Forgotten escrita por S Pisces


Capítulo 14
Hungry


Notas iniciais do capítulo

Desculpem o atraso.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/615511/chapter/14

POV Clint Barton

Depois da reunião com Coulson, Hill acompanhou a mim e a Nat até o estacionamento, e quando estávamos saindo da base, vimos o Hayden fazendo o mesmo, Hill o chamou, mas não obteve resposta. Desisti de voltar pra torre com a Nat, afinal, diferente de mim e da Hill, ela estava quase soltando fogos de felicidade, então como parceiro da Hill na “criação” do Hayden, acabei ficando na base para conversar com o ela.

Caminhamos juntos até o refeitório, cada um mergulhado em seus próprios pensamentos. Sentamos em uma mesa afastada, mesmo o refeitório estando vazio. Acho que é um hábito que adquirimos.

– Eu me sinto culpada. – fala Hill, quebrando o silencio.

– Por quê? – não entendia como ela podia ter culpa naquela confusão.

– Por que... Por que... – ela suspira cansada – Acho que o Hayden se sente sozinho. Talvez eu não esteja dando a atenção necessária que ele precisa. – arqueio uma sobrancelha, incrédulo com sua resposta.

– Você não é a mãe dele. – afirmo.

– Eu sei. Mas acontece que ele é só um adolescente e quem o trouxe para cá fui eu. Eu prometi ajudá-lo e até agora não fiz nada, pelo contrario, ele que me ajudou. Salvou minha vida duas vezes. – esclarece inconformada.

– Eu entendo o seu ponto de vista, mas vários agentes começaram a trabalhar, foram recrutados ainda jovens. O Hayden não foi o primeiro nem será o último a passar por isso. – encaro Hill e vejo em seus olhos que nada mudará o que ela está sentindo. – A culpa não é sua. – insisto.

– Não é isso que o Hayden acha, ele me ignorou lá fora. – sinto que ela quer dizer mais alguma, mas ela não fala. Apenas abaixa a cabeça.

– Você tem cuidado e tratado o Hayden muito bem. O padrinho ausente aqui sou eu, sendo assim, se alguém é o culpado, esse alguém sou eu. – e depois que falo isso, percebo o quanto deixei de fazer pelo garoto.

– Okay, acho que somos péssimos padrinhos. – ela ri, amarga – Ainda bem que ele não é nosso filho. – não consigo evitar rir diante da possibilidade de ter um filho com a Hill.

– É melhor nem tentarmos algo do tipo. – falo ainda rindo – Quer dizer, acho que não temos vocação para a paternidade, maternidade no seu caso. Seriamos pais ausentes e nossos filhos alvos em potencial. – completo.

– Você tem razão Clint. – ela levanta-se – Eu seria uma péssima mãe. – fala ainda mais cabisbaixa. Será que ela tinha interesse/vontade de ser mãe? Ótimo Clint! Você só piorou tudo!

– Hill, não leva em consideração o que eu falei, quer dizer... – passo a mão pelo cabelo, envergonhado – Você é jovem, bonita, tem muito tempo pela frente. Criar uma criança é diferente de encontrar um adolescente na rua. – completo.

– Obrigada agente Barton. – agradece com um sorriso mínimo. – Você também não vai ser um pai tão ruim assim.

– Eu duvido. – falo mais para mim mesmo que para ela – De qualquer forma – levanto-me também – Vou dormir aqui, e quando o Hayden chegar, eu converso com ele. De homem pra homem. – falo sério.

Ela apenas concorda com a cabeça e caminha para a saída do refeitório. Eu um bom pai? Provavelmente não, mal consigo lidar com adultos, crianças então, são seres quase desconhecidos por mim. Com um último sorriso de desprezo, descarto essa possibilidade e caminho até uma sala de treinamento, nada melhor para tirar pensamentos inoportunos da cabeça.

POV Hayden O'Cornel

– Não gatinho, vamos ficar mais um pouco! – implora mais uma vez a Bels. Depois de quase 1 hora tentando convencê-la a ir embora, consegui tira-la de dentro da boate. Ela ainda choramingava e implorava pra ficar, mas já estava amanhecendo e eu precisava voltar para a base.

