.

A batida na porta, o fez se virar: “Entre”.

“Trouxe sua roupa, senhor”. Fay trazia uma roupa dentro de um protetor plástico, transparente. Olhou para a roupa que ele vestia.

“Não preciso de roupa. Trouxe algumas”. Fay o olhou desconsertado.

“Senhor… Desculpe, mas essas roupas do senhor não são as corretas para a ocasião. O ideal é que o senhor use estas”. Colocou encima da cama.

“Só me faltava essa agora...” - Shaoran bufou - “Como assim não são apropriadas? Eu não serei apenas apresentado a uns velhos babões e conhecerei a empresa?”.

“O senhor como líder...”. Fay deixou de falar, Shaoran batendo com força na escrivaninha o assustou.

“Eu já estou ficando irritado com essa estória de líder”.

“E as coisas nem sequer começaram”. Yelan entrou no quarto, seguida por Kurogane. Trajava um kimono, típico chinês, rosa claro, os cabelos estavam presos em um coque, com adornos de flores envolta.

Engoliu seco ao ouvir a voz da mãe: “O que a senhora está fazendo em pé?”.

“Já estou melhor” - Olhou a roupa que ele vestia e balançou a cabeça negativamente - “Vista as roupas que Fay trouxe”.

“Mãe, eu...”.

“Não é um pedido Xiaolang. É uma ordem”. Mesmo contrariado foi até a cama de casal, e pegou a roupa. Indo até o banheiro. Yelan levou a mão até a testa, a massageando.

“Tudo bem senhora?”. Kurogane perguntou.

“Sim, sim. Apenas preocupada”.

“Não se preocupe senhora, vai dar tudo certo”. Disse Fay.

Com o semblante triste, ela lembrou-se da noite passada.

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“Líder Xiaolang… Q-quer dizer, Shaoran. O senhor precisa estar a par de tudo o que está acontecendo antes de assumir seu lugar”.

“Hã? Assumir?”.

“É-é… O senhor, a partir de agora, está impedido de voltar ao Japão”.

Arregalou os olhos. Encarou a mãe que tinha um semblante triste: “Mas do que você está falando?”

“Filho, você será obrigado a cuidar dos negócios da família”.

“Ah, tudo bem! Entendi! Do jeito que ele falou, parecia que eu nunca mais colocaria os pés fora da china. Cuidarei sim. A senhora não está bem”.

O fitou tristemente, Fay falaria algo a mais. Mas ela, discretamente, o impediu.

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Shaoran voltou do banheiro usando túnica de cor verde, com lobos chineses bordados, símbolo da família. Usava calça larga da mesma cor: “Me sinto um idiota usando isso”.

“Ficou perfeito no senhor!”. Disse Fay terminando de arrumá-lo.

Yelan permaneceu quieta, admirando o filho, no quanto ele estava crescido. O via esporadicamente, por fotos ou pela internet.

“Fay, conte um pouco da história dos clãs para ele”.

“M-mas senhora…?” - Fay a olhou confuso, ela permaneceu firme. Ela tinha dito a Fay que contaria tudo depois da reunião, inclusive sobre a permanência dele. Shaoran olhava os dois, sobressaltado - “Tudo bem, como a senhora quiser. Xiaolang, sente-se por favor...”.

“Amo histórias! Que legal!”. Disse sarcasticamente. Sentou-se, cruzando os braços.

Fay sorriu sem jeito de sua atitude. Shaoran reparou que ele lembrava muito Yukito - “Senhor Li, muito tempo antes de nascermos, existiam dinastias de distintas famílias que governavam a China, cada uma ao seu modo. Com o tempo, elas foram perdendo a força e tornaram-se clãs. Apesar disso, o título de Dinastia é mantido até hoje. No total são oito clãs: Li, Chin, Tao, Zhou, Wulong, Zhang, Huo e Wang. Cada clã é especializado em um ramo nos negócios: Clã Li na construção civil, Chin no setor industrial, Tao na tecnologia, Zhou na agricultura, Wulong no comércio, Zhang na indústria pesqueira, Huo no setor hoteleiro e Wang na exportação e importação”.

“Sei disso. Minha mãe me contou uma vez”. Bocejou.

“Cada clã administrava seus negócios, mas com o passar dos anos, alguns não resistiram a crises, má gestão, e até mesmo, aconteceu de dois herdeiros negarem a assumir seus respectivos clãs. Foi um caos. O clã Li foi o único que se manteve em pé, indiferente a intemperes, e crescia a cada ano. Com isso, os clãs pediram sua ajuda. O clã Li os ajudou e conseguiu reerguer todos os clãs, mas essa ajuda veio com condições. Os clãs continuariam a administrar seus próprios negócios, mas a última palavra em decisões e 30% do lucro pertenceriam ao Clã Li. Por isso, o herdeiro da Dinastia Li é o líder absoluto de todos os clãs”.

