Forgotten escrita por S Pisces


Capítulo 20
Relatives?




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/615511/chapter/20

Haviam se passado dois dias desde que recebi alta do hospital e desde então venho sendo monitorado de perto por praticamente todos os agentes da base. Tudo isso porque diferente da primeira vez, levei duas semanas para que minhas costelas ficassem completamente boas e tive uma série de pequenas infecções e febres de 40° graus que nenhum médico conseguiu entender. Exceto o Dr. Banner, que apareceu pra me visitar acompanhando a Natasha e coincidentemente me encontrou com fortes dores e delirando de febre. Fui submetido a uma bateria de exames, todos analisados de perto pelo próprio Doutor que me diagnosticou com algum tipo de virose.

Fiquei tão feliz quando puder deixar a ala hospitalar que realmente não me preocupei com a tal virose, até começar a perceber os olhares sobre mim. Será que pensam que estou com alguma coisa contagiosa? Balanço a cabeça tentando me livrar desse pensamento, afinal o Dr. Banner nunca permitiria que eu saísse do hospital com alguma coisa desse tipo.

Tomo um banho frio aproveitando para pensar em uma boa desculpa para dar a Maria. O Dr. Banner me deu mais alguns dias de licença para descansar, porque segundo ele “O Hayden é apenas um garoto e está sempre sendo submetido a todo tipo de estresse e situações de risco. O corpo dele está claramente dizendo que precisa de descanso.” Depois disso, piscou pra mim quando conseguiu que eu fosse liberado de treinos e missões até segunda ordem.

Depois do banho refrescante visto uma calça jeans e uma camisa preta com uma jaqueta, coloco meu bom e velho All Star. Ajeito o cabelo e pego minha carteira e saio do quarto com passos rápidos, tentando ao máximo evitar encontrar a Maria.

– Hayden?! – exclama uma voz atrás de mim. Droga!

– Maria! – a cumprimento – Estava procurando por você! – minto.

– A impressão que eu tive foi que você estava se escondendo de alguém. – Semicerra os olhos.

– Foi impressão mesmo. – afirmo – Eu vou dar uma saída Hill, preciso de um pouco de ar puro. – falo pra ela.

– E posso saber aonde exatamente você vai? – questiona.

– Eu até te responderia essa pergunta se eu soubesse a resposta. – dou de ombros – Vou só caminhar por ai, não precisa se preocupar. – me aproximo dela e beijo sua bochecha. Ela se sobressalta com o ato mais não faz nada para me impedir de sair.

– Hayden. – ela me chama. – Cuidado. – avisa. Concordo com a cabeça e saio da base.

Pego um taxi e dou o endereço para o motorista. E enquanto ele faz o percurso, respiro fundo várias vezes tentando me acalmar. Mais rápido do que eu imaginava, chegamos ao endereço e eu pago o motorista, saindo do carro em seguida. Com passos relutantes vou até a porta e aperto a campainha. Deus me ajude... Penso enquanto espero a porta ser aberta. Contudo nada acontece e eu aperto novamente a campainha... Silêncio.

– A Bels não está em casa! – escuto uma voz infantil atrás de mim e me deparo com uma menina de uns sete ou oito anos, sentada em uma bicicleta.

– Ah, você sabe onde ela foi? – pergunto descendo a pequena escada da varanda. A menina nega com a cabeça.

– Ela não me disse pra onde ia. Mas acho que ela vai demorar... – comenta.

– Porque você acha isso? – paro próximo a menina, mas não muito próximo.

– Ela disse que “estava cansada de sofrer” – diz fazendo aspas com os dedos no ar. Algo dentro de mim diz que a causa desse sofrimento sou eu.

– Tudo bem... Obrigado pela ajuda...? – suspendo as sobrancelhas de forma interrogativa.

– Alice. – a menina se apresenta.

– Alice... Obrigado Alice. – agradeço e dou às costas a menina. Escuto o som de pedaladas e logo a Alice está do meu lado.

– E você? Qual o seu nome? – pergunta.

– Hayden. – respondo.

– Você é muito bonito Hayden. – dá um sorrisinho – Você é namorado da Bels? – escuto alguém chamar pela Alice e tanto eu quanto ela olhamos na direção do dono da voz, uma mulher está em pé na soleira da porta acenando para que a menina volte. Alice me encara com expectativa e sei que não saíra antes que eu responda a sua pergunta.

– Ainda não. – pisco pra Alice – Mas logo, logo isso vai mudar. – completo e ela sai pedalando em direção a sua casa.

Eu tinha certeza que falei aquilo para a Alice na esperança de me convencer a ter esperanças, mas se a Bels realmente disse o que a Alice disse, as coisas vão ser muito mais difíceis do que eu pensava. Tem quase quatro semanas que não entro em contato com a Bels, nem pessoalmente nem por telefone, primeiro porque aconteceu todas aquelas questões envolvendo as missões e tals, depois porque enquanto estava no hospital meu celular foi extraviado e perdi toda minha agenda.

