Evolution: Parte 3 escrita por Hairo


Capítulo 14
Descobertas


Notas iniciais do capítulo

E aí? Preparados? Duvído.

As surpresas estão ficando tão recorrentes que já estão deixando de ser surpresas, não é? hahahha

Boa leitura!



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Capítulo 14 – Descobertas

Mindy já havia voado antes, mas nunca daquela maneira. Eles estavam acima das primeiras nuvens baixas do céu azul e apesar de estarem mais próximos do sol, ela sentia um frio incalculável. Tremia dentro de suas roupas ainda molhadas e sentia uma grande dificuldade para respirar na enorme altitude. Podia ver que Jake sofria com os mesmos problemas. Não ousou reclamar, entretanto, pois esse era a única maneira de saírem da zona safari sem serem vistos, de modo a ajudar o Dratini ferido na luta contra Rusty e não prejudicar as carreiras tanto do detetive Henry como a do Professor Noah. Ela não poderia fazer aquilo com seu avô e com o policial que tanto lhe ajudara. Era uma pena que seu plano não houvesse dado frutos, mas aquele não era o momento de pensar naquilo.

– Onde você encontrou esse Dratini? – perguntou Jake, tentando se distrair – O que houve lá atrás?

Mindy respirou fundo e olhou para o garoto, cheia de culpa e remorso. Havia causado uma grande confusão e envolvido Pokemons inocentes, que deveriam ter sido deixados em paz, e tudo por uma ideia que não rendera resultados.

– É uma longa história Jake – disse sem vontade de explicar tudo o que planejara para o menino. Agora que pensava com mais clareza, percebeu que seu plano nunca tivera muitas chances de sucesso – O que importa é que os Dratinis não tinham que ser incomodados. Eu prometi que não ia atrás deles para o vovô, mas o Rusty insistiu. Ele estava fazendo mergulhos à procura dos Pokemons e finalmente os encontrou em uma caverna no fundo do lago. Queria capturar um, mas quando viu o ovo mudou de ideia...

– Mas então ele venceu os Dratinis e pegou o ovo? – perguntou Jake, confuso.

– Não exatamente. Quando ele se aproximou do ovo pela primeira vez, os Dratinis o atacaram de surpresa e o expulsaram de lá a força. Então ele me contou o plano dele de voltar e eu fui atrás para tentar impedir... – a menina suspirou, lembrando-se de todos os detalhes do esquema traçado pelo primo – Era tudo mentira. Ele me atraiu lá para distrair os Dratinis. Quando me viram, os dois pensaram que eu era mais uma invasora e me atacaram enquanto ele foi atrás do ovo. Quando percebi o que ele estava fazendo, tentei impedi-lo ainda em baixo d`agua, mas era tarde de mais.

– Então ele roubou mesmo o ovo... – concluiu Jake, surpreso.

– Sim, e eu tentei lutar para recuperar o ovo. Os Dratinis perceberam que eu estava do lado deles, mas até lá era tarde de mais. Só conseguimos alcançá-lo na superfície, quando eu o desafiei. Ele aceitou a luta, mas não aceitava que fossem três contra três. Disse que se eu não tinha Pokemons o suficiente, isso apenas significava que eu não era uma boa treinadora, e que ele não tinha nada a ver com aquilo... – Ela suspirou novamente - Eu venci três Pokemons dele, Jake. O Gyarados, o Kingler e o Ninetails, mas quando o Kadabra veio não tive muitas chances. A Nidorina havia caído para o Kingler e Charmeleon e o Nidorino já estava exaustos...

– Isso não é justo! – disse Jake, revoltado.

– Não, não é! Mas vamos deixar isso pra lá por enquanto. Dave vai cuidar de tudo, tenho certeza – disse ela, tentando soar confiante antes de mudar de assunto - Para onde estamos indo exatamente? – perguntou. Era Jake quem tinha o mapa e que dera as coordenadas exatas para Pidgeot quando eles alçaram voo.

– Para o Centro Pokémon de onde saímos, próximo a entrada da zona safari. É o mais próximo daqui – respondeu o menino mais novo, com certa dificuldade. Seus dentes batiam com o frio e ele estava com o corpo colado o máximo possível com o grande Pokémon voador, aproveitando-se do calor corporal dele.

– Espera! Eu imagino que ele deva estar movimentado, se é tão próximo da entrada não? – perguntou a menina, preocupada.

Jake acenou positivamente com a cabeça e ela mordeu os lábios por um segundo, enquanto o vento cortava a pele passando veloz. Ela sabia que não poderia levar o Dratini para um local movimentado e aquele Centro Pokémon deveria ser o centro de atenção da mídia naquele momento. Pelo menos essa parte do seu plano ela sabia que tinha dado certo e todos estavam sabendo do Dratini. Ela não poderia se arriscar daquela maneira. Tinha que ir para o mais longe possível daquele lugar, mesmo que isso significasse sacrificar mais tempo naquela altitude horrível.

– Não podemos ir para lá! – disse ela, finalmente – Vamos para o outro lado do lago. Deve ter um Centro Pokémon em algum lugar por lá!

– Mas por quê?! – perguntou Jake, sem entender. Ele não estava confortável agarrando-se com toda sua força nas costas do grande Pokémon pássaro e não pretendia passar ali nenhum minuto a mais do que o necessário – isso só vai atrasar o tratamento do Dratini!

– Não! Com todo aquele movimento por causa dele, seria um desastre se eu aparecesse no Centro com o Pokémon lendário que todos estão jurando que não existe. Pidgeot pode aumentar a velocidade do voo, e se não me engano consegue ver as mínimas coisas a distancias que chegam a um quilometro de distancia. Ele nos achará o Centro Pokémon mais próximo do outro lado sem grande demora. Não é Pidgeot?

– Pidgeee! – exclamou o grande pássaro, balançando positivamente a cabeça e fazendo um movimento brusco com o corpo, virando-se e mudando de direção.

Jake e Mindy tiveram que se segurar firmemente enquanto ele fazia a manobra, aparentemente satisfeito com a primeira oportunidade de voar livremente em sua própria pele. Bateu as asas com força e logo estava a uma velocidade que faziam lágrimas saírem involuntariamente dos olhos de seus passageiros, enquanto Dratini continuava inconsciente entre suas patas.

Muito mais abaixo, no meio do mato e sentado em frente a sua tenda, no acampamento de barracas azuis, o detetive Henry olhava para o céu azul com nuvens de maneira curiosa. Pensava ter ouvido um som estranho, como se um grito ou uma exclamação, mas não conseguia ver nada com o sol a pino e as poucas nuvens brancas como o algodão cobrindo parte do céu. Rezou internamente para que tudo estivesse correndo de maneira tranquila e para que todos os envolvidos ficassem bem. Tomara que esses moleques não arrumem muitos problemas...

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Dave havia escolhido aquela Pokebola por instinto e agora que parava para pensar, não sabia realmente justificar a sua escolha. Seu time poderia oferecer oponentes melhores ao Raichu de Rusty, mas, assim como em Fuschia, sua mão direcionou-se diretamente para a Pokebola de Growlithe. Pensou por um momento em Sandslash e em sua ultima batalha contra o rival, quando Rusty fazia sempre questão de ter a vantagem de tipo nas lutas. Hoje não fora diferente, uma vez que escolheu Raichu para batalhar contra Pidgeot, mas Dave sabia que aquela nada mais era do que a melhor opção. Se coubesse a ele mesmo, talvez tivesse feito a mesma escolha.