“Uau… Não sabia que somos tão ricos, mãe”. Disse de forma descontraída, mas todos permaneceram sérios.

“A senhora sua mãe administrou tudo por causa de sua ausência. Quando o líder por direito falece, pode ocorrer duas coisas: Se o herdeiro não deixou filho homem, a responsabilidade passa para o irmão mais velho ou para a viúva. Nunca para a irmã do líder. E se há filho homem, ele assumirá a liderança, independentemente da idade, e o tio é quem será o responsável por ele até o sobrinho completar a idade adulta. Li Wei é quem deveria assumir, mas seu tio foi embora para o Japão antes mesmo de seu pai falecer. Sem seu tio e você, a responsabilidade passou para sua mãe, caso ela tivesse falecido na sua ausência, ocorreria uma votação, e o clã mais votado assumiria. Como você não foi embora por conta própria, não foi considerado um desertor pelos outros clãs. Com a sua vinda, sua mãe perdeu o status de Líder, foi destituída”.

“O que? Q-quer dizer que...”. Assustou-se.

“Você é o novo líder, filho. Todos esses anos, eu tentei te dar o máximo de liberdade que pude. Aquela que seu pai e eu não tivermos”- Ela o olhou tristemente, andou até ele - “Peço desculpas”.

“E-eu vou ter que administrar os negócios enquanto estiver aqui, mesmo não sabendo de nada?”.

Kurogane, balançou a cabeça negativamente: “Enquanto estiver aqui? Idiota, ainda não entendeu...”

“Eu o ajudarei senhor Li. Sou seu secretário. Cada líder possui um secretário, meu pai foi o secretário do seu, é meu dever”.

“M-mas, espera ai… E minha vida? Minha carreira? Eu tenho um show em Tóquio!”

“O senhor terá que...”. Fay foi interrompido por Yelan.

“Daremos um jeito filho...” - Fay a encarou surpreso, ela não estava sendo sincera. Ela encostou a mão no rosto do filho - “Eu briguei por você ter vindo, mas a verdade é que naquela tarde, eu estava criando coragem para contar algumas coisas”.

“A tia tem passado por maus bocados Shaoran” - Meilin entrou no quarto, chamando a atenção de todos para si - “Quando fui ao Japão, fui determinada a te contar o que se passava, escondida da tia. Ela não queria admitir que não podia mais lidar com aqueles velhos” - Shaoran ficou pensativo - “Foram eles que deixaram ela assim. Eles queriam matá-la!”. Ao ouvir a prima, Shaoran a encarou surpreso.

“Meilin!”. Yelan a olhou séria.

“É verdade sim! Se a senhora morresse, o clã Wang assumiria! Era o que todos comentavam!” – Meilin cruzou os braços - “Começaram a pressioná-la, a não concordar mais com nada, ameaçaram fazer uma rebelião, e depois começaram a exigir que o herdeiro homem voltasse”.

“Ela está exagerando, filho”.

“Machistas idiotas”. Shaoran praguejou.

“Não, Shaoran. Não tem nada a ver com machismo...”. Yelan balançou a cabeça negativamente, e Meilin parou de falar.

Fay continuou a falar: “Os clãs Huo, Tao e Chin são apoiadores do Clã Wang. Por tanto, detém a maioria no conselho. Wulong e Zhou nos apoia. O clã Zhang é imparcial. É o único clã inerte, nunca questionou nada”.

“Ou seja, é um clã feito de bundas-moles!”

“Meilin, comporte-se!”. Yelan a repreendeu.

“Não estou dizendo nenhuma mentira tia. Se ele nos apoiasse, seria mais fácil”.

“É por isso que a senhora foi tão educada com aquele velho?”. Perguntou fitando a mãe.

“Sr. Wang é seguido pela maioria dos líderes, tem grande influência sobre eles”. Yelan respondeu o filho.

“Ele é uma cobra, pronta para dar bote. Tome cuidado com ele Shaoran!”.

“Está quase na hora de irmos, senhor Li”.

“Eu preciso ficar só” - Todos o olharam - “Só um pouco, antes de ir”.

Meilin e Fay andaram até a porta. Yelan não se levantou, Kurogane ficou ao seu lado. Ele a encarou, com um semblante triste: “Não, eu não vou sair. Gostaria de aproveitar todo segundo ao lado de meu filho, não posso? Finja que não estou aqui”. Yelan fitou Kurogane, que entendeu e saiu do quarto. Deixando mãe e filho, a sós.

“T-tudo bem, mãe”.

“Desculpa, Xiaolang”.

