Tudo estava tão bem…Tão perfeito....

E pela primeira vez sentia que tudo daria certo.

Mas por minha raiva e falta de cuidado acabei com tudo.

—Lanna. -sussurrei olhando a colcha manchada pelo seu sangue e despertei do choque correndo atrás da minha mãe.

—Precisamos opera-la agora. - Meu avô gritava enquanto meus pais arrumavam tudo para a cesariana.

—Não temos tempo a perder, ela está tendo uma hemorragia. - minha mãe gritou.

Fui para o lado de Lanna e segurei sua mão enquanto olhava para ela que estava inconsciente.

—Me desculpe. Se não tivesse sido tão irresponsável você não estaria assim. - sussurrei chorando e acariciando seu rosto com a mão tremula.

Era a primeira vez que tremia daquele jeito e tinha um motivo.

As imagens na mente dos meus pais e do meu avô deixava claro que seria um parto difícil.

—Não foi sua culpa querido. - Lanna sussurrou fracamente e segurou a minha mão.

—Não quero te perder. - implorei e ela me fitou profundamente.

—Você não vai. - Lanna garantiu com a voz fraca. - E se me perder você vai ser forte, vai cuidar dos nossos filhos. E sempre vou estar do seu lado.

—Não sei se consigo sozinho. - sussurrei apavorado com a ideia de ficar sem Lanna.

— Você vai conseguir. Confio em você Lukas. - ela disse suave e fechou os olhos levemente.

—Lanna. - gritei desesperado por vê-la de olhos fechados.

— Parada respiratória. - meu pai gritou e comecei a fazer respiração boca a boca.

—Você precisa lutar amor, já está quase no fim. – pedi assim que parei de fazer a manobra e seus olhos verdes abertos.

—Ela está sedada Carlisle e estável. - minha mãe disse enquanto e acariciava o rosto de Lanna e se aproximava de seu ouvido.- Eu acredito em você. Sei que será forte até o fim.

— Eu quero ser, mas estou cansada. -Lanna sussurrou sem forças enquanto minha mãe se afastava dela.

—Prometo que tudo vai passar amor. – sussurrei após beijar a sua testa.

—Não quero morrer sem ver meus bebês.

—Não vou deixar você morrer sem vê-los. - jurei segurando sua mão e colocando-a em cima do meu peito. - Você é especial demais para nos deixar.

Podia ouvir seu coração batendo descompassado, sua respiração fraca e aos arquejos.

Mesmo tendo a morte como opção mais fácil Lanna não desistia e se agarrava a vida como poucos faziam, ela nunca entregaria os pontos apesar de exausta e cansada.

Lanna lutaria por nossos filhos e por mim.

Pode ouvir a membrana que envolvia os bebês sendo dilacerada pela única coisa que podia corta-la, dentes de vampiro. Tentei esquecer o que estava acontecendo e me concentrei em Lanna apenas nela.

Em sua respiração, seus batimentos, seu rosto banhado em suor e lágrimas, mas ela estava serena e feliz.

Sorri para ela acariciando sua face e Lanna sorriu levemente para mim, estava tão concentrado em mantê-la calma e ao meu lado que não percebi que meu filho já tinha nascido.

—É um menino lindo filho. - minha mãe sussurrou com ele no colo sorrindo maravilhada.

Devagar ela colocou meu filho em meu colo.

Nicolas era a coisa mais linda que já tinha visto.

Ele tinha o mesmo par de olhos verdes da mãe, seus cabelos eram loiros e totalmente lisos iguais aos meus. Sua pele era tão pálida quanto a minha e ela brilhava fracamente, destacando sutis pontos de luz enquanto suas bochechas explodiam em um vermelho vivo.

—Oi filho. - sussurrei sorrindo e chorando ao mesmo tempo e ele sorriu para mim exibindo uma fileira de dentes de leite brancos perfeitos.

—Posso pega-lo? - Lanna suplicou sem forças.

—Claro amor. - disse colocando Nicolas em seus braços.

