Evolution: Parte 3 escrita por Hairo


Capítulo 20
Brincando com Fogo


Notas iniciais do capítulo

Bom, essa era a segunda metade do último capítulo, que foi dividio em 2 por causa do tamanho, para variar.

Ansiosos para ver o que vai rolar? Sem mais enrolação, então. Boa leitura!



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Capítulo 20 – Brincando com fogo

Mindy e Charmeleon estavam esperando enquanto Blaine parecia tomar seu tempo para escolher qual seria seu próximo Pokémon. Mindy esperava que tivesse pego o homem de surpresa com a escolha de um Pokémon de fogo, mas ainda não tinha certeza de que aquela era a melhor opção. Provavelmente teria que medir a potencia de Charmeleon contra o adversário que o líder relutava em escolher, e mesmo tendo plena confiança em seu primeiro Pokémon isso não era uma perspectiva positiva, principalmente depois dos relatos de Dave e de ter visto Rapidash em ação.

Ela observou enquanto o homem mais velho sacava finalmente uma Pokebola e a encarava sem expressão. Segurou a esfera branca e vermelha na mão direita por um segundo, olhou diretamente nos olhos do Pokémon de Mindy, e então a lançou no ar. A menina segurou a respiração em antecipação.

No auge do lançamento, a esfera se abriu, liberando uma criatura envolta em luz brance brilhante que foi tomando forma com os dois pés firmados no chão. O Pokémon era grande e forte, se colocava sobre duas patas e tinha dois braços menores. Seu tronco era largo e tão musculoso que Mindy chegou a pensar que fossem de pura rocha. A cor de sua pele também ajudava a associação, sendo de um cinza claro quase azulado, contrastando com uma área cor de creme na região do estomago. Tinha uma cauda grande e também cinza, uma cabeça larga, com duas orelhas se levantando quase como chifres. Mas o que assustou Mindy foi o chifre verdadeiro que se estendia um pouco acima do seu nariz, entre seus olhos.

Se Mindy achava que tinha pego Blaine de surpresa, era ela quem estava de queixo caído ao se deparar com um Rhydon.

Isso muda as coisas concluiu ela rapidamente. Rhyhorn era um Pokémon de força, o que exigiria bastante da mobilidade de Charmeleon. Além disso, era do tipo terra e pedra, ambos em vantagem contra Pokemons de fogo tanto do ponto de vista defensivo quanto ofensivo. Mindy percebeu que a escolha de Blaine não a colocava em boa situação. Já de inicio sabia que tinha que se manter a uma distancia segura de seu oponente, e sabia que seus ataques a distancia não causariam os danos que deveriam.

Percebeu então que teria de descobrir como vencer aquele desafio durante a luta, já que Rhydon já corria em direção a seu Pokémon.

– Cuidado!

Charmeleon pulou com destreza para a direita, escapando com folga da carga poderosa do pesado oponente, que precisou de mais alguns segundos para conseguir frear e mudar de direção. Mindy percebeu que se Rapidash era veloz e ágil, o mesmo não era verdade para Rhydon, que teria mais dificuldades com a mobilidade de seus membros rígidos e corpo pesado. Em compensação, tinha a sensação de que se Charmeleon tivesse sido atingido pela carga há pouco, a luta já teria chegado ao fim.

Rhydon fez a cruva e voltara a olhar seu alvo, mas dessa vez não estava mais correndo em sua direção, mas apenas o observando. Alguns segundos se passaram e Mindy não teve coragem de ordenar um ataque direto, sabendo que o fogo seria um desperdício de energia e outro ataque obrigaria seu Pokémon a se aproximar mais do que a distancia recomendável. Hesitou mais de duas vezes, e Blaine pareceu perder a paciência.

– Explosão rochosa!

Mindy conhecia aquela técnica e sabia de seu poder, mas ainda assim achava que ser capaz de se defender. O Pokémon rinoceronte bateu no chão com seus dois pés, fazendo a arena tremer. Seus olhos então brilharam e um circulo de pedaços de pedra do tamanho de um punho se elevaram e iniciaram um movimento de rotação em volta dele. Mindy observou com paciência até que as rochas foram lançadas com um estrondo na direção de seu Pokémon e então ordenou a represália. Ela teria de ser ainda mais poderosa do que o ataque inicial, mas ela tinha bastante confiança em Charmeleon.

– Queime-as todas!

O lagarto de fogo cuspiu uma quantidade impressionante de fogo, sabendo da dificuldade da missão que sua treinadora lhe havia imposto. Mindy se surpreendeu ao ver que ele conseguira criar uma substancial parede de chamas a sua frente, obrigando todas as pedras atiradas em sua direção a atravessarem. A temperatura para destruí-las, ainda assim, tinha de ser extremamente alta.

A estratégia funcionou parcialmente. Boa parte das pedras foram de fato transformadas em pó, mas outra parte conseguiu atravessa a barreira e atingir o alvo. Charmeleon acusou o golpe, caindo sobre uma das pernas e exibindo novas manchas e arranhões na pele causados pelo impacto das rochas em brasa. Mas Blaine não tinha terminado. Enquanto Mindy se preocupava com seu Pokémon, ele ordenou o próximo ataque.

– Tumba de pedra!

