Kissu´s escrita por LiLiSaN


Capítulo 13
"Sekai o teishi..."




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(Imagem: Nakuru e Yue - Fanart: Isis)

...

Mansão Daidouji - Terça-feira

"Embora?!”. Nakuru indagou surpresa, de boca cheia. Comia um pedaço do bolo de chocolate que Tomoyo havia feito. Estavam na varanda da mansão, ao ar livre, fazia um vento gostoso naquela tarde 

“Sim”- Disse Meilin, entre Wei e um Shaoran chateado- “Tenho coisas para resolver na China. Vim me despedir”. Nakuru encarou Shaoran, com olhares que o culpavam por aquilo.

“Nem olha pra mim, implorei para ela ficar”.

“Poxa...”. Nakuru suspirou inconformada.

“Meilin, por favor, volte logo”. Tomoyo segurou suas mãos.

“Sim...”- Meilin a olhou com carinho- “Caso eu demore, pedirei a Shaoran que levem vocês a Hong Kong”.

….

“Você está bem?”. Eriol se aproximou de Shaoran, ele tinha dado espaço para a prima conversar a vontade com Nakuru e Tomoyo.

“Não muito… Não queria que Meilin fosse embora… Sinto que ela está indo por minha causa”.

“E é Shaoran”- Ele olhou incrédulo para Eriol, a sinceridade dele sempre o assustava- “Mas não se martirize, será melhor para ela”.

No outro canto da sala, Meilin escutava atentamente Nakuru: "Promete me mandar cartas de lá?”.

“Cartas Nakuru?”- Meilin a olhou curiosa- “Não seria melhor nos comunicarmos pelo celular?”.

“Pode ser também. Mas é que amo receber cartas. Minha irmã sempre me manda”.

“Tudo bem. Mandarei cartas para você, só me resta descobrir para que lugar mandar. Para o fã clube, talvez?” - Sorriu e depois olhou para Tomoyo- “Você anotou?”

“Sim, aqui está”. Tomoyo entregou um papel dobrado para ela.

“Obrigada mais uma vez Tomoyo-chan”. Pegou o papel e pôs na bolsa.

“Não há de quê. Não esqueça, pode contar comigo”.

“Sim, não esquecerei. Tenho que ir agora. Ainda preciso falar com aquela pessoa”.

“Que pessoa?!”.

“Uma pessoa especial para alguém Nakuru...”- Meilin a olhou serenamente - “Sabe, apesar de o Shaoran não ter correspondido os meus sentimentos e ele está começando a gostar de alguém, me sinto aliviada Nakuru-chan. Aliviada, porquê finalmente eu posso andar para frente”- Ela apertou a sua mão- “Se eu fosse você, também faria o mesmo. Não é porque não deu certo comigo, que não dará certo com você. Coragem”.

“Mas como você…?”

“É notório Nakuru” -Nakuru tinha o queixo no chão. Tomoyo e Meilin sorriam - “Bem, tenho que ir. Vejo vocês em breve”. Meilin se curvou, e as duas fizeram o mesmo. Logo abraçaram-se - “Vamos Shaoran. Até mais Eriol, continue cuidando muito bem de Tomoyo”.

“Vejo você em breve Meilin. Fique bem”. Eriol foi até ela, e beijou sua mão.

 

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“Wei, pode me levar até esse lugar antes de irmos ao aeroporto?”.Ao entrar no carro, Meilin entregou a ele o pedaço de papel.

“Mas é claro, senhorita Meilin”. Ele leu, e sorriu.

“Onde você que ir?”. Perguntou a Shaoran.

“Me despedir de uma pessoa”.

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“Chegamos!”. Yukito foi até o jardim, junto de Yue.

“Bem-vindos!”. Disse Tomoyo.

Nakuru encarou Yue, e lembrou-se das palavras de Meilin: “Sabe, apesar de o Shaoran não ter correspondido os meus sentimentos e ele está começando a gostar de alguém, me sinto aliviada Nakuru-chan. Aliviada, porquê finalmente eu posso andar para frente. Se eu fosse você, também faria o mesmo. Não é porque não deu certo comigo, que não dará certo com você. Coragem”.

Se apaixonou por Yue, ainda na adolescência.

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Lembrança Nakuru

Nakuru mastigava lentamente seu lanche, sentada embaixo de uma cerejeira. De todas as cerejeiras do jardim da escola, aquela era a sua preferida. Era a maior e mais bonita de todas.

