Meio Dia escrita por KayallaCullen, Miss Clarke


Capítulo 30
A sacerdotisa e o general


Notas iniciais do capítulo

Musica do capitulo:
https://www.youtube.com/watch?v=kU_XYLVrTZk



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Florença, 1340

Muitos dizem que tenho sorte em não me preocupar com um marido ou com filhos, em viver apenas devotada ao mistério da magia que corria em meu sangue. Era afortunada em ser a próxima grã- sacerdotisa da magia Sforza, a sucessora da minha tia Lira.

Mas não era o que eu queria.

Eu queria casar com alguém que me amasse e que eu o amasse da mesma forma, queria ter vários filhos e uma casa. Queria tudo o que me foi proibido desde que nasci.

Nenhuma menina Sforza escolhia ser sacerdotisa e nem era questionada se queria, ela era obrigada a ser.

A primeira filha mulher do rei Sforza era sempre entregue a grã-sacerdotisa, para que ela lhe ensinasse tudo sobre nossa magia, para que soubesse como usá-la em momentos de dificuldade. Além da grã- sacerdotisa haviam as servas, que nos alimentam quando somos bebês e quando crescemos temos uma designada apenas para nos servir.

Ao contrário das grãs- sacerdotisas, as servas podiam escolher servir ao templo.

A única coisa em que ambas eram iguais era na questão do celibato.

E foi a uma vida dessas que fui condenada desde que nasci, após meus três irmãos.

Eu era a primeira e última filha do rei Damien e da rainha Valentina Sforza, por isso muitos diziam que eu seria uma grandiosa sacerdotisa.

—Minha senhora, a grã- sacerdotisa me pediu para acordá-la.- Tuya, minha serva disse envergonhada após me acordar.

—Por que minha tia pediu isso Tuya? - questionei ainda sonolenta enquanto me sentava na cama.

—Não sei senhora, tudo que sei é que a grã- sacerdotisa me pediu para acordá-la, ajudá-la a se arrumar e pedir que fosse direto para o templo.

—Tudo bem Tuya, pode preparar meu banho com essência de orquídea enquanto escolho meu vestido.- disse e ela concordou antes de ir para o banheiro.

Assim que me levantei fui escolher meu vestido. Não havia muitas opções no guarda roupa de uma futura grã- sacerdotisa ou de uma serva da magia, ambas sempre usavam branco para representar sua pureza e diferenciá-la das outras.

Quando estava devidamente pronta sai do quarto acompanhada por Tuya enquanto íamos para o templo que se localizava em baixo do castelo da alvorada.

—Isso é uma afronta a magia.- ouvi minha tia dizer furiosa assim que entrei no templo.

—São negócios Lira. Se tenho uma filha magnifica, tenho direito de negocia-la para aumentar meus poderes e territórios.- ouvi o rei dizer furioso.

—Adelina pertence a magia e você não pode casa-la.- minha tia disse furiosa e pisquei confusa.

—O que está havendo tia Lira? - questionei fazendo todos perceberem minha presença.

Toda a minha família estava ali, de meus pais aos meus irmãos.

—Querida que bom que veio rápido.- minha tia disse e veio me abraçar.- Imagine que Damien quer tira-la da vida de servidão a magia para casa-la com um nobre qualquer.

Ao ouvir aquilo arfei de surpresa, mas para minha tia aquilo era o som do horror.

—Não se preocupe minha filha, não vou deixar você ser afastada do seu dever.- minha tia jurou severa.

—Ela não é sua filha Lira.- a rainha disse seria.

—Claro que é Valentina, afinal cuidei de Adelina desde suas primeiras horas de vida, ensinei tudo a ela ao contrário de você.

—Você a arrancou dos meus braços Lira, jamais concordei com isso.

—Basta.- minha tia gritou furiosa.

—Se insistir nessa loucura Damien lançarei uma maldição contra você.

—Adelina se casará em breve. E não tenho medo de suas maldições sua bruxa velha.- o rei disse com ódio antes de deixar o templo acompanhado dos filhos e da esposa que me olhava com saudade e amor antes de sair.

—O que a senhora irá fazer tia? - questionei assim que vi seu sorriso diabólico aparecer.

—Vou fazer seu genitor cair.- ela jurou antes de entrar em uma parte do santuário reservada apenas a grã- sacerdotisa.

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Sabia que a doença misteriosa que acometeu o rei era obra da minha tia, ela queria que ele servisse de exemplo para todos verem o que acontecia com aquele que contrariava a vontade da magia.

O que também me fez temer em fugir do meu destino com a ajuda de Hélio.

Sempre soube dos seus sentimentos por mim, mas nunca pode corresponde-los, por que além de ser proibido eu não o amava. Então, decide seguir meu destino e não lutar contra.

—Tem certeza Adelina? - Hélio questionou assim que veio deixar meu desjejum.

—Sim, não quero fugir do meu dever e nem quero arriscar a vida de ninguém.- esclareci e ele sorriu triste.

—Sempre sonhei em tê-la como minha esposa, mesmo sabendo que seria impossível.

—Desejo que ache uma esposa maravilhosa, que o ame e lhe dê muitos filhos.

—Obrigado.- ele sussurrou entre lagrimas antes de sair.

—Vamos Tuya, preciso me arrumar.- disse e ela concordou antes de me ajudar.

Hoje seria o grande dia dos meus votos sacerdotais.

No qual me tornaria a mais nova sacerdotisa e meu destino seria selado para sempre.

—Ponta senhora? - uma serva questionou assim que parei perto da entrada para apreciar meu último momento de liberdade.

—Sim.- sussurrei e respirei fundo antes de entrar decidida no jardim que pertencia ao castelo.

Era ali que os votos eram proferidos.

