Evolution: Parte 3 escrita por Hairo


Capítulo 10
O Melhor Amigo do Homem


Notas iniciais do capítulo

E aí? gosto demais desse cap. Gosto de tudo sobre ele, no geral. Espero que você gostem também.

Boa leitura!



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Capítulo 10 – O Melhor Amigo do Homem

Dave não sabia se estava sonhando ou acordado, mas sentiu que podia se mexer novamente e abriu os olhos, que demoraram a se acostumar com a claridade que lhe batia no rosto, vinda da direção de seus pés. Ele lembrava-se de sentir-se puxado pelos ombros, mas tudo estava tão embaralhado em sua cabeça que ele não podia ter certeza se aquilo fora realidade ou apenas mais um sonho. Tudo o que sabia era que estava deitado de lado no chão e não sabia onde estava. Olhou a volta e viu o chão de terra a sua volta e uma parede de pedra. Ouviu então um movimento brusco ao seu lado e se virou assustado.

– Grow, growl! – pulava um Growlithe ao seu lado, aparentemente feliz e animado ao olhar para o menino que recuperava a consciência.

Dave sentou-se com um susto, tentando afastar-se do Pokémon desconhecido, mas tudo o que fez foi bater com a cabeça no baixo teto de pedra da caverna – que era mais propriamente uma fenda na rocha – caindo novamente deitado e levando uma das mãos a cabeça. Ai! Pensou ele, ainda assustado de mais para falar. Sua cabeça latejava, mas Growlithe pulou em cima do menino e começou a lhe lamber o rosto.

– Ai, para! Para! – disse Dave enquanto tentava tirar o cachorro Pokémon de cima dele e se arrastar para fora da pequena caverna onde estava abrigado. Estava sujo, ralado e ainda tentava organizar as memórias borradas da noite anterior em sua cabeça latejante quando se levantou e esticou os braços e pernas, já do lado de fora. A chuva havia parado e o céu ainda apresentava algumas nuvens, mas não dava sinais de que voltaria a chover. Growlithe soltou um sonoro latido para o ar, aparentemente muito contente pelo despertar do garoto.

– Então você é o Growlithe que eu ajudei ontem? – perguntou, olhado a volta e vendo os sinais da batalha da noite anterior não muito distante de onde eles estavam agora. Entendeu então que de alguma maneira Eevee, Oddish e Growlithe conseguiram derrotar Rhyhorn sem os comandos do garoto e então o arrastaram para a pequena caverna. O grande Pokémon de pedra não podia ser visto pelas redondezas. Foi só então que o garoto percebeu que também não via Eevee ou Oddish em lugar nenhum. Seu coração praticamente parou e o menino encarou gravemente o animado Pokémon de fogo – Onde estão meus Pokemons?! O que aconteceu com o Eevee e o Oddish?

Growlithe continuou a sorrir com a língua para fora enquanto apontava com a cabeça para floresta. Dave virou-se e respirou aliviado quando viu Eevee e Oddish surgirem correndo de dentro da floresta, vindo em sua direção. Ele se ajoelhou e abriu os braços quando Eevee pulou em seu colo e lambeu seu rosto, enquanto Oddish esfregava suas folhas em sua perna liberando um doce aroma no ar. Growlithe não se segurou e juntou-se a festa, derrubando Dave no chão e lambendo-lhe o rosto também.

– Tudo bem gente! Tudo bem! Está todo mundo feliz, eu sei! – Ria-se o menino, enquanto lutava para se levantar novamente. Aparentemente o efeito do remédio contra paralisia havia sumido e ele sentia-se leve novamente, cheio de energia. Conseguiu sentar-se no chão e acalmar os Pokemons, que se sentaram na grama a sua volta.

– Oddish, você fez um grande trabalho ontem, de verdade. Fiquei verdadeiramente orgulhoso em ver como você evoluiu com todos os nossos treinamentos – disse o menino, fazendo a pequena semente Pokémon pulas sorrindo.

– Eevee, Growlithe, pelo que entendi, vocês ajudaram o Oddish quando eu desmaiei não foi? – perguntou Dave vendo que todos os três Pokemons assentiram com as cabeças – Muito bom mesmo! Vocês também foram ótimos – Dave fez carinho na cabeça de Eevee e virou-se para o cachorro de fogo – Ainda mais você Growlithe, que nem ao menos me conhecia. Foi muito corajoso ao enfrentar o Rhyhorn. Eu queria te ajudar e acabei na verdade sendo salvo por você. Muito obrigado.

– Grow, Grow! – disse o Pokémon, lambendo mais uma vez o rosto de Dave e arrancando mais risadas do treinador.

– Agora, será que vocês podem me dizer o que aconteceu com o Rhyhorn? Afinal, como vocês venceram ele?

Growlithe e Eevee, para a surpresa de Dave, calaram-se e olharam para Oddish enquanto o pequeno Pokémon de planta corava. Foi o Oddish? Isso não bate com o que eu me lembro de ter visto. Pensou o menino. O Pokémon de planta, porém, balançou de leve as suas folhas e lançou alguns poucos esporos roxos no ar, e Dave então lembrou-se da ultima coisa que vira antes de desmaiar.

– Você usou o pó do sono! Muito bom mesmo Oddish! – disse ele, genuinamente surpreso enquanto apertava o Pokémon em um abraço. Nunca tinha se sentido tão orgulhoso antes. Ainda lembrava-se da ousadia do Pokémon novato quando o capturara não tanto tempo atrás e da enfermeira Joy lhe dizendo que Oddish ainda era bastante novo e que precisava de treinamento. Ele se portara melhor do que nunca em uma batalha muito difícil e Dave sentia que finalmente podia contar com ele para qualquer desafio dali para frente.

Eevee falou alguma coisa para Growlithe e eles correram na direção de onde os Pokemons de Dave tinham saído da floresta a poucos momentos antes, e voltaram trazendo algumas poucas frutas, que eles dividiram entre si. Dave percebeu que não era muito, mas teria de servir de café da manhã já que Jake ainda não havia aparecido novamente. Dave voltou a se preocupar com o amigo, mas sua barriga roncava de fome e ele se permitiu comer antes de voltar a procurar por ele. O que quer tivesse acontecido com o menino, deveria ser grave pois nem mesmo Pidgeotto havia voltado. Eles comeram com velocidade e os Pokemons pareciam tranquilos, mas Dave se levantou assim que terminou e recolheu Oddish. Olhou então para Eevee e para Growlithe e lembrou-se de que aquele Pokémon poderia lhe ser de muita ajuda para encontrar o amigo perdido.

– Growlithe, eu agradeço muito a sua ajuda ontem, principalmente por ter dividido a sua caverna comigo, mas eu preciso de mais um favor seu – disse Dave, enquanto o Pokémon pulava nas suas quatro patas e parecia feliz com a proposta do garoto – Meu amigo sumiu ontem e eu estava procurando ele quando te encontrei aqui. Será que você poderia usar o seu nariz e me ajudar a encontrá-lo?

O cachorro Pokémon pareceu bastante animado com a ideia e latiu em concordância com o garoto, arrancando um breve sorriso do menino, que passou a mão mais uma vez sobre os pelos macios de sua cabeça. Botou então a mochila no chão e procurou alguma coisa que pudesse mostrar a Growlithe para que ele sentisse o cheiro de Jake. Lembrou-se que na manhã anterior o menino havia limpado e envolvido a pedra da água em um pano que ele carregava consigo. Desde então Dave havia tocado no pano, mas imaginava que o cheiro dele ainda pudesse ser identificado.