—Meu bebê. - Lanna sussurrou sorrindo em meio às lagrimas enquanto acariciava de leve o rosto do nosso filho que sorriu para ela.

— Meu pequeno e adorado Nicolas. –ela sussurrou e beijou a testa de Nicolas com amor e devoção.

—Me desculpe Lanna, mas preciso pega-lo. - minha mãe pediu e Lanna segurou nosso filho mais forte.

—Eles precisam ver se ele está bem, você teve uma parada respiratória no começo amor. - sussurrei e ela beijou a testa de Nicolas antes de me entrega-lo.

Sabia que a partir daquele momento Lanna não perderia mais ele de vista assim como eu.

—Aqui está sua filha. - meu pai disse me entregando minha princesa. –É uma menina linda.

—Oi minha caçulinha. - disse e ela sorriu para mim.

Nicole era uma cópia perfeita da mãe.

Ela tinha os mesmos olhos verdes, o mesmo cabelo negro e liso e até o mesmo sorriso. Ela era tão pálida quanto seu irmão e sua pele também brilhava fracamente assim como a dele, além de suas bochechas estarem com uma suave coloração rosa.

Eu estava encantado e apaixonado.

Como pode ser capaz de ajudar a gerar duas pessoinhas tão perfeitamente lindas e encantadoras?!

E só uma resposta passou pela minha cabeça.

Amor.

O amor que sentia por Lanna e ela sentia por mim nos fez gerar duas crianças lindas, que seriam nosso mundo a partir daquele momento.

Devagar coloquei Nicole no colo da mãe que já ansiava por ela, Lanna recebeu a filha com um lindo sorriso acompanhado de mais lagrimas e devoção no olhar.

—Meu raio de sol. - Lanna sussurrou e Nicole sorriu para a mãe.

—Ela se parece tanto com você. - disse enquanto olhava as duas.

—Mas muito mais com você. -ela disse desviando os olhos de Nicole e sorriu para mim.

— Ela tem razão. Nicole tem seu nariz, suas mãos.... Uma mistura perfeita dos dois. - minha mãe disse sorrindo encantada. - Vem com vovó querida?!

Relutante Lanna entregou Nicole a minha mãe.

Ela estava exausta, sua respiração saia com dificuldade, seu coração batia perdendo o compasso.

Aquele era o fim.

—Será que vou para o céu? - Lanna sussurrou sem forças enquanto seus olhos teimavam em se fechar.

—Não vou deixar você ir a lugar nenhum. Seu lugar é ao meu lado e agora ao lado dos nossos filhos. - disse olhando em seus olhos.

—E se eu quiser ir?- ela questionou sem ar.

—Você vai ter que me odiar pela eternidade inteira, por que não vou te deixar ir. -prometi segurando sua mão.

—Quero ficar aqui com você. Com nossos filhos, não quero ir para o céu. -ela sussurrou de olhos fechados.

Sua respiração ia se reduzindo a poucos arquejos e seus batimentos iam diminuindo.

—Eu amo você. - Lanna sussurrou sem forças.

— Eu amo você. - sussurrei e me inclinei para beijar seus lábios.

—Lukas, está na hora. - meu pai disse me entregando uma seringa prateada enquanto Lanna fechava os olhos exausta.

—Amei você desde o dia em que te conheci. Desde o dia em que te beijei pela primeira vez, sabia que você era tudo para mim. Mesmo tudo estando contra nós jamais esqueci que fomos feitos um para o outro. Tenho te amado desde que ouvi as batidas do seu coração pela primeira vez, e vou continuar te amando até eles pararem de bater... E continuarei te amando assim que você despertar para a vasta eternidade que nos aguarda. - sussurrei em seu ouvido e a beijei.

E com um beijo apaixonado encerrei a vida mortal de Lanna, dando-lhe a passagem para um mundo imortal.

—Será que vai funcionar? - questionei lambendo meus lábios que continham o sangue de minha esposa.

