– Grávida? – Ele perguntou parecendo intrigado. – Isso é um problema. Terei uma conversinha com o departamento jurídico.

Quando ele saiu Lily não poderia ter se sentido mais aliviada. Ela suspirou para si mesma, pensando em quando ela havia se tornado um gênio. Fala sério, tinha arrumado a desculpa perfeita. Em um mês ou mais ela iria dizer que perdeu o bebê, e o Perkins já teria saído, o seu emprego não estando mais em risco.

O problema era ele. O mini-Potter. Se ele não conseguisse assumir a empresa, Perkins ia assumir, e Lily ia ser demitida. Era aí que ela entrava. Ela conhecia aquela editora mais que qualquer um, e iria fazê-lo assumir aquela empresa nem que fosse precisar usar o papa no caso.

Todos saiam ganhando. Ela, o mini-Potter, o senhor Potter. Menos o Perkins, mas ele realmente não importava. Quando ela decidiu que teria que ter uma conversa com o seu futuro chefe, o seu chefe atual voltou à sala, parecendo meio perturbado.

– Segundo o departamento jurídico, não posso demiti-la até que seu bebê tenha nascido e sua licença acabado. – Ele disse encarando sua funcionária. – Mas você não perde por esperar.

Ela saiu da sala mal acreditando no que acabara de acontecer. Já ia bater na porta da sala do outro Potter, quando um grupo de pessoas da secretaria chegou sorrindo para ela.

– Parabéns Lily! – Disse Celia, cuja mesa era ao lado da de Lily.

– A mais nova mamãe daqui gente! – Continuou Ian, da correspondência.

Tantas pessoas, ela se sentia sufocada.

– Obrigada pessoal, obrigada. – Ela disse um pouco sem jeito. Apesar de tudo, se sentia horrível em ter que mentir para todas aquelas pessoas.

Quando ela finalmente conseguiu continuar seu percurso, não sabia realmente o que fazer. Primeiro iria ter que explicar tudo para Amus, imagine se ele descobrisse por outra pessoa e achasse que era verdade. Iria reclamar com ela por não ter contado nada, relacionamento tchau. Mas primeiro teria que resolver isso.

Ela bateu em sua porta.

– Entre! – Ouviu sua voz do outro lado.

– Sr. Potter. – A ruiva disse respeitosamente enquanto sentava na cadeira em frente a do mesmo.

– Vejam se não é a mais nova mamãe! – Ele disse levantando o olhar de uma revista que estava lendo. – Desperdício, ruiva. Com um corpo desses, inventar de ter um bebê? Ah, para você é James. – Ele continuou encarando a moça maliciosamente.

– Potter, por favor, respeito. – Ela disse se acomodando mais na cadeira. – Vim aqui lhe fazer uma proposta.

– Hum, começou a ficar interessante. – Lily só pode reprovar a atitude do homem. Era isso que ela teria que transformar em um editor chefe? – Sim, aceito uma noite de sexo casual selvagem com grávidas.

– É o seguinte: - Ela continuou ignorando o último comentário do mini-potter e tentando manter a calma. – Eu vou te ajudar a conseguir o cargo do seu pai. Vou ser sua guia por esses quatro meses.

– O que você iria querer em troca? – Ele perguntou prestando mais atenção.

– Simples, quero continuar tendo um emprego. Aqui. – Quando viu que o Potter estava parecendo confuso ela continuou. – Se você não assumir essa editora eu vou ser demitida. Simples assim.

– Porque você seria demitida, se meu pai casaria com você se ainda tivesse alguma testosterona no corpo, de tanto que te elogia? – Ele continuou falando feito se uma criança estivesse na sua frente, não uma mulher.

– Porque meu atual chefe é o Perkins, já que seu pai teve a estúpida ideia de se aposentar! – Lily falou meio cinicamente, levantando da cadeira e andando de um lado para o outro.

– A controlada Lílian Ruiva Evans se soltando! A gravidez já está mexendo com os seus hormônios... – Ele disse em meio a uma risada.

– Eu não estou grávida. – Ela murmurou, parando em frente a sua mesa.

– O quê, ruiva? – O Potter perguntou levantando de sua cadeira e se aproximando da mulher.

– Eu. Não. Estou. Grávida. – Ela disse um pouco mais alto, pontuando cada palavra.

– Ah, concordo, você anda meio pálida mesmo. – O homem continuou se aproximando cada vez mais dela.

