Skeletons In The Closet escrita por OmegaKim


Capítulo 16
DEZESSEIS: Em frente


Notas iniciais do capítulo

Gente, adorei os comentários do último cap. Vcs são demais!! Não sabem o quanto fiquei feliz...
Bom, esse cap devia ter sido postad faz tempo, mas eu atrasei na escrita dele. É q comecei a ler as Peças Infernais e devo dizer, estou apaixonada pelo Jem q nem consigo largar o livro... mas vcs não querem saber disso.
Vamos ao capitulo.
Pov´s alternados entre Johanna e Annie.
Boa leitura e bem vindo leitores novos.



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Capítulo Dezesseis: Em frente.

Johanna

Levo a colher com cereal em direção a minha boca, mas paro no meio do caminho e solto o ar pela boca irritada com Gale que não para de andar pra lá e pra cá na sala de estar do seu apartamento.

– Vai fazer um buraco no chão se continuar andando desse jeito. – comento e como uma colherada de cereal.

O moreno parece só agora notar minha presença.

– O que faz aqui? – pergunta meio confuso, os olhos cinza não realmente olhando pra mim apesar de estarem em voltados pra mim.

Eu moro aqui. – respondo e pego a caixa de cereal e derramo mais um pouco na tigela.

E por mais estranho que isso possa parecer, era verdade. Eu estava morando com Gale. Por livre e espontânea pressão, claro. Tínhamos, eu e Finnick, nos mudado há duas semanas e vez ou outra Gale esquecia que estávamos dividindo o mesmo teto apesar dele ter sido quem nos convidou pra cá.

O moreno assente meio grogue e se senta no sofá e fica olhando pra frente com o mesmo olhar desfocado.

– Madge beijou você – falei com a boca meio cheia. -, não precisa agir como se ela tivesse te esfaqueado ou algo assim.

– Não tem graça. – ele reclama, finalmente focando seus olhos cinzentos em mim. – Mas, espera! Como sabe sobre isso?

– Madge é minha melhor amiga, lembra? É obvio que ela ia me contar.

A verdade, foi que no meio da madrugada a loira me ligou toda alegrinha, ela disse o que tinha feito. Foi um choque tanto pra mim quanto está sendo pra Gale, mas estou feliz que isso aconteceu. Já era hora desses dois se acertarem. E isso me faz lembrar que existe outro casal que tem que se acertar... Como será que Katniss está se saindo na Austrália?

– Então, qual é exatamente o problema? – perguntei depois que terminei meu café da manhã.

– O problema?! Madge que é minha amiga há anos me beijou e...

– E você gostou. – completei.

Gale abaixou a cabeça achando, de repente, o chão muito interessante. Sai de trás do balcão que separava a cozinha – minúscula – da sala, fui em sua direção e me sentei do seu lado no sofá, segurei suas mãos e fiz ele olhar pra mim. Gale parecia tão confuso, acho que essa devia ser a primeira vez que ele estava gostando de alguém que não era Katniss ou que não tinha algo parecido com ela.

– Madge sempre foi afim de você, acho que desde sempre. – falei. – Mas você sempre teve olhos pra Katniss – que nunca gostou tanto de você assim – pra reparar nela.

– Eu sei disso.

– Então, qual a dificuldade em ficar com ela?

– É apenas que Katniss...

– É um caso mal resolvido e enquanto você não quitar isso com ela nunca vai poder ficar com Madge. – completei.

Seus olhos cinzentos confirmaram que o que eu disse era verdade.

– Tá esperando o que?! – falei me levantando. – Liga pra Katniss marca um encontro e resolve isso logo.

