Prisoner escrita por bitterends


Capítulo 3
Monstro.


Notas iniciais do capítulo

"Eu caminhei pelo inferno por você, querida
Mil milhas por você
Eu sequei as suas lágrimas de dor
Um milhão de vezes por você"

Rebel Yell, Billy Idol.



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Khalil retornou de seus devaneios e lembranças.
A comida estava fria, seu apetite já havia terminado por algum tempo.
Levantou-se e foi até a adega que mantia numa parte do porão, serviu-se de um Scotch 15 anos. Quebrou o copo no chão por jogá-lo com força.

O embaixador buscava formas de fazer Alice amá-lo novamente. Porém no último ano havia perdido prestígio e muitos compromissos, totalmente dedicado à esposa.
Agora, precisava manter-se na política e mudar de estratégia com a mulher.

Subiu correndo até a suíte onde Alice se encontrava, sem sequer anunciar sua entrada, encontrou a bela esposa saindo do banho, espalhando uma loção corporal apenas de calcinha.
Alice soltou um grito de susto, mas logo desviou o olhar e agiu como se ele não estivesse ali.

– Querida. - Khalil se aproximou, tocando-lhe os ombros.

– Em primeiro, você prometeu não beber... estou sentindo o cheiro daqui. -Disse ela, a voz começando a embargar.

– Eu sei, mas dessa vez eu juro não te tocar. - Disse ele, abraçando-a por trás.

– E jurou outras vezes. - Alice começou a chorar convulsivamente, então ele a soltou

– Alice, eu tomei uma decisão... e cumprirei toda e qualquer palavra que lhe disser. Eu acho que... você vai gostar... - ela olhou muito desconfiada, e gesticulou para que ele continuasse. - Preciso retornar à vida diplomática. Urgente. Sendo assim, lhe darei um voto de confiança... Viajarei sozinho, lhe deixarei aqui sozinha também. Serão poucas semanas longe em cada viagem, mas serão muitas. Você poderá usar esse tempo e viajar também, ver sua família... Contanto que, no meu retorno, você sempre esteja presente. Sempre em casa! E então, o que você pensa sobre isso?

Era muita coisa para digerir, ela sabia que jamais conseguiria fugir de Khalil pois ele a encontraria em qualquer lugar do mundo, mas o fato de ficar longe dele e de sua presença já a aliviava indescritivelmente.

Ela sorriu, um largo sorriso, cujo Khalil não via há muito tempo.

– Quando você sairá de viagem? - Perguntou ela, tentando conter um pouco da repentina euforia.

– Amanhã mesmo, no início da tarde.

Alice não conseguiu se conter, naquele minuto permitiu-se sentir um pouco prazer, sabia que quando Khalil entrava em sua suíte era apenas para forçá-la a cumprir com sua "obrigação" como esposa. Porém naquela noite, ela o recompensaria de bom grado. Se sua liberdade tivesse preço, ela pagaria qualquer coisa.

Naquela noite, o preço da liberdade, mesmo que provisória, era uma noite de amor.

Alice fez questão de despir o marido, nunca o viu tão sem reação e surpreso. Ela se concentrou em como estava feliz dele ir para longe, que viajaria para ver os pais, sentia saudades de vê-los sem a presença do embaixador do Egito. Por poucos instantes, observou o homem nu, admirando sua beleza e o quanto ele parecia agradável naquele momento.

A bela jovem se forçava a recordar do homem gentil, amoroso e fervoroso que Khalil foi um dia. Se agarrava ao fio de lembrança, para conseguir saciá-lo e saciar a si própria.

Reagindo carinhosamente ao calor que Alice estava oferecendo por livre e espôntanea vontade, Khalil abraçou-a e beijou-a, imaginando que talvez nem tudo estivesse perdido.

Ao terminar, Alice deitou-se ao lado do marido, virou-se para o outro lado e cansada, adormeceu. Sequer notou que Khalil nem havia se retirado. Dormiu em profundo sono

– Você só tem que ser minha. É só fazer tudo do meu jeito, meu amor. É só fazer tudo o que eu quiser... Que farei tudo e qualquer coisa por você.

Sussurrou ele, porém Alice já não o escutava mais.

Talvez, se naquele momento o houvesse escutado, ele não teria se tornado o diabo encarnado, não faria monstruosidades piores ainda.

E naquela noite, depois de dois longos anos, eles estavam dormindo abraçados novamente.

Desacordados, pareciam se amar.
Desacordado, Khalil nem aparentava ser o monstro que era.


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