Diario da Academia escrita por Draco Michaelis


Capítulo 8
Bônus - O diário de Grell


Notas iniciais do capítulo

Oi

Está aqui o esperado(só que não) 1º bônus da fanfic.
Pergunta: A vontade de vocês de me matar já passou? *corre*

*para*

Boa leitura, vejo vocês lá embaixo! *volta a correr*



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Grell recolheu sua mão e lhe entregou seu diário, temeroso. William olhou para tal objeto sem compreender o que acontecia.

— Acho que tem este direito também. — balbuciou o ruivo voltando os olhos para o diário negro em seu colo.

William não retirou os olhos do pequeno caderno de couro vermelho. A curiosidade cochichava em seu ouvido para que lesse aquele diário e descobrisse o que aconteceu realmente naquele fatídico dia. Doía no seu peito exatamente no lugar onde, a pouco tempo, voltou a bater um coração. Baka... Fraco... tenho nojo de você William... dizia o moreno a si mesmo, frustrado por não resistir aos próprios sentimentos. Voltarei aquele maldito dia. Pensou abrindo o diário.

Página 52 - Diário de Grell Sutcliff – dia 01 de novembro de 1799

Eu não sei o que o mundo tem contra mim, mas sei que ele tem algo. Wiru parou de falar comigo. Ele parece estar bravo comigo e nem se lembrar do que aconteceu no baile de Alex. Talvez fosse isso que ele queria, aproveitar-se de mim e depois me jogar fora, como uma delas mulheres promiscuas que vivem nos becos. Oh, como sofro por meu coração partido. William, você não tem ideia de como dói.

Mas deixe-me contar desde o princípio do dia de ontem.

Bom, eu e Wiru estávamos bem pela manhã. Fizemos todas as coisas que sempre fizemos e ele não parecia diferente. Menos quando Alex-chan veio convidar-nos para o baile que ele organizaria naquela noite. Wiru foi ríspido, eu não sei de onde ele tem tanta raiva de Alex, negou o convite e olhou para mim.

— Bom... é realmente um pena... e você my fair lady? — murmurou o loiro olhando novamente para mim. Senti minhas bochechas ruborizarem e pensei no que Wiru diria se eu aceitasse. Ele iria me odiar se o fizesse, mas eu não podia magoar Alex, afinal ele sempre foi tão carinho comigo. Olhei rapidamente a minha volta, tentando formular uma desculpa, mesmo que temporária.

— E-eu não sei Alex... as provas estão bem próximas... — respondi meio trêmulo, olhando para as anotações no meu caderno. Argh, porque Murphy? Porque tanto complica minha vida?

Wiru olhou-me, talvez ele tivesse visto que era apenas uma desculpa esfarrapada, mas mesmo assim parecia satisfeito. Alex ainda tentou me convencer a ir ao baile e eu sempre negando, mas a ideia me parecia cada vez mais tentadora. Que mal poderia fazer? Era só um baile de Halloween.

No resto da manhã, prestei atenção nas aulas, tentando me convencer a não ir ao tal baile. Tentei pensar em como Wiru ficaria frustrado e furioso comigo se eu fosse, “vai passar, se ele é seu amigo vai esquecer isso uma hora ou outra” sussurrava o desejo ao pé do meu ouvido. Pensei em que realmente os exames estavam muito próximos e eu poderia me dar mal caso não estudasse adequadamente, mas “você está muito bem, nesse ritmo será o melhor da classe” voltava o desejo a sussurrar. Concentrei-me na voz do sensei que explicava sobre ética de shinigami e que não deveríamos interferir nas vidas dos humanos.

— Nunca entenderei porque não podemos interferir. — pensei em voz alta e logo que notei isso olhei para Wiru. — Algum problema? — perguntei sem pensar. Ele acenou negativamente e voltou seu rosto para o quadro. Notei que suas bochechas adquiriram um tom levemente rosado e isso fez com que as minhas corassem também. O que tinha acontecido para fazê-lo corar eu não sei, mas eu queria acreditar que ele estava envergonhado por eu tê-lo visto me observar.

Depois do almoço retornamos ao dormitório. Meus ombros doíam por causa da minha postura e da tensão. “Agora irei convencê-lo a irmos” dizia para mim mesmo largando meu material sobre a escrivaninha e em seguida me espreguiçando.

