" - O primeiro ministro da Itália pede desculpas por não comparecer, sr, embaixador. Venho em nome dele, prestar-lhe as congratulações. - Dizia a inacreditável e maravilhosa, Alice. - Aliás, o senhor me é mais agradável à beira-mar no Caribe. - sussurrou ela, sorrindo misteriosa.

Khalil mal pôde acreditar que aquela mulher ainda se recordava de seu rosto, o que ele mais queria e buscava havia mais de um ano, finalmente estava a seu lado e ele se sentia adolescente por não saber como agir. Estava com vontade de mandar a todos embora. Ou fazer como seus ancestrais faziam quando queriam uma mulher difícil: raptá-la.
Alice por sua vez era bastante atrevida, pediu com educação, para sentar-se ao lado do embaixador aniversariante, deixando o homem radiante.

Ela cuidava de alguns assuntos do pai, deu a ele mil e um motivos para que ela o representasse naquele banquete.
" - Filha, seja honesta com seu pai. - riu Matheo Canelluti. - O embaixador egípcio te interessa, desde aquela viagem sua. Esqueceu que me contou sobre isso? Para você, é questão pessoal. Nada diplomático.

– É, não consigo enganá-lo. Talvez ele não se lembre de mim, mas eu gostaria tanto de reencontrá-lo. Sei que sou filha de um diplomata, sou estudada e inteligente, que não deveria me deixar levar por uma paixãozinha, mas...

– Alice. Vá. Antes que eu desista. Faça o que tiver vontade, minha filha. Sem se arrepender. Vejo essa sua loucura por este homem há tempo suficiente pra saber o quanto esse banquete significa pra você. Só evite escândalos."

Khalil não havia tirado os olhos de Alice a noite inteira. Sentiu ciúme de cada homem que apenas a cumprimentou. Estava ansioso pelo final daquele banquete.
Restando poucos convidados, Alice se aproximou.

– A noite foi bastante agradável, mas devo me despedir. - Disse ela, seriamente.

– Partir? Está cedo! Aproveite um pouco mais a festa. - O embaixador demonstrou um pouco de desespero na fala. - Você deve ficar.

– Sr Abdu, do Egito. Por que eu deveria ficar? Cumpri com um dever puramente diplomático, esta noite. Compareci e já posso me retirar. - Sorriu Alice, debochada.

– Te busco há mais de um ano, você não pode me deixar agora.

O coração dela acelerou, mas sua calma ainda se manteve ao retrucar.

– Não. O senhor buscava Alice. Eu sou a senhorita Alice Canelluti, representante do atual primeiro ministro da Itália em sua festividade. Mas...- ela se aproximou de Khalil, e pôde sentir seu perfume amadeirado - Alice 'do Caribe', estará em sua casa para hóspedes e solicita que o senhor, quando estiver livre de seus convidados, lhe faça uma visita.

Ela deu-lhe um formal aperto de mão e se retirou, deixando no rosto do embaixador um sorriso largo.
Uma hora depois, ele batia na porta de um dos quartos da casa de hóspedes que ele havia mandado construir.
Ele encontrou Alice com seus longos cabelos soltos e revoltos, trajando um vestido de manga-longa, solto pelo corpo e pouco acima dos joelhos.

– Rahmetak Ya Rabb!* Como é magnífica! - Exclamou Khalil.

– Entre. Acho que levamos tempo demais para nos encontrarmos e agora não consigo esperar sequer um minuto! "

Contra tudo, o segundo encontro foi a primeira noite de amor dos dois. Assim que a porta do quarto daquela casa se fechou. Os beijos eram desesperados de um casal cheio de saudades que há muito não se viam.
Ao deitarem-se na cama tudo foi lento e demorado, pois não queriam perder nada.
Era como se Alice pertencesse a Khalil a partir do momento em que ele jorrou dentro dela seu desejo, sua paixão e sua virilidade.

Três meses depois, casaram-se. Alice já o amava acima de tudo.

Amor esse que sobreviveu por pouco mais de um ano após o casamento."

(* Rahmetak Ya Rabb - Misericórdia, oh Senhor)