Apesar disso, analisando com cuidado a situação em que estava, ele decidiu manter sua escolha. Pidgeot provavelmente não levaria muito tempo para voltar e Dave tinha a vantagem numérica depois de vencer a primeira batalha contra Kadabra. Ouvira muito bem quando Rusty disse a sua prima que ele ainda tinha dois Pokemons além de Kadabra, e agora só poderia usar mais um além de seu rato elétrico. Dave, por outro lado, estava esperando por uma oportunidade de lutar com Growlithe em uma batalha há muito tempo, e acreditava que podia fazer frente à Rusty com ele enquanto seu Pidgeot não retornasse. Caso contrário, ainda poderia argumentar que devido à ausência do pássaro, outro Pokémon poderia tomar seu lugar, como Sandslash por exemplo. Pidgeot não fora derrotado, afinal.

E ainda assim haveria espaço na luta para Eevee. O pequeno Pokémon raposa era seu trunfo a ser usado quando a batalha estivesse se encaminhando para a derrota. Ele sabia que não poderia correr o risco de perder, uma vez que Rusty nunca poderia sair dali com o ovo de Dratini. Além de ser uma ameaça à carreira de seu avô e do detetive Henry, o menino ainda prejudicava imensuravelmente o Pokémon dragão que vivia pacificamente, imperturbável em seu lago e que agora assistia a luta da margem depositando todas as esperanças que lhe restavam no treinador de Grené.

– Growlithe, é com você! – disse ele, finalmente liberando o cachorro Pokémon para o chão de pedra lisa.

– Um Pokémon de fogo? Em um chão de pedra e ao lado de um lago? Ótima escolha Dave... – debochou Rusty, fazendo com que o adversário mordesse o lábio. Mal sabia Dave que há menos de uma hora Rusty havia usado seu Ninetails naquele mesmo lugar.

– Growlithe, não vamos perder tempo. Comece com uma investida flamejante! – Disse Dave, tentando ignorar o rival e tomar a iniciativa da luta.

–Evasiva e choque do trovão! – disse Rusty, rispidamente.

O Pokémon de Dave pulou com as patas dianteiras e se deixou envolver por uma corrente de chamas enquanto laçava-se na direção de seu adversário, mas Raichu pulou de lado, lançando um raio de energia que atingiu Growlithe na lateral do corpo. O Pokémon de fogo foi claramente abalado pelo ataque e trincou os dentes, mas manteve-se de pé e aguentou a carga elétrica. Antes mesmo que ela cessasse, lançou-se novamente a frente, para surpresa de Dave, Rusty e Raichu. O Pokémon elétrico escapou por pouco dessa vez, sendo obrigado a parar seu ataque momentaneamente, mas lançando outro choque em seguida, que mais uma vez atingiu o alvo.

Dave estava preocupado. Foram poucos os movimentos da luta, mas Raichu era claramente mais rápido do que Growlithe e por mais que seu Pokémon parecesse aguentar bem as cargas elétricas, aquilo não poderia durar para sempre. Ele tinha de mudar de estratégia, e fazê-lo rápido.

– Growlithe, lança chamas, agora!

O cachorro obedeceu às ordens fielmente, interrompendo a investida e cuspindo uma poderosa rajada de fogo de sua boca. O ataque obrigou o Pokémon de Rusty a se desviar mais uma vez, interrompendo a corrente elétrica. Quando voltou a tentar atacar Growlithe, porém, o cachorro foi capaz de se esquivar para o lado, fazendo com que o choque se extinguisse ao atingir o chão de pedra. Dave conseguira criar uma abertura para também se defender e agora precisava pensar em uma maneira de contra-atacar efetivamente.

– Raichu, aumente a velocidade com o raio do trovão! – ordenou Rusty, confiante.

O Pokémon elétrico começou a lançar descargas ainda mais poderosas de ataques elétricos, com uma grande velocidade, impedindo que Growlithe pudesse se concentrar em qualquer outra coisa que não desviar de seus movimentos. Dave nunca havia testado a velocidade de seu Pokémon daquela maneira, mas ficou satisfeito em perceber que apesar da dificuldade que claramente tinha, ele estava fazendo tudo o que podia para se desviar, e despois de alguns ataques ainda não havia sido atingido. Dave imaginava que Raichu não poderia manter aquele nível de velocidade e potencia por muito tempo, principalmente depois de seu inicio de luta contra Pidgeot, mas ele não percebeu que Rusty tinha uma estratégia.

Depois das primeiras descargas aleatórias, Raichu começou direcionar seus ataques com mais cuidado, atacando sempre um dos lados de Growlithe, forçando-o a desviar em uma determinada direção. Dave percebeu tarde de mais que com nada mais do que quatro ataques bem executados seu Pokémon se via cada vez mais encurralado contra da margem do lago, sendo forçado a recuar cada vez mais enquanto seu oponente se aproximava. Dave sabia que não poderia permitir que Growlithe caísse na agua, pois aquilo seria o seu fim. Não tinha duvidas de que seu rival não hesitaria em descarregar um ataque elétrico ali, independente de todos os outros Pokemons inocentes que seriam atingidos.

Quando Growlithe finalmente estava a um passo da margem, Rusty ordenou que seu ofegante Raichu interrompesse o ataque, fazendo com que ele encarasse o cachorro encurralado de frente. Tinha um sorriso confiante no rosto, sabendo da grande vantagem em que estava, e não pretendia deixar a chance escapar.

– Raichu, mostre para ele como se faz uma investida. Carga relâmpago!

O Pokémon elétrico carregou todo o seu corpo em uma potente onda de eletricidade, desde o rabo em forma de raio até as pontas de suas orelhas, e então partiu na direção de seu oponente. Dave apenas reagiu por reflexo, sem muito tempo para pensar, e torceu para que tudo corresse bem.

– Rápido, saia por cima!

Growlithe não hesitou e saltou para o alto, alcançando mais de um metro de altura, enquanto a carga de Raichu passava a poucos centímetros de suas patas. Rusty arregalou os olhos enquanto Dave agradecia mentalmente aos céus, já preparando o próximo ataque.

– Growlithe, morda o rabo e o arremesse!

O Pokémon de Rusty havia se preparado para se refrear antes de cair na água e assim o fez, mas se surpreendeu quando não atingiu o oponente. Olhou para os lados, mas já era tarde de mais. Growlithe prontamente abocanhou a ponta larga em forma de raio que o oponente tinha na cauda e o fez exclamar de dor. Então, com toda a sua força, fez um movimento com a cabeça e projetou o grande corpo do rato amarelo por cima do seu próprio, lançando-o na outra direção.

– Muito bem! Agora prenda ele com um círculo de fogo! – ordenou Dave, sabendo que aquela era a sua chance.

Growlithe abriu a boca e lançou uma poderosa rajada de fogo que rapidamente rodeou o corpo ainda caído de Raichu, fechando-o dentro de um circulo de paredes em chamas com quase dois metros de altura. Devido ao chão de pedra, Growlithe precisaria continuar cuspindo fogo para manter o oponente preso, mas Dave acreditava que seu Pokémon aguentaria melhor do que o adversário.

Rusty cerrou os dentes enquanto via sua chance de vitória escapar por entre os dedos, mas estava determinado a não se deixar vencer. Raichu já deveria ter se levantado no meio do círculo e agora deveria estar sofrendo os efeitos do ataque. Até mesmo a pedra em que ele pisava deveria estar queimando e ele sabia que não poderia ficar ali até que Growlithe se cansasse, mas ultrapassar a parede de fogo sem proteção poderia ser igualmente fatal. Ele não tinha muita escolha se não repetir o movimento que fizera antes.

–Raichu, saia dai com a carga relâmpago!