“Quando você contou que o motivo de ter me mandado para o Japão era para eu ter mais liberdade e ter o direito de escolher fazer o que quiser da vida, achei que aqui, eu teria que trabalhar em uma das nossas empresas sem poder fazer o que queria. Não imaginava toda essa responsabilidade que vocês acharam melhor eu não ter. Devia ter me dito tudo que se passava”.

“Não queria te preocupar, filho”.

“Eu tinha o direito de saber mãe! Pelo menos gostaria de ter conhecimento de como funcionam as coisas aqui. Ajudar de alguma forma! E-eu não sei de nada, não sei como agir, mal sei as tradições. Eu nem sei o motivo de estar usando essas roupas!”. Sentou na cabeceira da cama, próximo a mãe.

“Seu pai foi criado para assumir o lugar de líder do clã, desde os 5 anos de idade. Ele foi criado envolto de todas as tradições e protocolos, e mesmo assim, ele tinha medo de falhar. Era um menino mimado de 18 anos, que teve que assumir uma grande responsabilidade. Ele errou muito, mas com os erros, seu pai se tornou um grande líder”.

“Tio Wei sempre me disse que boa parte do sucesso dele, se deve a você”

“Eu tinha 12 anos quando seus avós nos prometeram um ao outro. Éramos duas crianças que até aos 16 anos foram criadas como dois irmãos. Seu pai me ensinou muito, só retribui querido”.

“Sei lá mãe… Tudo isso é tão...”.

“Repentino?”.

“Sim...” - Shaoran tinha um semblante de preocupação- “Eu n-não sei se vou me sair bem, tenho uma vida fora daqui”.

“Filho, não se preocupe. Acharemos uma solução para isso. Sua vida fora daqui, não vai deixar de existir. Por enquanto, vamos dar o que eles querem: Um grande líder”. Yelan se levantou. Deu um beijo no rosto do filho.

Seus pensamentos eram um só: Sakura.

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Sakura olhava para os lados, até que o avistou. Acenou, e ele acenou de volta. Ela correndo até ele.

“Demorei muito Touma-kun?”. Ofegante, tentava recuperar o fôlego.

“Não, Sakura-chan! Chegou no horário combinado, vamos entrar?”.

“S-sim!”. Lado a lado entravam na biblioteca central de Tóquio.

Não era a primeira vez que ia a biblioteca, apesar de ficar um pouco longe do seu apartamento, gostava de ir lá, mas por causa do trabalho acumulado que teve ao substituir Megumi, preferia estudar em casa, devido ao cansaço.

Observou que Touma cumprimentava algumas pessoas, com acenos: “Você vem sempre aqui? Nunca vi você”.

“Não, são colegas do cursinho. Eu gosto de estudar mais em casa”.

Viram a mesa ao centro vazia, e se direcionaram a ela.

Observou Touma, do outro lado mesa, pôr óculos de grau. Ele notando seu olhar, sorriu, com as bochechas rosadas.

Sorrindo, parou de olhá-lo e abriu seu caderno de anotações.

O convite dele veio em boa hora. Estudar sempre a distraia. E estava precisando disso, se distrair. Estava boa parte do tempo, imaginando o que acontecia pela China. Shaoran devia está matando as saudades que aparentava ter da mãe e das irmãs. Esperava que ele estivesse feliz.

O bater do dedo da mesa, a tirou dos pensamentos. Sakura olhou Touma, ele segurava um bilhete na outra mão: “Quer ir comer alguma coisa, quando for a hora da pausa?”.

 Confirmou com a cabeça, o viu novamente escrevendo no papel: “Combinado! Se eu puder ajudar em algo, me deixe saber. Falando por aqui, por causa daquela placa intimidadora”. Ele apontou para sua direita. Sakura seguiu sua indicação, sorriu, leu os dizeres da placa próximo a eles: “Proibido conversar! Evitem transtornos”.

“Estou feliz! Estou rendendo nos estudos!”. Esticou o corpo, enquanto andava ao lado de Touma. Andavam pelos corredores da biblioteca, tinham dado uma pausa nos estudos.

“Que bom Sakura!”. Apreciou a animação dela.

“Você também?”.

“Sim! Gostei daqui. É bem silencioso. Acho que voltarei mais vezes”.

“Eu estarei sempre por aqui!”. Disse empolgada.

“Então eu virei!”. Ao terminar de falar, ele corou. Sakura o encarou estranhando ele balançar a cabeça, rapidamente.

Deixou de olhá-lo e sorriu: “Obrigada por me convidar. Estava precisando me distrair”.

“É por causa de ontem? Fico aliviado que você não pegou nenhum resfriado”.

“Eu também. Preciso estar sempre bem por causa do trabalho...”- Sakura rememorou o que havia acontecido ontem - “E sobre ontem… É mais ou menos. Shaoran teve que voltar a China, a sua...”.