– Aqui – disse Dave, mostrando o pequeno pano azul para o Pokémon – esse pano era dele. Tem o meu cheiro também, mas é a única coisa que eu tenho comigo que ele tocou recentemente. Serve?

Growlithe se aproximou e praticamente tocou o pano com seu focinho negro e úmido, fungando-o repetidamente. Cheirou então Dave e voltou a cheirar o pano, antes de latir e abanar o rabo, demonstrando animação. Dave resolveu interpretar aquilo como um sinal positivo e sorriu.

– Ótimo! Muito obrigado Growlithe! – disse Dave. Levantando-se e caminhando pelo caminho que viera, de volta à busca pelo amigo perdido. Jake, onde quer que você esteja, aguente firme que eu estou a caminho .

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Jody estava sentada sozinha pelo lado de fora da pequena cabana montada justamente para aquela missão. Ela e Jack vinham patrulhando a estrada de Celadon para Fuschia durante todo o dia, mas ainda assim considerava que tinham dado sorte, muita sorte. O caminho entre as duas cidades era longo e, sozinhos, a dupla esperava encontrar grandes dificuldades para localizaro grupo de Eevee, principalmente se eles estivessem alertas para a perseguição como pareciam estar. Se a teoria deles estivesse correta, era de se esperar que os meninos estivessem tomando precauções para se proteger de ataques da Equipe Rocket.

Eles estavam prontos a se contentar apenas com vestígios de acampamentos abandonados e pegadas na terra molhada. Sabiam que a melhor estratégia seria manter o ginásio sob vigilância constante, e essa seria com certeza sua melhor esperança, mas precisavam de um resultado rápido e não sabiam quanto tempo Dave levaria para alcançar seu próximo destino. Além disso, estudaram bem o suficiente enquanto estavam enclausurados no esconderijo rocket para saber que aquele ginásio em especial não era tão vulnerável quanto os outros. Muitos dos agentes mais novos se perdiam ou eram capturados e presos próximos a Fuschia e aparentemente os agentes mais instruídos eram aconselhados a evitar aquele local, a não ser quando estritamente necessário. Aparentemente o líder não era alguém com quem se queria problemas a toa e ele gostava de ser deixado em paz.

Foi exatamente por isso que a dupla de agentes teve dificuldades em acreditar em seus próprios olhos quando avistaram o menino Jake perambulando sozinho pela noite, na chuva. Jody acreditava em sorte e em golpes do destino, mas aquela visão mais lhe parecia um milagre. Ela se lembrava de claramente dos sorrisos escondidos no olhar de Jack quando eles se entreolharam, lutando para fazer silencio e se manterem despercebidos. Seguiram-no por cerca de cinco minutos, sem ver sinal do resto do grupo enquanto debatiam o passo entre sussurros, e então resolveram tomar uma atitude. O semblante de pânico no rosto do garoto quando viu Jack surgir de uma árvore a sua frente ficaria marcado para sempre na memória de Jody, que, escondida, chegou a sentir pena. O pobre coitado não teve uma única chance. Ela tinha que admitir que ver o menino tentar lutar contra Jack deixara-lhe um gosto amargo na boca.

Aquilo era tão inesperado que eles não estavam preparados para lidar com a situação. Agora que ela parava para pensar, sabia que deveria ter partido para procurar Dave e Eevee enquanto Jack capturava o menino mais novo, mas a excitação do momento foi grande de mais, e ela e Jack haviam perdido quase uma hora debatendo o que fazer depois de trazer o menino desacordado para a cabana onde estavam instalados e certificar-se de prendê-lo. Mas aquilo não importava mais. Eles tinham Jake, e era tudo o que eles precisavam. Além disso, aposto que aquele garoto vai aparecer aqui a qualquer momento atrás do amigo.

Na verdade ela estava surpresa que Dave ainda não tivesse aparecido. Ela sabia que eles haviam coberto bem as suas trilhas e que eles não eram mais tão fáceis de encontrar como anteriormente. Não haviam deixado pegadas ou qualquer outro sinal de sua passagem pela floresta, mais ainda assim ela sabia que isso seria apenas mais uma barreira para que o menino ultrapassasse.

De qualquer maneira, ela agradecia que ainda não tivesse aparecido. Quanto mais tempo tivermos, melhor... pensava a mulher, enquanto enrolava uma mecha roxa de seus cabelos no dedo indicador da mão direita. Os gritos que vinham de dentro da cabana estavam cada vez mais baixos, agora quase inaudíveis, mas ainda a incomodavam profundamente. Tinha discutido com seu parceiro sobre qual seria a maneira mais efetiva de cumprir a sua missão, mas eles não haviam chegado a um consenso, de modo que cada um teve que abdicar um pouco de seus respectivos orgulhos e concordar em um plano que combinasse o que cada um deles acreditava se melhor.

Isso tudo não era necessário concluiu a menina quando mais um dos gritos de “eu já disse tudo! Tudo! O que mais você quer?!” escapava pelas frestas da parede da cabana. Teoricamente a cabana deveria ser a prova de som e a dupla havia testado, gritando dentro da cabana enquanto o outro esperava do lado de fora, surdo a tudo o que acontecia lá dentro. Mas alguma coisa deveria estar errada, pois os gritos do menino ainda podiam ser ouvidos, mesmo que bastante fracos, pelo lado de fora. Levando tudo em consideração, Jody nunca vira alguém gritar tão alto em toda a sua vida.

Isso já chega disse a mulher quando ouviu mais um berro de desespero e pedidos de clemência e perdão vindos do lado de dentro. Jack deve estar se divertindo muito pensou ela, enquanto se levantava e se encaminhava para a entrada da cabana. Respirou fundo antes de abrir a porta, se preparando para desempenhar o seu papel crucial nos planos, e girou a maçaneta.

– Você está ficando maluco?! – gritou ela, entrando com velocidade e fingindo bufar, como se tivesse acabado de correr quilômetros – O que você pensa que está fazendo?!

Jack sorriu para a companheira, soberbo.

– Estou punindo o nosso amiguinho como ele merece. Ele tem um trato conosco e não vem cumprindo com a sua parte...

– Eu já lhe disse tudo o que eu sei! Já disse! Eu juro! – choramingou o garoto. Jody percebeu que ele estava amarrado pelos pulsos, preso de pé ao teto da cabana. Não tinha ainda tomado coragem para analisar os danos causados por seu parceiro.

– Não é assim que devemos tratar nossos colaboradores Jack! – disse ela, dando alguns passos à frente aplicando-lhe uma bofetada ao lado direito face. Aquilo não estivera no script e ela percebera o sorriso no canto da boca de Jack que prometia que aquilo teria uma revanche, mas ele não levantou a mão para ela naquele momento. Tudo corria como planejado – É assim que você acha que a Equipe Rocket consegue alguma coisa? Essa é a reputação que você acha que nós temos? Você não passa de um garoto! – continuou ela, realmente aproveitando aquele momento em que podia tirar vantagem do companheiro.

– Cuidado agente Jody, você não quer ir longe de mais... – disse ele, claramente como uma ameaça nas entrelinhas – Eu resolvo as coisas da maneira que bem entendo!