– Growlithe, repita o movimento, mas dessa vez com as presas de fogo!

Raichu disparou do circulo de fogo envolto em uma poderosa carga elétrica, mas seu oponente estava preparado e mais uma vez ele não atingira o alvo. Quando seu corpo descarregou, Dave percebeu fortes queimaduras por todos os lados e sabia que o seu ataque anterior teria surtido grande efeito. O seguinte, porém, não deu chances ao oponente.

Growlithe caiu atrás de Raichu mais uma vez e atacou seu rabo, mas dessa vez sua boca estava em chamas. Raichu exclamou ainda mais alto enquanto Growlithe, com a cauda do Pokémon presa seguramente em suas mandíbulas flamejantes bem fechadas o arremessava mais uma vez. O Pokémon ainda tentou descarregar uma ultima carga de energia por seu corpo, atingindo Growlithe em cheio, mas fosse pelo cansaço ou pela incrível resistência do Pokémon de Dave, o movimento foi concluído com sucesso. Growlithe coroou tudo com mais um potente lança chamas que atingiu o Pokémon elétrico já caído e, quando as chamas cessaram, Raichu não pode mais se levantar.

– Acho que eu venci essa! – disse Dave, triunfante, enquanto Rusty trincava os dentes e apertava o ovo em suas mãos.

– Com sorte! Mas isso ainda não acabou! – disse o ruivo, recolhendo seu Pokémon desacordado e sacando o que seria sua ultima Pokebola – Prepare-se Dave.

Dave aguardava ansiosamente o próximo adversário, confiante de que poderia enfrentar qualquer coisa que Rusty tentasse contra ele. Tinha Growlithe, Eevee e ainda Pidgeot quando ele voltasse. Duvidava que Rusty pudesse vencer os três Pokemons com apenas um, mas sua confiança tremeu quando encarou o próximo adversário. Da Pokebola lançada ao ar foi liberado um enorme Pokémon em forma de serpente, mas grande de mais para ser uma criatura da floresta. Quando ele se liberou completamente, Dave se viu frente a frente com um imenso corpo de pedra dura e reluzente. Ali se ergueu um enorme Ônix.

A serpente de pedra tão cinza quanto às rochas à volta e se erguia a mais de oito metros do chão de maneira intimidante. Dave e Growlithe foram encobertos pela sombra do enorme Pokémon e o cachorro Pokémon se viu obrigado a dar dois passos atrás para conseguir olhar para o rosto daquele que seria seu próximo adversário. Rusty se deliciou ao ver a expressão de espanto e preocupação no rosto de Dave e de Growlithe enquanto eles se preparavam para enfrentar aquele desafio.

– E então Dave? Pronto para isso? – provocou Rusty, sorrindo enquanto Dave engolia seco.

O menino de Grené sabia que tanto Growlithe como Pidgeot, caso voltasse, sofreriam com a desvantagem de tipo contra o Pokémon de pedra. Poliwhril e Oddish podiam ser mias úteis, sem duvida, mas todo o tamanho e força do oponente assustavam. Mesmo com a vantagem, não seria uma luta fácil e Dave sabia que não podia correr o risco de ser derrotado.

Foi então que Eevee pulou do ombro de seu treinador e flexionou as patas, abaixando o tronco e se colocando em posição de ataque. Dave acordou de seus pensamentos e encarou seu pequeno Pokémon postado para a batalha, sem acreditar no que seus olhos lhe diziam. Eevee não media mais do que quarenta centímetros de altura, e chegava a ser menor do que a metade da menor rocha que compunha o corpo do Pokémon adversário, mas parecia pronto para a luta. E, acima de tudo, parecia extremamente confiante.

Dave trincou os dentes enquanto seu coração disparava em seu peito e ele procurava uma resposta para o que estava acontecendo. Todos os seus primeiros instintos lutavam para que ele se opusesse a Eevee, lhe chamasse de volta e não permitisse que ele enfrentasse o enorme Pokémon. Ele tinha outros Pokemons em seu time que poderiam ter alguma vantagem contra o enorme oponente. Mas no fundo de sua consciência Dave sabia não apenas que de nada adiantaria tentar convencer Eevee de que aquela luta não era dele, mas também que provavelmente nenhum de seus Pokemons poderia oferecer um desafio maior para Rusty.

O debate interno foi intenso, mas durou menos de dois segundos até que Dave finalmente conseguiu falar.

– Você tem certeza? – disse simplesmente, e então seu Pokémon acenou com a cabeça positivamente.

Pronto. Aquilo era tudo que ele precisava saber. Acalmou-se por dentro e voltou a se concentrar na luta. Se ele queria ser considerado um treinador, não poderia se deixar abalar pelo tamanho de seu adversário. Além disso, se havia uma coisa que Eevee havia lhe ensinado era que tamanho não é documento. Recolheu seu Growlithe de volta à Pokebola e o parabenizou pela grande luta contra Raichu, e Rusty arregalou os olhos, incrédulo.

– Você está brincando que vai deixar essa bola de pelo enfrentar o meu Ônix? – disse ele, de queixo caído.

– Eu me prepararia se fosse você – alertou Dave, confiante.

– Dave, isso é uma tentativa de me deixar com pena? Porque é uma boa estratégia. Estou quase me arrependendo de lutar com o Ônix. Se eu tivesse outro Pokémon comigo mudava agora...

– Uee! Uee! – exclamou Eevee, revoltado. Aparentemente não estava com paciência para ouvir Rusty, mas o menino ruivo ainda estava estático de surpresa.

– Dave, eu não tenho outra escolha se não lutar. Desculpe-me, de verdade – disse Rusty, preparando-se para a luta.

Por algum motivo Dave não chegava a acreditar que ele se sentiria mal caso alguma coisa acontecesse com Eevee. Ele também se preparou, dando um ultimo aviso a seu amigo.

– Eevee, vamos lutar juntos ok? – disse ele, e a pequena raposa assentiu. E assim eles encararam Rusty e seu Ônix novamente, como um time.

– Ônix, jogue pedras!

– Eevee, evasiva!

O Pokémon gigante elevou sua grande calda e a fez cair com um enorme baque no chão de pedra. Enormes pedaços se desprenderam e foram lançados por alguma energia invisível na direção de Eevee. O Pokémon de Dave, entretanto, era infinitamente mais rápido, pulando de pedregulho em pedregulho à medida que eram lançados. Dave percebeu que naquela velocidade ele poderia não apenas se defender, mas atacar também. Tenho que lembrar que lutar com o Eevee traz muito mais oportunidades. Ele é extraordinário...

– Eevee, se aproxime e use a cauda de ferro! – ordenou Dave.

Apesar da plena confiança que tinha em seu primeiro Pokémon, Dave previra apenas uma grande dificuldade nessa luta, além do tamanho e da força de seu oponente: Poucos ataques de Eevee surtiriam maior efeito contra o enorme Pokémon de pedra. Os ataques físicos eram perigosos e podiam causar mais dano ao próprio Eevee do que ao alvo, sendo a cauda de ferro provavelmente a única exceção. Além disso, ele sabia que poderia contar com a bola das sombras e o poder secreto, mas não teria muitas outras opções.

Eevee pulou de rochedo em rochedo com facilidade, mas Rusty já esperava por isso e sorriu quando ouviu Dave ordenar um ataque físico. Eevee teria de se aproximar e estaria mais vulnerável ao grande Pokémon.

– Ônix, prenda-o com seu corpo! –ordenou Rusty.