—Vai, sua mãe estava bem pior que a Lanna, e além do mais você a transformou como o coração ainda batendo. -meu pai disse tomando a seringa de minhas mãos enquanto olhávamos para Lanna inerte na cama.

—Vai dá tudo certo, amor. - minha mãe disse enquanto abraçava meus ombros. - Se eu escapei, ela também vai.

—Espero. - sussurrei vendo o peito de Lanna subir e descer por causa da respiração acelerada.

— O que foi? - meu pai questionou suave.

—Me sinto horrível por tê-la machucado tanto. - sussurrei olhando as marcas de minhas mordidas.

—Vou a salvou, ela estava morrendo Lukas. E assim o veneno se espalhará mais rápido. -meu pai garantiu.

—Espero. -sussurrei e acariciei o rosto de Lanna de leve antes de beijar sua testa. – Vai ficar tudo bem anjo, prometo.

Em silencio coloquei as mãos de Lanna em cima de seu peito e as beijei delicadamente.

—Por favor, que você não esteja passando por toda dor que passei. - sussurrei me sentando ao seu lado enquanto meus pais saiam da sala e tia Alice entrava.

—Ela vai ficar bem, eu vejo isso. - Alice disse e apertou meu ombro de leve. - E vejo você ainda mais apaixonado por ela.

—Como se fosse possível. - sussurrei e sorri.

—Somos vampiros, temos muito espaço mental. - ela explicou e sorrimos.

— Agora me deixe arruma-la, fique um pouco com seus filhos. Sei que eles querem ver você. Eles precisam saber quem é o pai deles, antes que Emmett e Rose os roubem. - ela brincou e rimos.

— Você tem razão tia. - sussurrei e me levantei da cadeira dando um beijo na testa de Lanna e outro em minha tia antes de sair.

—Tenho que admitir, Lukas estava inspirado. - ouvi tio Emmett dizer e sorri. - Os filhos deles são lindos. Não é monstrinho lindo do titio.

—Emmett pare com isso, Nicolas é lindo e único. Ele não é um monstrinho. - tia Rose o repreendeu.

—Eu sei, não é bonequinha?!- meu tio disse olhando para minha filha no colo de minha tia.

Sorri ao ver o sorriso encantado de minha tia acariciando o rosto da minha filha.

—Assim vou ficar com ciúme. - brinquei e ela sorriu ao me ver.

—Não precisa querido, ela é sua. Estou apenas cuidando dela como prometi a Lanna. - Rosalie disse sorrindo e Nicole começou a chorar.

—Pronto querida. - ela disse ninando minha filha enquanto colocava sua mamadeira de lado.

Sabia que ela queria meu colo, podia ouvir seu pedido em minha mente e me aproximei dela pegando-a no colo em seguida.

Nicole se encaixou em meu colo perfeitamente e sorri feito bobo com ela em meus braços, logo sua boca abriu em um perfeito “O” e suas pálpebras começaram a tremer de leve antes dela fechar os olhos e dormir.

—E Nicolas? - questionei preocupado por não vê-lo antes de me sentar no sofá para que Nicole pudesse dormir melhor.

—Com Esme, pelo que parece vamos ter que aumentar o estoque de sangue. - tia Rose disse amável e sorrimos.

—Quantas mamadeiras ele tomou?- perguntei e Nicole se mexeu querendo mais espaço em meu colo.

—Umas três. - minha avó disse com ele no colo e sorri vendo-o dormir profundamente.

—Mais que guloso. - tio Jasper disse e sorrimos.

—Ele é só um bebe ainda está se acostumando ao nosso meio. - minha mãe disse pegando Nicolas no colo.

— Acho melhor coloca-los em seus quartos.

— Nada disso, eles ficam bem melhor em nossos colos. - Tia Rose disse pegando Nicole de meu colo.

—Vocês vão acostuma-los mau.

—Renesmee não é mal-acostumada e nem mimada. - ela me lembrou e suspirei enquanto ouvia meu filho reclamar no colo da avó.