A menina congelou pensando no que fazer. Um salto não iria funcionar, e queimar as pedras já se provara não ser uma estratégia eficiente contra um ataque ainda mais poderoso. Precisaria de tempo de mais para derreter aqueles blocos espessos. Precisava fazer com que Charmeleon se movesse, mas ele estava ajoelhado e parecia atordoado por uma rocha que o atingira especialmente no centro da testa. Ainda assim, Mindy não viu outra saída.

– Saia já daí! Não para de se mover!

Seu Pokémon fez o que pode para obedecê-la, saltando imediatamente para frente procurando de onde viria o próximo ataque. Nesse momento uma coluna de rocha explodiu no chão por baixo dele e subiu em grande velocidade, atingindo-o no rosto e o jogando para trás de costas no chão. E então, em toda a sua volta, novas colunas subiram do solo, se fechando em sua volta e o aprisionando lá dentro. Mindy sabia que as rochas continuariam a brotar do chão até que não mais restasse espaço para Charmeleon lá dentro.

Eu não tenho outra saída se não quebrar isso tudo concluiu ela relutantemente. Imediatamente ela pensou em uma maneira de colocar a ideia em prática. Poderia levar mais tempo do que o ideal, mas era a única opção em que conseguia pensar.

– Incinerar e cauda de ferro!

Blaine continuou ilegível, mas Mindy sabia que seu plano funcionaria. O ataque de incinerar faria com que Charmeleon aumentasse exponencialmente a temperatura de seu corpo de modo que a própria pele entraria em chamas. Dentro daquele ambiente, a temperatura aumentaria ainda mais rápida, enfraquecendo as pedras, que seriam então atingidas pela cauda metálica aquecida do Pokémon de fogo. A menina viu a tumba criada por Rhydon tremer e soube que Charmeleon havia iniciado os trabalhos e que tudo estava correndo bem. E então ouviu a próxima ordem de Blaine.

– Chifre perfurador!

– O que?! – ela não conseguiu evitar a exclamação em voz alta – Rápido Charmeleon! Rápido.

A menina observou enquanto Rhydon se lançava em uma corrida para o ataque e seu chifre começava a girar na cabeça. Ele tinha espaço e com certeza atingiria uma velocidade em que conseguiria por abaixo a tumba de pedras que ele mesmo havia criado e que Charmeleon ainda estava preso dentro. A tumba tremia com o esforço que o Pokémon da menina fazia para escapar o mais rápido possível, mas Rhydon se aproximava com tamanha velocidade que ela percebeu que o tempo que tinha não era suficiente. Temia que a luta já tivesse terminado e não houvesse nada que ela pudesse fazer.

E então, enquanto o Pokémon de Blaine se aproximava com força e velocidade a tumba parece explodir de dentro para fora, lançando grandes pedaços de rocha para todos os lados. Mindy e Blaine foram obrigados a se proteger dos fragmentos menores e da poeira, mas Rhydon foi atingido por um pedregulho particularmente grande que voou em sua direção. A pedra se chocou contra seu chifre e se partiu, mas tamanha era sua violência que o simples impacto lançou o Pokémon terrestre para trás, freando a sua investida.

A menina não acreditava que seu Charmeleon tivesse tamanho poder para fazer explodir toda a tumba de uma só vez, e tampouco aceitava que ele conseguisse fazer aquilo em obediência às suas ordens. A estratégia que ela adotara não implicava em nenhuma explosão e para fazer aquilo ele teria que desobedecê-la por conta própria, o que não era de seu feitio. A garota tentava raciocinar rápido, mas não conseguiu entender o que havia acontecido até conseguir ver claramente a arena de batalha.

Blaine parecia tão estarrecido quanto a garota quando viu, acima do chão, um grande dragão laranja cuspindo fogo para o alto e batendo as asas levemente para se manter no ar. Os ventos criados pelas grandes asas ajudaram a limpar a poeira da explosão que a evolução causara e agora tudo estava mais claro para os treinadores. O choque do líder de ginásio só não era mais aparente que o de Mindy, que parecia extremamente dividida entre a surpresa genuína, a alegria pura e simples e uma explosiva animação.

*-*-*-*-*-*-*-*-*-*

Dave encarou Kato por um segundo enquanto tentava processar o que estava acontecendo. Nenhum dos dois era capaz de pronunciar uma palavra sequer. O ambiente estava escuro, o que apenas servia para dar maior destaque às chamas que saiam em erupção do corpo de Magmar, que parecia os encarar com desafio. Apesar disso, o Pokémon de fogo estava imóvel. Kato percebeu que a aparição da criatura era tão estranha quanto a sua falta de ação depois. Não havia sentido em se mostrar apenas para ficar parado, ainda mais com a pedra do fogo nas mãos. Era como se ele já estivesse esperando a visita de Dave. O pensamento não o agradou e ele percebeu que Magmar estar esperando Dave era uma dedução tão absurda quanto a anterior. Deveria existir outra explicação.

Dave, entretanto, passou a trocar olhares com Eevee, deixando de prestar atenção do pesquisador. Não existiam muitas duvidas na cabeça do menino naquele momento, a não ser aquelas causadas pela surpresa. A pedra no fogo nas mãos de Magmar era uma mensagem bastante clara. O Pokémon de fogo tinha o que o menino queria, e se ele realmente quisesse, teria de tomar dele. E ele não tinha duvida de que sua melhor esperança de conseguir aquilo era seu Eevee. Ele só tinha um problema.