Dave trincou os dentes, preocupado, mas confiava de mais em seu Pokémon para interferir no movimento ofensivo. Para surpresa de todos, Eevee saltou da ultima rocha lançada contra ele para o alto e subiu a uma altura impressionante, nivelando-se com o rosto do oponente, enquanto sua cauda brilhava em aço e ferro. Ônix reagiu com um movimento mais rápido que Dave julgava que ele pudesse fazer e rapidamente envolveu Eevee suspenso no ar, mas quando estava se fechando sobre o pequeno Pokémon, ele girou o rabo em trezentos e sessenta graus, atingindo todas as partes do corpo de pedra que o cercava.

Ônix gritou de dor e o som ressoou fazendo todo o vale de pedras tremer, enquanto ele abria novamente o cerco em volta de Eevee e o permitia cair em pé em meio a seu corpo. Ele mesmo caíra com um grande baque no chão com a força do golpe do pequeno Pokémon e tanto Rusty quanto Dave pareciam estar sem reação. O menino ruivo nunca havia visto seu Pokémon de pedra gritar daquela maneira nem cair tão depressa. Ônix, entretanto, levantou-se em seguida, aparentemente mais enfurecido. Dave recuperou-se do choque com mais facilidade do que Rusty, estando mais acostumado com a capacidade de Eevee, e ordenou o próximo movimento, preocupado com a proximidade que seu amigo estava do enorme adversário.

– Eevee, saia já dai! Afaste-se! – Gritou, e seu Pokémon obedeceu prontamente, dando um grande salto para trás e saindo do meio do corpo em espiral de Ônix.

– Prenda-o na tumba de pedra! – gritou Rusty, exaltado. Parecia, pela primeira vez, genuinamente preocupado e surpreso.

Os olhos do Pokémon de pedra brilharam e Dave percebeu que o chão em volta de Eevee começou a tremer. A pequena raposa tinha acabado de olhar para os lados tentando entender o que acontecia quando grandes rochas pontudas cresceram do chão a toda volta, cercando Eevee. Elas cresciam em um ângulo de quarenta e cinco graus, formando um circulo no chão e se fechando a pouco mais de dois metros de altura. Dave ouviu que mais rochas continuavam a quebrar o chão, mas não as via crescer, portanto deduziu que estavam crescendo dentro do grande circulo de pedras em que Eevee fora preso.

– Eevee, saia já dai! Use a força se for preciso! – gritou Dave, preocupado.

Impossibilitado de ver o que acontecia dentro da tumba de pedra criada por Rusty ele temeu por seu Pokémon, principalmente quando ouviu sua voz a gritar vindo de dentro da tumba. Seu coração parou com o som, mas em seguida um grande baque fez a estrutura externa tremer e logo depois um buraco surgiu na parede exterior de pedra enquanto Eevee pulava para fora, com sua cauda ainda brilhando. Seu pelo estava sujo e Dave desconfiava que ele tinha sofrido algum tipo de ferimento enquanto preso, mas teve orgulho de vê-lo ali, ainda de pé, pronto para a luta.

– Você vai precisar de mais do que isso para nos parar, Rusty... – provocou Dave, confiante, enquanto o menino ruivo parecia vasculhar a mente em busca de uma estratégia que pudesse lhe dar a vantagem que achava que tinha desde o começo.

– Vamos tentar outra coisa Ônix! Suma sob o chão!

Dave sorriu. Sabia que Eevee, apesar de conseguir usar o mesmo movimento, poderia ter maiores dificuldades naquele terreno rochoso. A pedra poderia se provar dura de mais para ele escavar, mas seguir a grande trilha subterrânea que Ônix deixaria seria enormemente mais fácil para ele. Eevee se permitiu uma rápida olhada para seu treinador, que nada mais precisou fazer do que acenar com a cabeça, e então mergulhou na trilha cavernosa deixada por seu adversário.

– Apresente-o às sombras! – disse Dave, confiante de que Eevee entenderia.

Rusty se surpreendeu ao ver Eevee correndo para o grande buraco deixado por seu Pokémon e parecia procurar o que fazer em seguida. Agora a luta estava muito mais sob controle dos próprios Pokemons, já que nenhum dos treinadores conseguia adivinhar o que ocorria debaixo da terra. Ouviram primeiro um grande estrondo que fez a terra tremer, em seguida uma luz roxa piscou dentro do túnel e eles ouviram mais um grande estrondo. Outra vez a luz roxa piscou e em seguida, de um ponto quase dez metros atrás de Rusty, a cabeça de Ônix surgiu como um tiro para cima, puxando o resto de seu corpo. Eevee estava de pé no topo da cabeça de seu oponente, com seu rabo a brilhar. Ele atacou a grande protuberância que o Pokémon de pedra tinha na cabeça e ela pareceu rachar.

Dave e Rusty correram e pararam lado a lado, a poucos metros da batalha de fato, e até Dratini nadou para o ponto mais próximo possível, observando a todo o tempo o seu ovo. Quando Rusty percebeu o que acontecia, trincou mais uma vez os dentes e olhou novamente para Dave, observando a reação do amigo. Mais um golpe e Eevee quebraria a rocha no topo da cabeça de Ônix.

– Vamos Eevee! Mais uma vez! – gritou Dave.

– Ônix, mergulhe de cabeça!

A serpente de pedra entendeu e rapidamente se colocou em movimento, mas Eevee era mais rápido e antes mesmo que seu adversário se projetasse para o chão, atacou novamente e quebrou ao meio o que parecia ser um tipo de chifre de Ônix. O Pokémon de pedra rugiu mais uma vez, mais alto do que nunca, e dessa vez até o chão voltou a tremer, mas ele não interrompeu o movimento ordenado por Rusty. Dave podia dizer muita coisa de seu rival, mas seus Pokemons eram de fato fiéis, fortes e obedientes.

– Eevee, pule dai e o ataque com a bola das sombras.

Antes que Ônix mergulhasse, Eevee conseguiu se impulsionar para trás, saltando para longe do adversário e disparando, ainda no ar, seu ataque sombrio. A esfera de energia roxa atingiu o corpo de Ônix antes que ele submergisse, e Eevee ainda foi capaz de lança-la novamente antes de pousar de volta no chão, mandando outra esfera pelo novo buraco aberto. Dave podia apostar a vida de que o segundo ataque havia atingido o Pokémon ao menos na parte final de seu corpo.

Agora, porém, Dave se via em desvantagem, tendo o grande Pokémon perdido no subterrâneo enquanto Eevee estava a sua mercê no chão de pedra. Ele pediu atenção ao seu Pokémon, mas Rusty percebeu a chance de mudar o rumo daquela luta e não perdeu tempo, ordenando o próximo movimento. Ele estava com raiva e frustrado por estar tendo tanta dificuldade para enfrentar o pequeno Eevee com seu poderoso Ônix e agora era sua chance de mostrar a sua força.

– Rápido, jogue-o para o alto e o traga de volta com a sua cauda de ferro! – ordenou ele.

Ônix surgiu exatamente abaixo de Eevee e mesmo com toda a sua agilidade, não havia nada que o pequeno Pokémon pudesse fazer. Foi atingido com muita força pelo movimento da grande serpente, sendo lançado a uma altura de mais vinte metros de altura enquanto o Pokémon de Rusty voltava completamente à superfície. Eevee atingiu o ápice de seu movimento para cima e parou no ar por um milésimo de segundo, antes de voltar a cair. Quando estava ao alcance, porém, Ônix ajudou a sua queda levantando a extremidade final de seu corpo enquanto ela brilhava, e o atingiu com um poderoso ataque de cauda de ferro, lançando-o com muita força contra o chão.