– Não! Não resolve não! Temos ordens expressas falando que ele é nosso amigo e não deve ser maltratado e você sabe muito bem disso!

– Não ligo para as ordens. Já passava da hora desse fedelho aprender a...

Jody deu outra bofetada no rosto do parceiro, fazendo um esforço enorme para não rir. Jack parecia prestes a explodir de raiva, mas se conteve.

– Saia daqui agora! Já! – disse-lhe ela duramente – Esse seu comportamento não vai passar despercebido, agente... Vá montar guarda do lado de fora!

Jack se refreou por um momento, deixando toda a raiva que não sentia transparecer em sua expressão, não que ele acreditasse que o menino estivesse prestando atenção em seu rosto. As dores no corpo dele deveriam estar tomando a maior parte das suas atenções naquele momento. Então, sem uma palavra sequer, ele trotou para fora da cabana, batendo a porta com força ao sair. Jody estava agora sozinha com Jake.

Ela suspirou longa e pesadamente e virou-se para finalmente encarar o menino de frente e analisar o resultado do trabalho de Jack. Como ela imaginara, o parceiro havia se divertido um pouco além do recomendado e havia feito mais estragos do que ela imaginara. O olho esquerdo do menino estava fechado pelo inchaço e estava coberto por um hematoma escuro. O nariz do menino parecia ainda escorrer um pouco de sangue, mas a mancha vermelha na camisa rasgada lhe dizia que aquilo era só uma parte do que já havia escorrido naquele dia. Os pulsos do menino estavam vermelhos e alguns poucos filetes de sangue escorriam pelos braços devido ao atrito com a corda áspera com que ele fora preso. Isso tudo sem contar os outros hematomas e arranhões pelos braços e pernas. Jody se sentiu culpada por permitir que Jack fizesse aquilo com o menino. Ela sabia que não seria necessário e que poderia muito bem lidar com ele sem precisar assustá-lo e puni-lo daquela maneira. Ela não precisou nem ao menos fingir a pena que sentia.

– Jake, me desculpe. Eu vim assim que soube que ele tinha lhe capturado... – mentiu Jody, se apressando em pegar uma cadeira de madeira e coloca-la atrás do menino. Logo em seguida buscou uma faca pela cabana e cortou a corda do teto que prendia o menino. Ele caiu sentado na cadeira, tremendo de dor e alivio e deixando as lágrimas escorrerem pelo rosto sem tempo para sentir vergonha.

– Eu juro que disse tudo o que eu sei pra ele, mas ele não parava de me bater! – dizia ele, entre soluços e fungadas – Não parava nunca!

– Eu sei, eu sei, querido. Falarei com os meus superiores e ele receberá o que merece – disse ela, pensando nas congratulações que receberiam mais tarde.

Jody pegou uma segunda cadeira, um pano molhado e um kit de primeiros socorros e sentou-se a frente do menino para cuidar de seus ferimentos. Passou o pano pelo rosto dele, tomando um cuidado especial com o olho inchado e limpando o sangue de seu nariz e de seus braços. Fez então um curativo nos locais onde a corda o havia ferido e em alguns outros poucos arranhões que ele tinha pelos braços e pernas. Por ultimo, tirou dois pacotes azuis de sua bolsa e os entregou a Jake, instruindo-o a pressionar contra a área inchada no olho e contra outro hematoma particularmente feio na articulação do joelho esquerdo.

– Isso são pacotes de um gel que se mantem constantemente congelado. É melhor do que gelo nessas situações. Acho que é tudo que posso fazer por você agora – disse ela, genuinamente triste com a situação do rapaz. Já estavam se aproveitando das fraquezas de sua cabeça, abusar de seu corpo era uma maldade desmedida e desnecessária.

– Por que ele fez isso Jody? – perguntou o menino, ainda chorando e tentando se acalmar – Porque ele veio atrás de mim? Eu fiz tudo o que nós combinamos! Sempre que eu posso eu aviso para vocês onde estamos e o que está acontecendo. O que foi que eu fiz de errado?

– Jake, querido, tente se acalmar ok? – disse ela, passando a mão carinhosamente pelos cabelos e pelo rosto do rapaz. Aquele era um momento crucial. O menino estava assustado e completamente vulnerável, mas sua confiança na Equipe Rocket estava abalada pelo medo. Se ela se portasse bem, entretanto, ele ficaria no equilíbrio perfeito entre a confiança e o terror.

– Na verdade Jake, eu estava te procurando também. O pessoal na equipe não esta muito feliz com você – Ela se levantou e foi buscar um copo de água para o menino que ainda lutava contra as lágrimas e contra a dor – Em Celadon você demorou muito para dar noticias entende, muito mesmo? E agora a sua amiga aparece em Saffron dizendo que vocês estão lá, quando na verdade tudo o que você nos disse apontava em outra direção. E não ouvimos mais nada de você... Você precisa ter mais cuidado Jake! Você está se colocando em perigo e da próxima vez talvez eu não consiga chegar a tempo de te ajudar.

– Mas... – começou Jake, tentando engolir a água e organizar os seus pensamentos em meio a todo o choque e a confusão do momento – Mas como vocês sabem que a gente chegou em Celadon antes de eu avisar? E como vocês sabem sobre Saffron? – perguntou ele, já desconfiando qual era a resposta.

– Ora Jake, você é um menino inteligente. Realmente acha que não temos fontes na policia?

Jake permaneceu calado, finalmente controlando o choro e agora acalmando a respiração. Todo o seu corpo doía e ele não sabia o que fazer em seguida. Tudo o que queria era voltar para sua casa e abandonar toda aquela viagem e pessoas. Queria esquecer que tudo aquilo estava acontecendo, mas Jody o trouxe de volta a realidade.

– Então, rapaz, será que você pode contar pra mim o que você contou para o Jack? O que houve? Porque toda essa confusão que você fez?

Jake respirou profundamente e começou a contar a história, desde que abandonaram o Centro Pokémon anterior a Celadon. Contou-lhes da universidade e dos eventos das batalhas no ginásio e da competição Pokémon, explicando que demorara tanto para entra em contato devido a toda sua excitação com a Universidade e com o Professor Carvalho. Jody sorria genuinamente vendo o menino aos poucos recuperando o tom normal dos seus discursos intermináveis. Ele lhe contou da suspeita de Mary Jane em relação à Aya, e ela se viu questionando-se se sabia realmente todos os envolvidos naquela operação. Não se lembrava de nenhuma Aya na Equipe, mas também nunca conhecera nem dez por cento dos agentes da organização.

– Então quer dizer que o Dave liberou o seu Haunter e ainda lhe emprestou o Pidgeotto? – perguntou a mulher, incrédula – e ele anda intrigado com fato de que o Eevee não foi afetado pelos esporos do Oddish, nem pelo veneno das Beedrils?

– Isso mesmo – confirmou Jake – e eu também estou, para falar a verdade. Venho escrevendo bastante sobre o comportamento do Eevee, anotando tudo que posso e tentando entender o que faz dele tão especial. Você não pode mesmo me contar?

– Não, não posso mesmo. – disse ela, mas não disse o que pensou a seguir: porque também não sei – E se eu fosse você, querido, eu deixava isso um pouco de lado querido.

– Mas vocês não queriam um relatório completo sobre a viagem e principalmente sobre o Eevee? – perguntou ele, confuso.

