Skeletons In The Closet escrita por OmegaKim


Capítulo 7
SETE: A hora falsa


Notas iniciais do capítulo

Gente, foi quase impossivel postar esse capitulo. Achei q naw ia consegui!! Mas aqui estou eu. Graças a Deus e a minha força de vontade!
Aproveitem o capitulo que demorou pra eu escrever, pq eu naw sabia ao certo como apresentar isso pra vc.
Pov's alternados entre Johanna e Finnick.
Boa leitura!!



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Capítulo SETE: A hora falsa.

Johanna

– Quando recebi o convite para o seu casamento achei que fosse uma piada, confesso que dei boas risadas até ligar pra ti e você me confirmar com essa bela cara de pau que você tem, que era verdade. - peguei em seu rosto, segurei seu queixo e plantei um beijo rápido em seus lábios.

– Céus, Johanna! Não faça isso. - ele reclamou limpando o batom que ficou em seus lábios e olhando em volta nervoso.

– Relaxa, as chances da sua ruivinha aparecer no aeroporto são praticamente nulas. - coloquei meus óculos escuros, peguei uma malinha de mão e comecei a andar. Finnick veio atrás trazendo o carrinho com o restante das malas.

Havia chegado essa manhã de Tóquio, onde trabalho e moro, atualmente. Eu trabalho de fotógrafa, viajo pelo mundo tirando fotos de coisas bonitas e ainda ganho por isso.

Saimos do aeroporto. Finn me leva até seu carro, o ajudo a guardar as malas no porta-malas e então entramos no mesmo. Ele não liga o carro, na verdade ele fica uns poucos minutos olhando pra frente, eu tiro meus óculos, os guardo no bolso interno do meu casaco. Mas então Finnick olha pra mim e não posso evitar o abraçar. Ele me acolhe prontamente como se soubesse que eu iria fazer isso - e talvez soubesse. Descanso meu rosto na curva do seu pescoço e sinto o seu cheiro. Maresia. Quanta saudade eu senti disso, apenas de sentir o cheiro dele sinto minhas forças serem renovadas.

Finnick desenha com os dedos a curva da minha costa, ele está tão concentrado nisso que começo a temer pelo que ele falará. Mas acho que é isso: essa é a hora. É agora que ele vai dizer as palavras que temi quando recebi o convite do seu casamento.

– Johanna... - fecho meus olhos na menção do meu nome, saboreio esse momento: meu nome em sua boca. - Eu amo Annie.

Respiro fundo o seu cheiro. Deixo que ele preencha meu pulmão, entre em minha corrente sanguínea e traga entorpecimento para meus músculos.

– Eu sei. - respondo.

Finnick nunca se casaria com alguém que não amasse, ele só fez isso uma vez e foi um desastre. Afinal, eu estraguei tudo.

Ele se afasta de mim, olha bem em meus olhos. Acho que pra ter certeza que eu sei ou apenas pra ver se não tem nenhuma mágoa neles - que eu sei que não tem. Espero que ele diga que temos que parar de nos encontrar, que agora ele vai ter uma família mas ele não diz nada disso.

Finnick e eu tivemos uma história e tanto, cheia de romance e brigas, foi intenso. Mas isso foi a bastante tempo, aquele sentimento todo evoluiu pra essa coisa que não sabemos o que é, mas que nos satisfaz e não nos cobra nada. Deve ser por isso que nunca conseguimos nos deixar completamente. Sempre temos que ceder a isso... Ele ainda está me olhando, me aproximo e deixo que Finn termine a distância que separa nossos lábios. Ele termina. Nos beijamos. É intenso, profundo e tão cheio de saudade.

Faz mais de um ano que não nos vemos.

Sinto sua mão ir pra minha nuca e me trazer pra mais perto, tornando o beijo mais faminto. Sua língua macia toca a minha e isso me faz sentir os pelos do corpo arrepiar. No entanto, eu o afasto pondo a mão em seu peito. Finnick parece um pouco nervoso ao constatar o que acabamos de fazer, ele passa os dedos por entre os cabelos. Eu sorrio de lado ao ver sua boca manchada com meu batom vermelho. Limpo meus lábios com a ponta dos dedos pelo espelho retrovisor e depois limpo os dele.

– Eu não devia... - Finn começa.

– Acontece, Finnick. Você a ama, eu sei. - digo. - Mas isso não impede que você sinta vontade de ter outras mulheres ou que você queira me ter.

Ele ainda está nervoso, mas faço com que ele me leve a um hotel.