Gale franziu as sobrancelhas, pesando minhas palavras. Mas então se levantou e pegou seu telefone. Eu me afastei. Fui pro banheiro, precisava tomar banho e me arrumar logo se não ia me atrasar pro meu compromisso. Ao chegar no banheiro percebi que ele estava ocupado, Finnick estava no box, de costas pra mim e de cabeça baixa, eu via através do vidro embaçado a água caindo direto em sua cabeça. Ele sempre fazia isso quando tomava banho, ficava um tempo nessa posição apenas sentindo a água cair pelo seu corpo, isso o relaxava. Mas eu conhecia outro modo de relaxar, e garanto que é bem melhor. Tirei meu pijama que era basicamente composto por um short solto e uma das muitas camisas de Finn. Larguei as peças no chão do banheiro e entrei no box com Finn. O abracei por trás, ele levantou a cabeça imediatamente e tocou minha mão sobre seu corpo. Seu corpo molhado logo fez o meu se molhar também.

– Bom dia. – falei encostando meu queixo em seu ombro.

Eu tinha acordado primeiro, deixei-o dormi porque além de ser cedo demais, havia um certo fascínio no seu sono. O jeito como ele dormia com a barriga pra baixo e sua bochecha ficava espremida fazendo seu rosto parecer rechonchudo como o de um querubim e o jeito como ele soltava o ar pela boca, tão suave, e todo o rosto relaxado com um sorriso escondido no canto da sua boca que só quem olhasse bem de perto e prestasse muita atenção veria. Acho que deve ser um crime acorda-lo quando Finnick parece tão sereno e relaxado.

– Você não me acordou. – ele diz meio ressentido.

– Estava dormindo tão bem, que não tive coragem. – depositei um beijo na parte de trás do seu ombro.

Então ele se virou pra mim, sem sair do meu abraço de modo que fiquei abraçando sua cintura nua.

– Irei com Annie numa consulta hoje. – ele diz, seus olhos verdes me avaliando atrás de alguma emoção de desgosto, mas não há nenhuma.

– Irão tentar ver o sexo do bebê? – pergunto numa sinceridade que me surpreende.

Eu não tenho nada contra Annie e o bebê. Ele é filho do Finnick, não posso impedir que ele seja pai, mesmo que eu quisesse Finn não me obedeceria. Mas a verdade, é que eu não quero. Eu fui uma criança sem pai, então tudo que desejo pro filho de Finn é que ele tenha um pai. Não é nenhum pouco legal crescer sem um pai, sei disso por experiência própria.

– Espero que seja uma menina. – Finn comenta sonhador.

– Espero que seja um garoto. – falo apenas pra implicar e dou um sorriso. Então o empurro para baixo do chuveiro, mas ele me puxa junto.

A água cai direto na minha cabeça, sou pega desprevenida. Por um momento me assusto, mas depois começo a rir. Então passo meus braços em volta do pescoço de Finnick e com a água caindo sobre nós, eu o beijo. E são nesses momentos, quando o corpo dele está colado no meu ou quando estamos rindo de bobagens, é que eu percebo a burra que fui durante todos esses anos não percebendo que era ele o tempo todo, ele vai tapar esse buraco que eu tenho no peito. Ele vai calar as vozes loucas na minha mente, ele que vai curar minhas dores.

Ele que vai me fazer permanecer.

~~

Annie

Ajeito as sacolas em minha mão. Acho que exagerei nas compras.

Resolvi sair hoje para comprar umas roupas pra mim, porque as minhas estão se tornando demasiado pequenas para o meu porte de grávida. Minha mãe teria vindo comigo, mas eu disse que viria com uma amiga, o que foi uma mentira. Na verdade, queria esse tempo sozinha. Sair de casa, espairecer e pensar em algumas coisas. Mas agora olhando pro tanto de sacolas que trago, acho que teria sido melhor se eu tivesse trazido ela. O fato é que nem comprei tantas coisas pra mim, maioria das sacolas estão cheias de roupas pro bebê. Eu não resistir, eram tantas coisas fofinhas e lindas que não consegui me forçar a não comprar. Com um suspiro, eu desço pela escada rolante. Irei pegar um táxi e ir pra casa, deixar isso tudo lá e então ir pra consulta com o médico.