“Ele voltou a China?!”. Perguntou surpreso.

“S-sim. Algum problema?”. Sakura estranhou a surpresa de Touma.

“N-não...”

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Lembrança Touma

“Letra perfeita Touma-kun! Perfeita!”. Um homem de óculos de grau, gordinho. Comemorava ao terminar de ler o papel.

“O-obrigado, sr Tatsuke”.

“Você vai ficar rico… Vou ligar para alguns contatos e oferecer sua música”.

“T-tudo bem. Me avise, quando tiver resposta”.

“Vou oferecer primeiro aos produtores da banda Kissu´s”.

“Kissu´s?”.

“Sim, filho!”- Ele foi até uma gaveta, tirou um CD e jogou próximo a ele - “Não conhece? É um sucesso!”. Touma abriu e olhou o encarte do CD. Era um CD gravado ao vivo, pôde ver as fotos dos integrantes. Viu e Yue, e ficou surpreso. Era seu professor no ensino médio.

“Esse aqui, se chama Tsukihiro Yue?”.

“Sim, sim! É o guitarrista. É uma banda bem diversificada. Tem um inglês e um chinês, o resto são japoneses” - Acendeu um cigarro, e pegou o encarte das mãos dele, apontando a foto de um rapaz disse - “Esse é o chinês: Li Shaoran. Há boatos de que ele é muito rico na china, é herdeiro dos negócios da família. Dizem que se ele pisar lá, não volta mais!”.

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“Mas ele disse que está tudo bem com ela...” – Sakura escorou-se no batente da janela do corredor biblioteca e observou o céu, enquanto falava. Parou de falar ao notar a dispersão de Touma - “Touma?”

“Ah m-me desculpe! O que você disse?”. Ficou ao seu lado.

“Tudo bem. Eu disse que ele foi porque a mãe dele não estava bem de saúde. Mas agora ela estava bem melhor”.

“Q-que bom… Ele disse quando volta?”

“Ele disse que vai ter que ficar uns dias a mais do que ele esperava”.

“E-entendo”. Ficou novamente pensativo. Será que aquela história era verdade?

“Touma” - Ele olhou Sakura - “Há quanto tempo você escreve canções?”.

Mais uma vez corou, olhou pela janela, evitando encara-la: “Desde o colégio. Sempre gostei de escrever canções e poesias”.

“Eu não sabia. Lembro da banda que você tinha, mas você sempre dizia que era algo sem futuro”

“Eu tinha vergonha. Poucas pessoas sabiam. Uma vez esqueci meu caderno em que escrevia, quando voltei para buscar, Tomoyo me entregou. Ela teve que abri-lo para saber de quem era, e assim ela ficou sabendo que eu escrevia canções”.

“Como ela soube que você escreveu uma música para mim?”. Perguntou sem nervosismo, mas suas bochechas ficaram rosadas.

Ficou vermelho e abaixou a cabeça: “E-e-e-e-e-e-ela perguntou, depois eu mostrei. Tomoyo-chan era muito observadora”.

“Verdade. Já agradeci antes, mas novamente: Muito obrigada. Eu gostei muito da letra”.

“S-sakura...”- Ela o olhou - “S-se e-eu tivesse me confessado, a Sakura daquele tempo m-me co-co-corresponderia?”. Perguntou evitando olhá-la por muito tempo.

Ficou vermelha, mas sorriu e o olhou carinhosamente: “Acho que no começo eu ficaria confusa. Porque sempre o vi como um grande amigo e eu tinha um amor platônico. Mas tenho certeza de que perceberia que o amor pode nascer de uma grande amizade e o corresponderia”. Touma a olhou tristemente - “O que foi?!”

“N-nada Sakura-chan! Vamos voltar aos estudos?”. Ele saiu do batente da janela, e indicou a sala em que estudavam, sorrindo.

Ela concordou, ainda estranhando sua reação segundos atrás.

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“Por favor, entre Srta. Kaho” - Mizuki agradeceu e entrou no escritório. O homem fechou a porta para ela - “Bom dia”.

“Bom dia”.Tomoyo respondeu com um semblante de preocupação. Eriol sentado na poltrona de costas para elas, respondeu baixinho, acariciava Spinnel, sentado no chão, ao seu lado. Yukito também preocupado, a respondeu.

“E Shaoran?”. Mizuki indagou.

“Mandou mensagem ontem dizendo que estava tudo bem com a mãe dele. Tentamos ligar hoje, mas ele não atendeu”. Tomoyo respondeu.

“Ele disse também ficaria uns três dias, daria tempo de chegar para o show em Tóquio”. Disse Yukito, descontraído.

“Sei...”- Mizuki ficou pensativa - “Talvez seja melhor soltar uma nota para imprensa avisando que Shaoran não estará no show de Tóquio”.

