Prisoner escrita por bitterends


Capítulo 21
Rebobinar


Notas iniciais do capítulo

Muitas coisas vão acontecer a partir daqui! Prepare o coração.
Pra esse capítulo de hoje, vamos de leve.

Buona lettura!!!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/615880/chapter/21

Alice completava uma semana de internação quando Khalil escolheu uma confortável propriedade em Nápoles.

A nova casa ficava no bairro residencial de Posillipo, na parte mais rochosa e pouco mais afastada, era quatro vezes menor que a mansão interiorana no Cairo e o homem simplesmente se apaixonou por ela. Em alguns dias a esposa teria alta hospitalar e ele queria muito que ela decorasse a seu modo o novo lar, já que não teve esse gosto antes, pois Khalil já possuía tudo quando eles se casaram e a moça apenas se mudou.
O cheiro do mar só não era melhor que abrir as janelas e dar de cara com uma linda imensidão azul, cercada de árvores, a casa era bastante arejada e clara, os reparos necessários eram minúsculos e o homem já havia solicitado tudo, as paredes seriam brancas em todos os cômodos, para se aproveitar a luz natural.

Estava de olho naquele lugar havia um tempo, por isso tudo foi tão rápido. Ele estava levando aquela compra com muita morosidade devido a incerteza em seu casamento.

Khalil estava se afastando de vez da diplomacia, inclusive já havia pedido a exoneração do cargo e no mês seguinte já não faria mais parte da política. Ele decidiu que já tinha o mundo inteiro e dinheiro demais, precisava se desvincilhar de alguns fardos. Alguns fios grisalhos tomavam conta de sua cabeça aos quase 41 anos, ele começava sentir medo do tempo… Quanto mais ele ainda continuaria bonito? Era muito tempo mais velho que Alice e temia envelhecer rápido demais para ela.

Andou pelo bairro e todos que passavam por ele desejavam um “buongiorno”, sentiu-se acolhido e respondeu a todos com um sorriso e seu carregadíssimo sotaque italiano. Ao passar por um grupo de mulheres jovens, sentiu-se belo, desejado e confiante com a cobiça delas. “Eu não estou velho, afinal.”. Um grupo de crianças corria muito sorridente, quando uma esbarrou nele violentamente e caiu no chão.
Perdono, signore. - Disse o garoto, dourado de sol e cabelos negros enroladinhos.

Va bene, bravo ragazzo. - Respondeu.

Tu parli diverso. De onde o senhor é? - Sorriu o menino curioso, revelando sua boca banguela por estar perdendo os dentes de leite.

— Vim de muitos lugares, nasci no Egito e cresci na Suécia, Inglaterra, França…

— Ah! Eu nasci no Hospital Central, não sei que cidade é isso, não. Mas virei um homem aqui mesmo! - Khalil soltou uma longa gargalhada. - Agora eu vou, estou ficando para trás e não quero ser mulher de padre. Arrivederci!

Arrivederci, bravo ragazzo!

 

Aquele lugar era tão alegre e quente não só no clima, com pessoas conversando em todo canto e crianças correndo, que pela primeira vez em muito tempo o homem experimentou o real significado de felicidade.

Pensou que de repente, aquele lugar pudesse renovar as energias de sua mente tresloucada e aliviar as lembranças de Alice, até que ambos conseguissem esquecer completamente, ou pelo menos enterrar embaixo de muitas coisas boas.

Além disso, não conseguiu parar de pensar no quanto adoraria ter filhos sendo criados ali.

 

***

 

— Quem te disse que eu queria isso, que eu queria mudar para aquele lugar? Eu não vou morar em Nápoles! - Alice esbravejava.

— Amor, a casa é maravilhosa, o bairro é uma delícia e isso facilita muito minha locomoção. Além disso, você pode visitar seus pais todos os dias! Vai ser muito bom, eu viajo muito e gostaria de fazer isso sem me preocupar. - Retrucou, tentando manter a paciência.

— Você se aproveitou da minha condição! De não estar em posição de escolher! - A mulher fez um muxoxo.

— Alice, está feito. O lugar é lindo, cercado por árvores, o mar fica em 200 metros e tem até uma piscina no quintal, que eu nem acho necessário. Você é quem se aproveita de tudo para usar contra mim. E quando estiver melhor, em posição de escolher, pode começar pela decoração da casa.

 

Saiu fechando a porta atrás de si e deixando-a sozinha. Estavam discutindo por conta da mudança havia quase uma hora e ele já estava cansado.

A intenção de Alice era essa: esgotá-lo psicologicamente, porque fisicamente não era páreo para ele.
No fim das contas, sabia que realmente seria muito boa a mudança para ela, que poderia voltar a dirigir, estudar e trabalhar, além de ter seus pais por perto, o que inibiria por completo as violências de Khalil. Estaria mais segura.

 

Matheo ouviu os gritos da filha com o marido ao lado de fora do quarto hospitalar em que ela estava e decidiu conversar com ela.

Figlia, não pode falar assim com seu marido.

— Pai, ele comprou uma casa sem me consultar! Disse que vamos nos mudar e ponto final!

— Isso pode até não ser muito legal, mas ele está preocupado e apenas quer o melhor para você… todos queremos. Veja o lado positivo, estaremos juntos! Você poderá nos visitar todos os dias e nós também podemos ir até vocês!

— Nisso eu concordo com você…

— Pois então! Fora que eu não gostaria de ficar longe dos meus netos quando eles nascerem.

— Acho que não posso ter filhos, papai. Tento há muito tempo e nada de vir. - Seu íntimo dizia que ela não queria ter filho algum também.

— É assim mesmo, vai vir no tempo de Deus… Ei! Você terá alta na próxima semana e eu estava pensando que você vai precisar de uma ocupação quando a mudança terminar…

— Sim, estou querendo voltar a estudar e a trabalhar também.

— Que tal me assessorar novamente? Vai ser bastante tranquilo agora e você vai conseguir dar conta de tudo.

— Eu vou adorar trabalhar novamente com você!

 

Ambos se abraçaram sorridentes e Alice estava feliz por voltar a trabalhar com o pai e de estar mais perto da família. Em muito tempo, Khalil fez algo de bom para ela. Colocou-a perto de tudo o que ela mais amava…

 

E isso incluía Lorenzo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Prisoner" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.