Estou pensando em tudo isso quando saio da escada rolante, mas talvez eu tenha calculado errado a hora de pôr o pé no chão fora da escada, pois eis que me desequilibrei. O amontado de sacolas nas minhas mãos ajudou-me apenas a cair pra frente, tentei manter o pé firme, mas foi inevitável, eu estava caindo. Mas eis que alguém me segurou por trás, trazendo o equilíbrio de volta pro meu corpo, me fazendo fincar os pés no chão.

– Oh. – soltei, ofegante. No susto do desequilíbrio acabei deixando as compras caírem. – Eu... Obrigada. – me virei pra ver quem me salvara de um estabaco no chão.

Era um homem de cabelo tão preto quanto piche e olhos azuis tão azuis quanto o céu. Era bonito, constatei e estava tão perto que me senti desconfortável, pois seu braço ainda estava em volta da minha cintura. Ele afrouxou o aperto e eu me desvencilhei dele. O homem parecia um pouco desconfortável, levou a mão a nuca e disse:

– Não foi nada. – então focou seus olhos no chão ao passo que eu fiz o mesmo e logo me abaixei pra catar as sacolas no chão. Algumas tinham se aberto e derramado seu conteúdo no chão, então peças de roupas jaziam soltas no piso. Enquanto eu estava no chão o homem se abaixou ao meu lado e me ajudou a catar umas peças. – Bonita.

Ele comentou e olhei pra ver do que ele falava, e vi que este estava segurando uma das roupas intimas que eu tinha comprado. Era um sutiã vermelho de renda. Tomei da sua mão com certa rispidez e o enfiei numa na sacola mais próxima.

– Isso é pessoal. – falei meio brava, mas o desconhecido estava rindo e olhando pra mim como se sentasse me imaginar usando aquela peça e corei sob seu olhar tão azul.

Voltei meu rosto pro chão mais pra ver se encontrava alguma peça de roupa do que por não querer que ele visse meu rosto vermelho. Não havia mais nenhuma, me levantei e o homem me acompanhou.

– Obrigada mais uma vez. – falei e ajeitei as sacolas nas minhas mãos.

– Bom, não foi nada. – ele disse e pôs as mãos no bolso da frente de sua calça. – Mas você quer ajuda? Você sabe, estando grávida e tudo mais, não é bom que carregue peso.

Eu pensei em dizer que as sacolas não estavam tão pesadas assim e que eu poderia muito bem carrega-las pois não era uma invalida ou algo do tipo, mas então eu notei que ele havia dito grávida, sendo que minha barriga não estava tão grande assim. Ela aparecia um pouco, mas no geral apenas alguém que olhasse bem pra mim iria perceber e além do mais eu estava usando uma blusa folgada. Acho que as roupinhas de bebê foi o que entregou minha situação.

– Tudo bem. – disse e estendi pra ele umas sacolas que ele pegou.

Comecei a andar em direção a saída do shopping com o desconhecido ao meu lado.

– Como você se chama? – ele perguntou enquanto andávamos.

– Annie. – falei. – E o seu?

– Sêneca. – e assim que ele disse seu nome uma luz se acendeu dentro da minha cabeça.

– Crane? – olhei pra ele surpresa e acho que minha voz estava cheia de expectativa. – Sêneca Crane?

O homem pareceu meio desconcertado por eu tê-lo reconhecido, mas se você não quer ser reconhecido não use o seu nome verdadeiro. Vi ele assenti meio a contragosto.

– Ah, eu acho o seu trabalho lindo. – falei. Sêneca tem um projeto social de construção. No geral ele costuma construir casa para as pessoas pobres, reformar bibliotecas antigas ou apenas construí-las do zero. Eu tinha lido muitas matérias sobre ele no jornal, sobre o seu recente impasse com uma construtora que queria destruir um pedaço de terra selvagem para construir um loteamento e como ele tinha protestado em frente a construtora com cartazes e convocado as pessoas a se juntarem a ele com um discurso lindo sobre preservar o meio ambiente para as futuras gerações.

– Então deve ser só você. – comentou voltando ao normal. – A Construtora Tarly está abrindo um processo contra mim por causa do meu lindo trabalho.