— Cansado? — questionou Wiru enquanto abria meu caderno e o dele para copiar algumas anotações, pois segundo ele, as minhas eram muito mais fáceis de entender. Sorri e balancei a cabeça, relaxando os meus ombros.

— Não... essas aulas que são entediantes... — meu coração acelerou, aquela poderia ser a oportunidade perfeita para convencê-lo, ao menos tentar — Sabe Wiru... Porque não vamos a festa? — perguntei sentando-me na cadeira ao seu lado. Wiru suspirou e voltou seus belos olhos para mim.

— Eu não acho que uma festa seja mais importante que as provas no final do semestre... — murmurou em um tom baixo. Sobressaltei-me com o comentário me sentindo ofendida, mas deixei passar e tentei concentrar-me em convencê-lo.

— Eu não quis dizer isso e você sabe. Eu me importo com as provas, mas sei que não dá para ficarmos assim, estudo, trabalho e mais estudo, precisamos de um descanso de vez em quando. Wiru, a festa seria uma ótima oportunida... — murmurei olhando-o nos olhos com certa expectativa. Ele bufou e riu. Não entendi, pois não havia lhe contado nenhuma piada, mas em seguida ele se explicou.

— Grell, você ainda não entendeu? Acha que o que aconteceu com Dimitri Yovitch foi a primeira vez que tive que te defender? — disse Wiru exaltado — saiba que Alexander Dubois é tão baka quanto aquele garoto, ou até mais! Não vá nessa festa, por favor, podemos achar outra coisa para fazer, você pode escolher, mas não vá nessa festa. — implorou olhando em meus olhos. Não era algo muito comum, ver um shinigami como ele implorar, e para mim era de cortar o coração, mas eu tinha que mostrar para ele que eu podia me virar.

— Wiru... sei que só quer o meu bem... sei que é meu amigo... mas eu sei me cuidar... o que aconteceu com o russo... não vai mais acontecer... — sussurrei com um fio de voz. Seu olhar terno fazia meu estômago revirar, como se mil borboletas dançassem em seu interior.

— Não vá... por favor. — pediu novamente, desta vez segurando minhas mãos e eu tive que concordar. Quando o fiz, ele sorriu, um meio sorriso na verdade, e eu sorri de volta ainda triste, por saber que teria que enganá-lo para ir a festa.

Passamos o resto da tarde estudando e quando o relógio soou as 21 horas tirei de minha maleta um jogo de tabuleiro que um amigo havia me dado. Ficamos, até perto das 23 horas jogando e assim que bateu a 11ª badalada eu decidi ir me arrumar para a festa. Esperaria até ele adormecer e sairia do dormitório para a festa. Wiru nem notaria que eu havia saído.

Foi o que eu fiz. Tranquei-me no banheiro e esperei até escutar os múrmuros de William, coisa que ele sempre fazia quando adormecia profundamente. Sai sorrateiramente do banheiro, apagando a vela que havia acendido lá dentro, e andei até o “meu” guarda-roupa. Tinha que ter algo de útil lá dentro. Estava frio e por ter que improvisar, recorri as roupas do meu dia-a-dia. Escolhi um conjunto de terno vermelho que eu amo, acompanhado por um laço salmão e um chapéu de general, como o de Napoleão. Aqui.

Despi-me no quarto mesmo, pois não senti medo de que Wiru acordasse e, depois de pronta, olhei uma ultima vez para o meu moreno. Outra vez um aperto no coração, mas eu queria tanto ir a festa...

Tirei de seu rosto os óculos e timidamente deixei um osculo em sua bochecha. Sai do quarto com o coração pesado, “anime-se ele nunca irá descobrir” pensei ingenuamente seguindo as instruções que me recordava de Alex ter dado a respeito da festa.

***

Cheguei lá e o cheiro do álcool misturado com ópio era inebriante, senti-me tonta com tal aroma e cambaleei um pouco.

Vi Alex se aproximando de mim e sorri de maneira gentil. Ele trazia uma taça de vinho tinto nas mãos em trajava um terno branco elegante, acompanhado de uma capa negra e uma mascada de meia face.

— My Lady! Achei que não viria para a festa para ficar com seu amiginho. — seu tom mostrava que seu estado já era de leve embriagues, mas não me importei. Queria apenas me divertir um pouco.