Eriol, na cadeira giratória, virou-se rapidamente: “Como assim? Ele irá. Ele disse que vai ao show, Yukito não está equivocado”.

“Por precaução Eriol”.

“Não seria precipitado?”. Perguntou Yukito a olhando.

“Não Yukito, seria o correto”.

“Você está sabendo de alguma coisa e não quer nos contar Kaho?”. Eriol perguntou. Tomoyo olhou o noivo, e mais uma vez, ele estava irritado. Tomoyo, não tinha um bom pressentimento em relação ao que acontecia. A mensagem que recebeu de Sakura, dizendo que ele demoraria mais uns dias, a deixou certa de algo não estava certo.

“Eriol, não se preocupe. Tudo irá se resolver. Vou falar com o restante da equipe. Soltarei a nota amanhã”.

“E-espera, e-espera...”. Eriol pedia a vendo sair da sala, parou de chamá-la ao ver Tomoyo pedindo que parasse.

“Mas o que está acontecendo aqui?”. Yukito ficou mais preocupado.

“Yukito, avise ao Yue e Nakuru, por favor”. Eriol voltou a se sentar.

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“E aí?”. Colocou um bolinho de arroz na boca de Yue. Lado a lado testavam a receita da mãe de Nakuru.

Ele mastigava, sério: “Bom”.

“Bom? Fui eu quem fiz, você deveria falar: Maravilhoso, perfeito, divino...”.

“Não sei mentir”

“Arg! Você é muito chato”.

“Os opostos se atraem!”

“Está querendo dizer que não sou chata?”. Sorriu com o possível elogio.

“Você é doidinha”. Deu língua.

“Ora seu!” - Fez menção de dar um soquinho em seu ombro, mas ele desviou e lhe deu um selinho - “Yue!”. Ficou vermelha.

Ele não disse nada, apenas sorriu de lado. Ao ouvir o toque de mensagem de seu celular, encima do balcão, saiu do lado dela e foi até ele.

“Oni-chan, ainda não recebemos notícias do Shaoran. Mizuki decidiu soltar uma nota para imprensa avisando que ele não comparecerá ao show de Tóquio. Achamos que ela sabe de algo, mas não quer nos contar, estamos torcendo para que não seja nada grave com a mãe dele. Avise a Nakuru-chan, sim? Até mais”.

Ficou preocupado, achava que tinha sido uma pequena viagem feita de forma impulsiva pelo Shaoran.

“O que foi?”

“Shaoran não deu mais notícias. Mizuki vai soltar uma nota dizendo que ele não estará no show”.

“C-como assim? Ele não disse que ficaria poucos dias e voltaria para o show?”.

“Disse”.

“Então o que está acontecendo?”.

“Não sei”.

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“Líder! É uma honra para todos nós, funcionários, conhecê-lo!”. Um homem baixinho, representante dos funcionários da empresa, falou e se curvou. Os outros funcionários fizeram o mesmo.

Admirou a estrutura da empresa e o tamanho. Era gigante. Deixou de olhar a estrutura interna e lembrou-se de cumprimentá-los: “O-obrigado. Prazer em conhecê-los. Agradeço pelo bom trabalho que todos vêm desempenhando nesta empresa” - Ao ouvi-lo os funcionários sorriam, entusiasmados - “Se me derem licença, tenho uma reunião”. Sorriu. Ao seu lado, Fay usava paletó de cor azul-marinho. Atrás dos dois, Kurogane fazia cara de poucos amigos. Usava terno preto.

Continuaram a andar: “O senhor foi ótimo, senhor li!”

Estreitou os olhos: “Ainda não entendi o motivo de vocês dois, usarem roupas sociais, e eu usar essa roupa!”. Abriu os braços, evidenciando a túnica.

“Os líderes devem usar, senhor”.

“Fay, o que foi que aconteceu com Shaoran? Esqueceu?”

“N-não senhor, quer dizer Shaoran”. Entraram no elevador.

Shaoran olhou Kurogane: “Você também, sei que você não vai com a minha cara, mas não me chame de senhor ou líder. É Shaoran”.

“Nem precisa pedir”. Respondeu sério.

“Kurogane, pare de pegar no pé do nosso líder!”. Fay cochichou, depois de apertar o botão do andar.

“É Shaoran, você não o ouviu?”. Respondeu sem dar importância para que Fay dizia em seu ouvido.

Os dois lados da porta de mármore foram abertos, por um funcionário, com trajes de garçom.

Mal entrou na sala de reunião, as várias pessoas que rodeavam a mesa retangular, batiam palmas, em pé. Kurogane permaneceu do lado de fora da sala.

Ficou assustado com a quantidade de pessoas. Parado, recebeu um leve empurrão de Fay, que o fez continuar a andar até a mesa.