– Mas é só um processo, isso não pode impedir que você pare esse trabalho, não é? Eu mesma já fui presa algumas vezes. – comentei e ri ao lembrar dos meus tempos de garota lutando pelo mundo melhor.

– Mesmo? – e ele parecia absolutamente surpreso com isso. – Você não tem cara de quem se junta a luta por um bem maior.

– Hum. E eu tenho cara de quê então? – encarei seus olhos azuis.

– Tem cara de alguém que fica batendo pernas em shoppings fazendo compras sem se importar com o bolso do marido.

Eu dei um sorrisinho. Já estávamos fora do shopping e um táxi estava vindo, acenei pra ele que parou. Sêneca me ajudou a coloca-las no banco de trás do carro.

– Então acha que sou uma mulherzinha fútil, senhor Crane? Pois saiba que está enganado. Sou uma mulher cheia de opiniões e valores e já fui muitas vezes presa por defender esses valores. – entrei o carro, fechei a porta e abaixei o vidro apenas pra dizer a ele. – E quanto ao bolso do meu marido, ele não se importa porque eu nem ao menos tenho um.

O táxi deu partida e me levou, mas ainda tive tempo de ver expressão de surpresa no rosto de Sêneca Crane dá lugar pra um sorrisinho de satisfação no canto de sua boca.

~~

Johanna

Fechei os olhos ao dá um trago no cigarro, saboreie o gosto da fumaça na minha boca, a nicotina entrando na minha corrente sanguínea trazendo aquela sensação de bem-estar tão conhecida por mim. Expeli a fumaça pela boca numa baforada vagarosa e passei o cigarro pra Gale, que deu uma tragada demorada.

– Ela não aceitou. – ele diz depois de passar o cigarro pra mim novamente.

Já passava das sete e Finnick ainda não tinha aparecido, mas ele ligará uma hora atrás dizendo onde estava e que ia trazer uma pizza pro jantar. Então eu e Gale viemos pro terraço que não ficava tão longe assim do seu apartamento, já que ele mora na cobertura. E como ninguém nunca vem pra cá, acabamos reivindicando esse lugar pra nós como um tipo de refujo. Agora, deitados sob uma manta que eu coloquei no chão de concreto, estamos deitados. Olhando pro céu e dividindo um cigarro como nos velhos tempos.

– Hum. – me viro de lado para olha-lo. – Isso não é uma surpresa.

Eu tinha minhas dúvidas se Katniss ia aceitar sair com Gale ou não, afinal até onde sei ela está na Austrália aproveitando muito além da paisagem.

– Catnip parecia estranha no telefone. – ele fala e eu passo o cigarro pra ele. Volto a olhar pro céu.

Estamos com estrelas hoje, apesar da nevasca de ontem. Mas posso ver algumas nuvens cor-de-rosa se aproximando pelo leste, acho que logo o tempo vai fechar. No entanto, minha atenção está focada nas palavras de Gale.

– Estranha como?

– Você sabe, eu conheço ela desde de criança sei quando tem algo de errado com ela. E o jeito que Katniss falou no telefone... sua voz estava tão diferente como se... como se ela estivesse chorando.

Chorando. A palavra faz um eco na minha mente e logo já sei o que aconteceu.

– Puta merda. – solto involuntariamente e me sento num rompante.

– O que foi? – Gale também se senta subitamente alerta, até mesmo jogou o cigarro fora.

– Quando você falou com a Katniss, ela estava aqui?

– Sim, ela disse que estava cansada da viajem e que ela estava cansada demais pra sair comigo.

Me pus de pé e comecei a andar em direção a saída do terraço.

– Ei, aonde cê vai?

– Preciso ir ver Katniss. – afinal, a ideia pra essa viagem foi minha. – Vou pegar se carro. – avisei e sai do terraço.

