Evolution: Parte 3 escrita por Hairo


Capítulo 7
Negócios Inacabados


Notas iniciais do capítulo

Galera, esse é mais um capítulo 7. Na verdade, o último capítulo 7 de Evolution. Para quem sabe, eu tenho um carinho especial pelo número 7, e gosto de fazer capítulos no mínimo diferentes quando se trata desse número. Esse não é exceção. Aqui acaba o projeto Celadon e a fase inicial da Parte 3. Tenho algumas surpresas para vocês.

Espero que curtam. Boa leitura!



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Capítulo 7 – Negócios Inacabados

Tudo estava negro a sua volta, mas Dave não parecia perceber. O universo de escuridão era natural para ele, como se sempre tivesse estado ali e de lá não pudesse sair. Não havia porque questioná-lo nem porque se deixar assustar por ele. Aquela era e sempre fora a sua natureza. Ele flutuava em meio à escuridão vagamente consciente do que estava a sua volta até que percebeu a mesa.

Ali, no centro de tudo, muito bem iluminada pela luz inexistente, estava uma mesa também preta, imóvel, como se inafetada pela realidade a sua volta. Pairava no ar assim como Dave, mas não se afastou quando ele se aproximou, afinal, como poderia se mover. Era apenas uma mesa.

Ele se aproximou da mesa sem cautela, pois não precisava de cautela naquele vazio de escuridão. Nada mais podia haver ali, além dele e sua mesa. Não se surpreendeu ao descobrir o que descansava na fria e lisa superfície a sua frente. Quatro rochas dispostas igualmente na extensão da superfície escura, cada uma iluminada bem distintamente pela fraca luz que emitiam de si mesmas. Na extremidade esquerda estava a verde, a que menos lhe interessava, mas ainda assim ele a tocou, quase lhe acariciando. Imediatamente depois seguia a pedra azul. Dave fixou seu olhar nela, retirou-a da superfície e sentiu o peso na sua mão. Era leve, mais leve do que ele imaginara, e ainda assim precisou fazer esforço para levanta-la. Sua superfície era mais macia do que a de uma rocha natural, como se volúvel ao simples toque. O artefato praticamente devolvia o carinho das mãos do garoto, mas ainda assim ele o depositou de volta na mesa, demorando-se um ultimo segundo antes de seguir para a próxima.

Em seguida, tocou a amarela. Um surto de energia percorreu o seu braço com um simples toque, fazendo com que ele recuasse, sem, entretanto, se incomodar. Um breve sorriso surgiu em seus lábios enquanto ele se preparava para toma-la novamente. Não simplesmente a tocou dessa vez, mas depositou sua palma na superfície e a envolveu com seus dedos, agarrando com força e dando boas vindas à corrente que percorria o seu corpo, fazendo com que sua pele arrepiasse. A sensação era inquietante, porém intrigante e desafiadora. Dave a segurou até que seu corpo se acostumasse com a energia, mas então a retornou a superfície negra da mesa.

Seus olhos brilharam intensamente quando encontraram a ultima pedra na extremidade direita da fila. Brilhava vermelha, mais intensa que as outras e cegou o menino de maneira que ele não podia mais se conter. Esticou não uma, mas as duas mãos e levantou a rocha, que emanava de si um calor reconfortante que abriu caminho pelos seus dedos, tomando de assalto suas mãos e seus braços, logo envolvendo todo o seu corpo. Dave fechou os olhos e sorriu ao sentir a vibrante sensação de energia percorrer cada fibra do seu corpo enquanto apertava cada vez mais a pedra em suas mãos.

– Uee! Ueeee! – ele ouviu Eevee exclamar por debaixo da mesa. Só então voltou a realidade daquela escuridão percebeu o olhar do pequeno Pokémon, olhando apreensivamente para as mãos do menino. A princípio ele não entendeu, mas então viu que apertava a pedra vermelha com tanta intensidade que pequenos filetes de sangue escorriam da palma de sua mão, provavelmente provenientes de arranhões da dura superfície do artefato. Ele nem havia percebido que se machucara.

Abaixou-se e soltou uma das mãos da pedra para analisar. Um pequeno arranhão de não mais de um centímetro no centro da sua palma era a fonte do fraco fluxo vermelho que pingava no chão.

– Vê, não é nada de mais Eevee. É só um pequeno arranhão – disse Dave, estendendo a mão para que o pequeno Pokémon pudesse analisar melhor. Eevee se aproximou e com um olhar misto de apreensão e carinho, lambeu a ferida de Dave.

Rindo, o menino estendeu a outra mão para a pequena raposa marrom, oferecendo-lhe a pedra rubra – Encosta aqui garoto. É uma sensação incrível!

Eevee exclamou e deu dois passos atrás, olhando a pedra com reprovação e assumindo uma posição de ataque. Dave estranhou.

– O que houve rapaz? Não precisa ter medo. É ótimo! Experimenta!

Eevee saltou para frente com velocidade e acertou uma cabeçada nas costas da mão do menino, tentando jogar longe a pedra vermelha. Dave tentou retrair a mão, mas a velocidade do Pokémon era maior que a sua. A pedra voou para o alto, e por um momento uma sensação de frio, vazio e desespero tomou conta do rapaz. E então ela voltou a cair e ele pensou que vinha em sua direção novamente, quase que como por vontade própria. Esticou a mão para pega-la e, surpreso, percebeu que errara. A pedra desviou-se da sua mão e caiu exatamente em cima da cabeça de Eevee. A última coisa que Dave viu foi o olhar de desespero do pequeno Pokémon quando a torrente de fogo tomou conta de toda a escuridão que dominava o universo.

–.-.-.-.-.-.-.-.

Dave levantou-se com um susto, jogando longe o fino lençol que o envolvia. Com um reflexo, levou a mão ao teto, evitando um choque entre a sua cabeça e o duro concreto. Surpreendeu-se com o quão acostumado estava a dormir na parte superior de beliches. Sua respiração arfava e o batimento cardíaco estava muito acelerado. Coberto de suor, o menino tentou se acalmar sentado na cama, com uma das mãos no peito, controlando o seu coração e a profundidade de sua respiração.

– Ueee! – exclamou Eevee com preocupação. Ágil como só ele, subiu os degraus da cama e se postou na frente de seu treinador, procurando entender o que estava acontecendo.

– Relaxa garoto, foi só um sonho – Ou um pesadelo pensou o rapaz, ainda tentando entender o que acontecia enquanto acariciava a macia pelagem de seu amigo, que se aconchegava entre suas pernas, em seu colo.

Dez minutos se passaram antes que Dave se sentisse bem o suficiente para levantar. O sol já entrava pela janela do seu quarto e ele reparou que estava sozinho, o que significava que Jake já estava de pé. Sem dúvidas Mary Jane também o esperava acordada. A menina sempre levantava mais cedo do que todos, mas Dave tinha a impressão de que naquela manhã em especial, Jake teria sido o primeiro a ficar de pé. Ele, inclusive, não ficaria surpreso se descobrisse que o menino mais novo tinha ido acordar a garota nas primeiras horas da manhã, de tanta ansiedade. Mary Jane prometera que a primeira coisa que faria naquele dia seria conversar com a sua Vulpix sobre que destino ela preferiria levar. Voltar a viver em habitat selvagem, ir morar com o professor Noah ou se juntar ao grupo de Pokemons que viajava com Jake. Dave a admirava por tal atitude. Achava incrível que ela somente aceitasse em seu time Pokemons com que compartilhasse alguma ligação em especial. Ele mesmo considerava se seria essa a maneira mais correta de ser um treinador.

