Forgotten escrita por S Pisces


Capítulo 19
Irrefutable facts




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– Eu já disse que tô bem! – afirmo pela décima vez. Hill me encara com os olhos semicerrados e sai do quarto, me deixando sozinho.

Suspiro, o que causa uma pontada no meu peito. Lentamente me recosto nos travesseiros e respiro devagar, segundo a Hill eu tenho mais duas costelas quebradas e algumas fissuras em outras partes do corpo. Mas diferente da primeira vez, nessa eu passei apenas 24horas dormindo e os médicos já conhecem minha “capacidade regenerativa”, sendo assim estimam que em pelo menos cinco dias eu já esteja novinho em folha e pronto pra outra.

A Hill também me disse que, tanto Steve quanto Natasha estão bem e o soldado está preso em algum lugar aqui da base. Ela me questionou sobre o que aconteceu, mas minhas únicas lembranças são até o momento em que Natasha estava sendo estrangulada pelo soldado, depois disso tudo parece um grande borrão. Provavelmente vou acabar sendo interrogado um milhão de vezes acerca do que aconteceu lá.

Bocejo e olho para o saco do soro que está pendurado, e sem nenhum motivo aparente começo a contar as gotinhas que caem lentamente, já estou em 84 quando vozes fora do quarto me desconcentram e em segundos perco as contas.

– Droga... – murmuro antes de voltar a contar.

Não passo de 10 porque novamente as vozes se elevam lá fora, mas dessa vez uma delas parece decidida e logo a porta é escancarada.

– Natasha? – admito que não esperava vê-la aqui.

– Oi Hayden. – ela fala um pouco constrangida. – A Hill me disse que você acordou e eu vim aqui, saber como você está. – completa.

– Bom, eu tô bem, mas se era pra saber apenas meu estado você podia ter perguntado a ela, ou a qualquer medico. Não precisava ter se dado ao trabalho de vir até aqui. – ela me olha irritada, como se estivesse decidindo se continuava ali ou dava o fora.

– Não precisa jogar tão na defensiva. – fala depois de um suspiro – Eu vim aqui em missão de paz. – nos encaramos por alguns segundos e então começamos a rir.

– Missão de paz? – pergunto incrédulo, tentando me recompor da crise de riso.

– Exato! – exclama. – Acho que depois do que aconteceu vou ser obrigada por questões morais a não apenas te tolerar como a te tratar bem, também. – explica.

– Ahn... – ela continua em pé, no meio do quarto com as mãos no bolso. É perceptível que por mais que ela queira ser “simpática”, também está desconfortável com tudo aquilo. – Senta. – ela se aproxima da cama e senta na ponta.

– Você tá mesmo bem? – pergunta e seus olhos demonstram preocupação.

– Sim. Tirando as costelas quebradas eu tô ótimo. – afirmo.

Ela abre a boca varias vezes, mas não diz nada. Logo um silêncio constrangedor se instala entre nós.

– Então... – começo – O Steve não veio com você? – imaginei que o primeiro a me visitar seria o Steve.

– Eu ainda não o vi depois que chegamos à base. – ela desvia o olhar e sei que ela está mentindo.

– Vocês brigaram? – pergunto alarmado.

– Não. – responde depressa, tratando logo de me acalmar. – Ainda não nos falamos Hayden. Tudo isso é muito mais complicado do que parece. – ela suspira.

– Então me explica. – falo calmamente.

– O que você sabe sobre o soldado Invernal? – questiona.

Sobre quem? Penso um pouco a respeito e logo saco sobre quem ela tá falando.

– Então o nome daquele cara com braço biônico é Soldado invernal? – arqueio a sobrancelha – Me parece apropriado. – Natasha ri com meu comentário.

– O nome dele é James Buchanan Barnes, vulgo Bucky. Ex melhor amigo de Steve Rogers. Os dois cresceram juntos e até um tempo atrás todos, inclusive Steve, achavam que ele estava morto. Mas ele reapareceu durante a luta contra a Hidra há alguns meses. Steve e ele se enfrentaram, Steve lutou com ele até certo ponto, mas depois não pode mais bater no melhor amigo, contudo o Bucky não pensa assim e não hesitou em meter a mão no Steve. Ele ficou vários dias no hospital se recuperando da surra e dos tiros. – dispara, contando tudo de uma vez.

