Uma Princesa Complicada escrita por Luh Castellan


Capítulo 1
O Começo


Notas iniciais do capítulo

Hey cupcakes o/ Aqui estou eu com mais uma fic de PJO focada na Thalia kkkk
Mas esta não tem nenhuma ligação com Céu & Mar (minha outra fanfic) okay?
Espero fortemente que gostem e boa leitura :3



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Tudo começou no meio de um jogo de futebol. Não futebol americano, o outro tipo de futebol. O sol escaldante pairava acima do campo da Goode High School, esgotando as minhas forças. O suor irradiava de todos os meus poros. O nosso time ganhava de 2 a 0, faltando apenas alguns minutos para o intervalo. Eu era a única garota da equipe. De início, o treinador não quis me admitir, porém, depois que eu provei jogar melhor que todos aqueles marmanjos juntos, ele não teve escolha.

As outras garotas olhavam torto para mim, como se eu fosse uma aberração. O carinhoso apelido "Maria-macho" estava presente na maior parte dos cochichos que soltavam quando eu cruzava aqueles corredores. Eu apenas revirava os olhos e repetia: Foda-se.

O juiz finalmente apitou o intervalo. Eu me joguei no banco dos reservas e despejei uma boa quantidade de água no rosto para me refrescar. Outros jogadores faziam o mesmo à minha volta.

Com a minha visão periférica, notei duas figuras meio deslocadas naquele cenário. O primeiro era um homem alto, de paletó escuro e cabelos loiros impecavelmente arrumados. Deveria estar na faixa dos 35 anos. A segunda era uma mulher baixinha, usando roupas igualmente formais. Seus cabelos cor-de-areia estavam puxados para trás num coque social. Tinha a aparência jovem, porém madura. Ambos possuíam expressões duras e profissionais. Eles se aproximaram em passos sincronizados.

— Senhorita Thalia Grace? — A mulher indagou, fazendo-me dar um sobressalto.

— Hã... Sou eu — respondi, confusa.

— Por favor, peço que acompanhe-nos. — O homem pediu com sua voz grave.

Fiquei encarando-os com cara de interrogação por um instante.

— E por que eu faria isso? — perguntei, num tom de desconfiança.

— Porque temos ordens expressas de alguém que deseja falar contigo — Ela respondeu, sem nenhuma expressão.

Olhei em volta à procura de câmeras escondidas. Aquilo só podia ser uma pegadinha.

— Foi mal — prossegui, quando percebi que eles falavam sério. — Eu tô no meio de uma partida de futebol... Talvez outro dia.

Levantei-me do banco e dei as costas para os estranhos, caminhando em direção ao vestiário.

— Seu pai deseja vê-la — A mulher afirmou, ainda impassível.

Estaquei imediatamente. Não podia ser verdade. Com certeza era mais uma pegadinha, de muito mal gosto, por sinal. Meu pai me abandonou antes mesmo de eu nascer, nunca cheguei a conhecê-lo. E a minha mãe sempre desviava do assunto quando eu perguntava, alegando que era um vagabundo qualquer. "Minha mãe". A breve lembrança dessa figura trazia à tona todos os acontecimentos indesejáveis das últimas semanas. Balancei a cabeça para afugentar os pensamentos.

— Então digam a ele que está meio atrasado — respondi, em tom debochado. — Se ele realmente quisesse falar comigo, deveria ter feito isso alguns anos atrás.

Mas, por algum motivo, não continuei seguindo para o vestiário. Virei-me de frente para aqueles estranhos e fiquei encarando-os de braços cruzados. Uma centelha de curiosidade pulsava dentro de mim. Eu ansiava por respostas há muito tempo e talvez estivesse próxima de consegui-las.

A mulher suspirou.

— Senhorita Grace, não dificulte as coisas. Temos seguranças armados e uma autorização para levá-la, seja por bem ou por mal.

Okay, aquilo já estava me assustando. Porém eu não me renderia facilmente.

— Pois pegue essa sua maldita autorização e enfie no... — Controle-se, Thalia, minha subconsciência me orientou.

A moça arqueou uma das sobrancelhas. Suspirei, rendendo-me. Talvez estivessem falando a verdade e eu finalmente tivesse a chance de tirar satisfações com o meu progenitor. Agarrei-me a essa possibilidade com todas as forças e torci para que não fossem maníacos sequestradores.

— Tudo bem — Meu olhar desviou-se para o telão gigante que mostrava as horas. — Eu tenho que estar de volta em quinze minutos.

Ambos sorriram, triunfantes e eu os acompanhei até um carro escuro. Minha boca abriu-se na forma de um perfeito "o" quando notei que não era um carro escuro qualquer, mas sim uma limusine. Seja quem for que queria me ver, deveria ser um figurão.

Eu conhecia bem a velha história da "menininha que entra no carro desconhecido e o seu corpo é achado no outro dia, inerte às margens de um riacho qualquer", mas mesmo assim resolvi arriscar. Podem me chamar de louca, irresponsável, mas a curiosidade estava me corroendo.