– Sim, queremos. Queremos saber cada passo do Dave e do Eevee e queremos mesmo saber como o Pokémon está se comportando. É somente por isso que não o roubamos de Dave ainda... – O porquê eles estavam monitorando o Pokémon em vez de recuperá-lo era uma das perguntas que mais incomodava Jody, mas ela aprendera a não questionar as ordens de seus superiores. Ainda assim, sentia-se na obrigação de alertar o jovem criador – Mas você não quer saber de mais, Jake, confie em mim. Faça seus relatórios, mas não faça nada mais do que isso. Para o seu próprio bem, entenda que a ignorância nesse caso, é uma benção.

Jake assentiu com a cabeça, claramente assustado, fazendo com que Jody mais uma vez lhe sorrisse e acariciasse o rosto.

– Desculpe sinceramente por hoje – disse ela, pressentindo que tinha obtido sucesso na missão.

– Tudo bem – disse Jake, confirmando as suspeitas da mulher enquanto tomava mais um gole de água – Jody, você me diz uma coisa sinceramente? O Dave veio tentar me salvar?

Jody fechou o semblante e abaixou a cabeça. Odiava dar más noticias ao menino e sabia com ele ficaria machucado com a resposta. Fora exatamente assim da ultima vez.

– Não Jake, ele ainda não tentou...

– Assim como da outra vez... – disse ele em voz baixa, para si mesmo, mas ela resolveu então corrigi-lo.

– Não Jake, dessa vez acho que ele virá. Ele tem um Pokémon para salvar também... – disse ela, sentindo-se particularmente malvada enquanto apontava com a cabeça para a mesa onde estavam as Pokebolas do garoto, e a do Pidgeotto emprestada – Agora, porque você não tenta descansar um pouco? Quando ele chegar eu te aviso para que nós possamos fazer isso parecer um sequestro de verdade...

Ele riu e se encaminhou para uma pequena cama que ela lhe indicara. Inseguro, ele tentou mias uma vez se dirigir a mulher – Jody, eu... Será que eu posso lhe fazer uma ultima pergunta?

– Claro, querido. Sempre.

– Você tem alguma novidade da... – ele travou, incapaz de continuar.

– Da sua querida Mindy? – disse ela, adivinhando o que o menino queria perguntar – Me desculpe Jake, não tenho. Mas eu não me esqueci do que lhe prometi aquele dia na floresta da névoa, fique tranquilo. Eu prometi que não a machucaríamos e não o faremos – prometeu ela mais uma vez, enquanto pensava para si mesma. Se ela não entrar no nosso caminho, é claro...

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Dave calculava pela posição do sol que já era meio-dia quando finalmente eles encontraram o ponto onde ele havia se separado de Jake. Eles precisavam voltar para lá para que Growlithe e Eevee reencontrassem uma possível trilha do cheiro do menino e assim pudessem segui-la. O que dificultou foi que a chuva da noite anterior e o fato de terem estado lá apenas durante a noite fez com que fosse realmente um desafio encontrar aquele local especifico novamente. Ele teve que contar em grande parte com o senso de direção de Eevee até que Growlithe conseguisse localizar a trilha confusa de pegadas e marcas na lama que os dois haviam deixado na noite anterior. Dave tinha que admitir estar impressionado com a capacidade daquele cachorro Pokémon. Não me admira que seja tão útil na polícia...

O Pokémon de fogo indicava que a trilha continuava, mas Eevee havia parado, certo de que o local onde estavam era o correto e que ali eles tinha se separado. Dave, por si só, mal conseguia ver as diferenças entre a árvore em que Eevee indicava que tinham se deitado e outra a dois metros mais adiante. Para onde quer que olhasse via as plantas, trocos maiores e menores, galhos e mato alto. Ele sabia que se perderia nessa floresta muito mais facilmente do que qualquer treinador de Pokémon deveria e agradeceu mentalmente a sorte de ter os seus Pokemons consigo, além de Growlithe a quem ele devia muitos agradecimentos a mais. Ele não tinha nenhum grande motivo para ajudar Dave e eles nem ao menos se conheciam direito, mas ele se portava como o líder do grupo de buscas e o fazia com incrível animação e boa vontade. Parecia que estava se divertindo como há muito não se divertia.

Eevee e Growlithe trocaram algumas palavras entre si enquanto Dave esperava ansioso. Já haviam se passado muito mais de doze horas desde a última vez que avistara Jake e ele rezava para que o menino estivesse bem, onde quer que fosse. Ele se debatia tentando entender o que poderia ter feito com que o menino sumisse e não conseguisse nem ao menos mandar Pidgeotto vir lhe avisar de onde ele estava ou o que estava acontecendo. Dave podia apenas rezar para que ele estivesse bem e torcer para que Growlithe e Eevee conseguissem seguir a sua trilha até onde o menino estava.

– E então? - disse Dave, impaciente – Encontramos?

Eevee lhe lançou um olhar reprovador, como se ele não devesse ter interrompido a conversa que estava tendo com Growlithe, mas o pequeno cachorro latiu e pareceu sorrir enquanto fez um sinal afirmativo não apenas com a cabeça, mas com o corpo todo. Ele estava visivelmente entusiasmado com tudo aquilo, talvez até um pouco de mais. Dave devolveu o olhar de Eevee como que pedindo desculpas, mas não segurou um sorriso quando viu Growlithe correr mata adentro quase encostando o focinho no chão, seguindo uma trilha que Dave esperava com todas as forças que fosse a correta.

Eles seguiram por cerca de vinte minutos e o treinador teve que fazer esforço para conseguir acompanhar o ritmo acelerado do Pokémon de fogo enquanto ele corria pela floresta, pulando raízes mais grossas e desviando-se de galhos e arbustos que ficavam em seu caminho. Dave tentava o máximo que podia manter-se a uma distancia razoável do Pokémon, que seguia com pressa, mas parava de tempos em tempos para cheirar uma árvore especifica e certificar-se de que estavam seguindo na direção correta.

Eevee, por sua vez, parecia não ter problemas para acompanha-lo e Dave observou, de longe, que ele e Growlithe se davam muito bem. Dave sabia que seu Pokémon, agora, estava focado de mais em encontrar o amigo perdido e não deixaria espaço para outra coisa em sua cabeça, mas ele podia apostar que se não fosse toda a pressão e preocupação que pesavam sobre ele, a pequena raposa estaria se divertindo também. Quem sabe tanto quanto o Growlithe pensou ele, enquanto se aproximava de um ponto onde os dois pararam por tempo o suficiente para que o menino os alcançasse.

–Grow! – disse o Pokémon, aparentemente chamando Eevee para um ponto atrás de uma dupla de árvores particularmente juntas. Não fosse uma pequena brecha entre elas, Dave poderia ter jurado que eram uma única árvore com um tronco anormalmente largo.

Eevee correu para junto de Growlithe e começou a farejar o chão junto com o seu novo amigo, com muito mais afinco do que antes. Growlithe parecia satisfeito, o que fez com que Dave pensasse que ele tinha encontrado ali alguma coisa de útil. Ele estava prestes a perguntar o que era quando viu Eevee paralisar e olhar fundo nos olhos do treinador. O que quer que fosse que eles tinham encontrado, Dave podia adivinhar que não seriam boas noticias.