Então tá explicado porque o Steve apenas bloqueava e defendia os ataques do Soldado, ele não queria machucar o melhor amigo.

– Steve acha que pode trazê-lo de volta... – Natasha balança a cabeça, incrédula – o Soldado é perigoso e por mais que ele não tenha deixado o Steve morrer afogado, ele não poupa energia quando o encontra. Só o Steve não vê o quanto ele tá enlouquecido.

– É por isso que você tá evitando o Steve? Você acha que é burrice dele ter esperanças de trazer o melhor amigo de volta? – questiono.

– Eu não acho, é burrice o que o Steve está fazendo e não estou evitando ele, apenas não quero conversar com ele agora. – dá de ombros.

– Entendi... – comento. Natasha me encara com as sobrancelhas arqueadas.

– O que você entendeu? – pergunta confusa.

– Você não quer vê-lo porque está com raiva! – começo – Com raiva por ele ter escolhido o Bucky em detrimento de... Nós. – sussurro a última parte.

– Eu não estou com raiva do Steve por isso, até porque ele não escolheu o Bucky. O Steve é muito leal, e a lealdade dele não permite que ele faça determinadas coisas. – fala tentando convencer mais a si mesma que a mim.

– O Bucky podia ter nós matado... Ele tentou matar você. – murmuro.

– Mas não conseguiu Hayden. Não conseguiu graças a você. – ela dá um sorriso de lado – Vou ser eternamente grata a você por isso.

– Não foi nada – respondo sem graça. Voltamos a ficar em silêncio, dessa vez cada um mergulhado em seus próprios pensamentos.

Eu sei que não tenho tanto contato assim com o Steve, mas tenho certeza que ele e a Natasha têm uma ligação mais intensa, entretanto, isso não o impediu de não fazer nada contra o Bucky para salva-lá. Olho de relance para Natasha e a mesma olha para a janela que está aberta. Acompanho seu olhar e vejo o céu completamente escuro lá fora, exceto, pela lua cheia.

– O Steve gosta muito de você Hayden. – afirma. Ela se vira lentamente e me olha nos olhos. – É muito mais complicado do que parece ser.

– Eu sei. – e eu realmente sabia, entendia a situação. – Ele também gosta de você. – falo e Natasha solta uma gargalhada.

– Hayden, o que rola entre mim e o Steve é ainda mais complicado do que essa situação. – ela pisca pra mim.

– Então realmente rola alguma coisa entre vocês? – pergunto malicioso.

– Vai dormir garoto. Já falei coisas demais pra você. – ela se levanta. – Boa noite Hayden.

– Boa noite Natasha. – me ajeito e ela caminha até a porta. – Natasha? – a chamo, ela para com a porta entreaberta. – Conversa com o Steve, ele deve tá se sentindo culpado pelo que aconteceu. – ela apenas concorda com a cabeça e sai me deixando sozinho com a luz da lua.

POV Natasha Romanoff

Saio rapidamente da ala hospitalar da base em direção a garagem subterrânea, entro no meu carro e acelero, voltando para a torre. Ignorar o Steve não vai resolver nada, tampouco vai fazê-lo esquecer dessa idéia de trazer o Bucky do mundo dos torturados. Obviamente sou um exemplo de que é possível voltar de lá, graças ao Clint que me ajudou muito, mas isso não quer dizer que o mesmo vai acontecer com o Bucky.

Entro na torre voando, tentando evitar encontrar com o Tony ou qualquer outro, mas parece que só de pensar nele o mesmo aparece.

– Hey little red! – acena – Como o Hayden está? – pergunta e estaco na mesma hora.

– Ele está bem. Dentro do normal. – dou de ombros.

– Dentro do normal que no caso dele é anormal. – consigo ouvir todas as implicações do seu comentário.

– O que você quer dizer com isso? – pergunto me fazendo de desentendida.

– Nada, nada – balança a mão com descaso. – Pra onde você vai com tanta pressa? – pergunta mudando de assunto.

– Para o andar do Steve. – volto a caminhar em direção ao elevador.

– Se tá procurando por ele, melhor ir pra cozinha. – pra alguma coisa o Tony tem que servir.

Dou meia volta e vou para a cozinha, deixando Tony falando sozinho. Assim que atravesso as grandes portas da mesma, encontro Steve, parado em frente a pia, lavando a louça. Qualquer mulher e até mesmo alguns homens matariam para ter um homem como Steve em casa! Dou risada com esse pensamento, o que chama a atenção de Steve.