— Vem com o papai meu garoto. - disse pegando-o no colo e ele parou de reclamar.

—Ele não se parece com você e nem com a Lanna. - minha mãe disse fazendo um carinho em mim e depois em Nicolas.

—Nicolas se parece com Riccardo e não exatamente comigo ou com a mãe. - disse ninando meu filho.

—Seu pai devia ser um gato. - Tia Rose disse e meu pai sorriu.

—Obrigado pela parte que me toca Rose. - meu pai disse convencido e todos riram.

— Estou falando do pai biológico e não do pai de veneno. - Rosalie disse e todos riram.

—Riccardo era deslumbrante sim tia. – disse colocando Nicolas no carrinho lhe cobrindo e depositando um beijo em sua testa, depois fiz o mesmo com Nicole.- E apesar de tudo, ele foi um excelente pai. Mas agora sou filho de Edward Cullen e me orgulho disso.- disse olhando meus filhos dormindo.

— Você também é meu filho amado. - meu pai disse sorrindo e me abraçou forte.

—Nem acredito que você amadureceu tanto, me parece outra pessoa. - ele disse me afastando de leve e me olhando de cima a baixo.

—E isso é bom ou ruim?- questionei preocupado e ele sorriu.

— É maravilhoso. - ele disse voltando a me abraçar e sorri.

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Pedi a tia Alice para deixar Lanna em nosso quarto, seria melhor para ela e para meus filhos também, que sempre queriam ver a mãe mesmo que ela estivesse dormindo.

— Como se sente?- minha mãe questionou entrando no meu quarto enquanto eu alimentava Nicolas com sua mamadeira.

— Como se faltasse um pedaço meu. - sussurrei olhando para minha esposa e meu filho largou a mamadeira para ver a mãe.

— Sei como você se sente. - meu pai sussurrou abraçando minha mãe pela cintura. - Já me senti assim quando sua mãe estava “dormindo”.

—Será que ela será como a mamãe? Quer dizer, controlada desde o primeiro dia de vida, ou ela será uma recém- criada comum?!- questionei e Nicolas voltou sua atenção para sua mamadeira.

— Não sabemos filho, mas se ela for como qualquer recém-criada, não se preocupe vamos ajuda-lo a controla-la e vamos levar Nicolas e Nicole para nossa casa, quando ela estiver prestes a acordar. - meu pai assegurou.

— Obrigado pai.

— De nada, pais são para essas coisas mesmo. - minha mãe disse e sorrimos.

“Quero a minha mãe de volta. Quando ela volta papai?” – ouvi Nicolas questionar em sua mente.

— Logo amor, não se preocupe. - garanti e beijei sua testa enquanto colocava sua mamadeira de lado.

—Vamos deixar vocês a sós. - mamãe disse puxando meu pai para fora.

Revirei os olhos enquanto me levantava da cadeira e começava a caminhar lentamente balançando Nicolas de um lado para o outro depois que ele havia arrotado.

Não demorou muito até que ele pegou no sono e o levei para seu berço.

—Shh, meu amor. - sussurrei colocando-o em seu berço assim que ele se mexeu de leve.

Me debrucei em seu berço e sorri vendo-o dormir como um anjinho.

Sorri fascinado assim que Nicolas se mexeu como a mãe a procura de algo, que eu sabia o que era.

Meu toque frio.

— Você se acostumou a dormir no meu colo não foi amor?!- questionei amoroso enquanto acariciava seu cabelo loiro e ele parou de se mexer.

Fiquei babando meu filho por horas, por que dos dois o mais manhoso e difícil para dormir era Nicolas, já Nicole dormia pesadamente.

Ver e ouvir meus filhos dormirem era o maior presente que pode receber de Deus. Sempre pensei que ele não olhasse para seres como nós, mas assim que vi meus filhos e os peguei no colo acreditei que Deus também existia para nós.

Seres tecnicamente sem almas, mas agora sabia que eu havia uma alma.

E ela era meus filhos.