Aconcheguei-me no banco de couro e só então reparei nas minhas roupas. Uma camiseta laranja encharcada de suor e um calção folgado de futebol não eram bem os trajes adequados para encontrar com uma pessoa à altura dessa limusine. Quer saber? Foda-se. Minha alegre subconsciência novamente se manifestando para solucionar todos os meus problemas.

O trajeto foi curto. Quando dei por mim, já havíamos parado em frente a um restaurante qualquer. O homem, que descobri se chamar "Robert", abriu a porta educadamente para eu descer. Adentrei no prédio, ao lado dos dois.

O ambiente não era inferior à limusine em sofisticação. Possuía pé direito alto e lustres de cristal pendendo do teto. As mesas eram todas forradas com toalhas de seda fina. Garçons de smoking circulavam elegantemente pelo ambiente, portando bandejas com alimentos esquisitos. A música clássica preenchia o recinto, quebrada somente pelos sussurros calmos das pessoas nas mesas.

Os dois indivíduos que me acompanhavam pareciam se "adequar" àquele ambiente, misturando-se com a decoração. A única deslocada ali era eu, com meus cabelos arrepiados e traje esportivo, atraindo olhares de desprezo das pessoas nas mesas.

Paramos em frente à uma mesa onde um único homem estava sentado, bebericando seu vinho. Ele era alto e imponente, usando seu terno risca de giz. Alguns poucos fios grisalhos insinuavam-se entre seus cabelos negros e no meio de sua barba bem aparada. Ergueu o olhar para mim e meu coração falhou uma batida ao notar seus olhos azuis eletrizantes, exatamente iguais aos meus. Um pequeno sorriso quebrou a seriedade do seu rosto quando ele me viu. Se era de felicidade ou deboche, eu não sabia.

Ele levantou-se e abriu os braços, aguardando um abraço. Mas eu me desvencilhei.

— Hã... Vamos com calma — exclamei, com o coração ainda batendo descontroladamente.

O sorriso dele se desfez um pouco, mas ele manteve a compostura.

— Naturalmente. Sente-se... Filha — pronunciou esta última palavra com relutância.

Robert tentou puxar a cadeira para mim, mas eu recusei. O homem que se dizia meu pai gesticulou com a mão para dispensar os ajudantes.

— Então... — Começou o discurso, escolhendo as palavras com cuidado. — Você deve estar muito confusa, e eu não a culpo. Mas peço que me ouça para depois tirar suas conclusões.

Assenti com a cabeça, impaciente. Não tinha tempo para encher linguiça.

— Não sei o quanto sua mãe lhe falou sobre mim, portanto, começaremos pelo o que você sabe.

— O que eu sei?? — exclamei, exasperada. As pessoas das mesas vizinhas me encararam com repulsa. — Nem sei ao menos o seu nome! Tudo que minha mãe me contou foi que você era um vagabundo qualquer, que engravidou ela e deu no pé.

Ele fez uma careta de dor, que logo depois converteu-se em um sorriso de escárnio.

— “Um vagabundo qualquer” — resmungou, ressentido. — Não era isso que ela pensava quando estávamos na cama daquele motel cinco estrelas em Paris... Enfim, meu nome é Zeus. Conheci sua mãe numa das viagens que ela fez a trabalho. Rose era uma mulher encantadora, me apaixonei assim que a vi pela primeira vez na televisão. Mas também era articulosa. Eu era jovem e imprudente, nos conhecemos numa festa e ela logo me fez ficar aos seus pés. Acredite, não são todas as mulheres que tinham esse efeito sobre mim, mas Rose Grace me atraiu de um jeito descomunal — Seus olhos brilhavam, como se revivesse a cena. — Como boa atriz, tinha um incrível poder de persuasão. Tivemos um caso de uma noite, mas eu nunca imaginei... Eu não sabia de você.

Aquela história estava difícil de engolir.

— E por que eu acreditaria em você? — indaguei, de forma ácida. — Pode ser um maluco fingindo que é meu pai para me sequestrar e me estuprar.

Zeus cruzou as mãos sobre a mesa.

— Eu sei que é difícil de acreditar... Mas peço que ao menos me dê uma chance. Continuando, ela foi embora no dia seguinte, e perdemos o contato. Nunca soube que ela engravidou. Alguns meses depois, conheci Hera, minha atual esposa, e nos casamos. Tivemos um filho.

— Tá, tá, me poupe do seu drama familiar. Como você soube da minha existência? — Cortei a história, indo direto ao ponto que me interessava.

— Fiquei sabendo há pouco tempo, com aquela notícia na televisão... — Eu me lembrava muito bem dessa notícia, bem o bastante para trincar os dentes e cerrar os punhos quando alguém a citava. — Nunca imaginei que Rose fosse capaz disso. Ela sempre foi meio louca, mas se envolver com tráfico de drogas?

