Prisoner escrita por bitterends


Capítulo 15
Contando As Horas


Notas iniciais do capítulo

Enquanto Alice conta as horas, nós podemos começar a contar os capítulos.
É o 15 e está marcando que estamos na metade da fic (aaaah), então espero que aproveitem muito, que gostem e que fiquem bravos com as personagens!
Baccio, buona lettura!



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— O que você está fazendo aqui? Como entrou em minha cucina? - Questionou Lorenzo, ríspido e surpreso ao mesmo tempo.

— Não é difícil entrar aqui quando todos já foram embora sendo uma Canelluti. - Sorriu debochada, mas decidiu parar quando Lollo largou a massa e cruzou os braços, olhando fixamente para ela. - Na verdade, eu realmente precisava te ver depois do que aconteceu ontem, no caminho para a casa dos meus pais…

Mi dispiace, não me recordo de qualquer acontecimento de ontem.

— Lorenzo, per favore. Estou angustiada e confusa… Eu não sei como agir.

— Seja verdadeira.

— Estou com medo de que descubram, mas eu também não consigo ficar longe de você. - Ela o abraçou com força e foi suavemente retribuída. Pôde ouvir o coração de Lollo se descompassar e sentir sua respiração profunda. - Por favor, não me solte. Não me deixe.

—Pare de desperdiçar o meu tempo. Pare de me fazer pensar em você, eu realmente estou louco para te esquecer…

— Não.

— Já são tantos anos, Alice. Talvez eu já não saiba quem você é.

— Eu te conto. Te conto cada detalhe meu. - Disse se afastando um pouco para olhá-lo nos olhos. - Eu quero viver com você.

— Não despedace meu coração outra vez.
Lorenzo a apertou contra seu corpo e beijou-lhe apaixonadamente. Alice puxou a touca que protegia os cabelos do rapaz e soltou o coque firme no topo de sua cabeça, afastou dois centímetros seus corpos e retirou o avental que ele usava.

— Pra ficar comigo, você terá que pagar muito caro, mulher. Tenho que ser único e você, só minha.

— Custe o que custar.

— Bom, então poderemos fazer amor quando você se divorciar e de preferência nunca em minha cozinha. - Sorriu, com ar triunfante.

— Tudo bem. - Alice ajeitou os cabelos, pegou a bolsa que em algum momento caiu no chão, virou as costas e se encaminhou para a saída.

Dez…

Nove…

Oito…

Sete…

Seis...

Cinco…

Quatro…

Três...

Dois…

Um.

Lorenzo correu até ela.

— Quando você vai embora de Amalfi?

— Depois de amanhã, bem cedo. - Respondeu.

— Quanto tempo ficará fora?

— O tempo que for necessário.

— Então fique para jantar comigo… Vou te mostrar com detalhes meu lugar preferido daqui.

— Aceito o convite.

“Quem ri por último?”, pensou a mulher.

Ambos voltaram para a cozinha, onde Lollo preparava as massas de macarrão.

— Só quatro dias e veja só como você virou minha cabeça… tem ideia de que vou desistir de meu casamento por você?

— Se você realmente o amasse, se estivesse feliz, nem quatro dias e nem uma vida seriam capazes de virar sua cabeça. Não é por mim que vai desistir de seu casamento… É por você mesma.

— Talvez você esteja certo…

— Alice, você engana seus pais, mas não a mim. Tem algo muito errado… Você não fala nele como todo recém-casado: cheia de brilho no olhar e paixão. Você está prestes a completar três anos de casamento e não visitou mais seus pais desde poucos meses depois. Isso me intrigou mais que o normal, pois como você, sendo esposa de um cara que caga dinheiro, que sempre amou o mar e viajar, não sai do Estado do Cairo desde então… Acho que, já que começamos isso, você tem que jogar limpo comigo e não omitir sua vida.

A moça revirou os olhos antes de responder.

— Ele me batia.

Che? Oi? - Lorenzo estava perplexo, pela revelação e pela calma de Alice em responder.

— Isso mesmo. Eu apanhei horrores de Khalil. Ele já rasgou meu rosto com a fivela de um cinto, enquanto me bateu com o mesmo até eu desmaiar. Ficava bêbado todos os dias e me forçava a ter relações com ele. Ou seja, enquanto não me batia, me estuprava. Todos os dias por sete meses. Até que um dia eu tentei me matar e até nisso ele me atrapalhou. Depois deste dia, ele não me bateu de novo e há quatro meses não me força a ter relações com ele. Pagou vários tratamentos estéticos e precisei de pequenas cirurgias plásticas para reparar cicatrizes. Funcionaram, né? Continuo com o meu rosto perfeito!

— Estou com nojo… Estou enjoado… Nunca imaginei que isso pudesse te acontecer, ainda mais com um cara tão…

— Tão bonito? Tão rico? Tão amado pelos meus pais? Tão admirável? É, eu também nunca pensei. É como os homens são, sempre capazes de surpreender e nem sempre de forma positiva.

