Skeletons In The Closet escrita por OmegaKim


Capítulo 2
DOIS: O que ele esqueceu.


Notas iniciais do capítulo

Não aguentei não postar... rsrs.
Boa leitura.



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Capítulo Dois: O que ele esqueceu.

Katniss

Domingo são de quebra meus melhores e preferidos dias, porque eu definitivamente não faço nada. Passo o dia jogada em alguma parte da casa, me escondendo do mundo e das pessoas... Mas hoje, fazer isso não está adiantando. Estou inquieta, nem consegui dormi ou comer - que são as coisas que eu mais gosto.

Seguro meu celular, toco na tela, ele acende. Cinco chamadas perdidas de Peeta.

É verdade que não falo com ele desde de sexta à noite quando deixei ele plantado naquele maldito baile. E que disse ao porteiro para não o deixar subir. E tenho certeza que ele deve ter ficado louco com essas medidas, porque acha que vou fazer alguma besteira. Contudo, Peeta não pode cuidar de mim pra sempre. Não é? E além do mais eu preciso de um tempo sozinha pra pensar na coisa que aconteceu...

Será que fui muito dura? Será que eu deveria ter tentado aguentar mais um pouco pela Annie? Ou será que eu devia ter enfiado minha mão na cara daquela canalha e arrancado aquele sorriso cínico?

Pego o controle e mudo de canal. Se ao menos algo legal estivesse passando na tevê, eu poderia manter minha cabeça ocupada. Entretanto eis um grande mistério: Por que quando você mais precisa se distrair nunca encontra nada de interessante, mesmo quando você tem um pacote de tevê com mais de 80 canais?

Suspiro enquanto paro de mudar de canal e deixo num canal qualquer. Olho pro teto e fecho os olhos, pensando nos acontecimentos passados. Peeta mentiu pra mim e Annie me traiu, porque isso é traição. Ficar noiva do seu inimigo? Definitivamente, traição. Como ela pôde? Aquele cara tava lá. Ele... ele ajudou, riu de nós. Argh

Meu celular começa a tocar. Tateo pelo sofá em busca dele, até que acho e atendo.

– Alô? - minha voz sai arrastada e sem nenhum entusiasmo.

– Katniss levanta a bunda desse sofá e vamos comemorar! - reconheço a voz de Portia do outro lado da linha. Ela parece bastante feliz.

– Quem disse que estou no sofá? Eu posso está com a bunda sentada em qualquer lugar. - falo.

– Quem liga onde está sua bunda.– ela rir. - Levanta logo daí e vem pro escritório agora!

Uma música começa a soa no fundo. O que ta acontecendo lá?

– Hoje é domingo... - cantarolo desejando que ela me deixe em paz.

Katniss! - grita se fingindo de brava. - Levanta daí, coloca uma roupa bacana e vem pra cá. AGORA!

E desliga. Desliga na minha cara ainda por cima. Estou indignada, por isso me levanto e vou colocar uma roupa decente, mas só lembrando que to indo me arrumar porque estou curiosa, não porque a Portia mandou.

Tiro minhas roupas largas e velhas de domingo, tomo banho. E depois opto por uma calça jeans, minhas botas, uma blusa branca de colarinho alto e mangas compridas e uma jaqueta, pois está realmente frio lá fora. E saio rumo ao meu local de trabalho.

Trabalho numa firma de eventos. Sou sócia junto com Portia, uma morena alta que adora cores e tem uma quedinha por homens masculos e sem nenhum cérebro. Nos conhecemos na faculdade de Marketing, e quando nos formamos tomamos rumos diferentes. Acabamos nos reencontrando três anos depois, tomamos um café e quando vi já estávamos sócias e abrindo a Eventos K & P. Somos uma firma relativamente nova no mercado, mas já conseguimos fechar contratos bem importantes que nos trouxeram prestígio e ajudam a construir uma imagem de peso no mercado.

O prédio onde nossa firma fica, não é tão longe do meu apartamento. Esse é o lado bom, posso muito bem ir andando. Porém estou curiosa do por quê de Portia querer que eu vá num domingo pra Eventos. Então pego um táxi e em menos de 15 minutos estou no prédio.

Assim que passo pela entrada a música alta de OneRepublic chega em meus ouvidos.