Dave ficou boquiaberto com a força e a brutalidade do ataque enquanto observava estático, Eevee bater no chão de tal maneira que quebrou a rocha. Como se não bastasse, o impacto fora tanto que ele quicou e subiu novamente alguns metros de altura, antes de cair e para à poucos centímetros da água do lago.

– Muito bem, acho que isso deve ser suficiente – disse Rusty, confiante e com certo ar de alivio.

Dave por sua vez nunca estivera tão preocupado com seu Pokémon antes, ao vê-lo caído imóvel no chão enquanto Dratini olhava para ele com compaixão. O menino já havia visto e presenciado ataques potentes e poderosos, mas nunca vira tamanha força ou brutalidade. Com uma única combinação o Rusty conseguiu atingir Eevee com força o suficiente para vencer a luta. E foi o Eevee... O que teria acontecido se fosse o Growlithe, ou o pequeno Oddish... Pensou o menino, horrorizado.

Ele deu dois passos a frente para pegar seu Pokémon desacordado no colo, sem saber o que dizer ou fazer em seguida. O que seria do próximo Pokémon que fosse atingido por um ataque daqueles ele não sabia dizer, mas sabia que não conseguiria escolhe-lo. Não conseguia imaginar colocar um membro de seu time em tamanho risco. Olhou então para Dratini e para o ovo nas mãos de Rusty e lembrou de que não podia desistir ainda. Mas quem eu escolho? Eu posso estar condenando o próximo...

– Uee... – fez-se ouvir Eevee, com a voz fraca, enquanto seu treinador ainda se aproximava lentamente.

O debate interno de Dave nunca chegou a ser resolvido, pois Eevee, mesmo com suas patas tremendo no início, voltou a se colocar de pé e encarar Ônix. Rusty arregalou os olhos e nem o grande Pokémon de pedra com o chifre quebrado podiam acreditar. Nenhuma surpresa, porém, era maior do que o alivio de Dave ao ver seu amigo desafiando a lógica mais uma vez e levantando-se.

– Eevee, você vai continuar lutando?! – disse o espantado treinador.

– Uee! – disse a pequena raposa, agora com a voz mais forte, balançando a cabeça positivamente.

Dave não sabia o que dizer, mas Eevee começou a andar para frente e parou encarando Ônix e Rusty. Ambos não pareciam acreditar no que viam, mas o menino de cabelos vermelhos não queria esperar para que seu adversário produzisse outro milagre. Eevee não poderia aguentar outro golpe daqueles.

– Ônix, mergulhe novamente!

– Eevee, se posicione na abertura do buraco – ordenou Dave, voltando a se focar na luta.

Não cometeria o mesmo erro duas vezes. Se Ônix fosse atacar, queria Eevee em uma posição que pudesse prever o ataque. Eevee não apenas pôde sentir a terra tremer, mas também viu a profundidade do túnel se agitar quando Ônix, mesmo escondido, se projetava para atacá-lo por baixo. Dave percebeu a agitação de seu Pokémon e teve uma ideia.

– Eevee, lance quantas bolas das sombras puder para o chão!

O Pokémon de Dave entendeu a estratégia de seu treinador instantaneamente e lançou o primeiro ataque poucos segundos antes de Ônix surgir. A técnica não apenas atingiu o alvo, como impulsionou Eevee para cima, evitando o ímpeto inicial do ataque de seu adversário. A esfera roxa de energia não era o suficiente para deter a enorme serpente, mas Dave podia ver que fazia efeito em machuca-la e atrasá-la. Eevee manteve uma sequencia incrível, atingindo sempre o rosto de Ônix que subia em sua direção e consequentemente sendo lançado mais para cima, evitando ser atingido pelo ataque de Rusty.

– Muito bem! Agora caia com a cauda de ferro! – ordenou Dave, quando viu que Ônix não era mais capaz de subir.

Eevee deu uma cambalhota no ar e fez com que seu rabo brilhasse novamente, lançando-se para baixo com grande velocidade à medida que Ônix também caía atingido por cinco bolas das sombras seguidamente. Eevee acertou seu golpe ainda a cinco metros do chão, e Ônix caiu com um grande baque surdo, quebrando muito do chão de pedra a sua volta. Eevee caiu sobre as quatro patas com maestra depois do ataque, encarando o adversário caído. O grande Pokémon estava claramente com muitas dores depois de ser alvo de tantos ataques e Dave pensou em ver uma leve rachadura na testa, onde seu Eevee o atingira por ultimo.

– Droga Ônix, levante-se! – disse Rusty, desconsolado.

Ele não podia acreditar no que via. Seu maior e mais forte Pokémon fisicamente havia sido derrotado por um pequeno Eevee de menos de meio metro de altura e ele não sabia explicar como tudo aquilo havia acontecido. Apertava com força o ovo em sua mão quando viu todo o corpo de pedra de seu Pokémon tremer enquanto ele tentava novamente se erguer. Dave, entretanto, pretendia ganhar aquela luta ali, sem mais delongas.

– Eevee, acabe com ele! – ordenou confiante – Poder oculto!

Rusty arregalou os olhos pela ultima vez naquela luta quando observou uma aura dourada envolver o corpo de seu adversário e o viu levitar a alguns centímetros do chão. Dois círculos de energia surgiram girando em volta de seu corpo suspenso e subitamente ele soube que nada mais poderia fazer. Os dois círculos foram lançados juntos, fundindo-se no meio do caminho em um só, e atingiu o corpo de pedra de Ônix com uma grande explosão de energia. Muita fumaça levantou-se imediatamente, e ambos os treinadores protegeram os olhos, mas quando puderam novamente ver tudo com clareza, Ônix estava imóvel, com os olhos fechados, finalmente desacordado. Rusty parecia inconsolavelmente irritado.

– Volte! – ordenou, recolhendo seu Pokémon a sua Pokebola, sem olha para Dave por um único segundo.

Dave respirou aliviado e correu para junto de Eevee, que respirava fundo com uma sensação de dever cumprido. Ninguém estava mais feliz, porém, do que Dratini no lago, que sorria abertamente. Levantando-se Dave olhou par Rusty, que já lhe dava as costas.

– Venci Rusty, agora passe esse ovo para cá! – disse feliz, estendendo a mão.

– Não! – respondeu Rusty simplesmente, ainda de costas.

– Como não? O que pretende fazer? Por favor, não me faça tirá-lo a força de você – disse Dave, enquanto Eevee encarava Rusty com fúria nos olhos.

– Se eu não vou tê-lo, ninguém terá! – disse Rusty, e então Dave ouviu o primeiro soco que o menino dera na casca. Ele está tentando quebrar o ovo! Percebeu.

O primeiro soco não tivera sucesso, nem o segundo, nem o terceiro, e então Rusty percebeu que além de sua ideia não ter dado certo, Dave e Eevee já estavam se aproximando para impedi-lo de continuar. Virou-se então cheio de raiva e lançou o ovo para o ar, para longe do lago. Ele esperava que pelo menos o choque com a pedra dura pudesse danificar o ovo de alguma maneira.

– Não! – gritou Dave.

Ele e Eevee perderam a respiração por um momento enquanto observavam Rusty lançando o ovo, e então seguiram em disparada atrás dele. Eevee, muito na frente, parecia ser capaz de alcança-lo, mas era praticamente do mesmo tamanho do ovo, e pouco poderia fazer além de tentar amortecer a queda com o próprio corpo. Foi então que Dave ouviu uma exclamação de Rusty e viu uma forte luz brilhante atrás de si.