A verdade é que estava sem fome. A briga de ontem tirou seu apetite. Não conseguia parar de pensar na forma como sua irmã foi expulsa de casa pelo pai. Como ia viver sem ela? Sem sua amizade? Sem sua presença? Sentiu um nó na garganta. Queria poder fazer alguma coisa, lembrava das palavras da irmã quando ela implorou para ir junto: “Nakuru-chan, papai e mamãe vão precisar de você. Não seja egoísta”.

Ela que é egoísta… Idiota”. Murmurou.

Seu pai, fiel as tradições, não aceitava que sua filha mais velha casasse com um estrangeiro. Gostava de Johan, um holandês loirinho, de 1,90 e sorridente. Ele fazia sua irmã feliz e ela o amava. Isso deveria bastar. Sentia raiva do pai.

Não queria perdê-la. Não queria que ela saísse da sua vida daquela forma: “Eu vou para Holanda, Nakuru-chan”. Lembrar das palavras da irmã, trouxeram as velhas lágrimas.

O que está fazendo aí sozinha, bruxa?”. A voz do irritante professor e irmão de seu amigo Yukito, a assustou, ela tentou limpar as lágrimas e evitá-lo, abaixando a cabeça.

Não é da sua conta!”.

Como você é mal educada. Bruxa! Nem parece uma men...”.

Por favor Yue-senpai, hoje não...”.

Hã?”

Hoje eu não estou muito bem. Você poderia ir e me deixar sozinha?”. Ela levantou o rosto, e em seu rosto havia um triste sorriso. Yue arregalou os olhos, percebeu que ela esteve chorando.

Ele nada disse, apenas saiu de sua frente. Ao perceber que ele tinha ido embora, encostou-se na árvore, e soltou um longo suspiro.

Gostei dessa árvore, parece ser a maior de todas as cerejeiras”. A voz a fez tomar um susto. Ela a seguiu. Yue estava sentado do lado oposto da mesma árvore.

Eu disse que quer...”

Não sei o porquê da sua tristeza ou muito menos o que está acontecendo com você. Mas a vida é feita de momentos, tanto faz se são bons ou ruins, devemos passar por eles. Nos tornaram mais fortes”.

Você não entende...”

Eu entendo que há coisas que não estão sobre nosso controle. Que não dependem de nós. A vida nem sempre segue a nossa vontade, mas ela é perfeita naquilo que tem que ser”.

Minha irmã vai embora para Holanda. Não quero ficar longe dela”.

E quem disse que vocês estarão longe?”- Nakuru desencostou da árvore, e engatinhou sutilmente até ele, e o fitou. Ficou curiosa com a sua pergunta. Ele, encostado na árvore, de olhos fechados ficou em silêncio, talvez esperando pela retórica dela. Com a perna flexionada, ele apoiou o braço no joelho. Não viu que ela estava sem palavras. Não tinha percebido o quanto ele era bonito - “Quando amamos alguém, a distância é apenas um número qualquer”.

Ele abriu os olhos. Ele ao olhar para o lado, deu de cara com os olhos castanhos escuro o olhando com curiosidade. Nakuru não sabia, mas o coração dele palpitou. O vento balançou seus cabelos compridos cinzas, soltos, geralmente ele os prendia por causa das regras da escola. Ele parecia uma linda pintura, seria um quadro que valeria milhões. Ela desceu os olhos e admirou seus lábios, sentiu suas bochechas corarem.

Aí!”. Nakuru caiu sentada para trás, reclamou. Yue encostou o dedo indicador na testa dela e a empurrou.

Bruxa!”. Ele levantou-se.

Nakuru esfregava a testa enquanto o via indo embora: “Eu não sou uma bruxa!”.

É sim!”- Saiu, dando as costas, mas virou-se - “Não chore mais”. E se foi.

Enquanto o viu indo, uma mão colocou encima do peito e a outra mão passava na testa: “O que é isso que estou sentindo?”

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“Shaoran nos disse. Nos despedimos da Meilin pelo telefone. Pena ela ter ido embora”. Yukito sentou-se à mesa na varanda, falava com Eriol.

“Quer mais chá Nakuru?”- Tomoyo com um bule na mão, a fitou- “Nakuru?”- Não obteve resposta- “Nakuru-chan?”.

“Bruxa”. Disse Yue.

“Vamos viajar!”. Levantou da mesa de uma vez, assustando a todos.

“Hã?”. Tomoyo a olhava sem nada entender.

“Vamos viajar!”. Nakuru repetiu.

“Do que você está falando Nakuru?”. Indagou Yukito.

“Vamos viajar, vamos aproveitar essa folga e relaxar um pouco”. Olhou para ele.

