O Caso 34 escrita por Koini


Capítulo 1
O Caso 34


Notas iniciais do capítulo

Atualizando esta one querida, pois revisei alguns pequenos detalhes. Boa leitura!



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— Talvez seja melhor o senhor se afastar um pouco das investigações, Shikamaru. – disse a assistente.

— Já disse que não Keila. Pode ir pra casa, está tarde.

— Mas Shikamaru, o senhor não está bem…

— Keila, está dispensada.

A assistente assentiu tristemente e saiu. Sabia que seu chefe não estava bem, e seria dali para pior. Shikamaru não era um homem de demonstrar sentimentos e emoções, guardava tudo para si, era o mais homem mais calculista e sistemático que existia em Ohio. E por todos esses motivos, ela se preocupava, mas não havia nada que pudesse fazer. A não ser, quem sabe, ligar para alguém que pudesse. Pegou seu celular e discou o número da mulher que sabia ser capaz de tirar o detetive da delegacia.

Dentro do escritório, o moreno apoiou os cotovelos na mesa, e a cabeça entre as mãos, enterrando os dedos entre os cabelos. Estava exausto, sentia uma dor de cabeça próxima. Mas o que podia fazer? Sabia que se fosse para casa ia ficar muito pior. Pelo menos ali na delegacia ele não conseguia chorar, pois seu orgulho era muito grande para lhe permitir demonstrar fraqueza na frente de outros.

Passou as mãos pelos papéis em cima da mesa. Papéis que cansou de ler e reler, pois não conseguia acreditar. Não queria acreditar que aquilo havia acontecido.

Temari fora morta, pelo próprio irmão. Temari, a mulher que amava, a mulher mais forte que conhecera.

Shikamaru se apaixonou desde o momento em que a viu. Mas nunca conseguia admitir, não fora ensinado a lidar com seus sentimentos, mas a controlá-los e reprimi-los, de forma que o relacionamento dos dois era muito instável. Agora, a loira estava morta, e ele nunca havia dito à ela de uma forma digna o quanto a admirava, o quanto a amava.  

Por que fora tão orgulhoso a ponto de negar, quem sabe, uma história de amor muito bonita? Por que fora tão covarde e não lutara pela Sabaku, não lutara consigo mesmo? Shikamaru não conseguia acreditar que foi tão estúpido e egoísta, sempre achando que haveria tempo, que mais tarde se resolveriam. Mas já era tarde, não há tempo. Ele jogara todas as oportunidades no lixo, enquanto esperava por uma no futuro incerto.

Agora, sempre soube que Gaara não era normal. O garoto não foi um filho desejado, tinha um ciúme mais que exagerado de Temari e Kankurou, os gêmeos primogênitos. Depois da morte dos pais, quando os mais velhos tinham 17 anos e o ruivo 15, Kankurou se mudou para outro país, mas Temari ficou para cuidar de Gaara. Quem dera ela tivesse partido também.

Passado dois anos, o jovem Sabaku ficara muito mais perturbado. Afinal, nunca recebera amor de seus pais, era maltratado pelo pai, alcoolatra e viciado em drogas, que acreditava piamente que o mais novo era fruto de adultério.

Ele sempre dera muito trabalho para Temari depois da morte da mãe. Brigava com os alunos da escola, foi expulso de muitas, resumidamente, apresentava um corportamento muito fora do comum. Falava sozinho e gostava de filmes sanguinários que perturbavam a saúde mental, e já chegara a dizer para a irmã que iria matá-la, mas quem ia acreditar?

E agora Temari estava lá no necrotério, sendo examinada de cabo a rabo, sem as unhas das mãos, que ela cuidava com todo zelo, com parte da pele do rosto arrancada, assim como seu coração, que fora queimado pelo ruivo. E consequente disso, ali naquele escritório estava Shikamaru, aterrorizado e até traumatizado. Já vira muitos casos de psicopatas, pois ele era o melhor investigador de Ohio, mas aquele, talvez por ser sua amada a vítima, o tinha pego de surpresa. Tudo que queria era apagar de sua mente a cena do corpo dela estirado na sala do apartamento, seu sangue pintando todas as quatro paredes como uma obra de arte bizarra, enxarcando o tapete felpudo da sala, e o coração queimado ao seu lado, num pratinho de cristal, da coleção que ela tinha tanto ciúme.