— Eu sinto muito, miele…

“Eu já não sinto mais.”

— Neste momento, a única coisa que quero sentir é você, Lorenzo.

Alice colou o corpo ao de Lorenzo, que encurralado não resistiu.
Não resistiu àquele cheiro que a pela dela exalava, nem lutou contra toda sua vontade e seu desejo que sempre estiveram reprimidos e presos em seu interior.
Desta vez, ele não queria saber de outra coisa que não fosse o seu único amor. Nada mais importava; nem suas massas, nem seus utensílios, nem sua cozinha… nada.

Lollo abriu total espaço para a mulher. Jogou tudo que havia em um dos balcões no chão, apenas para colocá-la em cima.
Ela já havia desabotoado sua camisa e bagunçado seus cabelos, sugava sua boca com voracidade e ele pensou que seria engolido para dentro dela. Tocou por baixo do vestido e não pôde sentir a peça íntima que deveria dificultar o seu ataque e quis se desvencilhar para balbuciar “Você premeditou isto.”, mas a jovem foi mais rápida ao levantar a peça e chacoalhá-la em sua mão, como quem respondia triunfante “está aqui.”
O rapaz se abaixou lentamente e levantou o vestido de Alice.
         - Mi amore, o que vou fazer agora, antes nunca fiz.
E saboreou, cada pedaço e cada gota que escorria de dentro da moça que se contorcia, arrepiada. Ao olhar para ela, flagrou sua revirada de olhos antes dela fechá-los e algumas lágrimas escorrerem – era possível chorar de prazer? As têmporas de Alice haviam corado rapidamente. Lollo pensou que teria seus cabelos arrancados da cabeça.
Após vários minutos, a moça decidiu fazer o mesmo por ele. Desceu do balcão, ajoelhou-se na frente dele e olhou no fundo de seus olhos.
         - Espero que você sinta exatamente o que me fez sentir, meu Lorenzo.

E ele sentiu.
Quando Alice terminou, ele se deitou por cima dela para finalmente se tornarem apenas um.
          - Amor, eu não tenho camisin… -O homem iniciou quando foi interrompido.

— Não se preocupe, daqui pra frente eu sou só sua…

Ele acreditou, estava absolutamente seguro daquilo. Tão seguro que jorrou tudo para dentro do útero de Alice, que por sua vez, acreditava ter problemas de fertilidade, já que nunca engravidou de Khalil.

***

Há duas ruas dali, ficava uma pequena sala que precisou ser alugada pelos três, localizada em um pequeno prédio comercial, para que a parte administrativa e de logística pudessem ser cuidadas por Millene e Lolita.
Naquele dia elas trabalharam até mais tarde para prepararem a documentação necessária para auditoria fiscal que estava prestes a ser feita pela receita e nova taxação de impostos, já que o faturamento havia aumentado, bem como as receitas líquidas da empresa.

— Poxa, Mi… Estive mais cedo no restaurante e na venda, na correria de buscar o fechamento de caixa, esqueci a pasta do faturamento do mês e de documentos que comprovam nossos gastos com os funcionários e utensílios!

— Ai, Lola. Não acredito… pensei que chegaríamos antes de Lorenzo em casa, pra namorarmos um pouquinho… Bem que desconfiei que faltava alguma coisa! Quer que eu vá buscar?

— Não, vamos fazer o seguinte: vamos entrar no carro, eu desço e pego a pasta, vamos para casa e amanhã acrescentamos as informações. Sem desespero, são os últimos documentos de cada lista do dossiê. Está tudo bem deixar algumas coisas para depois.

— O que eu seria sem você? - Disse Millene, enlaçando a esposa.

— Uma desesperada!

Ambas riram e guardaram os volumes de pastas ainda espalhados sobre as mesas. Trancaram janelas e portas, de mãos dadas foram até o estacionamento e retiraram o veículo.

Millene dirigia, internamente agradeceu que Lolita se prontificou a descer do carro e pegar a pasta, pois ainda estava magoada com Lorenzo e precisava aliviar a tensão com a esposa antes de fazer as pazes com o primo, além de ter de pensar em algo para não se irritar tanto caso ele tocasse no nome “daquelazinha”.

Cada um dos três tinha seu molho de chaves do comércio, pois nem sempre os horários eram os mesmos para eles, em especial os de Lollo, que adorava passar horas após o expediente dentro da cozinha.

Lolita procurou pela pasta primeiro no anexo onde os vinhos eram vendidos, já que era o último lugar que havia passado e lá não estava. Conferiu no balcão do caixa e lá não a encontrou. Lembrou que assim que chegou foi falar com Lorenzo e beliscar algo para comer na cozinha e foi para lá.
A única luz acesa era normal e quase rotina, em nenhum momento notou algo diferente.