Dave se arrumou ponderando as relações que tinha com cada um de seus Pokemons e percebeu que ele mesmo não era frio a ponto de ter um Pokémon em seu time com quem não tivesse uma relação única e especial. Até mesmo com Haunter, que se provava difícil de lidar, Dave sentia uma ligação bastante forte. Mas, ao mesmo tempo, ele constatou que muitas delas surgiram com o tempo e com as suas experiências juntos após a captura, enquanto as experiências de Mary Jane eram a causa da captura em si. De certo modo, ela mais trazia Pokemons consigo do que propriamente os capturava.

Desistindo do debate altamente filosófico que começava a travar com si mesmo, o garoto saiu do quarto e se encaminhou ao refeitório do Centro Pokémon, ansioso pelo café da manhã e torcendo para que Jake já tivesse enfrentado a questão da pequena Vulpix, caso contrário ele teria de comer ouvindo os intermináveis monólogos do amigo mais novo. Uma sensação de alivio se deixou perceber quando viu, ainda de longe, o imenso sorriso postado no rosto do garoto sentado a mesa, comendo ao lado de Mary Jane. Pelo visto tudo havia corrido como o esperado e eles tinham uma nova companheira de viagem.

– Dave! – exclamou Jake quando o menino se aproximou – Ela disse que sim! A Vulpix disse que sim! Ela vai seguir viagem comigo! Com a gente quero dizer, já que estamos todos viajando juntos, vocês sabem. Mas ela disse que sim! E nem precisou pensar muito! Foi só Mary Jane terminar de falar que ela pulou no meu colo...

– É verdade. Ela parecia bem animada – confirmou Mary Jane, sorrindo.

– Parabéns Jake. Será ótimo termos mais um Pokémon no grupo. Logo teremos que apresentá-la para o restante do pessoal.

– E você não sabe o que descobrimos... – Disse Mary Jane, com uma expressão mais séria agora. Jake abaixou a voz antes de continuar.

– Conversamos com o Eevee sobre o porquê ele estava te atrapalhando no torneio, e descobrimos que o torneio era ilegal.

– O que? Como? – disse Dave em voz alta, surpreso.

– Parece que a Ballpark estava maltratando Pokemons o tempo todo. Todos os Pokemons colocados no torneio foram retirados de seus habitats naturais sem que fossem capturados, e colocados sobre um tratamento para mantê-los selvagem, mesmo em cativeiro. A enfermeira Joy se encarregou de contar tudo à polícia. Incrível não é? – disse Jake – a Vulpix não estava tentando te atrapalhar, mas sim atrapalhar o torneio.

– Nossa – Dave estava incrédulo. Como as pessoas poderia fazer aquele tipo de coisa era algo que ele torcia para que nunca conseguisse entender

– Pois é, se você parar para pensar, ela foi bastante corajosa – disse Jake, orgulhoso de sua nova Pokémon.

– Bem diferente de você – riu-se Dave, voltando a descontrair o ambiente.

Ele pegou seu café seguido de perto por Eevee e voltou à mesa, onde passou o início da manhã conversando ouvindo os entusiasmados discursos de Jake sobre sua nova amiga e todos os seus valores. Ele apreciava esses poucos momentos de tranquilidade onde podia esquecer-se de todos os problemas e preocupações por alguns instantes e apenas apreciar a boa companhia das pessoas de quem gostava e em quem confiava.

Esses momentos, porém, não duravam muito e normalmente tinham fim quando Dave olhava a volta e sentia falta da única pessoa que conhecera na viagem e que ele desejava que estivesse ali com ele. Por mais que tentasse e que a presença de MJ ajudasse, era difícil tirar a menina de Cardo da cabeça definitivamente, principalmente depois do modo como se despediram. A preocupação com a garota o levava a lembrar da Equipe Rocket e de repente ele se pegava novamente olhando por cima dos ombros, sempre atento a possíveis ataques surpresas da organização criminal. E então toda a preocupação lhe voltava a pesar sobre a cabeça de uma vez.

A Mindy podia pelo menos dar noticia não podia?

Percebendo a súbita mudança na expressão do amigo, Mary Jana interveio, interrompendo Jake e tocando em um ponto que ela tinha certeza que atrairia a atenção dos amigos:

– Então, prontos para ir ao ginásio? - Dave e Jake olharam para ela surpresos enquanto a informação era registrada diversas vezes em sua cabeça. Eles sabiam que Mary planejava enfrentar Erika, mas ainda assim a expectativa e a ansiedade pela luta os fizeram reagir com surpresa - Não quero demorar muito, afinal, além da insígnia ainda vou ganhar um belo prêmio em celanis.

Sorrindo, a menina levantou-se da cadeira, recolheu os restos do café da manhã de todos os seus amigos e se encaminhou para a saída do refeitório - Com que será que eu vou gastar aquele prêmio? - Dave e Jake se levantaram logo em seguida partindo atrás da próxima desafiante do ginásio de Celadon.

A menina manteve uma expressão e atitude tranquilas enquanto caminhava lentamente pela cidade. Parecia mais estar indo ao mercado comprar um galão de leite para o café da manhã do que uma treinadora prestes a lutar por mais uma insígnia. Seus amigos por outro lado, se mostravam uma pilha de nervos e apreensão, discutindo possíveis dicas e combinações de ataques que Erika poderia utilizar, e como escapar delas, além do que a menina poderia comprar com o prêmio. Jake insistia que ela deveria comprar provisões, equipamentos para treinadores e coisas que seriam úteis mais para frente, mas Mary Jane não dava pistas sobre as suas intenções, sempre desconversando e falando que provavelmente gastaria tudo em um novo par de caros óculos escuros. Dave não sabia se a menina estava ou não fazendo uma piada.

Ainda era cedo e as lojas ainda estavam fechadas, por tanto o movimento pela rua era mínimo, mas Mary sabia que Erika acordava cedo e que o ginásio praticamente não parava de funcionar. Quando passaram pela esquina da rua das pedras, porém, Dave sentiu uma enorme tentação de entrar pela rua, apenas para apreciar mais uma vez as pedras da evolução na vitrine da loja. Ele sabia muito bem o que faria com o prêmio em celanis quando finalmente derrotasse Erika.

– Você pode usar o prêmio para comprar uma pedra da evolução...

– Para que Dave? Você se lembra dos meus Pokemons? Nenhum deles pode evoluir com a ajuda das pedras.

– Ora, ainda assim, elas são bem valiosas e você nunca sabe o que vai encontrar pela frente, não é? - tentou argumentar o menino, mesmo sabendo que as pedras eram muito mais interessantes para ele do que para a amiga.

– Não se preocupe, se um dia eu precisar eu pego uma carona no Pidgeot e venho aqui comprar uma - disse ela, rindo-se do garoto.