Não foi nem um pouco difícil descobrir que o assassino era Gaara, pois o mesmo havia deixado um cartão amarrado com linha ao dedo indicador de Temari. E o mesmo dizia:

“Sei que você nunca gostou de mim como dizia gostar irmãzinha. Afinal, se nem meus pais gostavam de mim, por que você gostaria? Sabe, quando você estiver morta, e ver aquela luz no fim do túnel, vai ter uma placa escrito ‘hell’ apontando para baixo. Caia nesse buraco, e espero que você encontre mamãe e papai, a quem você tanto ama.”
“E se quer saber mais maninha, fui eu quem matou nossos pais também. Fui eu quem comprou todas as drogas que aquele velho desgraçado que chamávamos de pai precisava para ter uma overdose. Ele não tinha o direito de fazer a mamãe sofrer tanto, mas pelo jeito ela gostava, pois não aguentou viver sem ele. Triste, mas eu fiz minha parte.”
“Aos policiais que encontrarem essa carta, quero que vocês se fodam, especialmente o detetive que eu sei que vai ser Shikamaru, por ser o maior covarde e filho da puta que eu já conheci. Você pode vir atrás de mim, mandar até o FBI e a CIA, mas não vai me parar, não antes que eu arranque a cabeça do meu irmão e o mande encontrar a Temari.”

“Obrigada pela atenção seus inúteis.”

“Com ‘amor’, Gaara.”

 Shikamaru quis arrancar os dedos daquele ordinário com as próprias mãos. Queria fazê-lo encontrar com o dono do inferno, ou seja lá quem for. E faria quando o pegasse, pois a pena dele seria a cadeira elétrica, a forca, ou até mesmo os fuzis. Só não pedia guilhotina porque o método já não era mais usado.

Pegou o telefone e estava prestes a discar o número de Chouji, policial responsável pela procura do jovem psicopata, mas o estrondo na porta o fez bater o telefone no gancho. À sua frente, apresentou-se uma mulher de longos cabelos loiros, vestida com um sobretudo preto firmemente apertado com um cinto na cintura esbelta, a glock presa à ele. Era Ino, sua melhor amiga, sua irmã, que estava séria e ofegante por ter corrido até a delegacia.

— Shikamaru, já são quase quatro da manhã, chega por hoje. – afirmou rigida.

— Ino eu preciso saber como andam as buscas... – respondeu olhando os papéis, para não encarar a loira.

Ino era a amiga mais próxima dele, filha de um amigo de seu pai, foram criados juntos. Ela o conhecia melhor que ninguém e era a única que sabia o lado bonito e romântico do amor que ele sentia por Temari.

— Olha pra mim Shika. – o detetive obedeceu. – Não adianta ficar enfurnado aqui o resto da vida. Isso não vai amordaçar a dor.

— Não tenho nada pra fazer em casa.

— Claro que tem. Tem que comer, tomar um banho e descansar. – falou a loira, sentando na cadeira giratória a frente da mesa dele – Eu saí da minha casa num frio de -5°C, às três da madrugada. E agora eu vou te tirar daqui.

— Sei que você quer me ajudar, mas ir pra casa não é uma opção.

— Shika, eu sei que você tá muito abalado. Sei que não quer ir pra casa por medo de cair no choro. Mas você não acha que já tá na hora de deixar seu orgulho de lado um pouco? A dor não vai passar com você ficando aqui, a realidade não vai parar.

— Eu sei Ino… - o Nara começava demonstrar os sinais de seu abalo. Vinha tentando ocupar a cabeça para não chorar, mas estava ficando impossível. Estava quase pra sair da linha e cair no chororô feito um bebê.

A loira pegou uma das mãos do amigo, onde apertou a mesma, para passar algum conforto. Sabia que Shikamaru não era dado à palavras de conforto, apenas sua presença era suficiente a ele.

— Nós vamos achar o Gaara, onde quer que ele tenha se escondido. Choji está com o FBI, lembra? – disse calmamente.

Ino também era policial. Havia treinado no exército durante um ano e meio, estava pra ser promovida a delegada, e Choji era um dos melhores policiais ali também, mas por enquanto, era só isso. Os três eram amigos desde a infância, porém só Ino ficava a par da vida do detetive.

— Eu sinto muito pela Tema. Também estou muito abalada. – disse mais pra si mesma que para ele – Sou sua amiga desde que me entendo por gente. E nunca te vi chorar, por nada, embora agora eu possa jurar que vejo lágrimas invisiveis rolando no seu rosto. Sabe Shika, se você quiser chorar feito um menininho, ou quiser desabafar, eu não vou rir de você e nem te achar um idiota.