Como um raio, uma luz passou por seu corpo e ele pode sentir toda a sua energia. A luz passou por ele e em seguida por Eevee e alcançou o ovo, impedindo a sua queda e então se projetou alto no ar. Tinha uma forma de serpente, não tão longa nem tão larga quanto Ônix, mas mais fina e elegante. Ela se ergue alguns metros no ar e então parou de brilhar, fazendo com que todos deixassem os queixos cair.

Ali, voando no meio do vale, estava um imponente Dragonair. Seu chifre era marcado com dois traços cruzados e Dave olhou imediatamente para o lago, a procura do Dratini que tinha aquela mesma marca e estivera ali por tanto tempo. Ele não estava mais lá. Havia evoluído.

O grande dragão tinha o seu corpo curvo segurando com delicadeza o ovo azul e virou-se para Dave e Eevee, fazendo um grande gesto de reverência com a cabeça, claramente em agradecimento. Soltou um profundo som agudo de sua garganta e Dave e Eevee sorriram de volta, emocionados com a cena. Dave nunca havia se sentido tão bem por ter ajudado um Pokémon em sua vida e relataria para sempre aquela experiência.

O dragão então se voltou para Rusty, que estava ao mesmo tempo admirado e aterrorizado. O olhar de Dragonair era cheio de repreensão e fúria e o dragão mergulho no ar, passando a poucos centímetros do menino. Sua cauda se agitou e ele atingiu-o na cabeça antes de mergulhar com força no lago e desaparecer no fundo das águas calmas. Rusty não esperava o golpe e foi lançado de costas ao chão, batendo mais uma vez com a cabeça na rocha e desmaiando com a força do golpe e do impacto.

Dave correu para seu lado e certificou-se de que seu rival estava bem. Apesar de desacordado, não examinou e não encontrou nenhum sangramento maior em seu couro cabeludo, e percebeu que sua respiração estava normal. Olhou então de volta para Eevee.

– Você foi extraordinário hoje – disse Dave, ainda emocionado.

– Uee – respondeu o Pokémon, lambendo levemente o rosto de seu treinador, também com lágrimas nos olhos.

–.-.-.-.-.-.-.-.-.-

Pidgeot voltou cerca de quinze minutos depois de Dave ter derrotado Rusty e encontrou Eevee e seu treinador sentados ao lado do corpo desacordado do rival. Dave subiu em suas costas e pediu para que ele carregasse o menino ruivo também, afinal deixa-lo ali poderia colocar em risco o Professor Noah e o detetive Henry. Dave havia se certificado de que ele estava bem, mas não podia prever como seu rival iria reagir depois da derrota e temia que ele fosse capaz de denunciar o que estava acontecendo em meio a sua ira descontrolada.

Poucos minutos depois deles terem partido, a policia chegou ao vale do dragão e encontrou os vestígios da luta que ocorrera ali atraído pelos rugidos e fortes impactos da batalha. Felizmente, porém, não encontraram nenhum vestígio dos meninos, e atribuíram tudo à um feroz enfrentamento entre dois Pokemons selvagens, teoria que o próprio detetive Henry formulou e se esforçou para convencer a todos de que era a mais pura verdade.

Enquanto isso, Dave já havia desaparecido na distância, em meio às nuvens brancas do céu azul e estava sobrevoando a imensidão do lago em que viviam agora um Dragonair e seu ovo. Por um momento pensou tê-lo visto nadando logo abaixo, acompanhando o voo de seu Pidgeot, mas nunca teve certeza, pois ele logo desaparecera novamente.

Seguiu no céu por cerca de trinta minutos até chegar à margem oposta do lago, já fora da zona safari. Pidgeot não voou por muito mais tempo, diminuindo a altitude e se aproximando gradativamente do chão, e logo o menino pode reconhecer uma pequena estrutura de cimento e tijolo com um grande “P” cor de rosa a sinalizar que aquele seria o seu destino. Dave reparou que apesar do pouco tempo no ar, o Centro ficava a uma distancia do lago de quase meio dia de viagem em terra firme, mas ao menos ficou feliz por perceber que Mindy e Jake tinham sido espertos o suficiente para evitar o movimentado Centro Pokémon na entrada da zona safari.

Mindy o esperava na sala de espera e correu em sua direção quando o viu passando pela porta de vidro com Eevee em seu ombro. A menina parecia tensa e preocupada quando parou a cerca de um metro do rapaz.

– Vocês conseguiram?! Devolveram o ovo para o Dratini?! – perguntou ela, com desespero na voz.

– Conseguimos – respondeu Dave com um grande sorriso.

Ela lançou-se então em um abraço apertado, obrigando Eevee a pular para o chão em meio a risadas, e Dave apenas retribuiu o gesto da menina. Ele não conseguia explicar o que sentia naquele momento, mas a sensação de tê-la ali, novamente em seus braços, com o doce aroma de seus cabelos negros a lhe envolver, era mais reconfortante do que ele poderia imaginar. Não tinha espaço para raiva ou ressentimento, apenas para o alivio e para a sensação de completude de tê-la consigo novamente.

Ela se afastou algum tempo depois e, com as maçãs do rosto vermelhas, abaixou para cumprimentar Eevee também. Dave teria se esquecido de Rusty caso a menina não tivesse perguntado por ele.

– O Rusty?! – disse ele, arregalando os olhos – Ah sim! Vem comigo, me ajuda a trazer ele para dentro!

– O que? Ele está aqui?! O que houve? – disse uma Mindy surpresa enquanto era puxada para fora do Centro Pokémon por Dave.

Ao chegar lá fora, a menina se deparou com Pidgeot com suas asas fechadas, pousado ao lado do corpo inerte de seu primo. Chegou a prender a respiração até que Dave lhe explicou que ele estava apenas desmaiado por causa de uma pancada na cabeça. Ele então lhe contou como fora o desenrolar da luta entre eles e de como Rusty tentara quebrar ou danificar o ovo antes de devolvê-lo. A menina ficara tão enfurecida que ameaçou agredir o menino ainda desmaiado, mas Dave a conteve continuando seu relato com a evolução de Dratini em Dragonair.

– Dave isso é incrível! – disse ela, sorridente – você não tem ideia de como eu queria ter estado lá para ver...

– Eu imagino... – disse ele, também incapaz de parar de sorrir.

Ele e Mindy contaram com a ajuda de Poliwhril para carregar o menino ruivo para dentro do Centro Pokémon, onde pediram à enfermeira Joy um quarto separado para ele e a convenceram de que ele estava apenas dormindo. Dave insistia de que tudo havia sido uma pancada e que ele não precisaria de atenção médica, e sabia que a enfermeira poderia gerar um grande alvoroço caso soubesse que ele estava de fato desmaiado. Com um Dratini internado no Centro Pokémon, a última coisa de que eles precisavam era um grande alvoroço.

– Como anda o Dratini? Ele vai ficar bem? – perguntou Dave assim que pousaram Rusty em sua cama.

– A enfermeira me disse que ele ficará bem – respondeu a menina, sorrindo – Disse que ele sofreu bastante na luta e até brigou comigo achando que fosse um Pokémon meu. Disse que eu deveria tê-lo recolhido antes. Ficou muito surpresa e até satisfeita quando eu disse que não tinha capturado ele, nem mesmo pretendia fazê-lo...

Dave fechou a porta do quarto de Rusty e parou no corredor ao ouvir a menina. Subitamente todas as suas perguntas e duvidas voltaram a tona. O que ela estava fazendo no vale do dragão se não pretendia capturar o Dratini? Mindy, entretanto, pareceu perceber a confusão do garoto e lhe sorriu novamente.

– Dave, você não acreditou no que leu não é? – disse ela, enquanto Dave continuava a encará-la, confuso – Eu nunca desisti de procurar pelo meu pai...