Como não faço muita idéia de pra onde a Bels pode ter ido, decido ir até a boate em que nos ficamos pela primeira vez, faria até um pouco de sentido, terminar onde começamos. Em questão de 30 minutos chego até a boate que fervilha de gente, parece que tem alguma atração ao vivo ou algo do gênero. Como não tinha ingresso, tive que praticamente subornar o segurança para poder entrar e uma vez lá dentro, começo minha incerta busca.

Isso não vai dar certo! Penso enquanto me aproximo do bar, cansado de tanto rodar e esbarrar nas pessoas. Sento e peço ao barman uma dose de qualquer coisa, quando ele coloca o copo na minha frente, escuto uma voz conhecida.

– Bels! – murmuro quando vejo uma garota dançando freneticamente no meio de um grupo.

Em questão de segundos nossos olhares se encontram, e ela para de dançar, mas logo em seguida volta a se movimentar, só que dessa vez correndo para a saída e conseqüentemente para longe de mim.

Sem hesitar começo a abrir caminho entre as pessoas, também em direção a saída. Nossos olhos se encontram uma vez mais antes dela cruzar a porta de saída e eu a perder de vista. Acelero mais os passos, agora empurrando qualquer pessoa que fique no meu caminho e segundos depois também saio para o ar frio da rua. Olho para todos os lados da rua, procurando avidamente por qualquer vestígio dela e não penso duas vezes antes de atravessar correndo a rua em direção a uma grande loja de conveniências. Ofegante entro na loja e começo a percorrer corredor por corredor. Paro em um e sigo por ele, até encontrar uma placa. Sigo o caminho indicado na placa e entro no banheiro sem hesitação.

– Bels?! – chamo por ela. – Eu sei que você tá ai! Eu vi você correndo e se escondendo aqui dentro! – falo alto o bastante para que ela me escute. Começo a andar pelo banheiro olhando por baixo da porta dos boxes.

– Me deixa em paz! – eu sabia!

– Bels! Eu posso explicar, por favor, me perdoa! – exclamo parado na porta do ultimo Box. Lentamente a porta se abre e diferente do que eu esperava, a Bels salta sobre mim, me desferindo tapas e socos, que eu defendo com facilidade.

– Seu cretino! Desgraçado! Eu acreditei em você, achei que fosse diferente! – continua me batendo – Droga! Eu achei que se importasse... Eu. Eu. – ela para de me bater e solta um suspiro. Por alguns instantes ficamos calados, apenas nos encarando. Eu espero que ela comece a chorar, mas ela apenas caminha para fora do banheiro e eu a sigo.

– Bels? – chamo e ela para, encarando-me. – Eu sinto muito. Eu realmente não consegui entrar em contato com você. Acredite, e eu me importo, me importo demais! Senti tanto sua falta. – começo a pesar as minhas palavras a partir desse momento. Algumas coisas poderiam ser contadas, outras apenas omitidas.

– Então me explica. – sugere – Me convença que pra você eu não passo de uma garota estúpida e inconseqüente. Que você realmente sentiu alguma coisa por mim e que aquele dia não foi só uma diversão. Convença-me que você se importa.

– Eu vou fazer mais que te convencer. – me aproximo dela – Vou te mostrar. – antes que ela pudesse sequer processar o que estava acontecendo, a agarro pela cintura, colando nossos corpos e nossas bocas.

Coloco no beijo toda a saudade, toda a ternura, todo o amor que em tão pouco tempo eu passei a sentir por ela. Ela começa relutante, mas logo cede à própria necessidade e suas mãos percorrem meu cabelo, os puxando.

– Hey seus pervertidos! Procurem um motel! – quebramos o beijo e olhamos para o fim do corredor, onde uma senhora que provavelmente trabalha lá nos encara de cara feia e faz sinal para que déssemos o fora dali.

– É melhor continuarmos nossa conversa em outro lugar. – Bels murmura.

– E eu já sei que lugar. – murmuro de volta.

~~ 8 ~~

– E chegamos! – anuncio animado quando paramos em frente ao bar aonde eu e Steve viemos depois do incidente no seu quarto.

– É bem... Diferente dos locais que costumo freqüentar. – Bels comenta, já entrando no bar.

A sigo e quando estamos perto do fundo do bar, local mais afastado, vejo um casal que me faz querer dar meia volta e sair dali o mais rápido possível.

– Que tal sentarmos ali? Assim podemos conversar com privacida... – interrompo a fala da Bels.

– Quer saber? Mudei de idéia, acho que conheço um lugar melhor e – não completo.

– Hayden! – Droga! Viro-me em direção a voz e encontro dois pares de olhos a me encarar. Um com animação e o outro com suspeita.