– E se a pedra tocar em você? – disse ele, e Eevee pareceu genuinamente preocupado por um minuto.

Kato ouviu a pergunta de Dave e olhou assustado para a conversa dos dois, sem acreditar que estava entendendo direito o que estava acontecendo. Não podia acreditar que Dave estava realmente disposto a arriscar a integridade de Eevee contra um Magmar dentro de um vulcão. Aquilo podia ser considerado além de irresponsável e egoísta, e Dave sempre havia se portado como deveria. Aquilo não podia ser verdade. Sua surpresa o deixou nervoso, mas ele entrou em estado de choque quando viu Eevee fazendo um sinal de que não se importava com aquilo.

Se Dave estava agindo contra a imagem que Kato tinha dele, a atitude de Eevee era completamente incompatível com tudo o que Kato conhecia dele. O homem não sabia o que fazer. Será que eu realmente não conheço esse Eevee?

– Dave espera! – O homem fitava Magmar, que continuava parado como se esperando os visitantes se decidirem.

– O que?! – o menino parecia confuso com a intervenção do pesquisador.

– Olha, você tem certeza de que isso é uma boa ideia? Não estou gostando disso, Dave.

– Eu também não, mas não parece que temos muita escolha não é?

Kato pareceu considerar outras opções por um momento antes de continuar.

– Você tem certeza de que essa pedra vale todo esse riso?

O menino se balançou e encarou Eevee, que devolveu um olhar cheio de confiança.

– Não sei, mas se o Eevee está disposto, eu também estou.

– Dave... – Kato parecia não saber o que falar em seguida – Pelo menos deixe que eu e Alakazam cuidemos dele então.

O menino de Grené sorriu, mas balançou negativamente a cabeça.

– Eu entendo e agradeço a sua preocupação Kato, mas se alguém tem que fazer isso, devo ser eu. Afinal, é por mim que estamos aqui. Não vou deixar você se arriscar assim.

– Dave, mas eu ...

Não havia mais discussão e Kato sabia disso. Dave já havia lhe virado as costas e fitava intensamente Magmar estacionado do outro lado do abismo de fogo. Eevee saltou para o topo da coluna mais próxima e o Pokémon de fogo sorriu, imitando a pequena raposa e se posicionando em uma das pilastras de pedra que surgiam da lava. A temperatura do ambiente aumentou sem motivos aparentes e Dave soube que uma batalha estava prestes a começar.

Magmar não esperou mais um segundo sequer. Ainda com a pedra nas mãos, ele cuspiu uma forte rajada de fogo na direção de Eevee, que saltou para a plataforma mais a direita. Dave percebeu que seu maior desafio ali seria a mobilidade, considerando-se o risco de se cair na lava. Olhou de relance para Kato, apreensivo, e pensou por um momento que talvez devesse ter aceitado a sugestão do homem.

Balançou a cabeça afastando o pensamento de covardia e voltando a se focar na luta. Percebeu que o fogo que Magmar havia cuspido parecia ligeiramente diferente do que ele conhecia. Apesar das chamas normais, ele pensou ter visto algo mais solido, ou liquido que não soube bem reconhecer. Tentava se convencer de que aquilo não era lava.

– Eevee, atinja-o com o bola das sombras!

Magmar se movimentou com mais agilidade que Dave previa que o Pokémon fosse capaz e logo estava em outra das colunas, enquanto o ataque de Eevee explodia contra uma parede do outro lado do local. Dave trincou os dentes e tentou pensar no que fazer. Não gostava da ideia de se aproximar de um Magmar, principalmente sabendo que seu corpo mantinha uma temperatura extremamente alta. As ondas de calor a sua volta, combinadas as cores de sua pele causavam a ilusão de que seu corpo estava envolto em fogo.

Magmar saltou no ar e girou sobre seu próprio eixo, enquanto suspenso, e começou a cuspir fogo. Dave teria apreciado a beleza daquele movimento se não estivesse tão preocupado com seu Eevee. A rajada de fogo caia em espiral em volta do corpo do Pokémon que morava no vulcão, e iria atingir gradativamente a grande maioria das pilastras em que Eevee poderia usar como apoio. Dave teve menos de um segundo para tomar uma decisão.

– Para baixo dele! Agora!

Eevee pulou imediatamente passando por três pilastras segundos antes de o fogo as atingirem e parou exatamente em baixo de Magmar, que já estava caindo. O Pokémon pareceu surpreso, mas não tinha como frear o movimento. Dave teve mais uma vez de pensar em frações de segundo.

– Proteja-se!

Eevee se envolveu em uma barreira protetora e Magmar se chocou contra ela com violência, e então quicou, caindo para o lado. A pedra do fogo em sua mão se soltou e voou alguns centímetros de altura, e Dave observou seu trajeto congelado, sem saber o que fazer. Não tinha previsto esse efeito para o golpe que desferira.

Magmar caiu desequilibrado pela direita, tentando inutilmente agarrar o ar enquanto era puxado em direção a lava no fundo do poço, enquanto a pedra descreveu uma parábola pelo ar e começava lentamente a cair. Dave não tinha esperanças de que ela caísse em uma das pilastras, mas também não tinha coragem de ordenar que Eevee pulasse e a pegasse com a boca. Para sua surpresa ela caiu em uma das colunas de pedra e o menino suspirou aliviado. E então ela quicou e, em seguida, mergulhou novamente em direção à lava.