“Até que não seria uma má ideia”. Concluiu Eriol, com a mão no queixo.

“Mas para onde?”. Indagou Yukito, mais uma vez.

“NAGASAKI!”. Nakuru gritou com o punho para cima. Yue arregalou levemente os olhos, foi lá que…

“Podemos pensar mesmo nisso”- Disse Yukito - “O que você acha Yue?”.

“Tanto faz”. Deu de ombros.

“Certo! Vamos para Nagasaki!”

Yue ocupou-se em comer outro pedaço de bolo e evitou notar as comemorações exageradas de Nakuru. Lembrou-se da viagem com os alunos, no tempo em que dava aula, para Nagasaki.

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Lembrança Yue

Yue-senpai, eu...”. Na sacada do prédio, encarava a menina nervosa a sua frente..

O que foi?”.

Ela tremia tanto, que sentia que suas pernas não aguentariam o peso do seu corpo. A qualquer momento ela cairia no chão de tão nervosa que estava.

Eu...”

Você?”.

Eu gosto de você!”- A encarou tristemente- “Eu gosto muito de você”.

Sinto muito, mas eu já gosto de alguém. E além disso, eu nunca poderia me envolver com uma aluna”.

Me desculpe!”. Vermelha e nervosa, ela saiu correndo.

Ei… Espera!”- Yue ao seguir a menina com os olhos, notou uma sombra escondida detrás da parede do pequeno corredor, foi em direção a ela, em passos lentos - “Akizuki, mas o quê…?” - Não pôde continuar, ela estava chorando - “O que foi?!”

Não é nada!”. Ela virou o rosto, por vergonha.

Ele não fazia ideia de que ela tinha acabado de perceber uma coisa e descoberto outra. Percebeu que ela também é sua aluna e soube que ele já gostava de alguém. Seria rejeitada por ele. Ela saiu de perto dele.

"Akizuki, espera!”

Seja feliz com essa pessoa Yue-senpai”. Saiu correndo, subindo as escadas para o dormitório das meninas.

Yue percebeu uma coisa e descobriu outra. Percebeu que ela também é sua aluna. E descobriu que ela correspondia aos seus sentimentos.

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Nakuru estava determinada. Confessaria! Gostaria de ter feito isso há tempos em Nagasaki. Mas sabia que possivelmente levaria um fora. Mas agora, ele não era mais seu professor, por isso ela confessaria.

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“É aqui”. Disse Wei, ao parar o carro.

“Hum...”- Meilin olhou a casa - “Eu já volto”.

“Mas que amiga é essa que mora aqui?”. Shaoran olhou a casa, não reconhecia.

“Você não a conhece. Agora, fique quieto aí. Eu já volto”. Disse tirando o cinto, e abrindo a porta do carro.

Shaoran reclamou: “Ahh… Eu odeio esperar!”. Pôs os fones de ouvido e fechou os olhos. Antes sentado, deitou-se no banco detrás, tiraria um cochilo. Wei apenas sorriu, pegou o jornal dobrado no porta-luvas e começou a ler.

Meilin bateu palmas, mas não obteve sucesso. Decidiu abrir o portão da frente, e bater à porta de entrada. Não poderia ir embora sem antes ter essa conversa.

Bateu à porta, de leve.

“Olá. Posso ajudá-la?”.

“Olá. Kinomoto Sakura está?”.

“Sim, está sim”- Fujitaka fez menção para que ela entrasse- “Por favor entre. Não repare na bagunça, hoje é o dia de faxina”.

“Sinto em incomodar”.

“Não incomoda. Sente-se. A sala está toda arrumada. Vou chamar Sakura. Fique à vontade”.

Meilin admirou o gato amarelo, que vinha andando em sua direção: “Como é gordinho!”. Concluiu ao acariciá-lo. Observou a casa simples e aconchegante. Foi como pensava, ela não era rica mas também não era pobre. Vivia bem e mesmo assim, saiu de casa para trabalhar em Tóquio e construir sua vida. Era determinada.

Ouviu o barulho de alguém descendo as escadas. Certamente ela tomaria um susto quando a visse. E foi o que aconteceu, quando ela a viu, quase caiu para trás. Meilin levantou-se do sofá e curvou-se. Sakura, segurando um espanador de pó, mesmo surpresa, fez o mesmo.

Meilin a sós com Sakura, a olhava minuciosamente. Percebeu que Sakura estava retraída, olhava o chão, olhava ela, olhava o chão, olhava ela…De repente Sakura a olhou novamente, e sorriu timidamente. Meilin estava entendendo o porquê de seu primo está gostando dela, ela retribuiu o seu sorriso. Quando ia falar, o irmão de Sakura entrou na sala. O que tinha de bonito, tinha de enjoado.

