POV Natasha Romanoff

– Onde estávamos? – pergunta Isabela. Hayden abaixa a cabeça e me seguro para não começar a rir descontroladamente. Mesmo depois de muitas conversas e visitas feitas a ele no hospital, eu até admito que adquiri certa empatia por ele, mas isso não quer dizer que vou perder essa oportunidade.

– Então Bels – começo – quantos anos você tem? – ela sorri abertamente e Hayden arregala os olhos, apreensivo.

– 21 – anuncia de forma orgulhosa – sei que sou um pouco mais velha que o Hayden, mas pra mim idade é só um número. – completa. Troco olhares com Steve.

– Um pouco mais velha? – questiono. – o Hayden é praticamente uma crian... – Hayden me interrompe.

– Meus tios acham que 19 anos é novo demais. – ele revira os olhos – eles não aceitam que eu já não sou mais um moleque. – fala com os dentes cerrados, nos encarando de cara feia.

– Eu concordo com você Bels. – Steve fala – pra mim idade é só um número também, tanto que a diferença de idade entre mim e a Nat nunca foi empecilho para nosso amor. – Steve me dá um beijo na têmpora e por alguns segundos fico em choque.

– Nossa, mas você não parece ser tão velho assim... Quer dizer, vocês são tão lindos! Formam um lindo casal! – nos elogia.

– Obrigada. Você também é linda Bels – e de fato a garota é muito bonita. Tenho que admitir que o Hayden tem bom gosto.

– Aqui estão os pedidos! – a garçonete coloca as coisas na mesa e lança um olhar malicioso tanto para Steve quanto para o Hayden.

– Oferecida! – murmuramos eu e a Bels ao mesmo tempo. Steve e Hayden nos encaram sem entender e nos duas começamos a rir. Pego um pouco de batata frita e começo a comer.

– E os seus pais Bels? – pergunta Steve. Ela parece desconfortável com a pergunta, mas ainda assim responde.

– Meu pai mora em Londres e minha mãe está morando em Amsterdam. Eles se separaram há alguns anos, e eu moro aqui há uns quatro anos. – esclarece.

Continuamos comendo por um tempo em silêncio. Hayden e Bels, falam no ouvido um do outro e eu penso na sorte que ambos têm, principalmente o Hayden. Parece ser tão simples e fácil para eles.

– Uma batata pelos seus pensamentos. – sussurra Steve no meu ouvido. Rio com isso.

– Eles parecem tão felizes não é mesmo? – sussurro de volta.

– Nós também podemos ser felizes assim. – começa – basta você querer. – encaro Steve e novamente nossos rostos se aproximam. Parece tão certo que não tento evitar.

– Então – exclama Hayden – o que vocês estão fazendo aqui... Achei que fossem passar a noite em casa. – de onde esse garoto tirou isso? Aposto que só fez isso para se vingar!

– Mudamos de idéia. – respondo – não é justo só você se divertir, não é mesmo? – dou um sorriso doce.

– Não seja chato Hayden! Você tem sorte de ter tios tão legais assim... – Bels dá um tapa no braço dele – vocês não tem nenhum filho biológico? – nos observa com expectativa.

– Não. O Hayden já nos dava trabalho suficiente. – explica Steve e olho para ele impressionada. Não é que ele tá aprendendo a mentir?

– Eu não dava tanto trabalho assim! – defende-se Hayden, se fazendo de indignado.

– Ah você dava sim! Você vivia aprontando! Alias você dá trabalho até hoje. Vive se metendo em confusão... – balanço a cabeça teatralmente.

– Eu não sabia que você é tão “encrenqueiro”. – Hayden dá um sorriso de lado e por um instante vejo Steve refletido em seus traços. Eles bem que poderiam ser pai e filho... Exceto pelos olhos.

– Eles estão exagerando, pode apostar! – dá de ombros. – na verdade, eles é que não conseguem passar um dia sequer sem se meter em alguma encrenca. – comenta. Olho de esguelha para Steve diante da declaração do Hayden. – o Steve é cozinheiro e a Nat... Ela é... – olha nos meus olhos.

– Ela é uma ótima esposa. – completa Steve – uma mulher realmente incrível. – reviro os olhos diante dos elogios do Steve.

– Ai, seu tio é tão fofo! – exclama Bels, com os olhos brilhando.

– Ele é um cara a moda antiga – comenta Hayden. Dou uma risada discreta diante da ironia da sua afirmação.

– Espero que você seja como ele. – fala Bels, olhando para Steve e suspirando, o deixando levemente corado.

– Com certeza o Hayden vai ser! – falo – ele foi criado pra ser um verdadeiro Gentleman... – ele ri constrangido. Obviamente estávamos interpretando muito bem nosso papel de família feliz.

– Gentil, romântico, carinhoso, ótimo dançarino, lindo, tem pegada e uma família incrível... Você é mesmo real? – Bels dá um selinho em Hayden, que cora com os elogios.

– Pode apostar! – ele aprofunda o beijo e penso em interromper, afinal ainda estávamos em um local público.

Mas, quando abro a boca, sinto mãos quentes puxarem meu rosto e antes que eu pudesse sequer processar, lábios firmes pressionaram os meus e eu não precisei de muito para saber que finalmente estava fazendo a coisa certa.