Balançou a cabeça negativamente, em desaprovação. Permaneci em silêncio, fitando o copo d'água intocado a minha frente. Os surtos que a minha mãe tinha quando estava drogada e/ou alcoolizada ainda estavam vívidos na minha mente. E depois veio a ruína da sua carreira, vender os móveis de casa para comprar drogas, antes de finalmente envolver-se com o tráfico. Todos aqueles marmanjos que ela trazia para casa, cada noite um diferente...

— Sua prisão apareceu em todos os jornais — Zeus prosseguiu. — E, com ela, também surgiram informações sobre uma filha, de 16 anos. É loucura, eu sei, mas chequei as datas e elas coincidiram. E quando vi aquela sua foto nos noticiários... Os seus olhos... Tive certeza de que era minha filha.

— Por que você está tão certo disso? — Continuei difícil de convencer. — Eu posso ser filha de qualquer outro homem com quem ela se envolveu. E acredite, foram muitos.

Ele sorriu com presunção.

— Fiz alguns exames de DNA. E deu positivo.

— Como?? — indaguei, completamente incrédula. Bati com os punhos fechados sobre a mesa. — Nunca te vi em toda a minha vida. Não seria possível ter acesso aos meus genes.

Ele revirou os olhos, impaciente.

— Depois que as notícias saíram, coloquei alguns agentes para... Te observar — respondeu, relutando nessa última frase. — Descobri algumas coisas sobre você, e não foi difícil de conseguir um pouco de saliva deixada numa de suas garrafas, durante um dos treinos de futebol.

— Você estava me espionando? — A raiva estava tomando conta de mim.

Quem esse cara pensava que era para invadir a minha privacidade desse jeito?

— Não foi bem espionar — defendeu-se. — Eu precisava ter certeza de que você é a minha filha. Só quero o melhor para você, Thalia.

— E o que você quer que eu faça? — Encarei diretamente suas íris azuladas.

— Venha comigo para Olimpo, o meu país.

Okay, agora eu estava confusa de verdade. Olimpo? E esse lugar existia?

— Me dê três bons motivos para isso — desafiei, de braços cruzados.

Ele refletiu um instante, antes de continuar.

— Sua mãe passará um bom tempo na cadeia. Você é de menor, não pode ficar sozinha. Eu entrei com um processo na justiça para ter a sua guarda integral, alegando que aquela mulher não tem condições psicológicas para cuidar de você. A legislação está do meu lado. Por enquanto, como seu pai, eu tenho a sua guarda provisória.

Eu estava começando a ceder, aquele cara realmente possuía argumentos bons.

— Você vai adorar o Olimpo, Thalia — Tomou uma das minhas mãos e, surpreendentemente, eu não o detive. — O clima é agradável, as paisagens são incríveis... E você terá tudo que desejar. Não precisa ir morar comigo definitivamente. Só venha passar um mês ou dois, o tempo em que o julgamento sairá. Se você não gostar, pode voltar para Nova York e viver como se nada tivesse acontecido.

Pensei em suas palavras. Até que seria uma boa... Tirar umas "férias" dessa vida. Recomeçar num lugar novo, onde ninguém me conhecia. Um lugar onde eu não seria lembrada por ser "A filha da estrela Rose". Não seria perseguida por malditos paparazzi, nem atormentada nas ruas.

Devido ao meu silêncio, ele continuou.

— Eu soube que a assistente social andou te procurando — Caramba, esses agentes dele investigavam melhor que a CIA. Talvez soubessem até a cor da calcinha que eu estava usando. Corei ao imaginar o tanto de situações indesejáveis em que eles deveriam estar me observando. — Ela está te pressionando, não é? Não tem tios, nem nenhum parente próximo com quem você poderia morar. Pense bem, Thalia.

Suspirei, derrotada. Ele estava certo. Eu era menor de idade, não poderia morar sozinha, sem a guarda de ninguém. E com a minha mãe na cadeia, sem previsões para sair, a coisa complicava.

— Além disso, filha — Ele soltou a palavra sem nenhum ressentimento, desta vez. — Eu possuo grande poder, lá no Olimpo. Você terá uma educação de qualidade, segurança de primeira e todos os mimos que desejar, dignos de uma princesa.

Uma pulga estava incomodando atrás da minha orelha, desde a primeira vez em que ele citou esse tal de "Olimpo". Não aguentei mais.

— Afinal, o que você faz nesse tal de "Olimpo", para ser tão importante? E onde fica esse lugar que eu nunca ouvi falar?

Ele pareceu estar numa briga interna, decidindo se devia ou não me contar alguma coisa. Por fim, cedeu, relaxando os ombros.

— Olimpo é um pequeno país localizado às proximidades da Grécia — respondeu, com seus olhos cor-de-céu analisando cuidadosamente as minhas reações para o que viria em seguida. — E eu... Sou o rei desse lugar.


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Notas finais do capítulo

Então, leitores o que acharam? Gostaram? Odiaram? Por favor, não se acanhem, eu não mordo :v E respondo todos os comentários com carinho



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