Não sei porque tenho que ficar trazendo suco para a prima daquele pirralho”. Reclamou em pensamento ao trazer o suco para Meilin. Ela agradeceu e ele saiu da sala, ressabiado.

“Seu irmão não gosta muito do meu primo, não é?”- Ela sorriu ao ver a cara fechada que Sakura fez, provavelmente com raiva e vergonha do irmão - “Você deve estar se perguntando o que estou fazendo aqui, certo?”- Meilin tomou um gole do suco - “Estou indo embora”- Sakura ficou surpresa - “Pedi a Tomoyo seu endereço. Não queria falar o que tenho para falar com você por telefone ou por mensagem”.

“Você vai hoje?”

“Sim...”- Meilin tomou outro gole. Suco estava bom, o irmão dela apesar de enjoado, sabia fazer um suco delicioso- “Não quer saber o motivo?”- Tomou todo o suco, e o colocou na bandeja- “Vou dizer mesmo assim: Estou indo embora, porque Shaoran não precisa mais dos meus cuidados. Ele finalmente achou alguém” - Sakura nada disse, apenas corou e desviou o olhar - “Sabe Sakura, o que eu te disse lá no dia do jantar… Estava com ciúmes, me desculpa. Conheço muito bem meu primo para dizer a verdade: ele está gostando mesmo de você”.

“E-eu, e-eu...”

“Espero que você o corresponda. Shaoran é um homem maravilhoso, têm seus defeitos, mas as qualidades a superam. Mas não vim aqui para fazer propaganda dele. Vim porque quero que você me prometa algo...”

“Prometer?”.

“Sim” - Meilin aproximou-se dela, agachou e ficou frente a frente, segurando uma de suas mãos- “Pode me prometer que ficará ao lado de Shaoran, que não desistirá dele, dos seus sentimentos e tal pouco sucumbirá às dificuldades?”.

Sakura a fitou, ela estava tão séria e serena ao mesmo tempo. Certamente, ela estava falando sobre a complicação que é ter um relacionamento com uma pessoa famosa. Mas eles nem estavam namorando, ela até estava o evitando. Viu que ela esperava por sua resposta.

“Mas e-eu...”

“Prometa”. Os olhos castanhos claros, mais tão claros que pareciam vermelhos, o encaravam seriamente.

Sakura sorriu, de forma nervosa: “T-tudo bem. Eu prometo”.

Meilin a encarou docemente: “Shaoran precisará de uma pessoa forte e determinada ao seu lado. Posso confiar que você é essa pessoa?”.

“Sim!”. Que determinação em responder era essa? Corou ao perceber a empolgação.

“Ótimo. Tenho que ir agora Sakura. Vejo você em breve. Cuide-se até lá”. Ela levantou, curvou-se e andou em direção a porta.

“Meilin!”- Ela virou-se e encarou Sakura- “Espero que sejamos grandes amigas”.

“Nós seremos Sakura”. Sorriu.

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Antes de fechar o portão da entrada, deu tchau para Sakura que se despedia da varanda. Sorriu e caminhou até o carro.

De braços cruzados Shaoran, permaneceu deitado no banco detrás: “Até que enfim! Pensei que tivesse desistido de viajar!”. Olhou a prima com o canto dos olhos, mas voltou a fechá-los.

Meilin sentou-se no banco da frente, colocou o cinto: “Como você é mal agradecido Shaoran!”- Ele abriu os olhos, e a olhou mais uma vez, não havia entendido- “Wei, vamos, por favor”. Wei deu partida no carro.

....

Na volta do aeroporto, lembrava-se da prima.

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Lembrança Shaoran...

Continue cuidando bem dele Wei”.

Pode deixar senhorita Meilin”.

Meilin, eu...”

Shaoran, a última coisa que quero de você é que se sinta culpado ou entristecido. Não se preocupe comigo. Ficarei bem. Voltarei a cuidar da tia por você”- Meilin ficou séria- “Esteja preparado”.

Hã?”. Meilin o fitava com receio e preocupação, mas logo mudou a feição, achou melhor que a própria tia dissesse tudo a Shaoran. Decidiu não dizer nada a ele.

Uma vez eu te disse que as tradições não deixaram de existir, só porque você não as segue. Tenho certeza de que Sakura enfrentará algumas dificuldades, mas vocês não estarão só. Lembre-se disso”.

"Meilin...”