– Mas então o que estava acontecendo lá na Zonfa Safari? – perguntou o menino, perdido.

A morena olhou para os lados como se procurando quem pudesse estar ouvindo e puxou Dave pela mão até o refeitório, vazio no meio da tarde. Escolheu uma mesa no canto da sala, escondendo-se máximo possível, e o pediu para que ele sentasse de frente para ela.

– Tudo foi um plano para encontrar o meu pai – começou ela a explicar – Quando eu e o Rusty estávamos quase chegando à cidade de Saffron, encontramos dois agentes Rockets e os atacamos, mas o plano não correu bem. Eu e o Rusty não conseguimos trabalhar juntos e mesmo que eu tenha certeza de que poderíamos ter vencido, os agentes acabaram com a vantagem e nos capturaram.

– O que eles fizeram com você?! – disse Dave, assustado, lembrando-se do tratamento especial que Jack e Jody deram a seu ultimo convidado.

– Na verdade não sei por que não fizeram muita coisa, mas apenas me mantiveram em cativeiro. Acho que me reconheceram por conta da nossa viagem e pretendiam me levar para o centro de operações deles. Para ser sincera, estava gostando da oportunidade de me ver lá dentro. Seria uma boa maneira de descobrir o que eles sabem sobre o meu pai... – disse ela, se apressando em continuar assim que viu a expressão de desaprovação e revolta de Dave com a sua ideia – Mas a minha mãe não deixou.

– O que?! – exclamou ele – Sua mãe?!

– Isso mesmo. Ela e o Charizard dela surgiram um dia e conseguiram nos libertar, o que apenas prova o quão despreparados eram os agentes....

– Pera ai, volta tudo – disse Dave, balançando a cabeça – sua mãe tem um Charizard?!

Mindy se limitou a rir e continuou sua história como se Dave não tivesse feito aquela pergunta.

– A questão principal é que ela acabou por se arrepender de não me falar sobre o meu pai antes e resolveu me contar algumas coisas sobre ele, para me ajudar a encontra-lo. Claro que desde que eu prometesse não ir mais a procura da Equipe Rocket.

– Então você e a sua mãe ficaram bem? Pelo menos isso... – disse o menino de Grené.

– Não exatamente – respondeu-lhe Mindy – Ela me falou algumas coisas, mas poucas. Não quis me dar uma foto ou ao menos uma descrição física dele, mas tive que me contentar com o que tinha. Ela disse que ele viera de uma cidade nas montanhas e que tinha feito um trabalho de pesquisa para Casper antes de se formar pela universidade de Celadon. Contou que ele era brilhante e que se formara em um estudo especifico da evolução dos Pokemons, e que fora convidado para trabalhar até com o Professor Carvalho, mas escolheu ir para Cardo, para o laboratório do meu avô.

– Nossa... – exclamou Dave, surpreso.

– Exatamente, mas o importante é o motivo dessa escolha, Dave. Meu avô é amigo do guardião da zona safari e foi uma das pessoas que o ajudou a proteger o Dratini que foi encontrado lá há muitos anos. Naquela época, a notícia do Dratini atraiu milhares de treinadores para lá e destruiu a zona safari. Foi meu avô que trabalhou incessantemente para ajudar não apenas a esconder os Dratinis da multidão como também para reconstruir a zona depois. E a minha mãe me falou que o meu pai tinha um grande fascínio pelas lendas Pokemons e que foi trabalhar com o meu avô exatamente para ajudar a proteger os Dratinis...

– Pera ai... – disse Dave, finalmente montando as peças do quebra cabeça em sua mente – Então você fez todo esse estardalhaço para tentar atrair o seu pai?!

– Exatamente! – Exclamou a menina, abrindo um grande sorriso e segurando a mão do rapaz por cima da mesa – Meu avô resolveu me contar tudo sobre o Dratini e sobre como ele e meu pai haviam protegido eles se eu prometesse não captura-los. Ele era completamente contra a minha ideia no inicio, mas eu consegui convence-lo a me apoiar, desde que eu fizesse as coisas do jeito dele.

– Então isso tudo foi armação dele? - perguntou Dave, com um tom mais conclusivo – O fechamento, a policia, tudo... Ele armou para você atrair o seu pai e para proteger os Dratinis!

– Isso mesmo – respondeu a menina.

– Mas como o seu pai deveria entrar se a policia havia fechado a zona? – perguntou Dave, confuso.

– Confesso que não sei... - disse a menina, para a surpresa do menino – Até mesmo o meu avô parece não querer falar muito sobre meu pai. Perguntei a mesma coisa para ele e tudo o que ele me disse era que eu devia confiar nele. Disse que meu pai conseguiria, e apenas isso – nesse momento, o sorriso dela esmoreceu e Dave percebeu o desanimo tomar conta de sua expressão – Claramente, ele estava errado...

Dave apertou e acariciou a mão da menina enquanto ela forçava um sorriso triste para ele. Eles fixaram os olhares um no outro e ele, subitamente, levantou-se e arrastou sua cadeira para próximo da menina. Ela encostou a cabeça em seu peito e ele passou um dos braços por sua cintura, enquanto acariciava o seu rosto com a outra mão. Descansou o queixo sobre a cabeça da menina e ficaram ali por cerca de cinco minutos, enquanto Eevee fingia dormir em baixo da mesa. Poderiam até ter ficado ali por mais tempo, não fosse a inconfundível voz de Jake saindo de um dos corredores para o salão principal. Ele falava animadamente com outra pessoa e Dave se assustou. Como é que eu esqueci do Jake? Perguntou-se ele, enquanto se virava.

– Não sei, não sei não... Nós já enfrentamos muitos problemas com a Equipe Rocket sem um Pokémon lendário no time... O Eevee do meu amigo está sendo o alvo deles desde que os dois começaram a viagem – dizia o menino, despreocupadamente.

Dave e Eevee levantaram-se com um pulo, seguidos de uma Mindy igualmente alarmada enquanto correram para calar o amigo que falava de mais. Encontraram-no em frente a um estranho de cabelos curtos, negros e com olhos ligeiramente puxados. Aparentava ter em torno de quarenta anos e vestia uma camisa vermelha e uma jaqueta de couro negra, acompanhada de uma calça jeans da mesma cor.

– Jake! – disseram menino e menina ao mesmo tempo, tentando calá-lo – Jake, onde você estava?!

– Dave! Mindy! – disse o menino – Esse é o Dr. Kato! Ele é um especialista Pokémon, e chegou aqui não muito depois da gente...

O homem parou e olhou longamente para a menina, analisando-a da cabeça aos pés e Dave fechou a cara. Ele então olhou para o menino de Grené e demorou-se novamente em Eevee, que devolveu o olhar desafiadoramente.

– Esses são os amigos que eu estava te falando – disse Jake, apresentando os dois.

– Muito prazer... – disse o homem, voltando a agir naturalmente.

Ele apertou a mão de Dave, que fez o que pôde para esmagar os dedos maiores e mais fortes do homem mais velho, e em seguida beijou as costas de uma das mãos de Mindy. Tentou acariciar por ultimo a cabeça de Eevee, mas esse afastou a cabeça e não permitiu, pulando imediatamente para o chão.

– Estávamos justamente falando do Dratini, Mindy! – disse Jake, animado – Ele disse que estudou muito os Dratinis há um tempo e vem ajudando a enfermeira Joy a cuidar dele.

A menina paralisou onde estava e pareceu por um momento perder a fala. Perdeu também o ar e suspirou, sentindo um calafrio percorrer a sua espinha enquanto se esforçava para não sorrir. Será possível? Perguntou-se ela...