– Eu não estou grávida! – Ela falou em tom normal, já ficando com raiva. – E você não deveria atiçar uma ruiva. Isso nunca termina bem para ninguém.

– Porque você inventaria uma gravidez? – Perguntou mais para si mesmo o Potter, enquanto rodeava Lily.

– Isso não é o importante. O importante é que se você não assumir essa empresa, eu vou ter que dizer que perdi o bebê logo, logo, e vou ser demitida. E eu não estou em condições de ser demitida. Aí você entra. Nesses quatro meses em que você estará no comando sobre observação, eu vou te dizer o que fazer e como agir para ser considerado um exímio editor chefe. Seu pai vai ver o talento que você tem, você vai assumir a editora definitivamente, eu perco o bebê, todos ficam felizes. Entendeu? – Ela soltou andando de um lado para o outro até parar na frente do moreno.

– Mais uma pergunta: porque eu iria querer assumir isto aqui?

– Para mostrar pro seu pai que você é muito mais que um vagabundo irresponsável. – Ela falou com cara de quem tem a razão.

– Isso é verdade. – Ele sibilou contrariado. - Ruiva, hoje vou dar uma festa, assim, pros mais íntimos. Eu apreciaria muito sua presença. – Ele disse voltando a sentar em sua cadeira.

– Eu estou colocando nossos destinos em suas mãos e você me chamando pra uma festa? Meu trabalho vai ser bem difícil. – Lily disse cansando e voltando a sentar.

– Vamos fazer assim: se você for, eu aceito sua proposta. Se não, vou achar que você desistiu do nosso acordo, e desisto dele também. – Ele falou com um sorriso no rosto, batendo com uma caneta na mesa.

– Você está me chantageando? – Lily perguntou ofendida.

– Não chame isso de chantagear, docinho. – Ele disse passando o corpo por cima da mesa, ficando cara a cara com ela. – Isso é conseguir as coisas usando um pretexto necessário.

– Posso levar amigas? - Ela perguntou levantando, pronta para ir embora.

– Gatas? – Ele bateu outra pergunta, para Lily completamente desnecessária.

– Sempre – Ela disse indo até a porta.

– Então conto com você ruiva. – Ele continuou dando uma piscadela.

Ela o encarou com a mão na maçaneta antes de dizer:

– Não me chame mais de ruiva.

–--

– Lily Evans! Não me ignore desse jeito! – Disse Marlene enquanto batia a porta do banheiro as suas costas.

– Eu já disse Lene, aqui não é seguro. Estamos expostas! – Falou a ruiva retocando o batom.

– Não é seguro pra quê? PRA DIZER QUE VOCÊ DEU PRO AMUS SEM CAMISINHA? – Ela gritou batendo o pé.

– MARLENE! Cala essa boca! Depois eu vou ter explicar. – Lily disse lendo um papel de deveria estar em cima do balcão. – E temos uma festa para ir.

– Essa parte me interessa. Onde seria essa festa? – Ela falou abrindo a porta e dando passagem para a saída da amiga.

– Casa de James Potter. – Disse a ruiva sentando na sua mesa.

– Lílian Evans se revelando! Grávida do namorado e dando em cima do chefe. – Lene disse dando um sorrisinho malicioso. – Nunca achei que você seria a adúltera do grupo.

– Poupe-me, Marlene. Poupe-me. Acho que dá para perceber que meu dia não está muito bom. – Lily disse escrevendo um bilhete para a amiga. Sabia que não era nem um pouco seguro contá-la daquele jeito, mas já tinha passado por muito em um dia só, e não estava realmente com vontade de continuar escutando provocações, e seus tantos anos de amizade com a morena a havia ensinado que sua amiga podia ser bem insistente.

A ruiva não pode prestar muita atenção na expressão da outra, porque o seu amado chefe a havia lotado de trabalhos, até com coisas que não deveriam ser feitas por ela. Mandou-a até escrever uma carta para a mãezinha caduca dele, o que não era exatamente agradável.

– Sempre soube que você era uma mafiosa. – Marlene soltou em meio a risadas.

–--

– Lily, você não está entendendo. Você tem que fingir estar grávida. Como você vai fingir estar grávida, se você realmente não sabe como é? – Dorcas disse enquanto arrastava ela rumo a uma loja de bebês, enxovais e gravidez junto com Lene.

