Prisoner escrita por bitterends


Capítulo 4
Cicatrizes


Notas iniciais do capítulo

Neste capítulo esclareço o ódio de Alice por Khalil.
Espero que gostem!



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Alice foi acordada por sentir mãos alisando seus cabelos.
Recordou-se da noite anterior e sentiu vontade de continuar de olhos fechados, de dormir até que o marido tivesse que partir para sua viagem.
Khalil não a deixou realizar tal feito. Abraçou-a forte e beijou seus lábios.

Ela aceitou o carinho, sem retribuir desta vez. Estava contando as horas para que ele viajasse logo.

– Eu amo os seus cabelos longos. - Disse ele, sentindo o aroma dos cabelos de Alice.

Ela apenas sorriu.
Khalil estava sendo gentil demais, cordial demais, amoroso demais, tudo demais.

Absolutamente diferente do agressor de alguns meses atrás. Mais precisamente, treze meses.

Primeiro forçando a esposa a fazer sexo contra sua própria vontade. Isto ela ainda suportou melhor, por pensar que “homens são assim mesmo”. Logo após Alice iniciar sua pós-graduação, Khalil começou a beber compulsivamente e demonstrar um ciúme doentio pela jovem, alterado dizia que ela queria voltar aos estudos para estar em meio as pessoas da idade dela e que não o amava.

Ela conseguiu convencê-lo por pouco tempo o quanto o amava e que jamais o deixaria por algum outro homem.

Acalmado, ele resolveu buscá-la na instituição de surpresa e sem avisar. Havia comprado alguns livros que ela iria precisar e lindas canetas banhadas a ouro. Saindo do carro em que a aguardava para ter visão melhor da saída, avistou um rapaz alisar o braço de Alice e dar-lhe um beijo no rosto.

Sua expressão de ansiedade e amor mudou para uma grande carranca. Ele voltou para o carro e seguiu para casa.

Indignou-se por estarem morando num apartamento próximo ao centro, para que ela pudesse estudar na melhor faculdade da região e ela permitir tais liberdades com um homem.

Esperou-a chegar em casa, embriagado. Assim que ela entrou, meia-hora depois do usual de sua chegada, sorridente, enquanto se aproximava para cumprimentá-lo, foi surpreendida por um doloroso golpe de cinto de couro que a fez cair de imediato no chão. E mais outros seguidos. Somente parou quando Alice não conseguia mais mover músculo algum.

Foram sete meses de sexo não consentido, muito alcoolismo, ameaças e agressões por parte de Khalil, após aquele dia. Aquele foi o último dia em que ela foi para a faculdade.

Sabendo que não poderia contar com ninguém, vigiada o tempo inteiro para não sair da mansão interiorana em que o marido a encarcerou, Alice apenas queria morrer. Ela não tinha a menor ideia do que havia transformado -e transtornado tanto – seu perfeito marido. O amava acima de tudo e não havia dado motivos para ser brutalmente punida daquela forma. Havia chegado ao seu limite.

O marido havia saído para uma reunião no parlamento e estas costumavam demorar, os empregados nunca invadiam o banheiro da suíte quando a porta estava fechada. Ela então se trancou ali e tomou uma altissima dose de remédios. Khalil retornou extremamente cedo e entrou na suíte, achando estranho o barulho de àgua no banheiro e a esposa fora de vista, instintivamente ele arrombou a porta, encontrando Alice quase inerte na banheira que já começava a jorrar àgua para fora. Cartelas vazias espalhadas logo denunciaram o que a jovem havia feito.

Rapidamente ele a retirou da banheira e enrolou-a numa toalha. Sequer a vestiu. Simplesmente colocou-a no carro e correu ao hospital mais próximo.

No dia seguinte à sua tentativa de suicídio, Alice acordou. Quando entendeu que estava salva, foi quando seu amor por Khalil se tornou em ódio. O odiava por tê-la feito viver.

Desde então, Khalil não se embriagou mais. Trancou-se em casa para ter certeza de que ela não tentaria se matar novamente. Pagou pelos melhores tratamentos para retirar cicatrizes e hematomas que suas surras haviam deixado em Alice, que por sua vez em pouco tempo estava esplendorosa como sempre foi.

Ele nunca deu a ela chance para defesa, para explicações, nem mesmo disse o porquê de tudo aquilo.

O corpo estava belo novamente, mas as cicatrizes da alma, estas nunca seriam apagadas.

– Querida, você me acompanha até o aeroporto? - Disse Khalil.

– Com certeza. - Disse Alice.

Ela queria acompanhá-lo para ter a certeza de que realmente o marido partiria, para ter certeza de que não era pegadinha do malandro.
Khalil despediu-se dela com um beijo e forte abraço.
Quando o jato decolou, ela desejou que este explodisse no ar.

Retornando para casa, avistou um salão de beleza e ordenou ao motorista que parasse.

Entrou no lugar que estava com uma cabeleireira vaga, acomodou-se na cadeira e disse:

– Corte meu cabelo inteiro. Quero na altura de meu queixo.


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