Isso não pode estar acontecendo! Pensou o menino em um segundo de desespero. Viu o olhar de Eevee imitar o dele, mas sabia que seu Pokémon nada podia fazer. A pedra já havia passado da altura do abismo para a lava e se Eevee pulasse atrás dela, não teria salvação e seguiria Magmar para o liquido que o mataria. Dave sabia que Magmar sobreviveria à queda da mesma maneira que sabia que seu Eevee não.

Ouviu o barulho pesado do corpo do Pokémon de fogo se chocar contra a lava no fundo e ser engolido por ela, mas mantinha seus olhos fixos na pedra levemente avermelhada que continuava em queda livre. O motivo de ele ter ido até ali estava agora fora do seu alcance e não havia nada que ele pudesse fazer. Aventurara-se a toa. Arriscara-se inutilmente. Teria de voltar para o Centro Pokémon de mãos vazias.

E então a pedra parou no meio do ar.

– Você ficou realmente preocupado por um momento não? – perguntou Kato, com um sorriso nos lábios. Seu Alakazam havia usado seus poderes psíquicos para controlar a pedra e traze-la até Dave.

O menino quase caiu no chão de tanto alivio. Até Eevee parecia surpreso e feliz. Nenhum deles podia acreditar que tudo tinha sido assim tão fácil. Magmar se provara um inimigo poderoso, mas fora mais fácil derrota-lo do que se podia esperar e agora a pedra do fogo estava, finalmente, nas mãos de Dave. Eles só precisavam volta, vitoriosos, e Dave finalmente tinha todas as pedras da evolução. Mal podia esperar para coloca-las uma do lado da outra, como sempre estiveram em seus sonhos.

Agora se um dos seus Pokemons quisesse evoluir, a falta de pedras não mais seria empecilho. Pela primeira vez ele realmente entendeu o motivo de toda aquela ambição. A decisão de evoluir era do Pokémon, mas no seu caso, se um de seus Pokemons decidisse evoluir, talvez aquilo não fosse possível. E ele não podia aceitar aquilo. Tinha colocado como missão para si mesmo tornar possível a escolha dos seus Pokemons, seja aquela escolha qual for.

Nunca havia se sentido tão vitorioso quanto naquele momento. Olhou para seu Eevee, ainda parado em cima das colunas de pedra, e deu o maior sorriso que se lembrava ter dado para ele. A pequena raposa retribuiu o sorriso e pulou uma pilastra em direção a seu treinador. Ainda faltavam três no caminho, mas sem oposição elas não se mostravam mais um verdadeiro desafio.

Ele pulou mais uma, então outra, e apenas uma restava quando uma poderosa bola de fogo surgiu do meio da lava abaixo e o atingiu ainda no ar, jogando-o para o alto com força. Eevee gritou de dor e susto, e Dave ficou paralisado em estado de choque enquanto observava seu Pokémon voar para cima aparentemente ainda em chamas. Em seguida, um Magmar claramente irritado saltou da lava de volta para o campo de batalha, encarando Dave ferozmente.

*-*-*-*-*-*-*-*-*-*

Era difícil acreditar em seus olhos quando eles lhe diziam que seu Charmeleon havia evoluído em um Charizard. Até Jake parecia estar sem palavras. Mindy sempre esperara ansiosamente por aquele momento e sempre se imaginava pensando na mãe quando isso acontecesse, mas na verdade ela não conseguia pensar em absolutamente nada a não ser o grande dragão laranja voando a poucos metros dela. Ele era grande, mas não tão grande quanto o de Susan. Definitivamente era maior do que Rhydon de Blaine.

O rugido feroz que ele lançou ao ar causou arrepios na garota, que se reconheceu ali. Aquele era seu Pokémon. Aquela era a sua cara. Nada mais poderia vence-la, ela tinha certeza. Estou imbatível pensou com animação. Podia sentir o poder que tinha nas mãos e a liberdade que ele daria a ela. Tudo em seu Pokémon era perfeito, desde a sua ferocidade ao tamanho da chama que brilhava em seu rabo, agora forte e violenta. Charizard estava com raiva, e Mindy se lembrou porque.

Há pouco tempo ele estivera preso dentro de uma tumba de pedras e prestes a ser atropelado por um enorme Pokémon de pedra. Há pouco tempo ele estava certo de ser derrotado em batalha. Mas não mais. Agora seu adversário tentava se levantar depois do impacto que a pedra que o atingiu causara e ele estava voando há alguns metros do chão, fora do alcance do perigoso chifre de Rhydon. Agora ele se sentia no controle. E se Mindy conhecia um pouco seu Pokémon, sabia que ele podia ser tão orgulhoso e vingativo quanto ela.

– Vamos acabar com isso Charizard!

Não foi preciso dizer mais nada. O grande dragão laranja mergulhou do alto em direção ao ainda atordoado Rhydon cuspindo uma cortina de chamas por sua boca. Blaine podia vê-lo, mas sabia que Rhydon não. Tudo o que ele poderia ver era a enorme quantidade de fogo a sua frente. O Pokémon foi rapidamente envolto pelas chamas e sumiu de vista, e Charizard não frieou ou mudou de direção até estar muito próximo de onde seu adversário estivera há pouco. Bateu duas vezes as asas e então e interrompeu o fogo, enquanto passava por cima de Rhydon e voltava a ganhar altura.