Curvou-se e todos fizeram o mesmo. Fay apontou a cadeira na ponta da extensa mesa retangular. Shaoran foi até lá e se sentou. Notou os olhares das pessoas da mesa, que continuavam em pé. Estranhou. Fay, ao seu lado, sem graça, cochichou em seu ouvido: “Shaoran, levante-se e antes de sentar, peça que eles se sentem também”. Vermelho, fez o que Fay pediu.

“Por favor, sentem-se”. Shaoran sentou e todos fizeram o mesmo. Fay sentou-se ao seu lado.

“Senhor, líder, permita-se apresentá-lo a todos os lideres” - Um senhor magro, levantou-se da cadeira - “Me chamo Jing Tao, líder clã Tao” – Apontou para o homem sentado do outro lado da mesa- “Este é o senhor Gentsai Chin, líder do clã Chin”.

“Já tive o prazer de me apresentar, lembra-se?”. O senhor permaneceu sentado, sorrindo.

“S-sim”.

“Este é senhor Hui Zhou, líder do clã Zhou” - O homem alto, de cabelos longos, usando roupas típicas da china, levantou-se e se curvou por minutos. Shaoran faria o mesmo, mas Fay o impediu colocando sua mão em seu ombro, fazendo sinal de negação - “Aquele é Lee Wulong, líder do clã Wulong”- Era o que aparentava ser o mais jovem de todos, parecia ter sua idade. Tinha cabelos até o ombro, castanho escuro, olhos escuros, aparentava ser uma pessoa gentil: “É um prazer estar em sua presença, meu líder”. Levantou e também se curvou por longos minutos.

“Huan Hou, líder do clã Hou”. O homem calvo, magro, se levantou, surpreendendo alguns líderes, mas não se curvou.

“Prazer em conhecê-lo”. Ele sorriu e voltou a se sentar. Shaoran ficou sem entender a surpresa do restante da mesa, olhou Fay, que também estava surpreso.

“A cadeira vazia, representa Ning Zhang, que se absteve de participar de reunião. É o líder do clã Zhang” - Olhou para o fim da mesa - “E por fim, Fei Wang. Líder do clã Wang”.

“É um prazer imensurável revê-lo líder do clã Li”. Sentado, sorria, mostrando todos os dentes.

Shaoran não disse nada, apenas o encarou sério. Ele era tão irritante.

“Ao lado de todos os líderes, são os seus respectivos secretários”.

“Não vai me apresentá-los?”. Perguntou Shaoran. O líder do clã Tao ficou sem graça.

Ele respondeu: “Não senhor, apenas os líderes merecem a sua atenção”.

“A função de um secretário, pelo que me foi informado, é tão trabalhosa quanto a de um líder”. Ficaram surpresos. Os secretários se entreolhavam, sorriam, discretamente, estavam finalmente se sentindo valorizados. Fei observou a feição de todos eles e se aproveitou do momento.

“É o que eu sempre disse, líder Li. Mas os velhos destas mesas, são uns cabeças duras”. Alguns riram e outros permaneceram sério.

“Shaoran, peça que comece a reunião, depois o senhor conhecerá os secretários, siga os protocolos”. Fay cochichou.

“Enfim, minha esposa… Q-quer dizer…” - Fay ficou sem graça, e com a brincadeira Shaoran causou risos - “Meu secretário insiste que devo dá início a reunião. Mas depois que acabá-la, gostaria de conhecer cada um dos secretários presentes”.

“Esperamos que o senhor tenha força e muita saúde para nos guiar para o sucesso. Assim, como a senhora sua mãe fez nesses anos, meu líder”.

“O-obrigado. Agradeço a confiança, líder Wulong. Conto com a sua ajuda, e de seu secretário”. Sorriu olhando ele e o homem baixinho, ao lado dele. Os dois se foram - “Essa formalidade é sufocante”.

“Tenha paciência. O senhor que quis conhecer todos os secretários e os líderes se aproveitaram disso para se aproximar ainda mais do senhor” - Fay fitou Fei Wang, se aproximando. Ao lado dele, havia uma mulher - “Fei Wang está vindo aqui, sorria e seja educado”. Shaoran o olhou, e não conseguiu disfarçar o semblante de irritação.

“Líder Li! Que humildade a sua conhecer todos os secretários”. 

“Eles também merecem reconhecimento, não acha Líder Wang?”