– Nos vemos mais tarde? - solto inocentemente como se não tivesse acontecido nada a alguns minutos.

Jesus, Johanna! Como pode agir assim?

Jesus, Finnick! - imito seu tom. - Como pode ficar tão nervoso por tão pouco? Ninguém viu, ok? Não precisa agir como se nunca tivesse feito isso. Nós nos beijamos, fim. Ponto. Acabou. Você ainda vai casar e eu não estou pedindo pra fazer o contrário.

Finnick respira fundo, pesa minhas palavras e então eu saio do carro. Um garoto do hotel me ajuda com as malas, mas não sem antes olhar bem pra mim. Finn repara na secada que recebi e faz cara feia.

– Te vejo as 23hs. - diz com os dentes cerrados. Ponho outra vez meus óculos escuros e me limito a dá-lhe as costas ao passo que escuto seu carro arrancar dali.

Já na recepção, peço o melhor quarto que eles tem que por sinal fica na cobertura. Deixo que o funcionário que me recebeu leve minhas malas e me guie até o quarto. Dou uma gorjeta ao garoto e fecho a porta. Enfim só. Deixo minhas malas onde estão, mais tarde dou um jeito nelas. Sigo pelo quarto atrás do banheiro e vou tirando a roupa enquanto procuro, deixando uma trilha delas por onde passo. Preparo um banho de banheira assim que o acho e fico dentro da mesma uns bons minutos relaxando e desejando que as coisas dêem certo dessa vez.

Que eu não estrague tudo.

Não sei ao certo em que momento peguei no sono, mas acordei com o barulho estridente do telefone. Enrolei-me numa toalha branca felpuda e fui até o telefone.

– Johanna Manso. - digo num tom um tanto profissional demais.

– Não acredito que você está realmente aqui! - exclama feliz do outro lado. Demoro um pouco até me dá conta de quem é.

– Madge, como soube que eu estava aqui?

– Tenho minhas fontes. - diz misteriosa, mas eu já tenho minhas suspeitas de quem foi.

– Gale é sua fonte por acaso?

Ouço seu suspiro cansado e dou uma risadinha satisfeita.

Posso ir aí ficar com você? - ela solta de repente com a voz naquele tom de quem precisa conversar com alguém conhecido. Não nego seu pedido. Deixo ela vir e depois desligo.

Hoje vai ser um dia e tanto. Estou sentindo ainda mais agora com Madge vindo aqui pro hotel onde estou. Trato de me vestir e antes da hora do almoço Madge aparece com seu cabelo loiro brilhante, bem vestida e com sua pose de superioridade. Ela puxa uma cadeira e se senta comigo na mesa. Estamos no restaurante do hotel, é bastante agradável aqui. Tudo bem arejado e claro, e por um momento sinto que estou em minha casa em Tóquio com a luz do sol traspassando pelo vidro da janela da sala - onde gosto de ficar. Então Madge fala e toda magia é quebrada.

– Eu achei que não viria, sabe. Quer dizer, achei que nem ia receber o convite...

Eu também achei que não ia receber, mas acho que Finnick levou em consideração nossos anos de amizade e não só os de sexo sem compromisso.

– Uma supresa, não? Ele até se dignou de ir no aeroporto me buscar. - sorrio.

Madge parece um pouco surpresa, mas então no segundo seguinte estreita os olhos azuis pra cima de mim, malicia estampada neles.

– Ele não vem ficar comigo hoje, se é o que está pensando. - falo e desvio meu olhar pra um garçom que está me secando desde que me sentei. Presenteio-lhe com um sorriso discreto, ele devolve o gesto. - Usou a hora falsa.

A hora falsa, penso com um certo amargor misturado com diversão. A hora falsa nada mais era do que a hora que ele sempre costumava me dá bolo, me deixar plantanda em algum lugar à sua espera. Lembro que no começo eu costumava perdoa-ló, mas depois quando isso ficou repetitivo demais... eu simplesmente deixei de me importar e todas as 23hs de um dia qualquer que ele me dizia que ia me encontrar e não parecia, comecei a chamar de hora falsa. Madge sabia do que se tratava, ela a única amiga que conservei até hoje.

– Ah, então isso quer dizer que eu posso dormi aqui. - ela pisca e eu sorrio.