Mais que depressa, eu peguei um casaco e as chaves de Gale e sai do prédio. Precisava chegar no apartamento de Katniss e sei lá, consola-la? Dizer que não foi um bom plano? Que eu não contava com a idiotice de Peeta? Não sei, eu só precisava chegar lá e ficar com ela. Katniss deve estar numa fossa e tanto depois desse pé. O caminho até o apartamento dela está tranquilo por isso chego na casa dela mais rápido do que o previsto, passo pelo porteiro direto. E quando ele tenta me barrar, eu apenas desvio dele e corro escada acima. Não sei direito onde é o apartamento dela, mas Gale uma vez comentou algo a respeito. Então tenho uma vaga lembrança de que é no terceiro andar. Corro escada acima e bato em todas as portas do terceiro andar até encontrar a certa. Mas ao contrário do que imaginei, quem abre a porta pra mim é Annie. Seu cabelo ruivo está preso num coque frouxo e seu rosto está revirado de raiva quando percebe que sou eu à porta. Então ela subitamente fecha a porta na minha cara quando, enfim, tomo folego pra dizer algo. Um pouco indignada, eu volto a bater na porta. Esmurro durante um bom tempo gritando o nome de Katniss até que a própria abre a porta. O cabelo castanho escuro dela está desarrumado e jogado despojadamente sobre seu ombro esquerdo, seus olhos cinzentos estão vermelhos e toda sua postura denota derrota. Há algo de extrema dor nela, é possível ver pelo jeito que ela curva a boca ou pelos seus ombros baixos.

– Oh, Katniss. – eu digo e a abraço, ela encosta a cabeça no meu ombro e chora.

Chora terrivelmente alto, com soluços de corta o coração que fazem seu corpo estremecer. E a única coisa que consigo pensar é que isso é culpa minha, eu mandei-a pra lá.

– Me desculpa. – peço baixinho e o corpo dela estremece mais um pouco. Mas Kat levanta seu rosto do suficiente pra sussurrar numa voz chorosa:

– A culpa não foi sua.

– Foi sim. Eu te falei pra ir. – digo.

– Ah, logo vi que a ideia tinha que ser sua. – Annie diz, a voz cheia de desprezo assim como seu belo rosto. – Satisfeita?

Largo Katniss e entro no apartamento, Katniss me segue e logo ouço a porta sendo fechada. Eu ando até Annie, estou me sentindo imensamente culpada com isso. Mas o comentário de Annie sobre eu estar satisfeita com isso... Como raios eu posso está satisfeita com isso? Ela acha que eu sou algum tipo de monstro sádico que sente prazer em fazer as pessoas sofrerem?

– Você não sabe de nada. – digo à ela, porque fiquei com raiva. Raiva pra disfarçar a culpa.

Rá! – Annie desdenha. – Eu não sei de nada. Eu sei que foi você quem fez Katniss ir pra Austrália e agora olhe como ela está! Está feliz? Seu plano sádico deu certo.

– Cala a boca! – grito. – Eu estava tentando ajudar...

– Que bela ajuda você deu, não é? – seus olhos que sempre foram amáveis e calorosos estão num tom escuro de raiva e ressentimento.

Decido que vou ignora-la. Dou as costas pra ruiva e vou até Katniss que sentou no sofá. Sento ao seu lado e afago seu ombro, olho pra ela no meu melhor olhar de sinto muito.

– Você quer me contar o que aconteceu lá? – pergunto suavemente.

Kat suspira de um jeito tão sofrido que quase posso sentir sua dor.

– Ah, Johanna. – ela diz e fecha os olhos, as lágrimas caem mesmo assim. – Ele... Peeta disse que não existe nós.

Eu fecho os olhos e a puxo pros meus braços. Que belo idiota você me saiu, Peeta.

– Você precisava ver o jeito que ele me olhou... – e mais choro. – com tanta raiva. Ele me odeia tanto.

– Isso não é verdade! – falo e a faço olhar pra mim. – Não diga uma coisa dessas. Peeta não te odeia, ele só está confuso...

– Muito confuso. – Annie diz com a voz macia, nem vi quando ela sentou no lado esquerdo de Katniss. A ruiva toca de leve a costa da morena que volta a estremecer com o rosto enterrado no meu peito.

Os olhos da ruiva encontram os meus e nós fazemos uma trégua silenciosa pela Katniss.