"Agora já chega de tanta melosidade! Tenho que ir”. Deu um abraço, e se foi.

~~~~~~~

Sentiria falta dos gritos e dos cuidados da prima. Apesar de reclamar, já tinha se acostumado. Toda vida foi assim. E agora como seria? Seu celular tocou.

— “Shaoran? Já deixou Meilin?”.

“Sim...”.

— “Animo meu amigo, é melhor assim”— Eriol notou a tristeza do amigo– “Vamos para Nagasaki?”.

“Nagasaki?”.

—“Sim. Nakuru teve a ideia e agora estamos todos empolgados”.

“Não sei, estou meio desanimado”. Wei que dirigia, ficou preocupado ao ouvi-lo. 

—“Ah, que pena… Então peço para Tomoyo não convidar mais Sakura”.

“QUÊ?!”- Shaoran apertou o celular - “Vamos!”. A mudança repentina do semblante do sobrinho, alegrou Wei. 

Que mudança repentina… Volte para cá, estamos decidindo algumas coisas. Até mais”

Ao desligar, mexeu em seu celular, foi até ao ícone de mensagens. Releria a mensagem de resposta que ela enviou há dois dias, na mesma noite da ida ao templo: “Peço desculpas pelo meu irmão, Shaoran T_T. Gostaria de ouvir uma canção alegre sim, mas preciso resolver algumas coisas e me esforçar nos estudos. Espero que você entenda”

Eriol o aconselhou a dar um espaço a ela. Mas a vontade que tinha era de insistir e ir atrás. Tinha que admitir, ela era difícil. E ainda por cima, ela devia sentir tanto medo quanto ele. Será que ela iria?

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Casa dos Kinomoto

“Nagasaki?”. Indagou Sakura a Tomoyo. Falavam-se pelo telefone. Ela tampava o ouvido, pois o barulho do aspirador de pó que o irmão passava pela casa, dificultava escutá-la.

— “Sim Sakura-chan. Vamos?”

“Tomoyo-chan, tenho que estudar. Logo, logo eu...”

—“Eu sei Sakura. Iremos na sexta e voltamos no domingo. Até lá você estuda dobrado! Tudo bem?”.

“Não sei...”

—“Sakura, você tem se esforçado todos os dias. É por isso que não fico indo até aí ou chamando você para vir todos os dias aqui. Acredito, que logo, logo você volta para o trabalho e para sua rotina. Acho que você precisa descansar um pouco também. Serão poucos dias. Não se preocupe. Você passará no exame”.

Realmente, precisava de uma folga. A volta ao trabalho estava próxima: “Tudo bem Tomoyo-chan. Vou falar com meu pai e meu irmão”.

— “Ótimo! Vou avisar a todos. Especialmente Shaoran!”

“E-ele vai!?”

— “Claro que sim! Até mais Sakura-chan”.

Pôs o telefone de volta ao gancho. E ficou pensativa. Como iria evitá-lo naquela viagem? Seria melhor não ir.

“Era Tomoyo?”.

“Sim, papai. Ela me chamou para ir a Nagasaki”.

“Que bom filha! Você tem estudado tanto nesses dias em que está aqui. Merece uma folga”.

“Eu não sei...”

“Vá querida. Você precisa aproveitar a folga do trabalho. Não se preocupe. Tudo dará certo”.

“Mas vim também para ficar com vocês”.

“Nós estaremos aqui quando você voltar”.

“Papai...”. Sorriu. O seu melhor sorriso era sempre para seu pai.

O melhor seria ir mesmo, uma hora ou outra, iria ter que deixar claro as coisas. Deixar claro que não gostaria de ter um relacionamento amoroso com ele. 

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Mansão Daidouji- Horas depois

“Vamos lá! Vamos iniciar a votação. Repetindo: Carro, Trem ou Micro-ônibus. Essas são as opções que temos. Vou falar uma de cada vez, quando eu falar levantem a mão”.

“Meu voto será duplo, Yukito. Votarei pela Sakura”. Shaoran ao escutar seu nome, não escondeu o sorriso. Ela iria, ela iria, ela iria, ela iria… Teria uma nova chance de vê-la e de conquistá-la.

“Tudo bem, Tomoyo-chan. Então quando eu falar o nome dos...”

“Começa logo”. Pediu Yue, sem paciência.

“Hehe… Tudo bem, tudo bem”- Yukito sorriu sem graça- “Quem quer ir de carro, levanta a mão?”.

Shaoran permaneceu inerte, em sua cabeça imaginou ele e Sakura lado a lado. Ela sorrindo, seus cabelos ao vento e ele a olhando encantado com tanta beleza, mas de repente… Não, melhor não. Provavelmente ele bateria o carro, não tiraria os olhos dela.