Eram pouco depois das oito da manhã quando finalmente o grupo chegou à praça do ginásio e subiu os degraus para as portas de vidro. Não havia duvidas que o ginásio já estava funcionando ha algum tempo naquela manhã. Os trabalhadores se espalhavam por toda a extensão do parque que rodeava o edifício, regando as plantas e aparando a grama, tudo para manter aquele bonito parque perfeito.

O edifício que remontava a figura de um Gloom estava imponentemente erguido no centro do grande parque, e foi pelas portas dele que Mary Jane entrou confiante e cumprimentou a simpática e sorridente menina de cabelos verde chamada Jen, a mesma que os recebera anteriormente, e anunciou que vinha cumprir a promessa de desafiar a líder do ginásio.

– Mas tão cedo? A senhorita Erika adora enfrentar treinadores cedo! Vou avisá-la. - disse a sorridente menina, sacando o telefone e passando o recado. Foram cerca de dois minutos até que ela finalmente terminasse a ligação e se dirigisse novamente ao trio - Ela os encontrará diretamente na arena. Sigam-me, por favor.

Eles a seguiram por entre os jardins e estufas internas do ginásio, surpresos com a quantidade de pessoas que já estava trabalhando lá dentro tão cedo. Todos surpreendentemente sorridentes. Eles entraram na mesma arena em que Dave batalhara com Erika antes e a esperaram aparecer pela porta. A jovem e elegante líder surgiu sozinha poucos minutos depois, do outro lado da arena.

– Bom dia! - ela cumprimentou - Muito bom ver vocês de novo. Achei que tinha desistido Mary. Tinha me prometido aparecer aqui logo depois de Dave...

Dave surpreendeu-se com a lembrança daquela promessa informal de Mary, mas o tom de Erika não revelava qualquer rancor. Pelo contrário, a mulher sorria e cumprimentava Mary como uma velha amiga.

– Desculpe Erika, mas me distrai com outras coisas. Amo Celadon - respondeu a ruiva, retribuindo o tom carinhoso da mulher mais velha.

– Entendo. É realmente fácil se distrair nessa cidade. Dave, você pretende lutar hoje também? Não imagino que você tenha desistido não é?

– Não, de jeito nenhum - respondeu o garoto - mas gostaria de treinar mais antes de um novo desafio. Acho que ainda posso aproveitar um bom tempo em Celadon.

– E faz muito bem - disse Erika, concordando com a cabeça - Quando estiver pronto, estarei esperando. Mas, enquanto isso - agora ela voltava-se para Mary Jane - acredito que temos uma batalha a travar não?

Mary Jane apenas sorriu.

– Jen - disse Erika, chamando a recepcionista de cabelos verdes - que tal você ser a juíza dessa partida? Já enviei alguém para cobrir a recepção já que você a deixou vazia novamente, não?

Corando, a menina de cabelos verdes começou uma interminável sequência de desculpas, mas Erika parecia achar graça na garota. Ela a acalmou, explicando que não havia problema, e que estava mesmo pensando em dar outra função mais interessante à menina. Ainda corada, a garota tomou timidamente seu lugar no centro da arena e anunciou.

– Essa será uma batalha de dois contra dois, tudo bem para vocês?

Ambas as treinadoras acenaram a cabeça positivamente

– Então comecem!

Mary Jane sacou sua Pokebola e a lançou no ar, chamando seu poderoso Pidgeot ao campo de batalha. Erika também havia sacado uma Pokebola, mas seu rosto traiu brevemente a sua surpresa ao ver o Pokémon de sua adversária. Pidgeot era de fato impressionante. Grande o suficiente para carregar mais de uma pessoa nas suas costas ele chamava atenção também pelo brilho da sua pelagem e pelas grandes e afiadas garras. Mary Jane percebeu Erika hesitar e se surpreendeu quando ela guardou a Pokebola que estava em sua mão e sacou uma segunda.

– Exeggcute, vai!

Como?! Pensaram Dave e Jake ao mesmo tempo.

Seis pequenos Pokemons que se aproximavam impressionantemente de ovos surgiram na arena pouco a frente de Erika. Cinco rodeavam o sexto, todos com pequenas rachaduras em suas cascas e um deles, inclusive, com a parte de cima da casca quebrada e faltando, permitindo que todos olhassem para algo que Dave preferiu pensar como uma gema de ovo em vez do cérebro do Pokémon. Todos possuíam um par de olhos triangulares, bastante escuros, e uma fenda que parecia ser uma pequena boca. Comparar o tamanho daqueles seis pequenos ovos frentes ao enorme pássaro do outro lado era quase risível.

Eu acho que me sentiria ofendido por essa escolha, se eu fosse Mary Jane pensou o menino de Grené, antes de se lembrar da derrota sofrida nas mãos de Erika anteriormente. A menina ruiva, porém, parecia mais preocupada do que ofendida, tentando entender o porquê da escolha de sua adversária. Ela sacou a Pokedex antes de ordenar qualquer ataque.

Exeggcute: Apesar de ser conhecido universalmente como Pokémon ovo, ele mais se assemelha fisiologicamente à semente de uma planta. Possui fortes poderes psíquicos e cada uma de suas seis partes se comunica com a outra através de uma forma bastante peculiar de telepatia.

– Você vai escolher ovos para o meu Pidgeot comer? - ameaçou MJ, ainda um pouco perplexa pela escolha da líder.

– Você devia prestar mais atenção a sua Pokedex. Isso são sementes. E se você pretende ficar conversando, eu vou começar essa luta por você. Sementes Sanguessugas!

As seis pequenas sementes - que pareciam ovos - começaram a se agitar, pulando no chão da arena e cuspindo com uma força incrível sementes verdes ainda menores na direção onde Pidgeot estava pousado.

– Pidgeot, levante voo e saia do alcance desses ovos. Vamos olhar o seu jantar de cima.

Rápido como de costume, o enorme pássaro saltou para o ar e abriu as asas, batendo-as violentamente até alcançar uma altura em que as sementes sanguessugas não o alcançassem. Dave ficou surpreso ao perceber que o Pokémon de Erika conseguia lançar as sementes a mais de 4 metros de altura, o que obrigou Pidgeot a abrir uma distancia considerável entre os dois. Ainda assim, conhecendo o Pokémon da amiga, ele sabia que se Erika permitisse, Pidgeot estaria em cima de seu adversário em questão de segundos.

– Pidgeot, ataque com o bico! - ordenou Mary Jane.

O pássaro mudou de posição e fechou as asas, mergulhando em direção ao chão com o bico preparado para o ataque. Erika deixou escapar um breve sorriso antes de ordenar uma ação defensiva.

– Exeggcute, proteja-se!

Ha cerca de um metro do grupo de sementes uma barreira de energia semicircular se formou, protegendo o pequeno Pokémon do ataque de Pidgeot, que se chocou contra a barreira e foi obrigado a mudar o plano de voo, ganhando altura novamente.

Mary Jane, preocupada, imediatamente sacou a Pokedex novamente.

Proteção: uma técnica defensiva que pode ser aprendida por qualquer Pokémon, mas que é extremamente complicada. Ela cria uma barreira de energia capaz e repelir os mais poderosos golpes, deixando o utilizador vulnerável apenas às condições do tempo.