Katniss continua chorando e eu deixo que ela o faça, no meu ombro ou não. Deixo que ela chore toda a sua dor, que as lágrimas escorram dela levando seu coração quebrado junto. O que eu acho impossível, porque um coração partido não se cura assim. Eu sei disso porque já consolei muitas pessoas que sofreram de amor, inclusive minha mãe. Mas se a vida for boa, Katniss será diferente da minha mãe. Na verdade, não desejo o destino da minha mãe pra ninguém. Então consolo Kat no decorrer da noite, em algum momento Finnick me liga querendo saber se ainda vou voltar pra casa ao passo que digo que não e quando estou desligando depois de dizer um “eu te amo” baixo pra ele, pego o olhar de Annie sobre mim. Ela está depositando em mim um olhar de raiva e tristeza misturados, isso faz eu me sentir miserável. Quando enfim, Katniss dorme eu me sento no sofá e enterro meu rosto entre minhas mãos, a culpa estampada em cada parte de mim. Mas eu disfarço bem. Sinto o estofamento ao meu lado afundar e percebo que Annie está sentada ao meu lado, fico quieta esperando o momento que ela me acertará com um tapa ou dirá algo ruim pra mim, mas o momento se prolonga e parece nunca vim. Então, um tanto intrigada, ergo meu olhar pra ela.

Annie nem ao menos está olhando pra mim, ela mantem seus olhos olhando pra frente. Mas como que sentindo meu olhar, ela se volta pra mim.

– Eu sei o que ela está sentindo. – diz simplesmente. – É como se alguém tivesse arrancado seu coração do peito, você sente que vai morrer a qualquer momento mas a morte não vem, porém a dor só aumenta e aumenta.

Engulo em seco com essa discrição. Talvez tenha sido isso que minha mãe sentiu quando meu pai foi embora: uma dor que apenas aumentava e aumentava sem previsão para parar, talvez ela só tenha desejado que a dor parasse. Talvez, ela só tenha desejado poder respirar normalmente de novo, sem os cacos do seu coração cortando por dentro toda vez que ela puxava o ar. Talvez, tenha sido por isso que ela tomou todos aqueles remédios de uma vez, tentou parar a dor... e de certa forma ela conseguiu.

– Eu sinto muito. – falo com uma sinceridade que não me é familiar. – Eu sei que sofreu pelo Finnick e sei que fui eu que causei tudo isso, tudo isso é culpa minha. O seu noivado destruído, a Katniss desse jeito... Mas eu nunca quis nada disso. Quando recebi o convite pro casamento, vim pra cá preparada para as palavras de adeus que Finnick diria, no entanto elas não vieram e eu me vi mais e mais enfiada naquilo, apenas se tornou impossível parar. – ela estava com a expressão dura, escutando minhas palavras em silêncio. – Sei que essa minha justificativa não serve de nada e que provavelmente só vai te fazer me odiar mais, mas é apenas que achei que você merecia uma explicação vinda de mim.

– É verdade, suas palavras não me valem de nada. Mas a culpa não é apenas sua, você não obrigou Finnick a dormir com você. – ela diz e simplesmente se levanta indo em direção ao quarto de Katniss. – No entanto, uma coisa tenho que agradecer a você. – olho pra ela com certa surpresa e espero que a ruiva continue. – Isso tudo me ensinou a ver o mundo de outra forma, me ensinou a olhar pra frente... Katniss vai superar isso, do jeito que eu superei. E ela vai te agradecer também. Afinal, a dor nos torna fortes.

Apenas deixo as palavras dela caírem sobre mim enquanto a vejo entrar no quarto de Katniss. Talvez, ela me perdoe algum dia... Mas por enquanto, preciso resolver essa besteira que Peeta fez. Afinal, nada diminui minha culpa do motivo que nos fez chegar aqui. E eu estou tentando quitar minhas dividas, tira-las do vermelho e ser uma pessoa melhor pro Finn. Segui em frente sem o peso desse passado todo nas minhas costas.


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Notas finais do capítulo

Bom, é isso. Comentem...
Sem ter o q dizer aqui hj.



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