O Nara mordeu o lábio inferior, tentando conter a careta de choro que ia fazer.

— Certo. Posso dormir no seu apartamento hoje? – pediu Shikamaru.

— Claro que sim. – respondeu a moça, sorrindo minimamente. Eles eram capazes de entender a dor um do outro, quase como se compartilhassem o mesmo corpo.

14 horas depois

Shikamaru e Ino acabavam de voltar do enterro de Temari. Quando chegou no apartamento da amiga, que vinha sendo seu apoio desde a madrugada passada, o detetive não aguentara e derramara todas as lágrimas que não tinha chorado desde o ínicio do caso 34 até o enterro. Foi muito dificil ter de lidar com o caixão lacrado de Temari, com o coração queimado que fora colocado dentro de uma urna escura e enterrado junto à ela.

Enquanto acalentava o amigo choroso em seu colo, Ino recebera uma mensagem que leu sem Shikamaru perceber. Era Choji, que dizia até então não estar conseguindo resultados significativos com a busca reforçada atrás do assassino.

A loira trincou o maxilar. Ela era durona, e tentava ser o dobro para passar força a Shikamaru, mas era uma tarefa árdua. Onde estava aquele maldito Gaara? Será mesmo possível que só iam conseguir pegá-lo depois da promessa que ele fez?

Ino se perguntava como um dia pôde achar aquele monstro atraente. O que lhe consolava é que, na época, ela tinha treze anos e Gaara era só um garoto solitário em seu ponto de vista.

Ela só não sabia dos planos que se passavam na cabeça do garoto solitário.

UM MÊS DEPOIS

Depois de um mês acolhido no apartamento de Ino, Shikamaru agora estava estabilizado. Retomara sua postura e concentrou todas as suas forças nas buscas do caso 34, ainda não resolvido, pois o assassino não aparecia.

Gaara havia apagado seus rastros como nenhum outro psicopata fizera antes, e como nunca fora dado à tecnologias, não haviam tantos dados a serem rastreados por GPS e outros localizadores. Não havia compras em cartões de crédito, saques em bancos, nada que denunciasse seu paradeiro. Haviam colocado policiais para manter a segurança de Kankuro, embora este aceitasse a cautela a contra-gosto, pois julgava desnecessário, poderia lidar sozinho com seu irmãozinho, dizia.

Agora,  depois de um mês, Shikamaru voltava ao seu apartamento. Qual foi sua surpresa quando viu que a porta de sua casa estava apenas encostada, e a empurrando, a casa revelou uma bagunça, objetos jogados para todo lado, vidros quebrados, e havia terra pelo piso branco. A única coisa arrumada era a escrivaninha do computador que ficava na sala, onde a luz do abajur auxiliar estava ligada, iluminando um cartãozinho.

Um arrepio percorreu todo o corpo do detetive. Ele sabia de quem era aquele cartão. Foi lentamente até a escrivaninha, e pegou o papel com os dedos trêmulos. O abriu.

“Olá Shikamaru, sentiu minha falta? Eu lhe disse que não iriam me encontrar antes que eu matasse meu irmão, e bem, eu o matei. Foi um pouco mais complicado com seus cães de guarda o cercando, mas tornou tudo mais divertido. A prova disso é esse bilhetinho escrito com o sangue dele, é um vermelho bonito, não?”
“Eu sei que você gostava da minha irmã, e sei que você andou muito abalado por causa da morte dela. Mas não devia se preocupar, ela está bem, com meu irmão e os pais, lá no inferno.”
“Eu não vou te dar o gosto de me ver morrer numa cadeira elétrica, na forca ou com um tiro na testa. Por que eu já morri, e de um jeito tranquilo, se quer mais detalhes, foi apenas uma dose muito alta de morfina, que me fez dormir e nunca mais acordar. Meu corpo está muito longe de Ohio, mas imagina se um dia eu acordar?”
“Eu vou ser sempre seu pior pesadelo detetive.”
“Foi muito bom brincar com você. Vá dormir perturbado por não conseguir me pegar, e só por precaução, olhe de baixo da cama, eu posso ser o monstro que vai puxar seu pé a noite.”


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Notas finais do capítulo

E então?
eu gostei muito de escrever essa one, espero que vocês tenham gostado também!
Foi meio difícil fazer o Gaara mal assim :c
Enfim, se leu até aqui, não custa deixar um review e fazer uma autora feliz!
Até a próxima =D



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