POV Hayden O’Cornel

Quando paramos de nos beijar, olho para meus “tios” esperando olhares reprovadores ou maliciosos ou debochados, mas tudo o que encontro são eles no maior “amasso”. Bels abre a boca e começa a rir silenciosamente, trocamos olhares e admito que vê-los naquele beijo totalmente quente me deixou muito feliz. Todo mundo podia sentir a tensão sexual que rolava entre eles.

Os segundos se passam e começamos a ficar constrangidos com aquela situação. Levanto a mão pronto para interromper, mas Bels a segura.

– Não – sussurra bels – eles são tão bonitinhos... Olha como estão apaixonados! – seus olhos brilham.

– Tudo o que vejo são eles quase se devorando na nossa frente – sussurro de volta.

Ela revira os olhos e se levanta, indicando que vai ao banheiro. Concordo com a cabeça e quando olho para o mais novo casal, encontro dois pares de olhos brilhando.

– Vocês ainda conseguem falar? – pergunto zombeteiro.

– Olha só quem tá falando... Pensei que você estivesse fazendo respiração boca a boca na menina! – responde no mesmo tom Natasha. Começamos a rir.

– Não conta pra ninguém o que você viu aqui Hayden. – ela fala, parando de rir.

– Por quê? – perguntamos eu e Steve ao mesmo tempo. Confusos.

– Por que... Sei lá. As pessoas falam demais e é tudo muito confuso e novo. Preciso de tempo okay? – ela olha pra Steve e os dois ficam se encarando por alguns instantes. Tenho vontade de virar o rosto para dar mais privacidade a eles, entretanto, a intensidade do olhar deles me prende aquela cena.

– Tudo bem. – Steve diz por fim. – o tempo que você precisar. – conclui com um suspiro. Natasha alisa seus cabelos e lhe dá um beijo na bochecha, enquanto assisto tudo descrente.

Se me contassem eu não acreditaria... A temível viúva Negra apaixonada pelo Capitão America? Okay, talvez eu acreditasse, afinal os opostos se atraem. Pelo menos é o que dizem.

– Acredita que tinha fila pra usar o banheiro? – fala indignada a Bels, sentando-se novamente.

– Acho que já tá na hora de levar você pra casa... – comento olhando para o relógio.

– Qual é Hayden, eu não tinha pretensão nenhuma de chegar em casa antes das 10 da manhã! – afirma Bels, me deixando levemente incomodado.

– Eu sei disso. E acho que ainda precisamos conversar sobre o motivo dessa noitada estendida. – ela concorda com a cabeça.

– Então você não vai dormir em casa. – não é uma pergunta. Natasha me olha maliciosa.

– Hum, acho que não. Algum problema pra vocês? – pergunto, com ar inocente.

– Não. Problema nenhum. – responde Steve.

– Problema nenhum desde que você não me faça avó antes da hora. – completa Natasha. Bels arregala os olhos constrangida, Steve cora com o comentário e eu reviro os olhos.

– Pode deixar mãe. – respondo sarcástico – não te faço avó desde que você não me dê nenhum irmão. – Steve cora ainda mais. Será que ele é virgem?

– Então fica combinado assim. – Natasha ri e eu a acompanho. Steve pede a conta e deixamos o dinheiro sobre a mesa.

Saímos para a noite fria e paramos na calçada.

– Foi um prazer conhecer vocês. – diz Bels. Steve se aproxima dela e novamente beija sua mão.

– O prazer foi todo nosso. – Natasha caminha até a Bels e a abraça. Tanto eu quanto Steve assistimos chocados aquela cena.

– Juízo Hayden... E cuida bem dela. – Natasha vem até mim e para minha completa surpresa me abraça. – cuidado com o que você tá fazendo garoto. Ela gosta mesmo de você. – sussurra no meu ouvido. Retribuo o abraço.

– Eu sei. – sussurro de volta. Desfazemos o abraço e trocamos um rápido olhar. Steve também me dá um abraço rápido, continuando a encenação da família feliz.

– Então, até qualquer hora Bels. – Steve fala, passa o braço sobre os ombros de Natasha e começam a fazer o percurso até a moto dele, que está estacionada do outro lado da rua.

– Seus pais são tão legais! – anuncia Bels empolgada – Sério! São tão incríveis! E lindos! – reviro os olhos.

– Não são meus pais, são meus tios. – corrijo-a. Passo o braço por seus ombros e começamos a caminhar.

– Eles te criaram. Ficou claro que te amam como se você fosse realmente filho deles. – sinto-me mal por ter enganado a Bels dessa forma. Ela realmente acreditou na nossa farsa.

– Sim. Eles são incríveis. – confirmo relutante.

– Quer saber? Esquece tudo o que aconteceu! Vamos começar novamente. Acho que hoje você deu um grande passo me apresentando aos seus pais e eu não quero mais falar sobre o que aconteceu. – fala me surpreendendo.

– Tem certeza? Não quero que fique nenhuma dúvida entre nós. – afirmo embora saiba que estou seguindo por um caminho de mentiras. Caminho esse que uma vez percorrido não terá retorno.

– Tenho toda certeza do mundo. Vamos viver o agora e esquecer tudo isso. – me dá um beijo e eu trato logo de aprofundá-lo.

– Eu te amo Bels. – sussurro, enquanto me vejo refletido no castanho dos seus olhos.

– Também te amo Hayden. – sussurra de volta.

Beijamo-nos novamente e depois voltamos a andar. Apenas desfrutando da companhia um do outro.