~~

Finnick

Observo Annie ler um livro infantil. Ela está sentada na poltrona de amamentação no quarto do bebê, que terminamos de construir há alguns meses, sua boca mexe e é assim que sei que ela está lendo para o bebê, sussurrando palavras de um conto de fadas qualquer. Uma mecha do seu cabelo ruivo caiu na frente do seu rosto, mas ela parece não se importar pois continua lendo e vez ou outra inclina a cabeça em direção a barriga como se fosse escutar algo de lá ou então apenas toca a mesma com movimentos constantes de subir e descer. Ela é linda e eu a amo.

Mas não posso evitar pensar no quão ruim eu sou pra ela. Afinal, Annie é tão cheia de vida e leveza enquanto eu sou cheio de estragos e erros.

Nos conhecemos na época do colégio e eu não era realmente amigável com Annie, apesar de sermos - praticamente - do mesmo grupo social. A ruiva era amiga de Katniss, que namorava meu amigo Gale na época. E anos mais tarde quando nos reencontramos na Amazônia...

Ela brincando com as crianças de ciranda é a minha lembrança mais marcante dela. Gosto de pensar que foi aí que me apaixonei por Annie. O cabelo ruivo dela balançava com o movimento da roda e ela ria e ria tão leve, que eu quis um pouco daquela leveza pra mim. Então todo o restante aconteceu rápido demais: o sentimento, Annie na minha vida, a gravidez, o noivado. Não que eu esteja reclamando é só que sinto essa insegurança em relação à ela. Tenho medo que algum dia Annie olhe pra mim e veja todas as minhas falhas e me deixe. Acho que esses é um dos motivos porque não consigo me afastar de Johanna. A morena é a única, até hoje, que me conhece por inteiro, sabe meus segredos escuros e compartilha comigo o peso da culpa pela morte de Darius.

Não percebo o momento em que Annie me nota encostado no batente da porta, estava tão distraído no meu devaneio nostálgico que não noto quando seu corpo para a minha frente. É apenas quando ela me cutuca na barriga que percebo finalmente sua presença.

Dou-lhe um sorriso, ela passa seus braços por meu pescoço, eu deixo que minha noiva me guie até sua boca. Me inclino um pouco pra baixo, encosto nossos narizes e depois nossas testas uma na outra e fico a encarar seus olhos. O beijo não vem de imediato, eu me deixo ficar assim com ela. Me perdendo na cor de seus olhos, sendo tragado por todo esse sentimento que ela consegue expor apenas com um olhar e que é todo pra mim. Minhas mãos começam a acariciar sua barriga. Nosso filho. Desvio de meus olhos dos seus pra observar a pequena protuberância que existe ali, eu nunca pensei que seria capaz de ter filhos. Claro que sou fértil e tudo mais, apenas que com todo meu histórico familiar de perdas sempre tive medo disso de não consegui ser um bom pai ou apenas ser presente. Sinto um de seus braços abandonar meu pescoço e logo sinto seus dedos tocando-me o queixo, levantando meu rosto até que meus olhos estejam nos seus outra vez. Eu posso fazer isso o dia inteiro: olha-lá sem querer nada em troca. Mas ela quer algo em troca, fecho meus olhos antecipadamete e quando, enfim, sinto seus lábios nos meus é a melhor coisa do mundo. Sinto a calor da sua boca passar pra minha, se infiltrar na minha corrente sanguínea, despertar minhas sinapses e se espalhar por meu tórax.

– Eu te amo. - digo quando ela se separa de mim.

– Eu também te amo. - retribui.

Eu a amo. Não existe dúvida quanto a isso. Só ela me fez ter essas sensações de calor e frio de uma vez, só ela vai me dá uma família, só ela me ama assim desse jeito quebrado que sou.

Mas a pergunta que me pertuba depois dessa declaração é: Se a amo tanto, se Annie é perfeita pra mim. Então porquê? Por quê sinto esse desejo de tocar, beijar e ter Johanna?

~~

Johanna

Espero o momento em que ela dirá o que tem de errado. Porque eu sei que tem algo de errado, Madge nunca fica tão quieta assim. Mas espero que a loira começe o que quer que seja. Ouço batidas na porta.

"Serviço de quarto". Ouço abafado pela porta.

– Nossa janta chegou. - falo pra Madge que apenas me lança um olhar.

Abro a porta e me deparo com o mesmo garoto que me ajudou com as malas mais cedo. Seu cabelo escuro caí na frente de seus olhos. Mas assim que me ver, ele trata de afastar a franja da frente de seus olhos, então posso finalmente vê- los. São de um verde escuro esmeralda. São bonitos, constato. Bonitos demais.

– Senhora? - escuto.