“Só você Yue”- Disse Yukito- “Quem quer ir de Trem?”.

Shaoran, inerte, os imaginou no trem, se viu preocupado e olhando o relógio, e nada de Sakura. Todos entravam no trem, de repente, Sakura chegava, linda como sempre, mas… Atrasada, perdendo o trem. Melhor não também. Depois de esperar quase 1h:30 por ela, não confiava mais em sua pontualidade.

“Eriol e eu, certo. Só sobrou o micro-ônibus, que pela cont...”

Shaoran imaginou que o micro-ônibus seria perfeito, poderia ir ao lado dela sem se preocupar com a estrada e ela não perderia o ônibus, ele só sairia quando todos tivessem presentes…

Perdidos em seus pensamentos, não ouvia o que Yukito dizia.

“EU QUERO IR DE MICRO-ÔNIBUS!”. Levantou bruscamente da cadeira, com a mão levantada. Todos o olharam espantados.

“Shaoran, eu acabei de dizer que pela maioria de votos, vamos de micro-ônibus”.

“Ahn...”. Sorria sem graça, voltando a se sentar.

“Pena que Chiharu, Yamazaki, Rika e Terada não vão poder ir na sexta...”.

“Nem Yoko e nem Mama Mizuki...”. Disse Nakuru, chateada.

“Bem, eu vou arrumar a mala, vou pesquisar sobre o tempo lá, talvez o vovô saiba. Vamos Yue?”. Yue nada disse, apenas seguiu o irmão até a saída.

“Yue!”. A voz feminina chamou sua atenção.

Ele olhou para trás: “O que foi?”.

“Por favor, vá!”. Pediu Nakuru, com o olhar esperançoso.

“Bruxa...”. Deu de ombros, sem dizer nada. Yukito observou os dois.

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Tomoeda – Sexta-feira – 08h:31 min

Shaoran com o violão nas costas, encostava-se no micro-ônibus, conferia o relógio de pulso, pela décima vez. Ela chegaria atrasada. Ela e Yue. Decidiram fugir juntos?

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Yue meu amor, eu te amo tanto!”. Sakura abraçava Yue.

Sakura, minha metade, eu amo você mais”. Retribuía o caloroso abraço.

Shaoran é tão idiota, não percebeu o nosso amor”. Ela saiu de seus braços e encarou Yue, de forma apaixonante.

Idiota e paspalho!”. Os dois riam.

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Balançou a cabeça, afastando a imaginação idiota da cabeça. Olhou mais uma vez para o final da rua. Será que ela mudou de ideia?

“Não consigo falar com ele”. O celular de Yue, mais uma vez deu desligado.

“Tenta mais uma vez Yukito-chan”. Pediu Nakuru, ele prontamente atendeu seu pedido. Mas de novo, caixa postal.

“Mas ele não ia vir?”. Perguntou Tomoyo.

"Sim. Mas ele não estava em casa desde manhã cedo”.

“Que estranho...”. Disse Eriol.

Tomoyo aproximou-se de Shaoran: “Ela sempre perde a hora. Acostume-se”. Shaoran a olhou irritado.

“Eu odeio esperar! Você sabe”.

“Vai ter que aprender a gostar”. Riu e saiu de perto dele.

Fechou a mão e praguejou:“Oras, mas que droga!”. Ela ia ter que aprender a chegar no horário certo se eles fossem ter um relacionamento. Não daria certo, pois…

Tomoyo sorriu, e ligou a filmadora: “Sakura-chan chegou!”.

Shaoran levantou a cabeça e abriu a mão. Ao vê-la, pensou na mesma hora: “Horário certo? Mas que se dane o horário certo”. Ela estava correndo na direção deles, afoita segurando a bolsa vermelha de viagem. Vestia uma bermuda jeans “boyfriend” com uma blusa azul transparente manga curta, vestia outra blusa preta por dentro. Estava linda. Perfeita. Incriv…

“Eu te ajudo Sakura”. Disse Eriol ao pegar sua mala. Shaoran ficou de boca aberta, ocupado admirando a beleza dela esqueceu de ajudá-la. Que gafe!

“Obrigada Eriol-kun!”. Foi surpreendida com ele pegando sua mão direita, e a beijando delicadamente.

“Não há de quê”. Disse Eriol, ignorando os olhares enfurecidos de Shaoran.

“D-d-desculpem o atraso! Meu despertador não me acordou”- Curvou-se, sem graça. Notou os olhares de Shaoran e o cumprimentou - “Olá”.

“Oi Sakura”.

“Bem, acho que Yue não vem mesmo, é melhor irmos”. Disse Eriol.

“É, ele pode ir depois. Qualquer coisa, passamos o endereço de onde vamos ficar, se ele nos ligar”. Disse Yukito. Eriol entrou no ônibus indo avisar o motorista. Shaoran estava apreensivo com a demora de Yue.