“Claro, claro! Sinto que será um grande líder!”- Olhou para seu lado - “Esta é minha secretária, Xing Huo” - Olhou a mulher de longos cabelos negros encaracolados, vestia um vestido preto, rodado, tinha um semblante sério e frio. Ela curvava-se - “Filha de Huan Huo, líder do clã Huo” - Shaoran retribuiu e curvou-se - “Ela foi noiva de meu filho, mas devido ao seu falecimento precoce, o noivado foi desfeito” – Ficou surpreso. Então o filho dele era falecido? Poderia ser esse o motivo de ele ser tão frio. Olhou a moça, será que era por isso também que ela tinha um semblante tão triste? - “Fiquei surpreso ao ver líder Huo, levantar. Quem sabe, ele não está pensando em unir as famílias, não é?”.

Ficou sem entender: Unir as famílias? O que aquele idiota estava dizendo?

Jogou o corpo na poltrona: “Até que enfim! Pensei que duraria o dia inteiro”. Estava a sós com Fay e Kurogane.

“Quer comer alguma coisa?”.

“Pode ser Fay. Estou com fome”.

“Vou providenciar”.

“Fay!”- Fay voltou-se para trás - “Porque você e o resto da mesa, ficaram surpresos ao ver o líder do clã Huo, se levantar?”.

“Você percebeu que dois líderes levantaram e curvaram-se por minutos?”- Shaoran lembrou-se de Wulong e Zhou - “Significa que eles são fiéis ao clã Li, e o apoia. O líder Huo ter levantado, mas não ter se curvado, significa que ele está considerando a ideia de ser um de seus apoiadores também”.

“Quanta baboseira...”. Suspirou inconformado.

“São nossos costumes. Vou buscar algo para você comer”;

“Pegue algo para você também”- Fay negou com a cabeça - “Obedeça seu líder! Aproveitei e leve esse aí com você, cara feia para mim já basta a daquele Fei”. Apontou com a cabeça para Kurogane em pé, perto da saída. Kurogane abriu os olhos e o encarou.

“Acredito que Kurogane não irá, pois...”.

“Vamos!”. Ao ouvi-lo, Fay caiu para trás.

“A senhora mandou você não sair do lado dele!”. O repreendia baixinho. Ele não lhe deu ouvidos, saiu da sala.

Pegou o porta retrato com a foto do pai e o encarou com carinho. O que será que ele sentiu sobre toda essa formalidade? Achou um saco, que nem ele? Sorriu. Colocou o porta retrato no lugar e pôs as pernas encima da mesa, e levantou os braços, espreguiçando-se. Custava em acreditar em como sua vida deu uma virada de 360º. Mas apesar das explicações detalhadas que ouviu, estava decidido a conversar com a mãe e voltar ao Japão. Pediria que ela voltasse a ser líder em sua ausência. Mas primeiro esperaria que ela tivesse 100% recuperada.

Pediria a ela que aguentasse até terminar a turnê da banda. Assim, ele voltaria e resolveria isso tudo, e depois seguiria com a sua vida. Não havia nascido para isso. Queria continuar com a música, com seus shows, com sua liberdade, com Sakura...

Que saudades sentia dela. Lembrou-se do seu celular e decidiu ligar. Queria ouvir sua voz, ouvir que tudo ficaria bem e que logo, logo os dois estariam juntos construindo uma linda história.

Estava demorando em atender, será que estava ocupada? Quando ia desistir, ouviu sua voz, que soou como uma linda melodia: “Shaoran-chan? Tudo bem?”

 “Melhor agora”- Derreteu-se - “Pode falar?”.

“Sim, sim! Demorei em atender, porque estava na biblioteca, tive que vir correndo para fora, para falar com você”.

 “Mas que namorada estudiosa eu tenho!”

“Hihihihihi. Tudo bem aí? E sua mãe, como está?”.

 “Está tudo bem. Ela está melhor. Estou na empresa da minha família, vim só resolver umas coisas, enquanto ela fica 100%”.

“Entendo! Então se esforce muito aí”

 “Sim!”- Escutou uma voz chamando por ela - “Quem está com você?”. A porta sendo aberta o fez se assustar.

“Atrapalho?”. Fei entrou e parou esperando a sua resposta. Shaoran balançou a cabeça em negação. Ele entrou.

“Não fique com ciúmes, é...”

 “E-eu tenho que desligar, ligo para você mais tarde, tudo bem? Até mais Sakura”- Ao se despedirem, ele desligou e encarou Fei - “Posso ajudá-lo?”.

“Fala um japonês impecável, líder Li. Sakura… Não é o nome de uma flor no japão?”. Aproximou-se da mesa.

“Sim” - Viu seu olhar malicioso - “Posso ajudar em algo?”.

“Claro. Quero saber quando você vai embora”- Shaoran ficou perplexo - “Conhecendo a senhora Li, acredito que ela não tenha sido sincera com você. Então, creio, que em sua cabeça, você já deve estar fazendo planos de ir embora imaginando que poderá dá um jeito por aqui e voltar para sua vida antiga”.

“O que você...”