– Kat! - Cinna grita e vem até mim. - Nos conseguimos. - me abraça e eu não estou entendo nada.

– Conseguimos... O quê? - consigo dizer depois que ele me solta.

– Você não sabe?

Continuo olhando pra ele com minha cara de interrogação.

– É melhor Portia contar pra você. - Cinna pisca e mostra onde Portia está.

A morena se encontra no segundo andar do prédio. Aqui de baixo consigo ve-la rindo com um copo na mão. Vou até lá e pelo caminho vejo todos comemorando, rindo, bebendo.

– Portia! - chamo por sobre a música. Ela me olha sorrindo, dá o copo pra Rue - sua assistente pessoal - e vem me abraçar, seus braços me envolvem num abraço de urso.

– Conseguimos, Kat! - diz no meu ouvido enquanto me balança junto com ela, dando pulinhos do jeito que ela faz quando ta animada.

Pera. - começo, afastando ela de mim. - Conseguimos o quê?

– Meu Deus, Katniss! Onde você anda com essa cabecinha? - me repreendeu tocando na minha testa com o dedo indicador. - Você esqueceu que hoje saia a lista de indicados a Empreendimento do Ano?

O pior é que esqueci. Fiquei tanto tempo só pensando na traição que sofri e remoendo raiva que nem fui no site verificar a lista.

Mas espera!

– Você ta dizendo que nós - aponto pra mim e pra ela e depois pra tudo em volta. - a Eventos K&P foi indicada?

Portia assente muitas vezes seguidas com um sorriso de orelha a orelha.

– Puta que pariu! - e agora sou eu quem está pulando e abraçando Portia.

Cinna aparece do nosso lado com três taças e um champanhe.

– Vamos comemorar! - ele dá uma taça pra cada uma de nós e enche com champanhe logo em seguida, inclusive uma pra si.

– A Eventos K&P! - falamos os três juntos, erguendo as taças ao mesmo tempo e fazendo um brinde.

~~

– Como você entrou aqui? - pergunto logo que entro no meu apartamento e sinto o cheiro de tempero vindo da cozinha.

Peeta.

– Tenho meus métodos. - ele grita da cozinha. Daqui consigo ver o cabelo loiro dele bem arrumado, o pano de prato jogado sobre o ombro.

Meu apartamento é pequeno com uma sala, meu quarto e a cozinha. Esta sendo separada da sala por uma meia parede. Fazendo com que seja possível sentar no sofá e assistir alguém cozinhando na cozinha.

– Métodos esses que incluem subornar o porteiro? - porque se bem me lembro eu tinha proibido que esse ser subisse ao meu apartamento.

Tiro minha jaqueta e penduro no suporte à minha esquerda, tiro minhas botas e empurro para um canto. E logo me dirijo até onde Peeta está.

– Não tenho culpa se o seu João é chocolatra. - Peeta diz com um sorriso.

Estou inclinada sobre o murinho com os cotovelos apoiados no mesmo tentando manter uma expressão séria. Mas a imagem do loiro subornando o seu João, o porteiro, com chocolates me vem a mente e deixo um sorrisinho escapar.

– Só pra deixar claro, eu não sou o seu João. Então pode esquecer o suborno por comida. - digo ao ve-lo mexer algo numa panela que solta um aroma muito bom.

Ainda estou com um pouco de raiva dele. Quer dizer, não raiva. É mais como uma decepção, uma tristeza incomoda, como um zumbido no ouvido.

Peeta olha pra mim, a sobrancelha erguida em desconfiança.

– Mas só pra saber, o que você tá cozinhando?

O loiro abre um sorriso perfeito e acho incrível como ele fica mais lindo sorrindo, as covinhas aparecendo e os olhos brilhando. Esse é meu sorriso predileto.

– Ah, nada demais. Apenas uma macarronada de camarão.

Meu estômago que quase não viu comida hoje - apenas champanhe -, ronca me entregando. Mas percebo pelo seu tom de voz a sugestão: Você me perdoa agora?

– Hm. Talvez eu coma um pouco, só pra não fazer desfeita. - declaro indiferente, mas por dentro estou salivando e respondendo silenciosamente: Sim.