Ok, eu não esperava por essa concluiu Dave, não escondendo sua surpresa. Erika parecia saber o que estava fazendo. Pidgeot não podia mudar as condições do tempo, principalmente lutando dentro da arena e não ao ar livre, o que dava a ela uma vantagem. A luta acabara de ficar mais interessante.

– Exeggcute, use o raio psíquico!

Mary Jane deixou transparecer sua preocupação. Ordenou rapidamente uma evasiva de seu Pokémon que não encontrou dificuldades em se desviar do ataque do adversário, mas Exeggcute se mostrou rapidamente um adversário imensamente mais complicado do que ela pudera prever. Bem treinado, ele conseguia se proteger muito bem de qualquer tipo de ataque físico, e era capaz de lançar ofensivas poderosas como um raio psíquico. Derrotá-lo não seria uma tarefa simples, mesmo com seu grande Pokémon.

–Pidgeot, tente atingi-lo com uma rajada de vento!

O Pokémon obedeceu a sua treinadora batendo fortemente suas enormes asas e criando uma ventania que poderia arrancar arvores do chão se continuasse por muito tempo, mas mesmo com os cabelos voando para trás, Erika não perdeu a compostura.

– Reflita!

Antes que saísse do chão, o Pokémon de planta criou uma tela rosa de energia do tamanho de uma pessoa, protegendo assim a si mesmo e a sua treinadora, e refletiu todo o vento que chegava àquela área de volta para o atacante.

– Cuidado! -gritou Mary Jane, tarde de mais. A forte ventania criada pelo Pokémon voltou-se contra ele e desestabilizou o seu voo e por um momento o Pokémon pareceu que iria cair no chão, antes de recuperar a postura. O momento de distração, porém, era tudo o que Erika precisava.

– Rápido, confusão!

Dos seis pares de olhos nas pequenas sementes saíram raios cor lilás e atingiram Pidgeot em cheio, fazendo-o titubear e balançar instavelmente no ar mais uma vez. Claramente tonto e sem capacidade de se manter regularmente voando, o Pokémon perdeu altura e mais uma vez Erika se aproveitou.

– Agora use novamente as sementes sanguessugas!

Mary Jane tentou ordenar um movimento evasivo, mas seu Pokémon, sob os efeitos do raio de confusão, foi lento de mais. As sementes o atingiram e delas rapidamente surgiram pequenos galhos e folhas interligados que muito pareciam uma rede viva que envolveu o grande pássaro, derrubando-o com um pesado baque no chão.

– Pidgeoooot! - Exclamou o pássaro, sentindo as sementes sugando as suas reservas de energia.

– Então Mary, que tal declarar esse round terminado? - provocou Erika, mas a desafiante não se incomodou em responder. Em vez disso, concentrada, ordenava que seu Pidgeot tentasse abrir as asas e arrebentar o forte aperto das sementes. - Como quiser - disse Erika, voltando a se focar.

– Exeggcute, prepare o raio solar.

Dave, Jake e Mary Jane prenderam a respiração por cerca de um segundo. Exeggcute voltou-se para o teto abobadado da arena e começou a sugar a energia dos raios de sol que entravam pelos vidros do teto. Agitadas, as cinco sementes pulavam em volta da sexta enquanto uma bola amarela de energia crescia, lentamente sobre esta.

– Vamos Pidgeot, você consegue! - Berrava Mary Jane, tentando fazer com que seu Pokémon se liberasse das sementes e atingisse o oponente antes que ele terminasse de carregar seu poderoso ataque. O pássaro parecia se recuperar aos poucos dos efeitos do raio da confusão e Dave calculava que ele conseguiria arrebentar as sementes sem muito esforço uma vez que estivesse recuperado, mas a cada segundo mais ficava mais fraco e tinha pouco tempo. Ele lutou para ficar de pé e fez a primeira tentativa de abrir as assas sem sucesso além de quase voltar a cair. Mary Jane continuava tentando incentivá-lo e Dave viu que na segunda vez alguns dos galhos que o prendiam chegaram a se arrebentar, mas rapidamente cresceram de novo assim que ele voltou a perder forças, enquanto a energia solar se acumulava sobre Exeggcute.

Na terceira tentativa, porém, Pidgeot conseguiu, como um esforço visivelmente descomunal, abrir as asas e se liberar do aperto das sementes, levantando voo e sacudindo de seu corpo tudo o que ainda estava preso nele. Enquanto estiver carregando, ele não pode se proteger pensou Mary.

– Rápido, ataque de asas!

O Pokémon pássaro lançou-se a toda velocidade na direção de Exeggcute, mas Dave pressentiu o que viria a acontecer. Era tarde de mais. Enquanto Pidgeot se aproximava velozmente o Pokémon de planta lançou seu mais poderoso ataque, deixando o pássaro sem possíveis esperanças de se defender. O raio amarelo atingiu o peito do pássaro em cheio fazendo com que ele exclamasse alto antes de tombar verticalmente para o chão, desacordado. Sua velocidade era tanta que nem toda a energia do raio solar o lançou para trás, mas ainda assim ele não estava mais apto a lutar.

Jen declarou Erika vitoriosa do primeiro round.

– Volte Pidgeot! – Mary Jane parecia incrédula. Ver o seu primeiro e mais poderoso Pokémon derrotado pelo grupo de pequenas sementes foi um choque para a menina. Nem mesmo Dave e Jake conseguiam acreditar que o incrível Pokémon havia caído frente ao aparente insignificante adversário. Eles nunca haviam presenciado Pidgeot perder uma batalha, nem mesmo enquanto Pidgeotto.

– Ótimo trabalho Exeggcute! – congratulou a líder do ginásio – Bela luta Mary. Apesar de tudo, seu Pidgeot é um Pokémon incrível. Poucas vezes tive que mudar de tática frente a um Pokémon voador, mas com você vi logo de cara que precisaria de algo a mais.

E que algo a mais... pensou a menina, ainda perplexa com a derrota. Ela não tinha mais escolha, já que não possuía outro Pokémon, mas ela temia que mesmo Ponyta não conseguisse derrotar Exeggcute. Eu vou ter que tentar.

– Ponyta é com você! – disse ela, liberando o cavalo de fogo de sua Pokebola.

Dave pensou ver um traço de preocupação no rosto de Erika, mas ele sumiu logo em seguida quando ela deu um breve sorriso.

– Isso vai ser interessante – disse ela.

Preparando-se para o segundo round, mais uma vez Jen se posicionou e deu o sinal para que a luta se iniciasse.

– Ponyta, vamos começar com o Pisar!

– Você ainda não aprendeu?! – Erika provocou – Exeggcute proteja-se!

Ponyta lançou-se a frente com velocidade e se empinou na frente do adversário, mas quando desceu com seus cascos mais duros que o diamante para esmaga-lo, a proteção de Exeggcute foi levantada e ela teve que voltar relinchando e tentando recuperar o equilíbrio.

