Draco olhava para a porta já fechada, enquanto uma sensação desconhecida lhe tomava o corpo. Precisou refletir por algum tempo para notar que a sensação que lhe dominava era a mais pura humilhação! Se sentia humilhado, por estar sobre os cuidados daquele que tanto perseguiu e humilhou nos tempos de escola.

Engoliu em seco e respirou fundo quando a vontade de chorar lhe dominava por inteiro. Ele sabia que ela apenas lhe socorreu por ter um coração bom, contudo se sentia sujo por estar na cama dela, sobre os cuidados dela e também sendo alimentado por ela! Hermione era mais pura e digna que o sangue que corria em suas veias. Seu estômago roncou lhe tirando da melancolia que lhe rondava e faminto provou a bela refeição preparada pela sua ex-colega de escola.

E para sua surpresa, o que mais gostou na bandeja, fora de fato o cereal ao leito que realmente derretia na boca e que lhe dava uma pequena dose de prazer instantâneo. O suco de morango estava bom, no entanto a porção deu ao liquido um gosto amargo no final. Após beber o suco em questão de segundos, o sono lhe rondou, lhe deixando um tanto tonto por conta da porção. Ainda tonto conseguiu escrever, um pequeno agradecimento direcionado a Granger pela refeição, antes de volta para o mundo dos sonhos. Era orgulhoso de fato, apesar disso, sabia baixa à guarda em certas ocasiões e sem dúvida, essa situação era uma delas.

Ele estava ferido, rendido e exposto à ninguém menos que Hermione Jean Granger.

"De repente eu não sou metade do cara que eu costumava ser. Há uma sombra pairando sobre mim”

(...)

Hermione se encontrava na frente da porta do quarto onde o loiro estava hospedado, enquanto decidia se entraria agora ou daria mais algum tempo ao mesmo, e também a ela para se acostumar com essa nova situação. Adentrou no quarto com o chá de camomila que estava constantemente em suas mãos para acalma-la de alguma briga estupida que uma hora o outro teria com o Sonserino.

Abriu a porta, rapidamente seus olhos castanhos se depararam com o loiro adormecido mais uma vez sobre a cama. Olhou ao redor e rapidamente encontrou a bandeja totalmente vazia na mesinha de escrivaninha e dentro da bandeja, um pedaço de papel dobrado. Desdobrando o papel, uma caligrafia bonita e firme lhe esperava e atenta leu o conteúdo em pensamento, o pequeno agradecimento do Sonserino por tê-lo ajudado.

A castanha olhou o bilhete mais uma vez, antes se se volta para o loiro adormecido na cama o olhando em silencio, Hermione começará a percebe que talvez dentro dele ainda existisse alguma forma de se redimir por suas escolhas no passado. Pegou a bandeja e em silencio se retirou do quarto deixando o loiro, torcendo para nenhum pesadelo ou lembrança vim atormenta-lo a mente durante o sono.

Agora sentada na mesa da cozinha, tomando seu próprio café da manhã, a mesma foi puxada dos pensamentos com uma coruja batendo insistentemente no vidro da janela de frente à pia. Reconheceu a coruja imediatamente, como sendo a de Ginny, estava ciente de que a amiga queria lhe convidar provavelmente para almoçar com ela e os meninos, em um restaurante próximo ao ministério da magia. A confirmação da suspeita se garantiu quando leu a carta, e o que antes aceitaria sem preocupar, tomou lugar a preocupação de como o homem que ainda dependia dos seus cuidados ficaria sem ela ao seu lado por algumas horas.

(...)

– Malfoy – lhe cutucou o ombro e revirou os olhos, quando o sonserino tentou fugir da sua tentativa de acorda-lo – Malfoy – chamou um pouco mais alto, antes de lhe agitar o corpo do loiro com mais força.

Draco resmungou alguma coisa, antes de se espreguiçar e abrir os olhos – Ah, é você! – comenta com desgosto, enquanto coçava os olhos com as mãos – O que você quer, Granger? – pergunta, levando a mão direita a nuca a coçando.

– E muito folgado mesmo – resmungou Hermione – Além de estar na minha casa, vem com essa de; O que você quer, Granger – imita a voz do loiro com ironia – Só vim avisar que vou sair – comunica ao loiro que agora notara a roupa que a garota usava – Acha que pode se virar algum tempo sozinho? – pergunta o olhando avaliativo.