Peeta cozinha muito bem. Não é atoa que ele tem um restaurante super frequentado no centro da cidade. Ganhador de três estrelas, os críticos amam aquele lugar, eu não duvido que esse ano ele ganhe a quarta estrela. E quando precisamos de um bufê pros nossos eventos, eu e Portia sempre o contratamos.

Peeta entende minha resposta implícita nas entrelinhas.

– Sei... - e volta a mexer nas panelas, me dando a visão de suas costas. - Katniss precisamos conversar.

Aí está. O assunto de ontem sendo inserido sem minha vontade, porque não quero falar disso. Não agora, não aqui, não com ele. Apesar de ter passado boa parte do dia tentando saber se minha atitude teria sido certa ou se teria sido apenas precipitada, coisa de gente que não controla bem as emoções.

– Ah, Peeta.

E saio do murinho e sento no sofá, os braços cruzados.

– Katniss, você sabe que não devia ter saído daquele jeito. Annie ficou bastante chateada com você e Madge...

– E você queria que eu fizesse o que? Ficasse lá e desse os parabéns pra eles dois? Por favor!

Vejo Peeta sair da cozinha e vim até mim no sofá. Ele para em pé na minha frente, o rosto sério. Como um pai prestes a dar uma bronca no filho que foi pego burlando aula.

– Annie é sua amiga e toda essa coisa já aconteceu a tanto tempo, Kat. Por que você simplesmente não esquece?

– Você ficou dois meses em coma por culpa deles! - grito porque não posso acreditar que ele esteja defendo Finnick e sua turminha. - Quer que eu esqueça isso? Quer que eu esqueça que Darius morreu por culpa deles?!

Quer que eu esqueça o que você foi obrigado a esquecer?, penso. Entretanto, não digo. Pois as Coisas Que Peeta Esqueceu é um assunto delicado que nunca tocamos, por ser doloroso demais pra mim ter que olhar pra ele e saber que pra ele nunca aconteceu um nós.

– Pelo amor de Deus, Katniss! Ok, ok. Você tem razão. Eles fizeram coisas horríveis conosco, mas você não pode culpa-los pra sempre. Não pode culpar Finnick pra sempre, foi um acidente o que aconteceu. - ele suspira cansado. Eu me levanto dando as costas à ele, querendo sair dali e me esconder no meu quarto ou sair pela porta e não voltar mais.

Minha cabeça sendo inundada de lembranças dolorosas.

– Você podia tentar... - Peeta diz enquanto ainda estou parada tentando saber o que fazer. - Pela Annie.

E então me viro pra ele à tempo de ver ele tirar um envelope do bolso de trás da calça jeans. O loiro me estende. Eu pego.

Para: Katniss Everdeen.

De: Annie Cresta e Finnick Odair.

Fico segurando, incapaz de abrir o envelope e ler o que tem dentro.

Me viro e pouso o envelope na mesinha de centro.

– É melhor você ir ver o jantar. - digo automáticamente ainda encarando o envelope ao mesmo tempo que não quero prolongar mais isso, porque senão erei começar a dizer coisas que não se pode dizer à alguém que só quer ajudar.

Ouço os passos dele se afastando de mim. Me sento outra vez no sofá e mergulho meu rosto entre minhas mãos, respirando fundo. Acalmando minhas memórias, minha raiva.

O jantar é servido um tempo depois. O silêncio instalado entre nós como um amigo chato que não fica calado. A comida estava excelente, mas não consegui aproveitar ela como sempre faço. E quando finalmente termino, eu tiro a mesa. Recolho os pratos. Lavo em silêncio na pia e depois guardo. E mais tarde quando Peeta vai embora. Quero pedi que ele fique, que me abrace, me proteja, fuja comigo pra longe dessas pessoas que só nos fizeram mau. Mas não digo nada, deixo ele ir. Do mesmo jeito que fiz há anos, deixo ele não se lembrar de nós. Porque essa é a minha penitência pela minha culpa no acidente.

Fecho a porta quando Peeta sai. E aos poucos deixo que meu corpo deslize pela madeira da porta e finalmente, deixo as lágrimas virem.


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Notas finais do capítulo

Os primeiros dois capítulos são apenas introdutórios, aparti do terceiro cap a historia começa a desenrolar...
Bjs. E comentem. Digam o que tão achando, o que esperam... essas coisas.