— Não, eu... bem... mas eu gostaria que ele estivesse aqui — disse sentindo meu rosto queimar. O olhar de Alex pareceu expressar certo descontentamento. Acho que ele não gosta muito de Wiru.

— Esqueça-o apenas por agora, creio que em breve ele estará por aqui também. — murmurou o loiro me puxando para a pista de dança.

Tentei evitar beber qualquer gota de alcool que me ofereciam, pois já sabia de minha pouca tolerância a tais bebidas, mas acabei cedendo a uma taça de licor de chocolate a qual não pude resistir.

Seu sabor era diferente, “talvez seja chocolate belga” pensei virando outra taça do mesmo licor. Alex me conduziu até um jardim de inverno e pediu para que eu esperasse ali. Eu já estava “alegre” e acabei concordando.

Esperei uns minutos, tomando o resto da garrafinha que estava em minhas mãos. Foi quando eu o vi. Estava com uma capa negra, assim como o resto de suas vestes e uma mascara de mesma cor que cobria apenas metade do seu semblante serio.

— Wi...ru — sussurrei assustada. O moreno sentou-se ao meu lado e senti meu coração acelerar. “Maldição... que demônios! Wiru deve estar furiosos... ele... ele vai brigar comigo...” não pude terminar de pensar, pois Wiru levou sua destra a minha boca, tampando meus lábios. Senti as bochechas arderem. Minha sanidade estava por um fio e aparentemente o moreno queria me fazer cruzar a tênue linha, levando-me a loucura.

— Gureru-san — chamou-me num sussurro — não tem porque se desculpar... eu fui um baka... perdoe-me — pediu ele acariciando com o polegar meu queixo. “Argh, porque tem que ser tão irresistível Wiru?” mordi meu lábio inferior e senti ele puxar delicadamente meu rosto. “Quer saber? Dane-se” exclamei para mim mesmo.

Então eu o beijei. Ou melhor, ele me beijou.

A sensação foi totalmente o contrário do que eu esperava. Eu achava que seu beijo seria suave, delicado, que ele tomaria cuidadosamente meus sentidos, mas aquele encontro foi rude, bruto e intenso. Senti-me magoada por isso, mas talvez ele fosse tão inexperiente quanto eu. Pouco nos movemos, apenas nossas bocas se mexiam na verdade, e quando o maldito oxigênio se fez necessário me afastei.

— Wiru... eu te amo... — murmurei antes de apagar completamente, deixando meu corpo cair em seus braços.

***

Quando acordei estava no meu dormitório, sozinha. Procurei por Wiru, mas não o encontrei. Estranhei, pois todas as manhãs Wiru que me despertava e depois do que aconteceu na noite passada, me decepcionei por não encontrá-lo comigo.

Levantei-me e fui ao banheiro, para ver meu estado no espelho. “Que horror” pensei ao ver-me com a maquiagem toda borrada e o rosto amassado. Fracas dores batiam em minhas têmporas e decidi tomar banho. Depois da ducha morna, fiz meu ritual de beleza matinal e foi quando notei a ausência da escova de dentes negra de meu colega de quarto.

“O que...?” pensei confuso. Andei de volta para o quarto e me desesperei ao não encontrar nenhum rastro dos pertences de William, por exceção a uma carta.

A carta escrita em folha de caderno, com linhas rudes e furiosas não me parecia coisa do meu Wiru. Li suas palavras com temor. Colo aqui a maldita carta para nunca mais esquecer:

Grell Sutcliff, você é um completo Baka. Se esperou que eu estivesse ai quando acordasse esta muito enganado. Não depois de ontem. Não sei o que passava na sua cabeça naquele momento, mas tenho certeza que não foi culpa do álcool que ingeriu. Tenho repulsa de você. Se tentar me dirigir a palavra será tratado com ojeriza por mim. No fim você não é diferente do que os outros falavam.

Quando ler isto, confirme como cortados os nossos laços.

Ass.: William T. Spears

Chorei ao ler aquilo, mas não compreendi. Afinal fora ele que fizera tudo aquilo, ele que me beijara, ele que me defendera, ele que me abandonou.

Era pena? Não! Não vou me deixar abater por isso. Se for assim que ele vai me tratar depois de minha confissão, depois do nosso beijo... não vou me arrastar nos seus pés. William T. Spears, não se deve ferir o coração de uma dama, agora sofrerá as consequências!