O Pokémon de Blaine, entretanto, não parecia ter sido muito incomodado com o ataque do dragão e Mindy trancou os dentes enquanto Charizard rugia no alto, ambos frustrados pelos resultados do ataque. A menina parou para analisar a situação por um momento. Sabia que Rhydon era pouco afetado pelo fogo, e que a vantagem de ser também voador não era muito no quesito ofensifo. Ela ganhava mais mobilidade, com certeza, e podia se afastar do adversário com mais facilidade, tornando-se quase intocável, mas isso não lhe garantia a vitória. Isso não lhe garantia a insígnia.

As asas, porém, não eram as únicas coisas que tinham mudado com a evolução. Charmeleon era consideravelmente menor que Charizard, e tinha uma estrutura corporal diferente. Charizard era muito mais forte e provavelmente resistente também. Em porte físico ele, talvez, tivesse alguma chance contra Rhydon. E com as asas, caso isso se provasse uma avaliação errada, Mindy poderia simplesmente ordenar que ele saísse de alcance enquanto pensava em outra estratégia.

Deu outro sorriso quando fitou seu Charizard e ordenou que ele pousasse e encarasse seu oponente de frente. O fogo do desafio brilhou nos olhos dele da mesma maneira que brilhava nos dela. Blaine mais uma vez se mostrava indecifrável e não deu ordem nenhuma até que seu adversário estivesse novamente no chão. Mindy sentiu que a batalha estava prestes a recomeçar pela ultima vez aquele dia.

– Bulldoze! – ordenou Blaine, simplesmente.

O Pokémon de Blaine bateu duas vezes com seus pés no chão seguidamente e Mindy sentiu o chão tremer levemente. Ele bateu novamente e dessa vez ela realmente sentiu um tremor mais forte. Começava a perceber o perigo daquela situação, mas ainda não arriscava se mover. Queria ver o que viria a seguir.

Com a próxima batida de pés a menina se desequilibrou, se apoiando em Jake ao seu lado e quase derrubando-o também, mas Charizard permanecia tranquilo. Então Rhydon avançou correndo. A cada passo que dava o chão tremia novamente e ele ganhava velocidade com facilidade. A ponta do chifre de Rhydon brilhava enquanto se aproximava do dragão de fogo., mas Mindy continuava a esperar o momento certo.

– Charizard, gire por cima e o arremesse.

Imediatamente o Pokémon deu um salto para o alto e com um movimento rápido das asas, abrindo e fechando, ele girou seu corpo por cima do grande Pokémon de Blaine e agarrou seu chifre com as mãos. O movimento contínuo do seu corpo era forte de mais para ser parado e, com as asas fechadas, o peso do dragão o puxou para baixo, obrigando-o a movimentar seu corpo e cair de pé, tudo sem largar o chifre do Pokémon de pedra, que foi erguido no ar e lançado com velocidade na mesma direção de partira.

O movimento durou menos de dois segundos em si, mas Jake perdeu o ar por mais tempo enquanto observava boquiaberto Rhydon voando paralelamente ao chão em direção a uma das paredes da arena subterrânea. Ele era um Pokémon imenso, terrestre e de pedra, e pesava muito. Aquele arremesso era um testamento para força de Charizard e Mindy se orgulhou. Todo o treinamento com Kato tinha valido a pena. Seu Charizard não parecia ter evoluído a meses em vez de minutos.

E então Mindy se lembra de que seu Pokémon agora não é apenas de fogo, ou voador. Ele é também um dragão. Estivera estudando os ataques de dragão desde que capturar seu Dratini e até mesmo ensinara alguns a ele. Kato havia lhe sido muito útil naquele processo também, e a lembrou de que muitas vezes um ataque é tão natural daquela espécie que não lhe precisa ser ensinado. Ela sabia exatamente qual ataque seu Charizard provavelmente saberia automaticamente como usar.

– Charizard, acabe com isso com a fúria do dragão!

Rhydon estava muito próximo da parede quando o Pokémon de Mindy abriu a boca em um rugido estrondoso. A chama em sua cauda triplicou de tamanho e intensidade ficando maior do que qualquer fogueira que sua treinadora jamais tenha acendido, e ele começou a formar uma enorme bola de fogo e energia em sua boca.

Rhydon atingiu a parede e a rachou, caindo no chão com dores, mais ainda pronto para luta. Parecia enfurecido, mas Blaine do outro lado estava visivelmente preocupado. A mascara impenetrável que ele costumava usar em suas batalhas havia caído e ele percebera que estava com problemas. Rhydon estava irritado, mas tinha dificuldades para se levantar e o ataque de Charizard estava prestes a ser desferido. A bola de fogo e energia já estava maior que sua boca, e ele finalmente a cuspiu em enorme velocidade e fúria contra seu oponente.

– Proteja-se! – gritou Blaine, desesperado.

Rhydon se envolveu automaticamente por uma barreira de energia e o ataque de Charizard bateu contra ela com força, sem se dissipar. A luta de forças durou apenas segundos, mas Mindy sentiu ter vivido horas de tensão enquanto tentava inutilmente mandar energias com a mente para o ataque de seu Pokémon. Sabia que era inútil, mas sabia também que era inevitável. A força de Rhydon era incrível, mas ele já estava desgastado de toda a luta, e acabara de sofrer um golpe impactante. A barreira se esvaiu depois do choque, e o ataque explodiu sonoramente, fazendo com que toda a galeria subterrânea tremesse.