“Vamos, Sakura?”. Perguntou Tomoyo a filmando. Ela assentiu.

Ao escutar Tomoyo, nem sabia quem era Yue. Seus os olhos brilharam, seria a chance perfeita em sentar ao lado dela.

“Nakuru, ele nos ligará… Vamos?”. Yukito foi até Nakuru. Ainda estava parada no mesmo lugar, fitando a direção oposta do ônibus. Ele pôs o braço envolta dela, e a conduziu até o onibus.

“Sim...”. Concordou tristemente. O barulho de um carro se aproximando, a fez se virar para trás. Era um táxi. Yukito e ela olhavam intrigados, até Yue sair de dentro dele.

Nakuru arregalou os olhos de felicidade. Ele finalmente havia chegado.

Ele pagou o taxista e pegou sua bolsa, no banco de trás. Olhou para os dois. Seu irmão tinha o braço envolta de Nakuru. Caminhou até eles.

“Yue, aonde você estava?”. Indagou Yukito.

Yue nada respondeu, continuou andando em direção ao ônibus. Sem pedir licença passou pelo meio dos dois, os separando.

“Mal educado!”. Disse Nakuru.

“Vamos, então?”

“Sim!!”. Yukito sorriu com a animação dela. Um sorriso triste, ao notar a felicidade estampada no rosto de Nakuru.

“Yue! Você veio, onde você estava?”. Indagou Shaoran ao vê-lo andar em sua direção, dentro do onibus. Yue apenas o olhou, logo viu Sakura conversando animadamente com Tomoyo, tudo indicava que ela não sentaria ao lado dele. Colocou sua bolsa acima dos bancos.

Caiu o queixo de Shaoran. Yue simplesmente sentou-se ao seu lado.

“M-mas, m-mas, m-mas, m-mas...”

“Sakura não vai sentar ao seu lado. Ela é tímida demais para isso. Fica quieto. Quero dormir”. Acomodou-se e fechou os olhos. Um Shaoran inconformado tentou argumentar, mas desistiu.

…..

Sakura insistiu que Tomoyo fosse ao lado de Eriol na viagem. Ao lado de Yukito, conversava animadamente com ele sobre a infância e Touya. Sentia-se bem ao seu lado. Tinha vergonha do amor platônico da infância, mas isso não a impedia de sentir-se a vontade com ele. Percebeu os olhares de Shaoran durante a viagem. Ele parecia estar incomodado com alguma coisa.

Nakuru ia sentada na frente dos dois, comendo um saco de batatas. De joelhos, no banco, participava da conversa deles.

“Nakuru, senta e coloca o cinto”. Yue, de olhos fechados, em tom de ordem, pediu. Estava sentado na poltrona quase ao seu lado. Sem jeito, ela o escutou.

“Yue sempre foi sério assim, não é?”.

“Sim, Sakura. Ele com esse jeito assusta algumas pessoas”.

“Mas ele é uma boa pessoa. Vocês se parecem muito”.

“Sim. Também acho...”-Yukito fitou o irmão - “Gostamos das mesmas coisas, das mesmas músicas, pena que ele não goste da mesma pessoa...”. Sakura ficou sem entender.

…..

Sorriu. Ela dormiu. Assim, ele poderia olhá-la sem ser pego no flagra por ela. No balanço do ônibus, a viu se apoiando no ombro de Yukito. Olhou para ele, e viu que ele ficou surpreso e depois abriu um sorriso. Ficou com ciúmes, novamente. Era para ser o ombro dele ali. E tudo culpa de Yue, que dormia calmamente ao seu lado. Que raiva.

“Shaoran, durma”. Yue abriu os olhos e o encarou.

Ficou imóvel, tinha sigo pega no flagra do mesmo jeito: “E-estou sem sono”.

“Você parece um garoto de 16 anos apaixonado. Deveria disfarçar um pouco”- Shaoran fez cara feia e cruzou os braços - “Não force. Sakura é uma boa menina, não vai dar esperanças falsas a você”. Ficaram em silêncios por alguns minutos.

“E você, porque demorou?”.

“Eu não ira”.

“Não ia? Mas por que?”.

“Por quê… Fica quieto. Vou voltar ao meu sono, pare de se mexer”.

Shaoran mais uma vez fechou a cara, e apertou os olhos, tinha outras poltronas desocupadas. Suspirou e pôs os fones do MP3, iniciava a música de uma banda britânica, uma de suas favoritas.

 

 

Open Sesame

Abra-te Sésamo

(We've places to go)

(Temos lugares para ir)

We've people to see

Temos pessoas para ver

(Let's put 'em on hold)

(Vamos deixá-los esperando)

There's all sorts of shapes

Há todo tipo de formas

