"You are my everything,

I still love you.

Please, forgive me" — Still in love, S.D.B.

—Jeff, me dá a faca! — Ordenei, partindo para cima dele.

—Não! Você não vai se cortar de novo! — Gritou ele.

Ok, deixem-me explicar o que está acontecendo.

O Sr. Boca Cortada me pegou usando a faca em meus pulsos. E como se fosse meu pai, ele começou a discutir comigo o quanto eu era depressiva e irritante — o que, só entre nós, feriu os meus sentimentos mas isso não importa — para andar com um matador profissional como ele. Essa é só a versão resumida. Se eu contasse toda a história, ficaríamos aqui por anos e anos.

E aqui estou eu, em cima do Jeff tentando pegar a minha faca de volta para continuar o meu corte no pulso esquerdo.

—Por favor, Jeff! Me devolve a faca! — Implorei, fazendo-o olhar em meus olhos. Eu estava chorando de raiva.

—Sabe, eu estou cansado disso! Estou cansado dessa floresta, dessa casa minúscula e ESTOU CANSADO DE VOCÊ, SUA IRRITANTE! — Gritou ele, me jogando no chão e colocando a faca no meu pescoço.

Olhei nos olhos dele, cheios de fúria, e disse, calmamente:

—Vai em frente. Não era isso que você queria há um bom tempo? Vamos, me mate. Não fará diferença alguma.

Depois de alguns segundos, Jeff se levantou, jogou a faca na parede e foi embora, sem dizer mais nada.

* * *

Depois que Jeff me deixou, decidi continuar a minha busca pelo Slender. Sair daquela casinha me deixou bem aliviada. Eu não queria ficar nela para lembrar de Jeff, sendo que ele era o meu único pensamento...

Andar sozinha pela floresta escura me dava arrepios. Eu tinha uma sensação estranha, como se alguém estivesse me observando. Ou alguma coisa...

Ouvi passos atrás de mim. Me virei mas não havia ninguém. Talvez eu esteja ouvindo coisas, já que essa floresta deve deixar todos que adentram loucos. Ela é capaz de me transformar em uma Serial Killer, como o Jeff... Claire, pare de pensar no Jeff, por favor. Ele não te quer e não gosta de você. E você não sente nada por ele, nada...

—Seus pensamentos são tão lindos! — Suspirou alguém atrás de mim.

Quando me virei, vi uma menina igual a Sádica. Mas seus olhos eram completamente azuis ao invés de negros. Ela estava em cima de uma árvore com uma maçã em suas mãos e suas pernas balançavam como se ela estivesse entusiasmada com alguma coisa.

—Quem é você? — Perguntei, vendo-a descer e se aproximar lentamente.

—A mesma pergunta sempre. — Suspirou ela. — Por que vocês, seres humanos, não pesquisam mais sobre mim?

—Deve ser porque ninguém sabe que você exista — Sussurrei.

—Verdade... — Disse ela, em um tom triste. — Bem, acho que eu devo me apresentar. Meu nome é Kayla, e digamos que eu sou um demônio defeituoso.

—Por que um demônio defeituoso? — Perguntei, observando ao redor da floresta para ver se tinha mais alguém.

—Fui criada para matar mas não tenho coragem suficiente. — Respondeu ela.

—Você tem alguma relação com a Sádica?

Kayla olhou para os próprios pés.

—Sádica é minha irmã. Ninguém me conhece porque ela me excluiu da vida dela, como se eu nunca tivesse existido. Nunca passou pela cabeça das pessoas que a conhecem qual era o passado dela? Nunca se perguntaram se já teve, alguma vez, gentileza ou solidariedade nela? É claro que não...ninguém nunca pensa assim a respeito de algum Serial Killer! — Kayla parou por um instante. — Eu era igual a Sádica, só que por causa dela já que eu era e sou fraca demais para matar. Uma vez eu e Sádica matamos uma garota e nos apoderamos do corpo, ou seja esse aqui — Ela indicou o próprio corpo. —, mas fizemos alguns ajustes, claro. Me arrependo daquele dia até hoje...

"Quando a Sádica me deixou, fiquei tão deprimida que fugi para cá. Tentei me matar várias vezes mas demônios não morrem tão fácil, ainda mais um que ganhou imortalidade do próprio Diabo por ter nascido com outro demônio de uma só criação. Tínhamos tantos planos que pareciam tão fáceis...mas nada dura para sempre, nem dois demônios gêmeos que se amavam...ou pelo menos uma delas amava. Sádica nunca foi de alimentar algum sentimento, por isso ela mata. Já eu...é diferente. Somos o Bem e o Mal que detonariam o mundo se lutássemos pela vida."

Depois disso ela se calou e começou a chorar sangue. Ela parecia tão frágil mas ao mesmo tempo tão perigosa, sendo que ela era apenas igual a um monstro. Sádica e Kayla não tinham nada em comum a não ser a aparência.

—Ei, não fica assim. — Tentei acalmá-la. — Eu prometo a você que quando eu sair dessa floresta, escreverei a sua história da melhor maneira possível.

Um sorriso apareceu no rosto de Kayla. Suas lágrimas de sangue secaram.

—Obrigada, Claire. — Agradeceu ela.

Estremeci.

—Eu não te disse o meu nome. — Falei.

Cai no chão e bati minha cabeça na raiz de uma árvore. Pude sentir o sangue quente escorrendo pela minha testa. Tudo girava, mas a imagem de Sádica e Kayla era possível de enxergar.

—Nunca mais me peça para fazer isso. Você sabe que eu não gosto de lembrar do passado. — Disse Kayla, sua voz era mais inocente do que a de Sádica.

—Acho melhor você ir embora antes que eu corte sua cabeça. — Disse Sádica, injetando algo em meu pescoço. De início não senti nada, até minha cabeça começar a latejar e meu corpo amolecer. Isso era impossível. Sádica não deveria estar viva. Eu a matei, esfaqueei todo o seu rosto e o deixei deformado mas ela estava perfeita, como se nunca tivesse sido atacada.

—Tome. Acho que vai precisar disso. — Kayla deu a maçã para Sádica e depois tudo ficou preto.