—Hoje neste grande dia, iremos ordenar a mais nova grã-sacerdotisa da sagrada magia Sforza que corre por nosso sangue.- minha tia Lira disse assim que me aproximei do altar onde a sagrada espada de Florença estava.- É seu dever como descendente primeira grã- sacerdotisa que fez essa espada e fundou nossa nação, proteger seu legado magico assim como os habitantes de Florença. Você jura proteger e zelar pela espada e por Florença?

Mas não tive tempo de responder, pois o local foi invadido por homens armados que começaram a matar todos que ali estavam, o que me deixou em choque.

Afinal, muitas daquelas meninas brincaram comigo quando éramos crianças, e muitas daquelas servas me alimentaram quando eu era bebê.

Eles estavam destruindo meu lar.

Eles estavam exterminando a minha família.

Ainda em choque não senti quando me arrastaram para um muro denso de arbustos, talvez houvesse chegado a minha hora também.

—Querida, olhe para mim.- ouvi a voz da rainha Valentina dizer enquanto me sacudia de leve, tirando-me do torpor.

—Mãe, não temos tempo.- ouvi um rapaz dizer nervoso.

—Não vou deixar a sua irmã de novo.- ela disse seria e pisquei entre lágrimas me lembrando de algo.

—A espada.- disse me recuperando do choque e indo até ela, mas fui impedida pela rainha.- Me solte.

—Você não pode ir até lá, eles irão matá-la.

—A senhora não entende. Aquela espada é a única esperança para o legado Sforza. Enquanto ela permanecer sob a guarda de uma Sforza nossa linhagem não desaparecerá. E é meu dever assegurar a segurança dela.

—Não vou deixar você se arriscar por causa de uma espada enferrujada e uma crendice idota.- a rainha disse furiosa e a olhei chocada.

Sabia que a rainha não acreditava em nossas crenças, afinal ela não era de Florença e muito menos da Itália.

—Como ousa blasfemar assim?

—Você vai comigo por bem ou por mal.- ela avisou decidida enquanto segurava meu braço.- Você ainda vai me agradecer por salva-la assim que chegarmos a Holanda.

—Vou na frente para ver se tudo está seguro.- o rapaz disse caminhado com uma espada nas mãos.

Ele verificava o local e fazia sinal se tudo estivesse bem para que o seguíssemos.

—Assim que voltarmos para o meu país, vamos poder nos conhecer melhor e nos tornarmos amigas. O que acha? - a rainha questionou e não tive tempo de responder, pois o rapaz em nossa frene foi atacado e ferido mortalmente.

—Ciro.- ela gritou desesperada e me soltou antes de correr para o rapaz.

Aproveitei aquele momento para correr até a espada.

Era meu dever coloca-la em segurança, mesmo que eu morresse hoje ela ficaria segura.

Para que no futuro, alguém que acreditasse nas lendas da grã- sacerdotisa Sforza que eram contadas pelos florentinos aos seus filhos, pudessem recorrer a ela em momentos de dificuldades.

—Olha só o que achamos.- um homem com uma cicatriz no rosto disse assim que me viu saindo de uma das várias passagens secretas que levavam ao templo.- Estava se escondendo querida?

—Acho que ela estava Santiago. Que tal se víssemos o que ela esconde por debaixo de tanto pano? - o outro homem sugeriu e os dois me olharam com cobiça e malicia o que me fez temer.

Afinal, cresci com a ideia de que não poderia ser cobiçada ou tocada por um homem e agora, eu seria violada pelos homens que derramaram o sangue das minhas irmãs por todo o palácio.

—Não.... Cheguem.... Perto.... De.... Mim...- sussurrei tremula e eles riram.

—Prometo que será rápido e prazeroso.

—Pelo menos para nós.- o homem da cicatriz disse antes de avançarem para cima de mim que logo comecei a gritar.

—O que pensam que estão fazendo? - um homem questionou furioso tirando os dois de cima de mim com a ajuda de três outros guardas.

—Estamos nos divertindo senhor.- um dos homens se defendeu.

—Sabem que o general abomina esse tipo de violência. Não sabem?

—Sabemos senhor.- eles sussurraram temerosos.

—Ótimo, aguardem a sentença de vocês.- ele disse furioso antes de me oferecer uma mão para me ajudar a levantar.

Assim que ele me viu de cima a baixo sorriu para os três soldados que vieram com ele.

—Acho que o meu general irá gostar de você. Ele vive reclamando que não tem boas mulheres para servi-lo.

—Não sou uma concubina.- sussurrei seria e ele sorriu.

—Isso não importa mais, seu passado morreu, agora você é o que meu general quiser que seja.- ele disse serio antes de me arrastar para o encontrar o seu general.

E assim que olhei naqueles olhos castanho escuros pela primeira vez senti algo tão confuso e assustador que me fez temer.

Pois com a mesma intensidade que o odiava por matar e destruir minha família, eu era grata a ele.

Grata por me livrar de um destino que nunca desejei.

Naquele momento ainda não sabia que estava destinada a ser daquele general o que ele quisesse que eu fosse. Ainda não sabia que estávamos destinados a nos amarmos com paixão e loucura, assim como estávamos destinados a sofrer cada um por suas falhas.

Ele por não aceitar minha morte prematura e eu por quebrar meus votos de castidade em nome do nosso amor.


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Notas finais do capítulo

Imagens do capitulo:

Adelina:
http://www.polyvore.com/adelina/set?id=16415259

Adelina cerimonia:
http://www.polyvore.com/adelina_cerimonia/set?id=164155761

Lira:
http://www.polyvore.com/lira/set?id=164153808


E não percam o epilogo de meio dia e o link para a nova temporada.
beijos e até amanhã.



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