That I bet you can make

Que eu aposto que você consegue fazer

When you had to escape

Quando tiver que escapar

Say the word

Diga a palavra

(Som MP3)

 

Seguiria o conselho do irritante amigo ao seu lado. A música o fazia relaxar. Dessa vez, daria uma folga para Sakura. Só dessa vez.

 

Well I know that getting you alone isn't easy to do

Bem, eu sei que deixá-la só não é uma coisa fácil de fazer

But with the exception of you I dislike everyone in the room

Mas, com exceção de você, eu odeio todos na sala

And I don't wanna lie but I don't wanna tell you the truth

E não quero mentir mas não quero lhe dizer a verdade

Get the sense that you're on the move

Tenho a impressão que você está de saída

And you'll probably be leaving soon

E, provavelmente, irá embora logo

So I'm telling you

Então, estou lhe dizendo

 

Fechou os olhos lentamente. O sono havia chegado.

O som alto da risada de Nakuru chamou sua atenção, a olhou e ela pediu desculpas, nervosa, pois acordou Yue. Ela riu por causa de um vídeo que viu no celular. Yue tomou o celular das mãos dela. Ria baixinho da cara de choro que ela fez. Aqueles dois...

Lembrou das caras e bocas de Meilin.

 

Stop the world cause I wanna

Pare o mundo porque eu quero

Get off with you

Ficar com você

Stop the world cause I wanna

Pare o mundo porque eu quero

Get off with you

Ficar com você

 

Sentia-se culpado por tê-la magoado. Mas é o que estava sentindo. Estava sentindo algo especial, algo único por Sakura. Estava gostando dela. Não sabia até onde aquilo ia. Se seria aceito ou rejeitado. De qualquer forma, iria até o fim.

Eyes the color of

Olhos da cor da

(Water left in wood)

(Água deixada na madeira)

Ice and sugar dust

Poeira de gelo e açúcar

(Crazy green flashes)

(Flashes verdes enlouquecedores)

It's a funny thing

É uma coisa engraçada

That I cannot explain

Que não consigo explicar

Don't you know the train keeps rolling

Você não percebe que o trem continua rolando

 

Se ela o aceitasse, teria que ir correndo pedir permissão ao pai dela, e especialmente ao seu irmão. Por deus, como ele era mal encarado! Mas não o culpava. Também protegeria Sakura com o mesmo afinco de qualquer um que se aproximasse.

 

Stop the world cause I wanna

Pare o mundo porque eu quero

Get off with you

Ficar com você

Stop the world cause I wanna

Pare o mundo porque eu quero

Get off with you

Ficar com você

 

Fechou os olhos novamente. A canção o relaxou por completo. Disse que daria uma folga para Sakura… Agora estava falando sério.

 

Well I know that getting you alone isn't easy to do

Bem, eu sei que deixá-la só não é uma coisa fácil de fazer

And I don't wanna lie and I don't wanna tell you the truth

E não quero mentir mas não quero lhe dizer a verdade

And I know we got places to go, we got people to see

E sei que temos lugares para ir, pessoas para ver

Think we both ought put 'em on hold

Acho que nós dois devemos deixá-los esperando

And I know you agree

E sei que você concorda

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Continua…

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Música do capítulo: Arctic Monkeys - Stop The World I Wanna Get Off With You: https://www.youtube.com/watch?v=3PyoxMSEHYI 

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Sekai o teishi: Pare o mundo

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Notas finais do capítulo

Oiiiii! Como vão? Vou bem! Gostaram da música? Uma das minhas bandas favoritas. Não sei se vai ser a única, mas vou dar sempre ênfase as músicas japonesas. Ando ouvindo, assistindo, lendo tanta coisa boa! *.* Tô bem nostálgica esses dias. Hehehehe.

Como sempre, me deixem saber como se sentem em relação a essa história, fico bem feliz! Obrigada pelo retorno! Especialmente a Thaly M, Keylitinha tsubasa e Jully Kinomoto Li. s2 =***


Beijos! Fiquem bem, uma boa semana!



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