Antes que ele pudesse falar qualquer coisa, porém, seu Pokémon fez um sinal para Growlithe e os dois seguiram farejando o chão, agora claramente por um caminho diferente. Dave percebeu que eles sumiam sempre atrás de arvores maiores e ele tinha que fazer mais esforço ainda para manter-se próximo e não perdê-los de vista. Seguiram em um ritmo ainda mais acelerado, quase que nervoso, por mais cinco minutos até que pararam em uma pequena clareira, muito próxima a borda da floresta. Dave não precisou que seus Pokemons lhe explicassem para entender o que acontecera ali. As marcas de luta estavam claras para quem quisesse ver.

O chão estava profundamente remexido, alguns troncos mostravam deformações que indicavam que alguém os atingira com bastante força enquanto a grama estava bastante batida e danificada, com buracos e rachaduras que claramente não eram naturais. Um galho particularmente grosso e pesado estava caído próximo a uma borda, quebrado na extremidade como se alguém o tivesse atingido de propósito. Não fosse as marcas da pancada tanto no galho caído quanto na árvore, um pouco a cima, ele teria acreditado que aquilo era um pedaço de tronco. A terra na borda oposta da clareira, como se não fosse suficiente, dava claros sinais de que alguém tinha sido arrastado dali para dentro da mata. As marcas sumiam um pouco mais a frente, encobertas pela grama mais alta, mas Dave sabia que Eevee e Growlithe poderiam seguir o cheiro.

– O Jake esteve aqui não foi? - Perguntou ele, sério, para Eevee, que confirmou com um triste aceno da cabeça. Ele não podia acreditar naquilo. Seus medos eram então verdades e seu amigo estava em problemas maiores do que ele queria acreditar. Culpou-se por ter deixado ele sozinho e por não ter ido atrás dele antes.

– Você sabe quem o pegou? Foram eles? – perguntou Dave, agachando e encostando com a mão na terra molhada, marcada pela luta da noite anterior. Ele estava genuinamente com medo da ver a resposta que ele tinha certeza de que já sabia. Eevee mais uma vez confirmou seus medos, com um aceno positivo de cabeça. Então foi a Equipe Rocket. Eles acharam a gente...

Um arrepio percorreu a espinha do menino quando ele ouviu um ganido agudo, quase lamentoso, de Growlithe. Ele levantou a cabeça e viu o pequeno Pokémon sentado ao lado do galho grosso e pesado que estava caído na clareira. Dave se levantou e correu para o lado do Pokémon, que parecia pela primeira vez naquele dia triste.

– O que foi? – disse Dave, confuso, até que Growlithe apontou com um focinho para um ponto especifico do galho, marcado com um vermelho escuro, quase negro. Dave congelou, quase se sentando no chão com o choque ao perceber que aquilo era sangue seco. Eevee se aproximou e cheirou, tão alarmado quanto seu treinador, e ele nem precisou perguntar ao amigo a quem o sangue pertencia. O problema era mais grave do que ele imaginava.

Tomou alguns segundos para recuperar o folego e organizar as ideias antes de falar novamente.

– Eevee, você acha que consegue seguir a trilha de Jake sozinho? – perguntou ele, fazendo com que Growlithe lhe olhasse confuso. Eevee confirmou com a cabeça e ele decidiu confiar nas habilidades de seu Pokémon. Era, com certeza, o melhor a fazer. Agachou-se então e olhou nos olhos de Growlithe. Ele estava com a língua para fora, cansado do dia de busca, mas claramente animado e de repente Dave sentiu um aperto no coração pelo que estava prestes a fazer.

– Growlithe, muito obrigado por tudo – começou ele, fazendo com que o cão latisse uma vez e lhe lambesse o rosto. O menino manteve-se sério – Sem você eu provavelmente não estaria nem perto daqui agora. Você me ajudou ontem e hoje, sem nem ao menos me conhecer ou conhecer o Jake, mas acho que agora devemos nos separar – Growlithe subitamente parou de sorrir o olhou confuso, aparentemente triste, sem entender o que estava acontecendo. Fez um sinal negativo com a cabeça e latiu, mas Dave continuou.

– Olha, eu conheço as pessoas que fizeram isso, e pelo que você está vendo aqui – apontou com a cabeça para a marca de sangue na árvore – eles não estão para brincadeiras. Eu adorei conhecer você e adoraria ter lhe capturado, mas não acho que seja justo lhe pedir para entrar em uma briga dessas a toa. Você já fez de mais e não merece isso – Growlithe latiu mais uma vez fazendo uma negativa com a cabeça e lambendo o rosto de Dave. Ele pareceu entender o menino estava falando sério, mas Dave ainda não tinha acabado

– Olhe bem o que aconteceu com o meu amigo que estamos procurando. Ele não tem nada a ver com isso tudo, mas está sofrendo por minha causa. Eu estou colocando até mesmo os Pokemons que eu já tenho em risco, não vou colocar você também.

Growlithe deixou dobrar as quatro patas como se em posição de ataque, latindo um desafio tão bravo para Dave que o assustou por um momento, deixando claro que não pretendia ir a lugar nenhum. Dave olhou para Eevee, que observava tudo em cima do grande galho quebrado e o Pokémon levantou os ombros, como se dissesse que não podia fazer nada. Dave então decidiu tomar uma atitude mais drástica. Pegou disfarçadamente uma pequena pedra no chão e se preparou emocionalmente para fazer uma coisa que desejava muito não ter de fazer. Levantou-se, olhou firmemente nos olhos desafiadores de Growlithe e lançou a pedra com toda a força.

– Vai embora Growlithe! Eu não te quero mais aqui! – Bradou ele firmemente, mas o Pokémon de fogo deu um rápido salto para lado, deu um sorriso para Dave e correu para o local onde estavam as marcas que indicavam que Jake havia sido arrastado para fora da clareira. Ele farejou por um segundo e lançou-se pela mata na direção que Dave adivinhava que a Equipe Rocket havia seguido.

– Ei! Volte aqui! – disse Dave, estupefato pela agilidade e a determinação do Pokémon – Onde você pensa que vai?

Growlithe parou depois de cerca de cem metros e olhou para trás, latindo e chamando Dave e Eevee com a cabeça, antes de voltar a encostar o focinho no chão, farejando. Dave olhou para Eevee, que se permitiu sorrir para o amigo antes de correr atrás do Pokémon de Fogo.

– Mas... – disse Dave parado sozinho na clareira, ainda incrédulo. Vencido, e com pressa para salvar Jake, ele decidiu aceitar que não tinha nada a mais que pudesse fazer para impedir que Growlithe se arriscasse por ele. Bem que a Pokedex avisou que eles são leias… pensou ele, profundamente preocupado, mas inegavelmente feliz por poder contar com um amigo como aquele.

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Dave teve que convencer Growlithe a ficar quieto e escondido quando eles avistaram, de longe, a cabana de madeira. Reconheceu à distância os cabelos brancos como a neve de Jack reluzindo contra a luz do sol enquanto ele parecia estar de guarda, rondando a cabana sozinho. Eles haviam caminhado por mais de uma hora para dentro da floresta e finalmente encontraram o esconderijo da Equipe Rocket. Dave sabia que aquilo era uma armadilha para tentar mais uma vez capturar o seu Eevee, mas não via alternativa se não enfrenta-los de frente.