– Sim?

– Han... Preciso... - ele insinua com a cabeça e é só então que percebo que estou barrando sua entrada com o carrinho de comida.

– Ah. Desculpa. - peço envergonhada por ter me distraído com os olhos dele.

O garoto entra e põe nossos pratos na mesinha de centro. E logo saí apressado quando o pego olhando pras minhas pernas. Garotos. Mas mesmo assim dou-lhe uma gorgeta ao passo que ele recusa e vai embora, me deixando com a lembrança da cor dos seus olhos.

– Ele gostou de você. - Madge sentada no sofá, inclinada sobre o nosso jantar. Pizza e várias outras porcarias.

– Até que ele é bonitinho. - digo e fecho a porta, logo me junto a ela que me lança aquele olhar de você-também-está-afim-dele. Eu devolvo com o de não-tenho-tempo-pra-isso.

Comemos em silêncio e a loira outra vez me lançando aquele olhar de quando quer falar algo. Mas eu já estou impaciente com isso.

– Vai. Fala logo.

Ela suspira.

– Estou insegura. Com isso tudo. - não entendo o que ela quer dizer. - Eu achei que a Europa era longe o suficiente, mas agora com o casamento da Annie estamos todos aqui outra vez. Você, eu, Katniss, Gale, Peeta, Annie, Finnick... E eu sinto como se estivesse no colegial outra vez.

– Madge...

– Eu ainda gosto dele, Joh. Mas tudo que Gale consegue falar é no quanto ama Katniss.

– Mas ela não está com Peeta?

Era o que eu lembrava: Katniss e Peeta estavam juntos.

Madge balançou a cabeça em negação. E tenho certeza que fiz minha expressão de confusão. Mas como assim? Eles se amavam tanto. Eles eram o casal que eu mais apostava.

– Você não soube, não é?

– Soube de que?

– O acidente que você, Finnick, Gale e Katniss provocaram - eu odiava falar nisso, era um pedaço do passado que me esforçava bastante pra esquecer. - matou Darius e...

Disso eu sabia: Darius que tinha tanta coisa pra viver, o mais brilhante da nossa turma foi quem morreu. Minha culpa.

– E...? - incentivei. Depois que Darius morreu e eu paguei minha pena, eu simplesmente sumi junto de Finnick. Nenhum de nós dois queria ficar naquele lugar com as recordações nos rondando.

– Peeta ficou em coma. - eu lembrava que ele estava no meio das vítimas mesmo, lembrava principalmente de Katniss chorando com as mãos sujas de sangue. - Quando ele acordou, não lembrava dos dois meses antes da formatura, o baile e nem do acidente e principalmente, não lembrava dela.

Meu queixo caiu em surpresa e por momento quase senti o que Katniss deve ter sentido quando ele olhou-a e ela viu que Peeta não a amava.

– Mas ele deve ter lembrado... - comecei mais a expressão de Madge me parou. - Não? Até hoje?

A loira balançou a cabeça.

– Até hoje. - concordou.

Parabéns, Johanna. Sempre conseguindo destruir tudo à sua volta.

~~

Finnick

Eu posso entrar agora, arrastar ela pra cama e tê-la nos meus braços hoje. Eu posso fazer isso. Mas se eu fizer isso não me perdoarei nunca, Annie nunca me perdoaria.

Droga Johanna!

Fecho os olhos e encosto minha testa no volante. Estou na frente do hotel onde a deixei mais cedo decidindo se dou voz ao meu desejo ou não. Faz mais de um ano que não a encontro, que não sinto o gosto da sua pele ou escuto seu gemido. A verdade, é que quero entrar e me misturar com ela do jeito que sempre fizemos antes. No entanto, a imagem de Annie me vem o tempo todo.

Não posso fazer isso com ela.

Ligo o motor do carro. E saio dali antes que eu faça uma besteira. Afinal, ela não está me esperando de qualquer forma. Eu lhe disse a hora falsa e Johanna sempre foi bastante criativa quando o assunto era se divertir. A morena vai se sair bem sozinha, talvez nem esteja sozinha neste momento. Talvez ela esteja com um homem que acabou de conhecer e esteja...

Argh!

Aperto o volante até que os nós dos meus dedos ficam brancos.

Droga Johanna!

Droga Annie, por quê você tinha que enviar aquele convite pra ela? Droga!


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Comentem e digam!
Ei, galera qeria conhecer vcs. Tenho 31 leitores, apareçam! Eu naw mordo.
Bjs.