–--- D.D.A. -----

O moreno ergueu o rosto com certa dificuldade e voltou-se para Grell com um olhar frio e triste.

— creio que jamais irá perdoar-me por agir de maneira tão imbecil — murmurou William expulsando as palavras de sua garganta. O ruivo virou-se abruptamente para ele com os olhos arregalados.

[...]

3 dias depois:

— Então... eu beijei o Alexander Dubois? — perguntou a figura ruiva e esbelta sentada entre os lençóis brancos da cama de casal. Ele vestia uma bermuda exageradamente curta e uma blusa social folgada, que claramente não lhe pertencia.

— Sim. — murmurou o moreno sentado ao seu lado, com uma expressão culpada e sentindo-se um baka por certas ações do passado. William estava com o peito desnudo, pois trajava apenas as calças cinzentas de seu pijama, tinha seus cabelos desarumandos e seu braço direito pousado na cintura do ruivo.

— Então foi por isso que pediu desculpas? — perguntou Grell batendo os indicadores um contra o outro. Seu coração acelerou ao sentir o aperto no toque da mão de William.

— Sim. — Fez uma pausa. “O que devo dizer?” pensou o moreno, ainda receoso em se abrir com Grell, mesmo após se confessarem um para o outro e a as noites passadas (n.a.: podem maliciar a vontade docinhos). Grell formou um bico nos lábios rosados, sentindo um nó formar-se em sua garganta. O moreno pensou por mais um instante antes de acrescentar — Então... você... — o tom levemente embargado praticamente obrigou a figura ruiva a olhar para o companheiro.

— Se eu te perdoo? — questionou o menor girando o tronco em direção ao moreno e tocando de leve seu rosto. — William — chamou docemente, fazendo o mesmo olhar para si. Os olhos levemente marejados fizeram o coração de Grell se aquecer e doer um pouco. O moreno suspirou. Esta era a primeira vez que o ruivo o chamara pelo nome. — Eu já te perdoei. — disse ele puxando o rosto do outro para mais perto. Seus cheiros e respirações se misturavam estava Grell rendida aos encantos do parceiro, mas este ainda tinha um ultimo nó que não queria desatar.

— Mas... — começou o moreno sendo interrompido por um rápido “selinho” dado por Grell que teve a coloração das bochechas alterada suavemente. William fechou seus olhos, ainda sentindo os lábios quentes do outro, que agora o abraçava.

— Não me importo como o que aconteceu Wiru. Agora... — ele passou a mão novamente na face do moreno — é passado. Aprendi com suas sábias palavras, ditas no dia em que recolhemos nossa primeira alma, que a vida é preciosa e mais que isso, apesar de apenas compreender agora depois de ler seu diário, o passado está interligado ao futuro e que não devemos ignorar o passado e sim superá-lo. — os verdes olhos do shinigami vermelho brilhavam enquanto pronunciava tais belas palavras.

William enfim conseguiu sentir o nó de desfazer e ele sorriu tocando a face do menor.

— Grell, eu vou te beijar. — “dito e feito”, ou melhor, assim o fez.

O sabor era como o de 3 dias atrás.

Puro por causa do amor, salgado por ser em meio a lágrimas e único, como era cada um daqueles ósculos trocados desde que se declararam um ao outro.

E assim, se iniciou uma nova etapa em suas vidas, onde eles estariam juntos, enquanto a eternidade permitisse.


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Notas finais do capítulo

Final meloso. Eu sei. *desvia*

Ok, na verdade eu tinha desistido de postar este bônus hoje, porque tem as provas próximas e o nyah bugando e a porcaria que é a minha internet, MAS eu decidi postar porque se não ele só seria postado segunda (e olhe lá) e eu já tinha prometido que ia sair hoje.
Portanto, espero que tenham gostado.
Kissus.
Ass.: M. Michaelis

P.s.: O segundo e ultimo bônus trará curiosidades sobre a história e não uma história em si ok? (caso queiram saber algo, podem mandar suas perguntas)
p.s.²: Escrevi uma pequena drabble Sebasciel, quem estiver interessado: http://fanfiction.com.br/historia/625977/Puro/

kissus²
até logo.



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