Eu poderia tentar ir por baixo da terra como em Cardo pensou ele, antes de desistir do plano. Daquela vez contara com o elemento surpresa, e tinha Mindy para ajuda-lo quando eles se libertaram. Dessa vez ele podia apostar que os agentes estariam mais bem preparados para lidar com aquele tipo de estratégia. Além disso, se Jack estava patrulhando, isso indicava que Jody estava provavelmente dentro da cabana, com olhos fixos em Jake.

– Eu espero que ele esteja bem - disse ele, pensando em voz alta.

Eevee e Growlithe estavam lado a lado, em uma discussão abafada, provavelmente também tentando decidir qual seria o melhor passo a dar agora que tinham localizado Jake e a Equipe Rocket. Dave brincava com as pequenas Pokebolas em sua mão enquanto tentava descobrir o melhor caminho a seguir enquanto observavam Jack terminar mais uma volta na cabana, a terceira desde que eles o haviam avistado de longe. Ele sentou-se então em uma cadeira perto da única porta e ficou jogando sua própria Pokebola para o alto.

Dave, Eevee e Growlithe já estavam impacientes quando finalmente decidiram que não havia outro jeito. Eles teriam que enfrentar os agentes de frente se quisessem libertar Jake. Pelo menos eu possuo a vantagem numérica, pensou o garoto, devolvendo suas Pokebolas para o cinto. Foi então que teve uma ideia. Mantendo uma das Pokebolas na mão, ele liberou seu Sandslash e rapidamente fez um sinal de silencio antes que ele falasse alguma coisa em voz alta.

– Sandslash, eu tenho uma missão para você – disse ele, tirando um mapa da mochila e chamando Eevee e Growlithe para se reunirem ao seu lado. Estudou o mapa por um instante e sorriu, feliz por poder contar finalmente com um pouco de sorte – Está vendo esse ponto aqui? – disse ele, se dirigindo a Sandslash – Isso é um Centro Pokémon. Nós estávamos longe dele, mas se eu não me engano, agora estamos por aqui – apontou então para um local não muito distante do ponto anterior – Não devemos estar a mais de uma hora de caminhada de lá. O plano é o seguinte: eu, Eevee e Growlithe vamos enfrentar a Equipe Rocket em uma batalha frente a frente. Vou levar Poliwag e Oddish comigo, e mesmo que aquele Venomoth ataque novamente, nós ainda teremos a vantagem numérica e de tipo. Vamos tentar manter Jack e Jody ocupados do lado de fora da cabana, enquanto você Sandslash, entra por baixo da terra e tira o Jake de lá. Se certifique de que ele está levando tudo dele, e a Pokebola do Pidgeotto, e então o leve para o Centro Pokémon. Nós nos encontraremos por lá em algumas horas.

Eevee sorriu, claramente aprovando o esquema desenhado pelo amigo. Dave sentia-se relutante em se separar de mais um de seus Pokemons, mas tinha plena confiança de que seu Sandslash era capaz de lidar com qualquer dificuldade ou imprevisto que encontrasse pelo caminho. Ele preferia tê-lo na batalha, mas sabia que ele seria mais útil salvando Jake. Sandslash se comportava com um verdadeiro soldado, extremamente obediente e eficiente, cumprindo a risca tudo o que lhe era pedido. Era, de longe, seu Pokémon de maior confiança.

Além disso, Dave não precisaria de todas as suas forças. Tudo o que precisaria fazer era dar um jeito de escapar. Depois de obter a aprovação de todos, ele desejou boa sorte ao seu primeiro Pokémon e observou enquanto ele mergulhava para dentro da terra. Ele havia crescido tanto que o túnel que fazia já era largo o suficiente para que Dave pudesse engatinhar sem dificuldades atrás dele. Dave apostava que Jake não teria dificuldades em seguí-lo.

Começaram então a por em prática a sua parte do plano. Com Growlithe e Eevee ao seu lado, ele correu os últimos metros entre a mata e a cabana e gritou um desafio a Jack, chamando a atenção do agente, que pulou da cadeira e sorriu.

– Cadê o Jake? O que você fez com ele?! – bradou Dave, enquanto os dois Pokemons se postavam ao seu lado, mostrando os dentes em desafio.

– Jody! O peixe mordeu a isca... – disse Jack em voz alta, rindo sem se incomodar em responder às provocações do menino.

– O que você fez com ele? Ele está ai dentro?! Se vocês tem um problema comigo, porque não me enfrentam de frente? Por que tem que ir atrás dos meus amigos?! Seus covardes...

A expressão de Jack se fechou e ele encarou duramente o menino a sua frente enquanto Jody saia pela porta da cabana, fechando-a atrás de si.

– Olha só quem resolveu aparecer... Estávamos quase desistindo e indo procurar por você nós mesmos. Você já foi mais rápido para nos encontrar Dave. O que houve? O Jake não é motivação o suficiente? – debochou a mulher, sacando sua Pokebola.

Apesar de tudo, ela não gostou de ver Growlithe ao lado do rapaz. Eles não sabiam que ele tinha um Growlithe. Dave teve de se esforçar para não sorrir quando viu a mulher do lado de fora, ao lado de Jack, ambos prontos para enfrentá-lo como ele havia previsto. Seu plano estava dando certo, mas para que isso continuasse assim, ele tinha que se focar em conseguir distraí-los por tempo o suficiente para que Sandslash pudesse fugir e só então escapar dali ele mesmo.

– Cale a boca Jody! Eu nunca iria abandonar o Jake! Agora me devolva ele ou então eu vou ter que ir lá dentro buscar!

– Quero muito vê-lo tentar, moleque insolente – disse Jack, jogando sua Pokebola no ar. Jody o imitou e liberou seu Pokémon, enquanto Dave e seu time se preparavam para o combate. Entretanto, o garoto teve que admitir para si mesmo a surpresa que teve ao ver não um Cubone e um Doduo saírem para luta, mas a forma evoluída de ambos: Dodrio e Marowak. Aquela luta seria mais difícil do que ele imaginara. Pelo menos não estou vendo aquele maldito Venomoth.

– Vejo que andaram treinando... – disse Dave, tentando esconder a surpresa na voz, mas falhando miseravelmente.

– Você não imagina o quanto – disse Jody, já tomando a iniciativa do combate em sincronia com Jack – Dodrio, ataque rápido!

– Marowak, ataque cabeçada!

– Cuidado, evasiva agora! – disse Jake, para os dois Pokemons. Eevee e Growlithe pularam um para cado lado, mas assim que pousaram no chão perceberam com um enorme susto que o movimento fora inútil. Não eram eles o alvo do ataque, e sim Dave. Incapaz de acreditar no que estava acontecendo, o menino se viu lançado vários metros para trás quando os impactos conjuntos da cabeçada de Marowak e do ataque rápido de Dodrio o atingiram na região do abdômen.

AAAH! – berrou ele, levando a mão ao estomago enquanto rolava pelo chão de terra, dominado pela dor e pela surpresa.

– Ueee!! - disse Eevee, correndo para o lado de seu treinador para ver se ele estava bem, enquanto Jack e Jody se deliciavam com a de choque no rosto do menino.

– Não parem! Mais uma vez – ordenaram os dois, enquanto Dave arregalava os olhos, ainda estirado no chão. Dessa vez, porém, os dois Pokemons rockets foram impossibilitados de completar o ataque quando um forte jato de fogo cruzou o campo gramado em uma linha reta separando os atacantes e Dave.