– Hayden, acho que ele tá te chamando. – Bels sussurra, apontando na direção da voz. – Você os conhece? – questiona. Abro a boca para responder, mas como não sei o que dizer, torno a fechá-la. – Melhor não deixarmos seus amigos esperando! – exclama Bels, caminhando em direção a mesa. Derrotado a sigo.

– Boa noite. – cumprimenta Bels.

– Boa noite Hayden, senhorita. – Steve pega a mão da Bels e deposita um beijo casto. Bels começa a rir, constrangida.

– Não vai apresentar sua acompanhante Hayden? – pergunta Natasha, maliciosa.

– Bom, essa é a Isabela, minha... – olho para Bels que entende minha situação.

– Somos amigos. – ela diz. – E vocês são... Os pais do Hayden? – Steve e Natasha se entreolham e eu os encaro. De onde a Bels tirou isso?

– Sentem-se, por favor. – fala Steve. Todos ignorando a pergunta da Bels.

– Então, vocês ainda não me responderam. – cantarola Bels.

– Eles são meus... Tios. – falo – Eles cuidam de mim desde que meus pais morreram. – Bels arregala os olhos.

– Hayden eu não sabia... Eu –

– Tudo bem! Já faz muito tempo. – dou de ombros. – Esse é meu tio Steve e minha tia Natasha. – Natasha dá um riso cínico.

– É um prazer te conhecer Isabela. – diz Natasha.

– Bels, por favor. E o prazer é todo meu! – meu coração bate completamente acelerado. Como eu fui me meter nessa confusão sem precedentes!

– Há quanto tempo vocês cuidam do Hayden? – sinto que haverá um interrogatório acerca da minha falsa vida e me preparo psicologicamente para isso.

– Ahn, há quanto tempo? – Steve fica nervoso, e olha para Natasha, pedindo ajuda.

– Desde que ele tinha cinco aninhos. – diz Natasha, suspirando em seguida como se lembrasse de alguma coisa. – O Hayden era tão lindinho sabe? Gordinho, com covinhas, uma criança adorável. – Consigo ouvir o deboche por trás das palavras de Natasha e lhe lanço um olhar irritado.

– Sério? Você devia ser uma graça! – Bels aproxima seu rosto do meu e quando íamos nos beijar, Natasha pigarreia.

– E há quanto tempo vocês são “amigos”? – posso ouvir as aspas.

– Nós nos conhecemos há um mês e meio mais ou menos. – Bels começa – Eu dei uma carona a ele, fomos para uma festa e.... – interrompo a Bels antes que ela fale demais.

– Eles não estão interessados nisso. – comento, dando de ombros – Vocês já pediram alguma coisa? – pergunto querendo mudar o foco da conversa.

– É claro que queremos saber! É dá vida do nosso filho que estamos falando... O Hayden é praticamente um filho pra gente. Não é mesmo amor? – Steve arregala os olhos.

– Claro, claro. – confirma Steve, corando – Um filho. – ele olha pra Natasha como que pedindo pra que ela parasse, mas ela apenas devolve o olhar de forma inocente.

– O que vocês vão querer? – pergunta uma garçonete.

Suspiro agradecido e começamos a fazer nossos pedidos. A garçonete anota e está pronta pra ir embora quando Bels a questiona sobre o banheiro. Ela aponta a direção e Bels se levanta, seguindo na direção indicada.

– Você ficou maluca? – pergunto irritado para Natasha.

– O que eu fiz? – pergunta inocente.

– Nat, você sabe o que fez! – Steve intercede ao meu favor.

– A culpa não é minha! – defende-se – Você que disse que somos seus tios e que cuidamos de você há muito tempo. Eu só segui a onda... Ou você prefere que eu deixe nas mãos do Steve? – pergunta com uma sobrancelha arqueada. Steve faz cara de ofendido e eu reviro os olhos.

Passo a mão no rosto. Isso não podia acontecer!

– Tudo bem! Eu agradeço a sua ajuda, mas, por favor! Não inventa demais okay? – olho na direção do banheiro e vejo a Bels vindo – Finjam que somos uma família normal e feliz!

Steve e Natasha trocam um olhar significativo.

– Segue a onda amor, segue a onda. – Natasha diz para Steve, enquanto ri animada e vejo em seus olhos que mesmo que nós finalmente estejamos numa linha entre a simpatia e a camaradagem, ela não vai perder a oportunidade de me constranger.

– Onde estávamos? – pergunta Bels, sentando-se ao meu lado, trocando sorrisos com Steve e Natasha. Tô ferrado!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Desculpe pelo atraso. Depois que você atrasa uma vez, voltar a normalidade é complicado.
Me desculpem qualquer erro...
Acompanhem, comentem :)



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Forgotten" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.