Quando a poeira se dissipou, Rhydon estava desmaiado no chão, com um enorme buraco aberto na parede às suas costas. Charizard rugiu vitoriosamente, lançando chamas para o teto, e Mindy correu na sua direção, se jogando contra uma das pernas do dragão em um abraço apertado. Nem tentou esconder as lágrimas que corriam pelo rosto. Tinha tudo o que sempre quis ali, na sua frente.

O grande dragão envergou seu longo pescoço laranja e esfregou o focinho nos cabelos morenos de sua treinadora, que riu enquanto cheirava o forte cheio de fumaça que os rodeava. Não se incomodava mais, afinal aquilo fazia parte de se treinar Pokemons do tipo fogo. Jake se aproximou mais vagarosamente, pensando que talvez da próxima vez que todos os Pokemons do grupo estivesse soltos e juntos, sua Wartortle não teria tanta facilidade em pregar peças naquele grande novo amigo.

– Meus parabéns – disse Blaine, se aproximando vagarosamente da menina – você fez uma grande luta.

– Ele é que merece todos os parabéns – disse ela, secando rapidamente as lágrimas e apertando a mão de Blaine.

– Você é uma grande merecedora da insígnia do vulcão, e terei orgulho de lhe presentear com ela – disse o homem mais velho, colocando uma das mãos no bolso.

– Obrigada – disse Mindy, ainda tão afetada pelo momento que não percebeu a mudança de expressão no rosto do líder.

– Só tenho um problema – disse ele, tentando soar tranquilo.

– O que foi?

– Eu desci correndo e esqueci tudo em minha casa. Você se incomodaria de me acompanhar até lá?

Mindy riu juntamente com Blaine e Jake, e concordou com a cabeça. Estava feliz de mais para reclamar de qualquer coisa.

*-*-*-*-*-*-*-*-*-*

O Pokémon de fogo encarou Dave por apenas um segundo, deixando transparecer toda a sua raiva e frustração por ter sido derrubado de uma maneira aparentemente tão fácil. Sua determinação e sede de vingança eram visíveis através de seus olhos quando ele pulou mais uma vez para o alto, na direção de Eevee que começava a cair em direção a lava, ainda com partes do pelo pegando fogo.

Magmar o alcançou cerca de cinco metros acima de Dave e lhe atingiu com um soco flamejante que o fez gritar mais uma vez. Dave juntou seu grito de desespero ao de seu Pokémon enquanto o observava se chocar com violência contra a parede de pedra e despencar para o chão mais abaixo. Só então que o menino percebeu que talvez, não fosse aquele ataque, Eevee teria mergulhado direto na lava.

Tentou achar algum conforto naquele pensamento, mas era muito difícil enquanto ele observava seu amigo lutar para se levantar novamente. O menino percebeu com grande preocupação que ele tinha uma grande queimadura na perna dianteira esquerda, e seus pelos antes tão lisos estavam claramente chamuscados naquela região, permitindo que o menino conseguisse ver a pele vermelha e queimada por baixo. Ele não podia nem imaginar o quanto aquilo deveria estar doendo, mas Eevee se pôs de pé da maneira que pode e fixou seus olhos em Magmar. Parecia também estar com raiva

– Eevee, eu tenho a pedra. Você não precisa continuar com isso! Vamos embora... – disse Dave, quase em tom de suplica, mas Eevee apenas balançou a cabeça e mostrou seus pequenos dentes, sem tirar os olhos de seu oponente por um segundo sequer.

Magmar havia pousado no pilar mais central do abismo com graça e equilíbrio, como se exibindo todas as suas habilidades, e agora parecia entretido com a visão de Eevee. Dave percebeu que talvez não fosse assim tão fácil simplesmente dar as costas e ir embora. Não se ele conhecia seu Eevee como conhecia. Reconhecia o sentimento de desafio presente nele, e admitia que isso não era algo tão comum de se encontrar. Seu Eevee se provara o seu Pokémon mais poderoso em diversas ocasiões e ele não podia lembrar de nenhuma em que ele tivesse sido tão atingido quanto nessa. Os ataques de Magmar foram poucos, mas os estragos estavam muito visíveis. A única vez que Dave o vira tão machucado foi na noite em que o encontrou, quando o pequeno Pokémon lutou sozinho contra uma manada inteira de Ratatas para lhe salvar.

Agora que parava para pensar naquilo, depois de ver do que seu Eevee é capaz, ficou imaginando como aqueles Ratatas conseguiram causar tantos danos quando nenhum outro Pokémon que ele encontrou durante a sua viagem conseguiu, pelo menos até encontrar aquele Magmar. Dave não sabia como reagir naquela situação. Queria desesperadamente ir embora para longe das bolhas ameaçadoras de lava que estouravam mais abaixo, mas sabia que não podia. Sabia que tinha que ajudar seu Eevee a vencer, mesmo sabendo que aquilo poderia muito bem custar a vida de seu Pokémon.

Afastou aquele pensamento da cabeça, sabendo que ele apenas serviria de distração. Se mantivesse a cabeça no lugar, tinha certeza de que ele e Eevee sairiam de lá muito bem. Fora assim até agora, e continuaria sendo.