– Continue Ponyta! – ordenou Mary Jane. Sua expressão traia a sua preocupação. Eu posso tentar cansar o Exeggcute com sua defesa, mas eu não posso cansar a Ponyta. Ela ainda tem mais uma batalha pra vencer se eu quiser ganhar essa insígnia. Como eu posso quebrar essa barreira sem cansar ela? Ela só é vulnerável às condições do tempo! Mas então a menina teve uma ideia.

– Ponyta, se afaste e use o lança-chamas!

– Exeggcute, proteja-se! – ordenou Erika, mas Mary Jane ainda não havia terminado de falar.

– No chão em volta do Exeggcute!

O que?! Pensaram Dave e Jake juntos. O cavalo de fogo lançou um fortíssimo jato de fogo que rapidamente cercou o Pokémon de planta de Erika, que ergueu rapidamente a sua barreira protetora.

– Esperta! – disse Erika, tentando pensar em como escapar da estratégia da menina. Uma veia apareceu no pescoço jovem da treinadora.

– Chame ele de volta Erika! – Bradou Mary Jane – O fogo nunca vai atingir seu Pokémon, mas o calor vai ser tão grande que daqui a pouco vamos ter seis ovos cozidos no meio da arena!

– Não tão rápido, mocinha! Exeggcute reflita!

A barreira que antes prevenia o fogo de atingir Pokémon de planta agora também refletia o calor, mas Erika não prestou atenção a um pequeno detalhe do plano de Mary Jane.

– Érika, eu ataquei o chão! Tudo o que essa técnica vai fazer é refletir o calor para o chão! E eu e você vamos começar a queimar os pés antes da Ponyta sequer pensar em reclamar do chão quente. E assim que a energia do seu Pokémon acabar a barreira vai cair, e ele vai queimar.

Dave tinha que concordar, a estratégia de Mary Jane era impressionantemente bem pensada. Erika não tinha saída, mas o menino se surpreendeu com quanto tempo ela estava levando para admitir sua derrota. Ele não sabia que a doce jovem líder de ginásio poderia ser tão orgulhosa, mas também não podia julgá-la. Mary Jane não apenas a vencera, mas a forçara a desistir e Dave já havia estado naquela situação antes e não gostava das suas memórias. Apenas cerca de 10 minutos depois, quando a barreira refletora de Exeggcute começou a dar sinais de falha, a mulher desistiu de procurar uma saída e chamou seu Pokémon de volta.

– Tenho que admitir, você me pegou de surpresa Mary. Parabéns! – disse a mulher, fingindo um simpático sorriso – Mas essa luta está longe de acabar!

Dave pensou perceber um momento titubeante de Erika enquanto ela escolhia o próximo adversário de Ponyta. Se eu não a conhecesse melhor diria que ela ficou um pouco hesitante, pensava o garoto, enquanto a jovem mulher de cabelos verdes sacava uma segunda Pokebola e se preparava para a batalha. Dave pressentia que talvez o derrotado Exeggcute fosse a peça mais defensivamente forte no time da líder e agora ela tivesse problemas para enfrentar o cavalo de fogo de Mary.

– Vileplume, eu escolho você! – disse a líder, lançando a Pokebola no ar.

O Pokémon de planta se libertou e ficou de pé imponentemente frente a seu próximo adversário. Ele era consideravelmente maior que o Gloom de Erika, mas ainda assim era bem menor do que Ponyta. Suas pétalas avermelhadas com manchas brancas se estendiam pesadamente sobre sua cabeça, mas ele parecia não sentir o peso como a maioria dos Pokemons de sua espécie, e por isso mantinha uma postura ereta, desafiadora.

– Ok Ponyta, a gente consegue vencer essa! – encorajava Mary Jane enquanto Jen dava o sinal para que a partida começasse – Comece com o Pisar novamente!

– Vileplume, evasiva!

Ponyta lançou-se ao ataque enquanto o Pokémon de Erika saltava para o lado. Ponyta não foi rápida o suficiente, mas Dave e Jake duvidavam que Vileplume conseguisse desviar do adversário por muito mais tempo. Ponyta era reconhecidamente um Pokémon de velocidade e Erika sabia disso.

– Mais rápido Ponyta! E combine com um lança chamas!

O cavalo relinchou alto, levantou suas duas patas da frente antes de partir com incrível velocidade na direção de seu oponente. Vileplume conseguiu se lançar para o lado momentos antes de ser atacado, mas subitamente Ponyta virou-se para ele e lançou um poderoso jato de fogo. Só então Dave viu a estratégia que dava a Erika esperanças de vencer a luta.

– Vileplume, time duplo!

Em instantes, uma comprida fileira de vileplumes surgiu na arena e apenas um deles foi atingido e destruído pelas fortes labaredas. Outros seis ainda estavam dispostos lado a lado e Ponyta, por um segundo, ficou confusa. Mary Jane parecia igualmente surpresa. Ok, eu não previa isso.

– Vileplume, aproveite e utilize seus esporos paralisantes!

Os seis Pokemons balançaram suas pétalas sobre as cabeças e delas uma densa cortina de um pó amarelado que brilhou no ar começou se fechar em torno de Ponyta. Dave acreditou que o cavalo Pokémon seria um alvo fácil, até mais uma vez ser surpreendido por sua amiga ruiva.

–Ponyta, siga a fileira em um ataque de carga flamejante!

Todo o corpo de Ponyta subitamente pegou fogo e ela avançou na fileira de Vileplumes com um ímpeto renovado enquanto todo o pó que se aproximava do seu corpo era queimado pelas violentas chamas que a envolviam. Erika mordeu um lábio quando o primeiro Vileplume se desfez ao ser pisoteado pelo cavalo em chamas.

– Vileplume, use o mega dreno!

Todas as ilusões criadas pelo time duplo desapareceram deixando apenas o ultimo Vileplume da fileira lançando o seu poderoso ataque de drenar energia. Os olhos do Pokémon brilharam com uma forte luz rosada, da cor de suas pétalas, e um raio de energia foi lançado atingindo o alvo muito antes dele se aproximar do Pokémon de planta. Ponyta subitamente parou e contorceu-se, relinchando, enquanto grandes esferas de energia emergiam da sua pele agora apagada e seguiam em direção às pétalas também brilhantes de seu oponente. Foi a vez de Mary morder os lábios.

– Ponyta! Ponyta se acalme – gritava a treinadora em seu lugar na arena. Mary Jane sabia que tudo dependia da capacidade de seu Pokémon se acalmar para quebrar o ataque de Erika e seu Vileplume, mas Ponyta continuava a relinchar e se contorcer nervosamente no centro da arena enquanto toda sua energia era sugada. Tendo já participado da luta anterior, ela não duraria muito mais tempo.

– Ponyta, se acalme e use o circulo de fogo! – ordenou a menina, mas Ponyta parecia incapaz de se concentrar para lançar o ataque. – Vamos Ponyta, você consegue!

Por um instante Dave e Jake acreditaram que Ponyta não iria conseguir, e até mesmo Erika esboçava um sorriso com um leve toque de alivio e orgulho quando de repente Ponyta parou, suas quatro pernas tremendo, e lançou um poderoso jato de enormes chamas que rapidamente envolveram Vileplume. A última esfera de energia saltou do corpo do Pokémon e ela ameaçou cair, mas manteve-se de pé enquanto as chamas cresciam o suficiente para tirar Vileplume de vista.