– Você... – tentou dizer, engasgando com as palavras. O Dr. esperou pacientemente até que ela conseguir dizer o que pensava, mas ela desistiu e mudou a pergunta no meio do caminho – você já estudou os Dratinis antes?

– Em uma vida passada, algo que não vale a pena lembrar... Não estudei tanto quanto gostaria, mas posso dizer que sei mais do que a enfermeira... – riu-se o homem, tentando não ligar para o espanto da menina. Dave demorava a entender o que estava acontecendo, profundamente incomodado com a reação de Mindy ao homem mais velho.

– O que estávamos discutindo, na verdade, era que o Dr. parece acreditar que aquele Dratini não quer voltar para o lago – disse Jake, atraindo a atenção de todos – e ele perguntou se teria problema se o Dratini seguisse conosco. Eu expliquei para ele todo o seu plano, Mindy, que você me contou vindo para cá e a sua promessa para o professor de que não iria capturá-lo. Diz pra ele Mindy, porque você tem que levar o Dratini de volta...

Mindy parecia incapaz de articular muitas palavras de uma só vez, fixada em Kato a sua frente, e se assustou com a pergunta de Jake. Não podia acreditar que o menino já tinha contado tanto sobre ela para o Dr. Quanto dano uma única boca pode causar?! Espantou-se ela.

– É, bem... Eu prometi para o meu avô... – começou ela, mas Dave interferiu, percebendo a dificuldade da menina.

– Ela prometeu que não iria atrapalhar a vida livre desses Pokemons e não pretende quebrar essa promessa – disse ele, firmemente – Somos treinadores honestos, que querem o bem dos Pokemons em primeiro lugar, independente de nossas ambições. Amanhã devolveremos o Dratini ao lago!

– Admiro muito a sua posição rapaz, de verdade. Precisamos urgentemente de mais treinadores como vocês – disse Kato, gentilmente – Mas o que faria se eu lhe falasse que aquele Dratini sonha em sair daquele lago e nunca teve coragem para isso?

– Duvido! – disse Dave, convencido da ganancia do homem – Ele tem uma família lá! Eu vi!

– Dave! – exclamou Mindy, chamando a atenção do garoto.

Ela não pretendia revelar a existência de outros Dratinis no lago, mas Kato apenas sorriu ao ver a interação entre os jovens treinadores.

– Eu imagino que ele tenha te falado tudo isso não? – perguntou Kato – Porque eu estive conversando com ele até agora, e não foi bem isso que ele disse...

– Como?! – disseram Dave e Mindy em uníssono.

– Exatamente. Ele está acordado e amanhã poderá receber alta. Estive falando com ele, pedi que ele me permitisse estuda-lo em seu habitat natural, mas ele não parecia feliz com a ideia de voltar para lá. Mas se animou quando eu disse que você ainda estava aqui Mindy... – a menina parecia incrédula enquanto Dave tentava organizar os pensamentos – Não acreditem em mim, se não quiserem. Podem perguntar a ele vocês mesmo.

– Ele... Ele quer vir comigo? – disse Mindy, para ninguém em especifico.

Kato então sorriu e encarou mais uma vez a menina, com algo que muito parecia admiração.

– Acredito que sim, menina. E, se eu puder lhe pedir um favor, gostaria de fazer o mesmo. Afinal, não são todos os dias que temos a oportunidade de estudar um Dratini no dia-a-dia...

–.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-

Mindy pediu para falar sozinha com Dratini e entrou na sala de tratamento onde ele estava repousando, enquanto Dave, Jake e Eevee esperavam na sala de espera sem saber o que pensar. O Dr. Kato disse que tinha alguns assuntos a tratar com a enfermeira Joy e sumiu no interior do centro Pokémon, deixando Dave e Jake discutindo exatamente o seu pedido de acompanha-los no restante da jornada.

– Não acha o máximo Dave?! Um especialista de verdade querendo nos seguir! – dizia Jake, animado. O menino aprecia ansioso pela oportunidade de caminhar lado a lado com uma pessoa que fazia aquilo que ele sonhava fazer quando mais velho – Já pensou em o quanto posso aprender?!

– Não sei Jake. Não gosto desse cara... – dizia Dave, com o rosto fechado. Eevee, em seu colo, parecia concordar – Ele mal chegou e já sabe do Eevee, e eu não consigo gostar disso. E para mim isso tudo é uma grande mentira... Ele só quer estudar o Dratini e está tentando convencer a Mindy a ajuda-lo.

Ambos discutiram por cerca de trinta minutos sem ter novos sinais da menina, que parecia estar tendo uma longa conversa com o Pokémon dragão. Dave demonstrava toda sua preocupação de ter uma pessoa desconhecida acompanhando cada momento do seu dia, lembrando-se do aviso de Koga de que cada pessoa poderia ser um novo inimigo ou um agente disfarçado. Além disso, não conseguia entender o efeito que o homem tivera em Mindy. Por que ela ficou daquele jeito?

Jake, por outro lado, não parecia compartilhar da desconfiança do amigo, observando tudo de uma maneira confiante e otimista, como se conhecesse Kato por toda a sua vida. Estava muito feliz por ter novamente encontrado Mindy e com a possibilidade de viajar com um especialista para lhe ensinar tudo o que pudesse, mas Dave percebeu algo a mais de diferente. Sentia o amigo mais leve, mais solto e, por incrível que fosse, mais falador. Era como se um grande peso e preocupação tivesse sido tirado de suas costas.

Ambos os meninos, porém, regiram da mesma forma quando Mindy saiu pela porta que entrara há mais de meia hora. Levantaram e esperaram enquanto a menina, que parecia se decidir se conseguiria sorrir diante da situação inesperada, sentava-se ao lado de Dave e encarava Eevee no chão, perdida em pensamentos.

– E então? – disse Dave.

– Ele vai conosco – disse ela, ensaiando uma risada – O Dratini disse que quer ir! Comigo!

– Mas, e os outros que ficaram?! – disse Dave.

– Eram irmãos, todos. Não conheceram os pais, mas aquele ovo nunca se abriu. Ele e a irmã cresceram juntos no lago enquanto esperava o ovo nascer, mas ele sempre quisera sair dali. Exatamente como o Dr. Kato nos disse... – ela parecia não acreditar no que dizia – Ele quer vir comigo Dave. Um Dratini!

– Uhul! Legal! – exclamou Jake, pulando da cadeira – Então o Dr. Kato vem conosco?!

– Sim! – apressou-se a responder Mindy, para revolta de Dave e Eevee.

– Não! – disse o menino de Grené, mas ela apertou seu braço e fez um sinal com os olhos, como se pedindo paciência.

– Jake, porque você não vai procurá-lo para informar as boas noticias? – disse a menina enquanto Dave a encarava enraivecido.

Quando Jake finalmente saiu correndo pelos corredores, comemorando com se tivesse acabado de capturar seu primeiro Pokémon, Mindy virou-se para um ainda revoltado Dave.

– Eu não confio nele Mindy! Não confio! – dizia o menino, enquanto Eevee pulava em seu colo e parecia estudar cuidadosamente o rosto da menina.

– Dave, me escuta - disse ela, olhando fundo nos olhos do menino e fazendo com que ele se calasse. Seu tom era sério e urgente, e parecia indicar que ela sabia algo que Dave ainda não tomara conhecimento – Eu preciso que ele siga viagem com a gente.

– Precisa? Mas por quê?! – perguntou ele, surpreso.

Mindy respirou fundo e conteve um largo sorriso antes de responder.

– Porque eu acho que ele pode ser o meu pai...


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Notas finais do capítulo

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