Magmar se lançou imediatamente contra Eevee, correndo pelas colunas de pedra como se fosse solo firme e contínuo. Seu corpo começou a pegar fogo no meio do caminho e, simultaneamente, ele começou a cuspir fogo em direção à pequena raposa marrom. Dave ordenou que Eevee saísse de seu caminho, mas o Pokémon deu um salto a frente e começou a correr em direção a seu oponente.

Dave prendeu a respiração sem entender quando a coluna de fogo estava prestes a atingir seu amigo, mas ela se dividiu em dois a poucos centímetros dele, passando pelo lado. Dave não sabia que Eevee podia usar o proteger enquanto se movia. Aquilo era, de fato, impressionante e abria todo um leque de possibilidades que seu treinador desconhecia.

Quando estava muito próximo de Magmar, o pequeno Pokémon normal saltou por cima da cabeça do Pokémon de fogo e deu uma cambalhota no ar, caindo em uma das colunas de pedra do abismo e disparando uma bola das sombras em direção as costas de seu oponente, que ainda tentava frear o movimento anterior. O ataque atingiu as costas de Magmar e o jogou com força contra a parede.

Eevee não parou por ai. Antes que Magmar conseguisse se recuperar do choque, a raposa já corria em velocidade contra ele, atingindo-o com uma forte cabeçada na barriga e o jogando novamente contra a parede, que mais uma vez se rachou. Dave soube imediatamente que aquela não havia sido uma boa ideia, já que os pelos na cabeça de Eevee entraram imediatamente em combustão assim que ele tocou o oponente. O corpo de Magmar se mantinha a uma temperatura sobrenatural de mais de mil graus célsius, e o contato físico com ele deveria ser evitado.

Eevee pulou para trás assustado com o resultado do seu ataque e permitiu que Magmar se recuperasse.

– Tente se acalmar! – disse Dave, vendo o desespero de seu Pokémon. O menino nuca o tinha visto daquela maneira antes, mas tinha que admitir que também nunca o tinha visto com a cabeça em chamas. Não podia culpa-lo.

Magmar, entretanto, não perdeu tempo em dar o troco. Ele olha para Eevee e cospe em sua direção algo que Dave nunca tinha visto antes. Essencialmente o menino sabia que aquilo era fogo, mas não eram simplesmente chamas. Elas tinham um formato especifico que o lembrava de um boneco com cinco traços simples e finos, só que completamente coberto de flamas. A forma estranha era indicativa de um dos mais poderosos ataques do tipo fogo existentes. A explosão de fogo. E ele estava indo diretamente para Eevee.

O menino tentou gritar, mas não havia mais tempo. Eevee estava pulando tentando apagar as chamas no topo de sua cabeça e foi atingido em cheio pelo ataque de Magmar, berrando ainda mais de dor. Foi arrastado lentamente pelo ataque até o outro lado do abismo, sendo pressionado contra a parede antes de as chamas se dissiparem no ar. Dave estava sem folego e até Kato parecia altamente preocupado, mas Eevee se levantou mesmo assim, com as pernas tremendo. O choque com a rocha apagaou as chamas em seu corpo e Dave pode perceber mais um buraco na pelagem em sua cabeça causado pela queimadura. Seu pelo outrora marrom parecia em sua maioria preto, e o menino não sabia dizer se eram consequências do fogo ou da sujeira gerada pela luta. A única coisa que ele queria era que aquilo acabasse, mas Eevee não parecia pronto para desistir.

Magmar estava ofegante, mas parecia satisfeito com o desafio. Dave imaginava que não era todo dia que aquele Pokémon conseguia enfrentar um adversário tão formidável. Mas aquilo não lhe servia de consolo. Talvez Mindy fosse tão orgulhosa quanto Eevee e estivesse ansiosa para vencer Magmar, se estivesse na sua posição, mas ele não. Gostava da adrenalina da batalha, mas não conseguia ignorar a preocupação com o estado de Eevee. Se Eevee tivesse uma Pokebola sua, Dave já o teria recolhido, mas ele não tinha. Dave nunca o capturara de fato. Dave nunca sentira necessidade de um até aquele momento, e não sabia o que fazer a seguir.

– Você consegue tirar a gente daqui? – perguntou para Kato, lançando um olhar a Alakazam.

– Nós, sim. O Eevee vai ser mais difícil. Pega-lo em movimento no meio de uma luta seria muito difícil para Alakazam, e o tele transporte é uma técnica perigosa se não for executada direito. Não posso garantir nada e não recomendo. Isso pode até ser pior.

Dave mordeu a gengiva de raiva e ignorou a dor, se arrependendo verdadeiramente de ter trazido Eevee até ali. Sua ambição causara tudo aquilo, e agora ele tinha de dar um jeito de concertar a situação. Não podia mais ver seu Pokémon ferido daquela maneira, principalmente com um abismo de lava tão próximo.

Magmar não se move. Em vez disso, fecha os olhos e Dave sabe que algo perigoso está prestes a acontecer. Olha para Eevee do outro lado e vê que suas patas continuam a tremer com cada vez mais força e ele não vai conseguir ficar de pé por muito mais tempo. Ele sabe que por mais resistente que seu Pokémon seja, as queimaduras não são fáceis de ignorar. Ele sabe que seu amigo não pode se mover com tanta facilidade como sempre e que tentar fugir de Magmar pode ser ineficaz e significar em derrota. E ele não queria pensar no que a derrota nessa luta poderia significar. Levar Eevee para o Centro Pokémon com ferimentos gravíssimos eram a sua melhor perspectiva para aquele cenário. Decidiu então que não teria outra opção.