– Volte! – disse Erika, estendendo a Pokebola e lançando o raio vermelho para o centro do circulo de fogo, recolhendo seu Pokémon e admitindo a derrota.

Ponyta tremeu mais uma vez, apagando as chamas de seu ataque. O raio da Pokebola de Mary Jane foi a única coisa que a impediu de tombar sem forças no chão chamuscado de brasas.

– Muito bem Ponyta. Está para vir o dia em que você não vai me surpreender com a sua força. Por um momento eu pensei que você não fosse aguentar – confessou a menina, falando com a Pokebola.

Dave e Jake saltaram os degraus da pequena arquibancada e correram para junto da amiga, a mais nova vencedora da insígnia do arco-íris. Dave mal podia acreditar na batalha que testemunhara. Ainda que Mary Jane tivesse saído vencedora, o menino surpreendera-se com a força e capacidade da líder do ginásio. Ela enfrentara talvez o mais forte Pokémon puramente voador conhecido e saíra vitoriosa e ainda conseguira fazer boas lutas em seguida contra um forte Pokémon de fogo. Dave não esperava que Mary Jane fosse encontrar tantas dificuldades na partida, mas Erika provou porque Celadon é um lugar tão reconhecido por seu ginásio.

A mulher se aproximou com o sorriso mais sincero que Dave já havia visto, e era difícil acreditar que acabara de perder uma batalha nervosa e complicada. Estendendo a mão ela presenteou Mary com a insígnia do arco-íris, um círculo de sete pedras com as cores do arco-íris presos como pétalas a um centro de prata brilhante.

– Você é uma das treinadoras a quem mais tenho orgulho de entregar essa insígnia Mary. Soube muito bem tirar vantagem dos tipos de Pokémon em seu time e ainda provou que eles são incrivelmente bem treinados. Você tem talento menina, tanto para batalha quanto para criação.

Dave não conseguiu conter uma forte pontada de inveja, mesmo sabendo que Mary Jane merecia cada palavra daqueles elogios.

– Obrigada Erika, isso significa muito para mim. Especialmente vindo de você! – Mary Jane sorriu.

E assim, os três rumaram para a saída do ginásio, não sem antes Dave prometer que voltaria logo para enfrentar a sua mais formidável oponente até então.

–.-.-.-.-.-.-.-.

Mary Jane estava radiante enquanto o trio voltava caminhando com calma para o Centro Pokémon. Ela até mesmo convidara os meninos para uma das mais caras casas de café da cidade e lhes pagou um segundo café da manhã recheado de croissants, cookies e outras pequenas delícias que as casa de café tem a oferecer. Tudo, é claro, custeado pelo premio em celanis que a menina ganhara do ginásio. Dave achou que ela teria de carregar um grande amontoado de notas especiais de celanis e ficou surpresa quando tudo o que ela ganhou foi um cartão magnético. De acordo com ela era assim que se faziam circular os celanis.

Logo em seguida eles fizeram um breve passeio pela cidade antes de finalmente voltarem para o Centro, graças a persistente insistência de Dave. O menino estava feliz para a amiga, mas também bastante preocupado com a sua iminente partida contra Erika, que se mostrara uma oponente ainda mais forte do que ele previra. Ele ainda precisava treinar muito para enfrenta-la e começava a temer passar tempo de mais em Celadon.

As portas automáticas de vidro se abriram e o grupo entrou conversando tranquilamente. Mary Jane se encaminhou de pronto ao balcão de atendimento onde a enfermeira Joy parecia bastante concentrada em seu computador.

– Oi enfermeira, será que eu posso deixar meus Pokemons com você? Acabei de ter uma batalha e tanto lá no ginásio.

A mulher de cabelos rosa, prestativa como sempre, parou o que estava fazendo e sorriu para a treinadora.

– Claro que sim, querida! Imagino que tenha saído vencedora – disse ela, em tom de questionamento.

– E poderia ser diferente? – sorriu Mary, entregando o par de Pokebolas à enfermeira. As duas trocaram gentilezas quando finalmente a mulher no balcão pareceu notar Dave e Jake um pouco atrás da menina.

– Ah sim, quase me esqueço. Mary, você poderia, por favor, passar um recado para o Dave? Uma mulher passou aqui há mais ou menos vinte minutos procurando por ele. Tinha um cabelo verde e parecia cansada. Pelo jeito parecia ser importante, mas ela não quis esperar.

Por um segundo MJ franziu o cenho, tentando imaginar quem era, e então arregalou os olhos. Não pode ser!

– Cabelos verdes? Ela deixou o nome enfermeira?! – disse ela, em tom urgente.

– Não, apenas perguntou se ele estava aqui. Disse que sim, é claro, mas ela não quis esperar. Saiu com bastante pressa. Achei tudo muito estranho. Está tudo bem?

– Sim, sim é claro! – disse Mary, tentando disfarçar o espanto no rosto e agir normalmente. Forçou um sorriso e respondeu – Vou passar o recado – e virou-se para seus amigos.

Com a cabeça trabalhando a mil e o coração disparado em seu peito, Mary Jane aproximou-se a passos rápidos, segurou firmemente o braço de Dave e o puxou para um canto mais discreto no hall de entrada do grande edifício.

– EI! – reclamou ele, sem entender, enquanto Jake e Eevee os seguiam as pressas – O que está acontecendo?

– Fala baixo! – disse Mary, em sussurros – Uma coisa aconteceu...

– Fala logo, você está me preocupando...

– Muito bom, por que é assim mesmo que você precisa estar. A Aya esta aqui!

Dave, Eevee e Jake arregalaram os olhos e prenderam a respiração enquanto a noticia tomava forma em suas mentes. Mary Jane explicou brevemente a conversa que teve com a Enfermeira Joy. Não havia provas concretas, mas também não havia duvidas na mente dos três de que era Aya, a ajudante de Casper, líder desaparecido do ginásio de Zaffre que passara pelo centro Pokémon mais cedo.

– Mas como ela sabe que a gente está aqui?! – perguntou Jake, sem entender – Ela não pode ter nos seguido a pé. Nós chegamos aqui voando no Pidgeot!

– Verdade – disse Mary Jane, pensativa – A não ser que...

– “A não ser que” o que?! – exclamou Dave enquanto a amiga mordia o lábio inferior. Uma expressão irreconhecível passou por seu rosto antes dela responder, insegura:

– Não sei... Olha, eu preciso pensar um pouco, vai para o seu quarto Dave, e não saia de lá nem para treinar. Eu vou ver o que consigo descobrir e pedir a enfermeira para dizer a ela que já saímos caso a Aya volte. E então vou para o seu quarto também para nós discutirmos o que vamos fazer.

– Ok, enquanto isso eu vou ligar para o detetive Henry! – disse Jake, mas Mary o segurou pelo ombro antes que ele pudesse se mover em direção à sala de telefones.

– NÃO! – exclamou, mais alto do que pretendia – Ainda não Jake, confie em mim... – e saiu andando em direção ao balcão.