O homem não ouviu, um terço das palavras ditas pela garota, porque seus olhos estavam vidrados na beleza exuberante da mesma que trajava um vestido tomara que caia florido, os cabelos castanhos lisos soltos e com uma franja que lhe caiu muito bem sobre a face e para completar, um perfume que parecia enfeitiçar e atrai-lo demais para notar as palavras que saiam da boca dela.

– Humm... Claro – consegue se pronunciar depois de um tempo a olhando em total silencio – Onde você vai assim? – faz a pergunta sem conseguir se conter por mais tempo.

Hermione ergueu a sobrancelha em questionamento pela pergunta feita pelo loiro – Almoçar com Ginny, Harry e Ronny – responde automaticamente ao Sonserino que a olhou sério.

– Isso tudo para o Wesley? – pergunta mais uma vez sem conseguir se conter por muito tempo.

– Isso tudo o que? Só estou indo almoçar com meus amigos – esclarece – E, que eu sabia não lhe devo satisfações da minha vida – comenta um tanto raivosa com insinuação do loiro – Só estou lhe avisando porque você está sobre meus cuidados – completa – Passar bem, Malfoy – explica – Eu volto à tarde – encerra saindo do quarto com passos duros.

Se acalmou em frente ao espelho, antes de aparatar em um beco próximo ao restaurante – Idiota – xinga o loiro com um sorriso leve nos lábios – Nada de pensar naquele imprestável – recomenda a si mesma enquanto caminhava em direção à frente do restaurante.

Rapidamente, avistou Harry, Ginny e Rony já em frente ao restaurante a esperando.

– Hermione – eles gritam com sorriso nos lábios, o nome da amiga que sorriu feliz com a recepção carinhosa.

– Oi pessoal – diz agora já abraçando cada um deles – Estava começando a ficar com saudades de vocês – comenta enquanto os olhava com carinho.

– Se estivesse com saudades, teria indo nós ver na toca ontem à noite – comenta, Ginny a olhando chateada – Acho bom você ter tido um bom motivo para não ir nós ver – completa ameaçadora para a castanha que sorriu amarelo para ela.

“Tinha” – a mente da Grifinória sussurrou – “Um certo Sonserino” – completou a mente da garota – Bom, vamos comer. Eu estou faminta – explica, antes de seguirem para dentro do restaurante.

(...)

Draco olhava ao redor com os braços cruzados sobre o peito, enquanto as palavras da garota lhe vinha a mente. Estava chateado! Não! Revoltado com a atitude e a ousadia da Granger em deixa-lo sozinho naquele estado para ir almoçar com o santo Potter, Wesley fêmea e o morto do fome do Wesley. Se sentia trocado e essa situação não era muito agradável. Mas o que podia fazer se estava sobre os cuidados dela? Bufou alto, antes de se virar para o lado enterrando o rosto no travesseiro.

Depois de vinte minutos na mesma posição, conseguiu sair da cama, enquanto seu corpo deixava claro à péssima ideia que terá, porém precisava ir ao banheiro com urgência e ao chega o corredor, gemeu frustrado por se depara com três portas à sua frente. E se escorando nas paredes seguiu para ver o que tinha por trás de cada porta.

Por trás da primeira porta, estava um quarto totalmente vazio. Na segunda porta, um banheiro simples, contudo bonito com as paredes pintadas em uma cor roxa. E não conseguindo se conter, acabou por abrindo a última porta e se deparou com o quarto principal que deixava claro a quem pertencia. Hermione Granger. Olhou ao redor e até os mínimos detalhes do quarto gritavam a essência da Grifinória.

As paredes pintadas em um vermelho brilhante, duas janelas em frente, a cama de casal de madeira, com um lençol vermelho florido que dava um destaque em especial a cama muito bem forrada. De cada lado da cama, uma mesinha na cor marrom com um abajur na cor azul e no outro, uma foto que não se movia de um senhor e uma senhora que rapidamente identificou com sendo os pais da Granger, pela semelhança absurda que ficava evidente aos olhos de qualquer um.

Uma estante pequena estava próxima a uma porta que provavelmente só podia ser um banheiro privado. Respirou fundo e rapidamente o cheiro dela entorpeceu seu corpo por inteiro lhe levando a um lugar de paz.