“Só quero saber quando você renunciará. Trata-se de tempo garoto: Economizar meu tempo e de todos os outros líderes. Não temos tempo a perder com um garoto que mal sabe o básico dos nossos costumes. É um chinês a avessas. Nos envergonha”.

“Seu...”

“Enquanto você curtia sua vida inútil e fútil fora da China, como o seu tio, eu e os outros líderes lutávamos dia a dia para manter todo nosso império em pé. Não é justo que um moleque que não sabe de nada, apareça e nos atrapalhe”.

“Atrapalhe quem? Você, de se tornar o líder de todos eles?”.

“Ora, ora… Não é tão idiota como aparenta” - Shaoran tentou socá-lo, mas ele aparou seu punho fechado e o empurrou. Shaoran caiu sobre a escrivaninha atrás da mesa - “Machucou? Desculpe este velho. Não fiz por mal!”- Shaoran permaneceu no chão - “Não deixarei sua família na miséria, não se preocupe. Pode ir embora e seguir com a sua vida medíocre. Não viu o estado em que sua mãe está? Liderar um clã, pode ser muito desgastante, especialmente para saúde”.

“Foram vocês que fizeram isso a ela, não é?”. Cerrou os dentes. Que raiva sentia.

“Talvez. Quem sabe...”.

“Vou ao Japão, vou resolver minhas coisas e voltarei par...”. A risada alta dele, o calou.

“Voltar?” - Fei ria, pôs a mão na barriga, que já estava querendo doer de tanto rir- “Garoto, você facilitará a minha vida! Não contaram que se você for embora, será visto como um desertor? Com a liderança vaga, nós poderemos votar em que acharmos melhor para ocupá-la. No caso, eu”.

“E-eu achei que eu...”. Sua mãe não teve coragem de contar toda a verdade? Como assim não podia ir mais embora?

“Achou errado. A senhora Li, francamente!”- Fei deu as costas - “Espero que vá embora. Se não, cuidarei pessoalmente em transformar sua liderança em um inferno”. Andou em direção a porta.

“Sr. Wang!” - Fei parou e olhou para trás. Shaoran levantava-se do chão - “Espero ser um grande líder, tão bom quanto meu avô, meu pai e minha mãe foram”. O encarou e sorriu de lado.

Fei sorriu: “Ora, ora sua coragem é admirável. Vamos ver por quanto tempo ela dura. Desejo boa sorte, líder Li. Ah! Diga a Sakura que ela tem um lindo nome!”. Fechou a porta.

Shaoran bateu com força na mesa. Fay e Kurogane entraram assustados na sala.

“Shaoran, vimos o Sr. Wang saindo daqui, t-tudo bem?” - Shaoran pediu baixinho que eles saíssem - “M-mas está...”

“SAIAM DAQUI!”. Gritou, fitando os dois com raiva. Fay falaria algo mais, mas Kurogane o impediu. Os dois saíram.

Viu que não tinha saída, ligaria para Mizuki, depois Eriol e por último Sakura.

......

“Senhora, que bom que veio!”. Fay preocupado correu até Yelan, que vinha junto de Meilin e as filhas. Kurogane permaneceu inerte ao lado da porta.

“E meu filho?”.

“Continua trancado! Já faz mais de quatro horas. Foi depois que o líder Wang saiu”.

“Aquele cretino deve ter falado alguma coisa!”. Protestou Meilin.

Yelan, se aproximou da porta, e começou a bater: “Xiaolang, abra a porta, é a sua mãe...”.

......

Ao ouvir a voz da mãe, Shaoran se despediu ao telefone e, mesmo sobre protestos do outro lado da linha, desligou.

“Xiaolang, estou mandando você abrir essa porta! Agora!”.

 Respirou fundo, deixou de encarar a foto do pai e levantou-se da poltrona, ainda ouvindo os gritos da mãe. Andou até a porta, e a destrancou. Antes de abri-la, apagou a luz da sala.

“Mas o que você pensa que estava fazendo?”.

“Nada senhora minha mãe”. Andou em direção ao elevador, deixando todos sem entender nada.

“O que o cretino do Wang, falou para você?!”. Indagou Meilin, furiosa.

Shaoran parou de andar e encarou a todos: “Decidi deixar toda vida que conheci para trás, a única que me pertence agora, é esta”.

“Mas o que você está dizendo irmão?”.

“Serei o líder do clã Li até o último dia de vida”.

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Continua...

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Xing Huo: Personagem do anime Tsubasa Chronicle.

Kōun: Boa sorte. 

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Notas finais do capítulo

E aí, como vão? Mais um capítulo entregue. Espero que tenham gostado.
Próximo capitulo será postado na semana, provavelmente. Obrigada pela audiência e os comentários. *.*
Beijo no coração de vocês!



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