–.-.-.-.-.-.-.-.-.-

Passaram-se cerca duas horas até que Eevee corresse para a porta do quarto prevendo a chegada de Mary Jane. Pouco depois os meninos a ouviram batendo na porta e pularam da cama para atendê-la.

– E então? – perguntou Jake – descobriu alguma coisa?

– Na verdade, não. – disse ela, o rosto ainda franzido – Perguntei a alguns treinadores que estava por aqui pelo centro e algumas pessoas na redondeza, mas não me arrisquei muito longe, com medo dela me achar antes que eu a encontrasse. Sei que ela foi à área de treinamento te procurar, depois voltou e perguntou na recepção, mas logo depois saiu e ninguém sabe dizer para onde foi.

– Vamos ligar para a polícia então – disse Dave, virando-se para sair do quarto em direção aos telefones. Mary, porém, bloqueou sua passagem.

– Não acho que essa seja uma boa ideia Dave.

– Porque não?!

Mary Jane suspirou longamente antes de olhar fundo nos olhos do menino.

– Você vai ter que confiar em mim, nessa Dave, por favor. Não ligue para a polícia.

Dave pensou em se objetar a amiga, mas o tom que ela usou era muito estranho ao garoto. Ela não estava apenas preocupada, mas assustada, e Dave pensou sentir um leve tom de culpa na voz da menina. Atrás da expressão dura e concentrada, ela parecia esconder algo mais profundo.

– O que houve Mary? Está tudo bem? Você que confia tanto na policia...

– Não. Não está tudo bem Dave – disse ela – mas eu não posso explicar agora. Primeiro a gente tem que sair daqui.

– Não posso – disse ele – Eu ainda tenho que enfrentar a Erika!

Mary Jane suspirou de novo e o fitou longamente com um olhar que parecia pedir desculpas.

– Dave, eu não acho que seja uma boa ideia. – O menino não acreditava no que estava ouvindo - O primeiro lugar que eu manteria vigiado se estivesse procurando por você seria o Centro Pokémon e o ginásio. Se você voltar lá, com certeza vai ser encontrado.

– Mas eu preciso da... – Mary o interrompeu.

– Eu sei, mas existem outros ginásios por ai que podem te dar insígnias para a liga. E você pode sempre voltar para enfrentar Erika de novo quando essa loucura toda acabar, mas agora, pelo bem de Eevee, nós temos que ir.

Dave tomou alguns segundos para absorver tudo o que amiga estava falando. Não tinha a menor intenção de deixar Celadon sem a sua insígnia do arco-íris, mas a lógica de Mary parecia-lhe, como sempre, sem falhas. Ele não precisava daquela insígnia, poderia obter outras em outras cidades. O que mais queria era vencer Erika, por questão de orgulho próprio. Era a melhor líder que ele enfrentara até aquele momento e deixar aquele desafio para trás lhe parecia muito com desistência. Mas, por outro lado, a segurança de Eevee estava em jogo. Será que ele poderia arriscar aquilo por puro orgulho?

– Confia em mim, Dave... – disse Mary, mais uma vez.

– Qual o seu plano? – disse ele, finalmente decidido. Virou-se, pegou sua mochila e os poucos pertences espalhados pelo quarto e chamou Eevee para seu ombro, sorrindo-lhe e acariciando seu pelo macio. O Pokémon deu uma triste lambida em seu rosto, como em agradecimento pelo sacrifício do menino por ele.

– Sigam-me – disse ela, saindo do quarto a passadas largas.

Eles saíram pelo corredor e viraram na porta das escadas, subindo dois degraus de cada vez em sua pressa. Jake se esforçava para manter o ritmo dos amigos maiores e bufava atrás deles.

– Por que estamos subindo? – perguntou ele - Achei que íamos embora!

– E vamos! – disse Mary, mais a frente.

– Ah não! De novo não! – disse o garoto, finalmente chegando a cobertura do prédio.

– Pedi a enfermeira para cuidar rapidamente dos meus Pokemons enquanto corria por ai tentando descobrir alguma coisa – disse Mary, enquanto liberava seu Pidgeot da Pokebola – Ele ainda está bem cansado, mas a maior parte dos danos da batalha já foi tratada.

– Você pode me dizer para onde estamos indo, pelo menos? – disse Dave, enquanto agarrava a mão da menina para subir nas costas do grande pássaro.

– Fique calmo Dave. Pelo que sei o próximo ponto da sua parada é Fuschia não é?

Dave sorriu enquanto ajudava um relutante e assustado Jake a subir no Pokémon voador. Ele tinha que admitir que por maior que fosse Pidgeot, ficava difícil acomodar três pessoas em suas largas costas. Jake ficou no centro, entre Mary Jane, à frente, e Dave atrás, todos nervosos enquanto o grande pássaro abria as asas e começava, com esforço, a ganhar altitude.

– Desculpe Pidgeot – sussurrou Mary perto de seus ouvidos, enquanto acariciava suas penas – mas isso é realmente uma emergência.

A velocidade do Pokémon não fora a mesma que a da viagem para chegar a Celadon, porque Mary Jane lhe pediu para ir a um ritmo que ele pudesse aguentar mais tempo. Dave e Jake sentiam vertigem enquanto olhavam para o chão muitos e muitos metros abaixo de seus pés. A treinadora lhe explicara que pedira para Pidgeot voar um pouco mais alto, de modo que as pessoas no chão não conseguissem identificá-los com facilidade, mas isso implicava em uma temperatura bastante fria e em um ar mais rarefeito, que lhes causava dificuldades para respirar. A pressão também era um grande obstáculo os três tinham que se agarrar muito bem às penas de Pidgeot para não cair devido a tontura e a dor nos ouvidos.

A dor passou depois de um tempo, mas eles tiveram que aguentar o frio e a dificuldade para respirar enquanto o pássaro cobria toda a malha urbana da grande metrópole que era Celadon. Dave viu a Universidade do alto com seu largo campus e se demorou a olhar para a grande estrutura que era o ginásio da cidade, prometendo a si mesmo que assim que pudesse, precisando ou não da insígnia, ele voltaria a enfrentar Erika.

O sol já estava quase se pondo e Dave se encontrava perdido em pensamentos sobre Eevee e as pedras da evolução que ele nunca teria dinheiro para comprar quando finalmente eles começaram a perder altitude. Haviam deixado a região urbana para trás há algum tempo e se aproximado bastante das montanhas. A superfície lá em baixo era verde e aos poucos Dave conseguiu distinguir as copas das árvores e uma estreita estrada de terra batida um pouco mais a leste. Mary Jane ordenou que Pidgeot pousasse em uma clareira não muito distante da trilha e lá eles montaram um acampamento com os últimos raios do dia como guia. Todos estavam satisfeitos por estarem de novo em terra firme, com o calor de uma fogueira e a incrível facilidade para respirar para qual eles nunca tinham dado tanto valor. Apesar disso não falavam nada, apenas montaram uma fogueira e se aproximaram do fogo aceso pela Vulpix de Jake.

O menino mais novo estava preparando algo para comer e Dave acariciava Eevee quando Mary Jane sentou-se ao lado do menino. Um ronco no estomago da menina chamou a atenção do garoto e os dois riram por um instante. Não haviam ao menos almoçado e estavam morrendo de fome.