– Eevee, uso todo o seu Poder Oculto!

O Pokémon olhou para Dave e hesitou por um segundo, e então pareceu concordar com ele. Dave sabia que estava arriscando tudo na capacidade de Eevee, mas ele nunca vira um Pokémon tão poderoso quanto o seu. Magmar estava se mostrando um oponente poderoso, mas se se provasse mais forte do que Eevee naquela ocasião, ele temia que se provaria superior em qualquer outra.

O corpo de Magmar começou a brilhar com uma cor vermelha enquanto Eevee também preparava seu ataque.

– É um superaquecimento – disse Kato, assustado. Dave não conhecia o ataque, mas se Kato se assustara aquilo não era um bom sinal.

Simultaneamente o corpo de Eevee brilhou com um aura amarelo-dourada e ele se elevou no ara por alguns poucos centímetros, flutuando fortemente concentrado, todos os seus músculos muito tensos. Dois círculos de energia se formaram em volta de seu corpo e começaram a girar lentamente, como se o orbitando. Magmar também estava concentrado do outro lado do abismo, com os olhos fechados e brilhando mais do que Dave jamais havia visto o fogo brilhar.

O Pokémon de fogo abriu a boca e cuspiu um poderoso raio de energia branca como a lua, envolta por espirais de fogo que partiram na direção de Eevee. Ao mesmo tempo, a pequena raposa do outro lado liberou seus discos de energia, que se fundiram no meio do caminho formando uma grande esfera branca maior do que Dave jamais a tinha visto. Os dois ataques voaram um contra o outro por meio segundo, até se chocarem relativamente mais próximo de Eevee.

A luta de poderes foi intensa e todo o chão tremia. Dave observou uma das pilastras centrais do abismo se quebra ao meio e desabar na lava, que borbulhava com nunca. Sentia a tensão de Kato ao seu lado não apenas pela luta, mas por saber que aquilo tudo estava acontecendo dentro de um vulcão. Os raios lutaram imóveis um contra o outro por segundos que Dave percebeu como horas. As mais longas horas de sua vida, ele concluiu depois, até que finalmente, a bola de energia de Eevee cortou o ataque de Magmar ao meio e destruiu o raio que o Pokémon de fogo cuspia.

Magmar foi lançado para trás estupefato e observou inerte enquanto a esfera energética cruzava os últimos metros e se explodia contra ele com um grande estrondo. O Pokémon quicou contra a parede de pedra, tamanha a força do golpe e rolou para o chão, inconsciente. Dave suspirou de alivio ao cair de joelhos no chão e Eevee não conseguiu ficar de pé do outro lado, incapaz de mover mais um musculo sequer. Desabou e fechou os olhos, também desacordado.

Assim que percebeu a reação de seu Pokémon Dave se levantou e correu até ele, quase se esquecendo que tinha a pedra de fogo nas mãos. Aproximou-se e estava prestes a tocá-lo quando percebeu o que estava fazendo e a guardou em um bolso da calça. Eevee estava respirando fracamente, mas parecia estável. Agora mais próximo, o menino de Grené percebeu as diversas queimaduras em todo o seu corpo, e a irregularidade de seu pelo chamuscado pela luta. Nunca sentira tanto arrependimento na vida.

Pegou seu amigo com cuidado no colo e olhou para Kato, que se aproximava com Alakazam ao seu lado.

– Deixe-me vê-lo – disse o homem, com um tom de voz grave.

Ele se aproximou e observou atentamente Eevee, passando a mão em seus pelos e levantando uma das orelhas. Como Dave mesmo suspeitava, as queimaduras mais graves era a do topo da cabeça, a primeira, na perna dianteira esquerda, e uma enorme, a maior delas, em toda a parte de baixo de seu corpo, onde a primeira bola de fogo o atingira e o lançara para cima. Dave admirou mais uma vez a coragem de seu Pokémon, que lutou toda a batalha com um ferimento daquele nível.

– Ele precisa de atenção especializada urgentemente – declarou Kato como se para si mesmo.

– Eu sei! – disse o menino, tentando girar seu Pokémon para deitá-lo de lado em seus braços, evitando assim encostar-se à parte inferior do corpo bastante queimada. O corpo do Pokémon estava mole de uma maneira que Dave nunca havia visto antes – Peça para o Alakazam nos levar ao Centro Pokémon, por favor!

Kato pareceu hesitar um minuto com um pensamento na cabeça e Dave não entendeu. Será que ele não estava percebendo a urgência daquela situação.

– Tenho uma ideia melhor – disse ele, e então olhou para Alakazam que já sabia o que o pesquisador estava pensando, seja por experiência ou por suas capacidades psíquicas.

O Pokémon se aproximou de um Dave perplexo, confuso e desesperado. O garoto sentiu Alakazam encostando uma das mãos nele e desaparecer antes que o menino pudesse perguntar para onde estavam indo.


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Notas finais do capítulo

E aí, curtiram o capítulo. Estavam por isso? Bom, eu não sei. Só sei que vocês não podem, de jeito nenhum, perder o próximo.

Com certeza, será o mais importante até aqui. Aguardem!

Enquanto isso, quero ouvir os palpites de vocês sobre o que vem pela frente. Espero todo mundo nos comentários!



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