– Quem não está entendendo alguma coisa aqui são vocês. – Esperneou a ruiva tentando, inutilmente, se desvencilhar. – Não é feito seu eu tivesse dinheiro sobrando para comprar coisinhas que não preciso.

– Aí que nós entramos, queridinha. Vamos patrocinar o seu sucesso, e quando você estiver podre de rica, você nos chama para um banho de banheira com velas aromáticas. – Lene respondeu enquanto adentravam a porta.

Lily não conseguia acreditar no que via. Aquilo era mais um shopping do bebê, de tantas roupinhas e mamadeirinhas que via. Nunca tinha pensado que alguém que nem sequer tinha nascido daria tanto prejuízo, quando viu os preços.

– Lily! Seu novo dicionário. – A morena disse tirando um livro da prateleira e dando para a amiga.

– “O Manual da Gravidez, dez passos para se sentir bem.” – Lílian leu o título em voz alta folheando o livro. – Lene, esse livro é um lixo.

– Lily, gravidez é um lixo. Deve ser horrível ter que carregar uma criança por nove meses pra lá e pra cá, ter que aguentar seu peso e ainda ficar cheia de estrias e celulites depois. – Dorcas disse se aproximando. – Seria bem mais fácil se botássemos ovos.

– Dorquinhas, não fale assim! Coitadinhas das criancinhas. – A morena falou, fazendo biquinho com uma voz infantil falsete. – Elas não têm culpa.

– Para com isso! – Dorcas disse em meio a gargalhadas. Sem querer a loira esbarrou em uma das manequins, que caiu com um estrondo no chão. O robe que estava sendo exibido subiu até a cabeça da manequim, e elas puderam ver a barriga falsa que colocaram.

– Hum, uma barriga de dois meses, Lily. Com quantos meses você está mesmo? – Lene disse enquanto levantava a manequim e discretamente colocava a barriga de algodão em sua bolsa. – Dois?

– Lene! – Dorcas repreendeu a amiga. Já não bastava estarem mentindo, ainda iriam se tornar ladras?

– Ah, que pena que esse não é um produto catalogado. – Continuou a outra voltando para a seção de manuais.

Lily ficou calada enquanto elas escolhiam livros e manuais. Elas não estavam fazendo uma coisa bonita. Estava mentindo para todo mundo, mas aquela era sua única escolha. Por isso parou de reclamar quando as meninas ficavam mostrando bombinhas de leite e sutiãs especiais e se deixou aproveitar o momento. Apesar de tudo ela estava se divertindo com aquela situação, mas sabia que a mentira tinha perna curta, por isso iria lutar para que essa história acabasse o mais rápido possível.

–--

James estava assistindo TV esperando a hora da festa, quando a campainha tocou.

– Entra. – Disse com uma voz sonolenta.

– Jamezito, esperava uma recepção mais calorosa! – Alice entrou arrastando seu namorado.

– Alice! A que você me deve a honra da sua presença? – Ele falou levantando do sofá e dando um abraço estrangulado em sua prima. - E aí, cara

Alice era a prima favorita de James, e não só por ser surpreendentemente compreensiva, como por ser um poço de animação e alegria. Ela namorava Frank há aproximadamente três anos, e tinha um senso de organização impecável.

– James, é com a casa nesse estado que você pretende receber visitas? – Continuou a mulher indignada. – Pai do céu.

– Nem vem Alice, que eu organizei tudo! – Rebateu James, realmente desconsolado, porque havia dado o seu melhor na organização do ambiente. Mas olhando bem, seu melhor não estava parecendo mesmo tão bom assim.

– Cadê o Six? – Ela perguntou soltando a mão do Frank e jogando uma lata de refrigerante que estava do lado da TV no lixo.

– Dormindo no quarto dele. Como sempre.

– Vocês vão dar uma festa daqui a quarenta minutos e o Six ainda está dormindo? – Rebateu Alice mais uma vez com incredulidade. – Pai. Do. Céu.

– Queria o quê Alice? Ele vai ter uma noite bastante cansativa. – E ao escutar esse último comentário malicioso, ela se retirou para os aposentos do Sirius.

Tudo que James e Frank puderam escutar depois foi um “AAH”, e depois um “VOCÊ É DOIDA MULHER?”. Pelo visto Sirius tinha sido acordado da melhor maneira possível, e tudo que os dois puderam fazer foi rir, sentar no sofá e terminar de assistir ao jogo de basquete da NBA. Talvez histeria estivesse no sangue da família.