– Olha Dave, eu preciso te confessar uma coisa – Disse Mary, abraçando os joelhos e olhando para o chão por entre as pernas. Dave não conseguiu ler o seu rosto.

– O que foi?

– Teve um motivo pelo qual eu não queria que você falasse com a polícia lá em Celadon – disse ela, suspirando.

– Pois é, eu achei estranho. Você que insistiu tanto que falássemos com eles antes...

– Eu confiava neles – disse ela, olhando para ele. A voz estava pesada e por um momento ele achou que os olhos da menina estavam cheios de lágrimas, mas ela olhou para o chão de novo, e ele não podia ter certeza – Mas não tenho mais tanta certeza. Acho que foram eles que avisaram a Aya.

– Por quê? – perguntou Dave, intrigado.

– Você não acha estranho Dave? Pouco depois de termos dito a nossa localização para a polícia, a Aya encontrar a gente? O Jake está certo, não tem como ela ter seguido a gente. Alguém falou para ela que estávamos aqui...

– Ela pode ter adivinhado... – disse Dave, não acreditando muito nas próprias palavras.

– Sim, pode, mas ainda acho muito mais provável que tenha sido informada por alguém...

– É, eu tenho que concordar. – disse Dave pensativo.

– Tem mais uma coisa que eu preciso contar – disse ela, agora deixando a voz falhar por um segundo – eu preciso pedir desculpas...

– Pelo que? – disse Dave, preocupado.

A menina suspirou alto, como se tomando coragem para falar novamente. Tomou alguns segundos até que finalmente conseguiu dizer, muito rápido – Fui eu quem contou ao Henry que o seu Eevee era o perseguido pela Equipe Rocket...

Dave deixou aquela informação girar no ar por alguns momentos até compreender totalmente o que sua amiga estava lhe contado.

– O QUE?! – exclamou ele, quase levantando. Jake tomou um susto e se virou para ver o que estava acontecendo

Ela olhou para ele deixando a primeira lágrima escorrer pelo lado direito do rosto iluminado agora apenas pelo fogo.

– Eu confiava na polícia, e o Henry parecia um cara legal. Eu sei que prometi que não ia contar, mas era uma informação importante demais para esconder dele.

– Eu sei que era importante! Por isso eu não queria essa informação nas mãos de qualquer um! – esbravejou o menino.

– Eu sei, você tem razão. Eu vejo isso agora. Me desculpe, por favor... – disse Mary, tentando seguir o menino, que agora rodava em volta da clareira massageando a cabeça, tentando entender tudo o que acabara de descobrir.

– Foi ele quem avisou a Aya! – concluiu Dave – Foi ele!

– Dave, por favor, eu sei que...

– E foi você que contou a ele sobre a Mindy também. Sobre tudo! – concluiu Dave, sem saber o que fazer em seguida.

– Não, não disse nada sobre isso! – defendeu-se Mary, ainda chorando.

– Mentirosa! Traidora! – esbravejou Dave, fora de si, enquanto Jake observava tudo de longe sem dizer uma palavra.

– Não – disse ela – Espera, não fala isso!

– É o que você é! Agora a policia está atrás de mim também, tudo por sua causa! Traidora! – berrou ele novamente, seu rosto vermelho de raiva. – Nunca mais olhe na minha cara, nunca mais fale comigo Mary Jane. Eu vou embora agora! Vamos Eevee!

Dave rumou para seu saco de dormir, pronto para guardá-lo e rumar para a estrada, procurando outro lugar para dormir, mas Mary o segurou, já mais controlada e tentando não chorar.

– Não! – disse ela, mas ele afastou a mão da menina – Dave me escuta! Você não vai a lugar nenhum. Quem vai sou eu! – disse ela impositiva. Dave virou e a encarou de frente, ainda enraivecido.

– Quem é você pra me dizer o que fazer?

– Alguém que, apesar de tudo, ainda se importa com você e sabe que você precisa seguir esse caminho se quiser continuar para Fuschia. E que sabe que você não vai sair do caminho traçado pela sua queridinha Mindy por nada nesse mundo. – Disse ela, se permitindo ficar com raiva também e se dirigindo para suas próprias coisas. – Eu sou alguém que pode estar bem longe daqui em questão de minutos, nas costas do meu Pidgeot, e alguém que, apesar de tudo, pode te ajudar a garantir a segurança na sua estrada até Pewter.

Dave não esperava a reação raivosa da garota e calou-se, respirando rapidamente enquanto tentava se controlar. Do que ela está falando?!

– Escuta, eu pretendia fazer isso só amanhã, mas acho que você não vai me querer por aqui até lá. – disse ela, provocando.

– Pode contar com isso – respondeu Dave, sem titubear.

– Pois bem, então escuta com atenção. Eu vou subir no meu Pidgeot e vou dormir escondida na floresta. Amanhã cedo retomarei a minha jornada e durante o dia vou chegar a Saffron. Lá eu vou me reportar à polícia de novo, sozinha, como fiz em Celadon, e se você se mantiver na surdina daqui para frente, toda polícia vai acreditar que você está comigo em todas as cidades em que eu for, está entendendo?

Dave não respondeu. A ideia lhe soava muito boa, mas Dave não tinha a mesma confiança em Mary Jane do que naquela manhã. A menina liberou o seu Pidgeot, pegou a sua bolsa e subiu no Pokémon.

– Eu sei que você não confia em mim agora, mas você não tem muita opção, ok? – Já em cima do pássaro, ela abriu a bolsa e tirou uma pequena caixa preta amarrada com uma fita amarela e a jogou na direção de Dave, que deixou deliberadamente que o objeto caísse no chão ao seu lado. Não pretendia aceitar nada da garota.

– O que é isso?! – debochou o rapaz – Você acha que um presente vai me fazer confiar em você de novo?! Você acha que um presente vai fazer ficar tudo bem?!

Ela suspirou e olhou com um olhar cheio de dor para o amigo, deixando novamente as lágrimas escorrerem.

– Eu sei que errei, e sei que você tem todos os motivos para não confiar em mim agora, mas eu sempre quis te ajudar Dave. Sempre! Esse é um presente que eu achei que você merecia, por não poder ter ficado em Celadon. Se você não quiser, tudo bem. Deixe ai. Eu só queria que você soubesse que você foi o melhor amigo que eu fiz nessa viagem.

E com um breve sinal para seu Pokémon a menina voltou a chorar copiosamente, enquanto Pidgeot ganhava altitude e sumia no meio da noite.

Jake estava estático em frente à fogueira e Dave tremeu com uma brisa fria, sem saber o que pensar. Automaticamente se encaminhou para a pequena caixa preta embrulhada e desamarrou o seu laço, deixando-o cair no chão. Tirou a tampa e viu lá dentro uma pedra esverdeada, brilhante, com uma marca que muito se assemelhava a um raio destacando-se no centro. Por um momento ele perdeu a respiração, sem saber como reagir, e então deixou as lágrimas escorrerem enquanto ele segurava em suas mãos uma pedra do trovão.


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Notas finais do capítulo

E então? O que acham? Acreditam nela? Não acreditam?

Quero a opinião de vocês! Espero todo mundo nos comentários!



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