Growlithe latiu ferozmente para os oponentes, que se refrearam a tempo, antes de atravessar parede de chamas que o cachorro criara.

– Muito bem Growlithe – Dave tentou dizer, mas achou difícil respirar e sua quase não saiu.

– Marowak, use o osso bumerangue nessa cadela mal treinada! – ordenou Jack, cheio de raiva.

O Pokémon de terra não hesitou e lançou o osso que usava como arma girando com incrível velocidade na direção de Growlithe, mas o cachorro foi mais rápido e pulo para o lado, desviando do primeiro ataque. Ele sabia que o osso voltaria para atacá-lo e por isso virou-se de lado, dando as costas para os oponentes e se preparando para a volta. Jody resolveu aproveitar a distração e ordenou que seu Dodrio atacasse com as suas brocas furadeiras.

O pássaro bípede lançou-se ao ataque confiante em atingir um alvo distraído e se aproximou com velocidade enquanto os três bicos de suas cabeças começaram a girar em uma velocidade assustadora. Growlithe não teria tido tempo de virar mesmo que tivesse antevisto o ataque, mas Jody foi pega de surpresa quando, pulando por cima da linha de fogo, Eevee surgiu e atingiu Dodrio no flanco de seu corpo com um poderoso ataque cabeçada, derrubando o pássaro no chão. Growlithe então se viu livre para saltar, desviar da rota do osso e pegá-lo com a boca no ar antes que ele conseguisse voltar ao dono.

Eevee e Growlithe param então lado a lado e encararam seus adversários de frente, enquanto Dave lutava para se sentar, ainda com uma mão na barriga e com dificuldades para respirar. Eevee parecia mais focado do que nunca e Dave chegou a se assustar. Nunca antes tinha visto um olhar tão enfurecido no pequeno Pokémon. Eevee olhou para o lado e encarou Growlithe, falando-lhe alguma coisa que os humanos não entenderam. O pequeno cachorro balançou negativamente a cabeça, mas Eevee respondeu com força na voz e a sua expressão não deu espaços a discussões. Growlithe era teimoso, mas Dave nunca tinha visto seu Eevee daquela maneira. Seu olhar estava inabalável e era possível praticamente sentir a força da raiva que ele sentia, mas ela claramente não o dominava. Aparentemente convencido, o cachorro Pokémon correu para o lado de Dave com o osso de Marowak na boca.

– Isso não é brinquedo, seu cachorro idiota! - Bradou Jack, claramente enfurecido com o movimento inesperado do Pokémon de fogo – Marowak, use o terremoto!

Marowak então saltou para o alto, ganhando altura e se preparando para mergulhar de volta ao chão, fazendo toda a terra tremer. Eevee, entretanto, foi mais rápido e atingiu Marowak ainda no ar com um incrível ataque rápido que deixou Jack com a boca aberta. Eevee estava há cerca de dez metros do seu oponente quando ele se lançou ao ar e o atingiu há cerca de quatro metros de altura em um par de segundos. Ele nunca tinha visto um Pokémon de quatro patas mover-se tão rápido. O Pokémon de Jack caiu de costas no chão e se levantou com dificuldades, mas Jody não esperou pelo próximo movimento de Eevee.

– Dodrio, ataque com fúria!

O Pokémon de três cabeças lançou-se contra a pequena raposa e começou a lhe atacar com velocidade, forçando-o a se esquivar repetidamente. Suas três cabeças tornavam a missão muito difícil, mas o tamanho e a agilidade da pequena raposa eram imbatíveis e ele pulou para os lados, desviando de duas rodadas de bicadas até que saltou para frente, passando por baixo das longas pernas do Pokémon pássaro e voltando a saltar para o alto. Dodrio teve apenas tempo para se virar quando, com um único movimento de sua cauda brilhando, Eevee atingiu as três cabeças do Pokémon, lançando-o para o lado.

Jody trincou os dentes enquanto Dave deixou um curto sorriso surgir no rosto, ainda dominado pela dor. Quantas vezes mais as habilidades de batalha de Eevee teriam que ser mostradas para que ele se acostumasse com todo o potencial de seu Pokémon? Quantas vezes mais ele se veria surpreso pelo desempenho de Eevee quando ele estava completamente focado em uma batalha? Growlithe assistia admirado ao seu lado enquanto Dodrio e Marowak se esforçavam para ficar de pé a volta de Eevee.

– Dodrio, use o ataque triplo! – disse Jody, já sem ter ideias do que fazer em seguida.

– Marowak, ataque com o “pontas de pedra”!

Dave observou enquanto os olhos de Marowak, do lado direito de Eevee, começaram a brilhar em azul e dois círculos de pedras afiadas, do tamanho de um punho cada, subiram do chão e começaram a girar em volta de seu corpo. Com uma exclamação e um movimento de seus dois braços para frente, o Pokémon terrestre lançou as pedras em grande velocidade em direção a Eevee. Do outro lado, Dodrio posicionou suas cabeças em triangulo e abriu seus bicos, enquanto três esferas de energia, uma vermelha, uma amarela e a ultima azul, se formaram em suas respectivas bocas. Elas então se interligaram formando um triângulo de energia.

Eevee parecia inabalado entre os dois adversários, com um semblante feroz e focado. Assim que Marowak lançou seu ataque ele deu um forte impulso para o alto e girou mais uma vez a sua cauda de ferro, rebatendo as pedras que o atacaram. Poucas o atingiram, mas ele pareceu não senti-las. Enquanto estava no ar, porém, Dodrio lançou seu ataque e Dave pensou que finalmente Eevee seria diretamente atingido. Ele estava no ápice de seu salto, pronto para começar a cair e incapaz de se desviar do poderoso golpe de energia que se aproximava rapidamente, mas mais uma vez o pequeno Pokémon normal o surpreendeu.

Quando ele girou e atingiu as pedras com sua cauda de ferro, ao mesmo tempo ficou de frente para Dodrio e abriu a boca, criando uma esfera de energia de roxa e negra que cresceu rapidamente. Ele então lançou a sua bola das sombras contra o ataque triplo do oponente, fazendo com que seu corpo fosse lançado para trás e os dois golpes explodissem do ar, criando uma forte nuvem de fumaça.

Dave teve de cobrir os olhos, incrédulo, enquanto Eevee, Dodrio, Marowak e todo o resto foram encobertos pela cortina de fumaça. Ele n ão sabia se o golpe de Eevee tinha surtido efeito ou se o seu amigo estava bem e se viu realmente preocupado com Eevee pela primeira vez naquela luta. Quando a cortina baixou poucos instantes depois, ele viu seu amigo postado bravamente frente aos dois adversários Pokémons, claramente cansados e exaustos, e uma dupla de agentes rockets visivelmente desnorteada. Eevee parecia nem ter sentido os efeitos de toda a batalha.

O que esse Eevee tem?! Pensava desesperadamente Jody, esquecendo-se de que aquela deveria ser apenas uma batalha para disfarçar o sequestro de Jake. Ela sabia que Jack estava tão abalado quanto ela e faria tudo o que fosse necessário para vencer o pequeno Pokémon ,que era o maior adversário que já tinham enfrentado. Eles se entreolharam e ela soube que não teria escolha também. Eles entraram sabendo que teriam de perder aquela luta, mas agora se recusavam a se dar por vencidos. Dave, do outro lado, ainda estava atordoado em admiração por seu Pokémon. Ele não precisa de mim. Sabe cuidar-se muito bem sozinho lembrou-se sorrindo, voltando ao dia em que convidara a pequena raposa para seguir viagem com ele. Ele está comigo porque quer...