Entrou no anexo, onde o rapaz criava suas delícias e o som de sua tentativa de respirar fez com que a atenção de Alice e Lorenzo se voltassem para ela, que estava estarrecida, parada na entrada.

Lolita estava coberta de vergonha, por sorte, Alice estava sentada sobre Lollo, o que fez com seu vestido cobrisse as genitais dos dois e não haviam palavras para descrever seu alívio de não ter visto o primo de sua mulher completamente nu.

— Olhem, não se preocupem comigo. Eu só vou pegar aquela pasta ali, na prateleira, ao lado do escorredor de macarrão. Ah! Lollo, você é adulto e sabe o que faz, minha mulher não ficará sabendo do que houve aqui, mas se você quer viver aventuras, por favor, viva-as em locais que Millene não tenha fácil acesso, pois não quero que vocês continuem brigando nem vê-la irritada.

Assim a moça pegou o que queria e se retirou, deixando os dois para trás. Disfarçou o máximo que pôde a cena que havia visto, para que Millene não percebesse que algo estava errado.

Ao chegarem em casa, a mais nova queria muito namorar um pouco sua esposa, que estava se esforçando para que desse o máximo de si para a amada. Logo após, Millene adormeceu, mas Lola ainda estava com a cena que flagrou na cabeça. Acariciou os cabelos de sua bela adormecida e sussurrou:

— Será que você tem razão, meu amor? Eu devo começar a me preocupar com uma aventura de Lorenzo?

***

— Devo dizer que foi uma bela aventura… - Riu Alice, enquanto recompunha-se.

— Se fosse Millene que tivesse nos encontrado, teria sido um escândalo.

— Ela é só sua prima, você não deve satisfações à uma garotinha mais nova que você, que mora debaixo de seu teto.

— Não fale assim, não permito que você dê opiniões sobre como eu lido com minha prima. Ela é mais nova, mas é muito sábia e só mora debaixo de meu teto porque eu pedi. Lolita e ela têm ótimas condições financeiras, não precisam de mim.

— Que seja… Acha que Lolita vai contar?

— Lolita tem palavra. Acho que não vai contar… De qualquer forma, vamos esconder isto por pouquíssimo tempo. Não é?
         - É…

Arrumaram a bagunça que fizeram, Lorenzo descartou algumas massas e esterilizou utensílios que foram parar no chão e o balcão onde muitas coisas aconteceram, além da sovação de massa. Saíram quase duas horas da manhã do local e se separaram, cada um para seu lugar.

Alice satisfeita por tudo ter corrido como ela gostaria, Lorenzo na expectativa de um depois.
Ele queria se agarrar ao fio de esperança de que tudo o que houve naquela noite fosse verdade, todas as palavras que ouviu e todo o calor que recebeu, que sentisse tudo aquilo novamente e sem mentiras nem amarras desta vez.

 

***

 

Alice dormiu por várias horas, acordou indisposta e não queria ver ou falar com alguém. Ficou esparramada na cama até bem tarde.

Quando seu celular tocou, ela imaginava que fosse Lollo e não quis atender, pois nem para ele estava com paciência. A insistência da pessoa que ligava a incomodou e a fez atender a ligação.

— Meu amor, até que enfim! Se passaram quatro dias e não tive notícias suas… - Do outro lado da linha, Khalil falava.

— Foram dias longos. Como você está? - Respondeu ela.

— Com saudades…

— Eu também estou. Volto para nossa casa amanhã… Quero preparar tudo para seu retorno.

— Não se preocupe com a casa, ela está bem cuidada. Prefiro que cuide de você mesma, de sua saúde e sua beleza.

— Eu disse que tudo será diferente agora… Quero que você encontre tudo de modo que te agrade. Faz tempo que não cuido do que é nosso.

— Hum… Faça tudo de seu jeito, sempre gostei e sempre vou gostar de como você é decidida e como um toque seu faz toda diferença.

— Obrigada.

— Bem, vou desligar agora, foi apenas uma breve pausa na reunião e usei para saber como você está. Cuide-se.

A jovem sentiu-se aliviada por não precisar ter respondido que amava o marido e mais ainda pela conversa não ter sido extensa. Decidiu que era de levantar e passar um tempo com os pais, já que não sabia quando voltaria novamente.

Conversaram durante algumas horas, andaram um pouco na orla da praia e retornaram para o jantar.

— Espero que Khalil possa vir para passar alguns dias em sua próxima visita. - Disse Matheo.

— Também espero que sim, papà. Ele me faz falta, não estamos acostumados a passar vários dias separados.

Ela até que sentiu falta do marido, um pouco só. “ Que síndrome de Estocolmo.” pensou.

Contou as horas até a manhã seguinte, só queria ir para casa, onde ficaria alguns dias completamente sozinha.

 


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