– Hey Nat! – exclama – Você tem muito tempo ai? – pergunta. Caminho até a bancada e sento em um banco próximo dele.

– Acabei de chegar. – Dou um riso mínimo – Eu acho que precisamos conversar. – falo incisiva.

– Também acho – Steve senta-se do outro lado da bancada, de frente para mim – Me desculpe Nat. – por isso eu já esperava.

– Tudo bem Steve. Eu entendo o quanto deve ter sido difícil para você revê-lo depois de tudo o que aconteceu. – começo bancando a apaziguadora.

– Isso não pode servir como justificativa o tempo todo para minha falta de ação quanto ao Bucky. Ele tentou matar você e só não conseguiu porque o Hayden estava lá e o impediu. – a voz de Steve está carregada de remorso. – Eu nunca me perdoaria se você tivesse saído de lá machucada. – engulo seco. Por essa eu não esperava!

O Capitão América sempre se preocupa com todo mundo e faz de tudo para que consigamos sair ilesos de qualquer coisa, entretanto, não é o Capitão que está na minha frente me dizendo essas coisas, não é o Capitão que tem a voz embargada de emoção e os olhos carregados de intensidade. É apenas Steve Rogers.

– Steve... – começo, tentando levar as coisas para um campo mais firme – Eu sou a Viúva Negra e... – ele me interrompe.

– E pra mim você é a Natasha Romanoff. E é com ela que eu estou falando agora. Com a Nat, minha amiga, companheira, ex cupido – rimos com isso – A mulher mais corajosa e determinada que eu conheço. – ele pega na minha mão e meu coração acelera.

– Tá tudo bem Steve. – tento transparecer calma e controle – Eu também te tenho em auto-estima e... – e mais uma vez ele me interrompe.

– Eu gosto de você Nat. – afirma. – Você é a pessoa mais importante da minha nova vida e não tô te pedindo em namoro ou querendo que você se declare pra mim, quero apenas que você saiba o quão especial é. – respiro fundo e abro a boca, mas não sei bem o que dizer.

Com toda certeza também gosto muito do Steve, qual é? Não tem como não gostar dele com aquele jeitinho meigo e olhar perdido. Mas não estou acostumada a dizer o que sinto pelas pessoas. Liberto minha mão e levanto, ele também se levanta e vejo em seus olhos apreensão, talvez ele ache que vou sair correndo. Dou a volta na bancada e fico de frente pra ele.

– Você também é especial pra mim – sussurro com a voz mais rouca que o normal e vejo um sorriso brotar nos lábios dele.

Ele dá um passo e a distância entre nós agora é praticamente nenhuma, e eu querendo protelar aquele momento dou um passo para trás, contudo Steve faz uma coisa que eu não esperava: Puxa-me pela cintura, fazendo nossos corpos se chocarem. Solto o ar que eu nem percebi que estava segurando e sinto a respiração quente de Steve muito próxima a mim. Ele passa o braço em torno da minha cintura e sinto todos os músculos do seu peito e abdômen comprimidos contra o meu corpo. Com a outra mão na minha nuca ele aproxima seu rosto do meu e por mais que eu gritasse que aquilo ia ser uma furada, meu corpo ansiava por aquele ato, fecho os olhos, pronta para sentir os lábios de Steve contra os meus, mas tudo o que sinto são os braços de Steve me afastando com rapidez, porém com delicadeza.

– Tudo bem por aqui? – pergunta Tony com um sorriso inocente. Desgraçado! Cretino! Filho da puta!

– Tudo ótimo Tony. – forço um sorriso enquanto Steve se vira para a pia, tentando esconder seu rosto altamente corado.

– Que bom! – exclama – Espero não ter atrapalhado nada... – comenta cínico.

Lanço um olhar furioso na sua direção e saio pisando forte.

– O que foi? Fiz alguma coisa errada? – ainda consigo ouvir a voz de Tony, questionando Steve.

Um lado de mim queria voltar lá e agarrar o Steve na frente do Tony, mandando tudo à merda e o outro lado queria agradecer ao Tony por ter interrompido. De uma forma ou de outra, um fato é irrefutável: O que estamos sentindo um pelo outro é muito mais complexo e complicado que apenas amizade.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!
Acompanhem!



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