– Jody – chamou Jack, em um tom grave. Ela sabia o quanto ele odiava ser humilhado daquela maneira em uma batalha. Eles tinham usado combinações poderosas de ataque e seus Pokemons tinham demonstrado força, mas Eevee os havia superado como se não passassem de meros iniciantes mal preparados. Ela sabia que só lhes restava uma última carta na manga e teria preferido usá-la em outro momento, mas não via outra escolha. Com um aceno de cabeça, ela indicou ao parceiro que havia entendido o que ele queria. Eles não precisavam de mais do que aquilo para se entender.

– Usem o time duplo! –ordenaram juntos. Instantaneamente a dupla de Pokemons Rockets se multiplicou em volta do pequeno Pokémon de Dave, fechando-o em um circulo alternado de pouco mais de dois metros de raio. Eevee acompanhou-os com o olhar, imóvel, enquanto Jack e Jody ordenavam o próximo passo do movimento – Agora usem juntos o hiper-raio!

Dave arregalou os olhos e perdeu o ar quando ouviu as ordens dos agentes Rockets.

– Cuidado! – berrou ele, tarde de mais.

Todos os Marowak lançaram-se ao ar, fechando a única saída que Eevee tinha para escapar do ataque enquanto carregavam uma bola de energia branca entre as suas mãos. Os Dodrios, por sua vez, acumulavam as mesmas esferas de energia entre as suas respectivas cabeças. Com o ataque vindo também por cima, uma grande cratera provavelmente seria aberta no chão, de modo que nem se Eevee usasse o cavar ele poderia ter esperanças de escapar. O movimento fora muito bem treinado pela dupla e perfeitamente executado. Mesmo sabendo que apenas dois dos muitos ataques que via eram verdadeiros, Dave se viu aterrorizado quando todos os hiper-raios foram lançados ao mesmo tempo contra o pequeno Eevee parado no centro do círculo.

Growlithe tentou correr para ajudar o amigo, mas Dave o segurou, impedindo-o de entrar no meio. Juntos, eles assistiram enquanto os raios se aproximavam e Eevee parecia fechar os olhos. E então os raios atingiram uma barreira invisível em volta do Pokémon e o choque de energia fez com que todas as árvores à volta reverberassem. Pidgeys e Spearows voaram das árvores e uma forte corrente de ar fez com que Dave se visse forçado a proteger o seu rosto enquanto via uma barreira de energia muito parecida com a que vira o Eggxecute de Erika usar no ginásio se erguer e proteger o seu Eevee de maneira inacreditável.

Uma verdadeira batalha de energias parecia estar tomando conta da floresta enquanto um poderoso estrondo ecoava a volta. O próprio chão parecia tremer e Dave se viu vidrado enquanto os raios lutavam para quebrar a barreira aparentemente levantada por Eevee para se proteger. O pequeno Pokémon estava dentro do semicírculo protetor, com as patas firmemente posicionadas e os olhos fechados em total concentração. Dave percebeu que ele estava se esforçando mais do que nunca para se manter a salvo dos poderosos golpes de Dodrio e Marowak. O som era ensurdecedor.

Ao contrario do que pareceu a todos os envolvidos, tudo durou apenas alguns poucos segundos, antes dos raios se dissiparem e Eevee poder, finalmente, desfazer a barreira de proteção que usara. Até Growlithe havia ficado de boca aberta, deixando o osso de Marowak cair no chão, frente à apresentação de poder do pequeno Pokémon marrom. Marowak voltou ao chão, caindo ao lado de Dodrio, exaustos de mais para manter as ilusões que há pouco haviam criado. Deixou-se cair sobre um joelho, ainda surpreso pelo fato de que mesmo aquela combinação não ter surtido efeitos. Jack e Jody estavam paralisados e inexpressivos.

Dave estava apenas esperando Eevee cair de cansaço também quando o pequeno Pokémon começou brilhar, envolto em uma aura amarelo-dourada. Então, dois pequenos círculos brancos de energia se fecharam envolta de seu corpo e começaram a girar com velocidade. Ele não podia acreditar no que via. Não podia acreditar que Eevee ainda estava lutando, muito menos que ele carregava outro poderoso ataque. Ele o vira utilizar esse mesmo ataque contra Tyler, em Russet, derrotando o poderoso Machamp do líder. Agora que pensava, nunca tinha realmente estudado aquele movimento e se puniu mentalmente por isso. Tirou então a Pokedex do bolso.

Poder oculto. Um ataque que se comporta de maneira diferente com cada Pokémon individualmente, mudando de força e até mesmo de tipo. Seu poder é correspondente ao poder do Pokémon que o executa.

Eevee pareceu flutuar no ar por um instante antes de lançar os dois discos de energia branca na direção de seus oponentes, que ainda sofriam os efeitos do ataque exaustivo que tinham acabado de usar. Os círculos os atingiram em cheio e os lançaram para trás com extrema força, cada um em cima de seu respectivo treinador, que também foram lançados para trás. O poder da técnica era tanto, que os quatro se chocaram contra a parede da cabana, furando duas paredes da estrutura e caindo no chão do outro lado, desacordados. Em seguida, a cabana desmoronou aos poucos, incapaz de se sustentar com os danos em sua estrutura.

Só então Eevee pareceu relaxar e se voltou para Dave, correndo e pulando no colo do menino que parecia não conseguir se dividia entre uma risada histeria e a dor no abdômen que ela lhe proporcionava. Seu coração estava disparado e ele só controlou o riso quando o pequeno Pokémon marrom caiu finalmente em seu colo.

– Ai! Ai! – disse ele, acariciando o sorridente Pokémon. Agora, de perto, Dave podia sentir como ele estava suado e como aquela luta parecia tê-lo cansado. Chegou a pensar ter sentido-o tremer, mas nunca soube se fora Eevee ou ele mesmo. Ainda assim, Eevee lhe sorria e lambia o rosto, enquanto ria junto com o menino – Desde quando você sabe usar a técnica de proteger em? – perguntou ele, sem realmente esperar uma resposta entre risadas e lambidas.

Growlithe se juntou à brincadeira e voltou a derrubar Dave, lambendo-lhe o rosto até que Dave finalmente conseguiu se por de pé. Então ele voltou a pegar o osso de Marowak entre a boca e correu na direção dos agentes desacordados. Deixou o osso próximo ao seu verdadeiro dono, sabendo que não pretendia roubá-lo, e voltou para perto de Dave.

– Eles estão bem? Estão respirando? – perguntou Dave, subitamente preocupado. Growlithe respondeu que sim com a cabeça, abanando o rabo de felicidade, e o menino respirou aliviado – Então vamos antes que mais agentes cheguem para socorrê-los. Temos que encontrar o Jake no centro Pokémon.

E então Dave, levantando-se com dificuldade, Eevee e Growlithe seguiram para o ponto de encontro combinado, ansiosos por encontrar seu amigo resgatado. Dave nunca mais esqueceria que seu melhor amigo era, na verdade, o mais extraordinário Pokémon que ele jamais tivera a sorte de encontrar.


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam? Palpites? Surpresas? Reclamações? Elogios?

Sou todo ouvidos! hahahaha
Espero vocês nos comentários!



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