– A gente volta outro dia, tudo bem? – pergunto quando ela para no meio da calçada, birrenta.

– Promete? – pergunta manhosa.

– Prometo! – é a décima vez que prometo voltar com ela aqui, desde que saímos da boate. – Ou posso fazer melhor... – começo a deixando curiosa. Ela caminha saltitante até mim e entrelaça os braços no meu pescoço.

– O que seria melhor? – seus olhos brilham de expectativa.

– Eu posso te levar até um local legal que conheço. E tenho certeza que você vai gostar. – afirmo e ela me abraça. Retribuo o abraço e logo nossas bocas se encontram. Mesmo depois de já termos nos beijado várias vezes, a sensação que me domina ainda é arrebatadora.

Quebramos o beijo e começamos a caminhar até o carro dela, que está estacionado numa rua transversal. Devido o seu estado de embriaguez, meio a apoio, meio carrego, com um braço em torno da sua cintura. Ela fala alguma coisa sem nexo, e se afasta de mim, não entendo o que ela quer fazer, até perceber que ela quer andar no meio fio.

– Hey! Não faz isso, você pode cair! – aviso enquanto tento trazê-la de novo para perto de mim.

– Por que eu posso cair? Eu sempre faço isso! Eu consigo! – afirma. Sua voz já soa embargada.

– Isabella! Você não esta em condições... – ela me interrompe, exasperada.

– Você tá querendo dizer alguma coisa? – coloca as mãos na cintura.

– Você bebeu muito lá na festa. – relembro.

– Então você está insinuando que eu estou bêbada? – pergunta e eu começo a rir.

– Eu não estou insinuando. Estou afirmando! – ela me encara indignada e corre na minha direção, mas seu equilíbrio está tão afetado pelo álcool que ela tropeça no nada e cai no chão, de barriga para baixo.

– Você está bem? – pergunto preocupado, me agachando perto dela. – Bels, fala comigo! – viro seu rosto para fazer com que ela me encare. Ao fazer isso, percebo que sua visão está desfocada e começo a entrar em desespero. Será que ela entrou em coma alcoólico?

A viro completamente, deixando-a de barriga para cima e seguro seus ombros e lhe dou leves sacudidelas e então o inesperado acontece. Ela começa a ri. Ri muito. Gargalhar, ainda deitada na calçada. Acabo sentando ali mesmo, descrente com a situação.

– Te peguei! – ela diz, com a fala ainda mais comprometida.

– É pegou sim! – concordo. – Me deu um mega susto. Fiquei preocupado. – e ao ouvir isso ela para de ri. – Eu disse alguma coisa errada? – pergunto.

– Eu não tô acostumada a ter alguém preocupado comigo. – murmura baixinho.

– Agora você tem a mim. – murmuro baixinho também. E ali mesmo na calçada, aproximo meus lábios dos seus, em um beijo calmo, no qual quero apenas demonstrar todo o carinho e amor que está guardado em mim e que quero dar para alguém. E porque não para a Bels?

– Hey! Vocês querem ser presos por atentado ao pudor? – escuto uma voz e relutantemente afasto-me da Bels. Ao olhar para o dono da voz, noto a farda.

– Desculpe policial. Ela caiu e eu... – ele me encara, a testa fincada de irritação – Estamos indo embora. – completo. Levanto e ajudo Bels a se levantar também. Caminhando com mais dificuldade a Bels consegue chegar até o carro, e ai começa o dilema.

Oficialmente, eu não tinha idade para dirigir, quer dizer, mesmo tendo 16 anos, segundo os médicos, minha idade não definida e falta de informações não possibilitaram que eu conseguisse uma carteira de habilitação que me permitisse dirigir pelas ruas do país. Minha carteira era exclusiva para missões da SHIELD, e na atual situação da Bels, ela não conseguiria dirigir nem uma bicicleta.

– Cadê minhas chaves? – pergunta a Bels, me despertando dos meus devaneios. Apenas balanço as chaves que estão na minha mão, desde que ela tomou a primeira dose de tequila. – Eu preciso delas para ligar o carro! – fala, dando a volta no carro.

– Eu dirijo. – falo, assim que ela chega até mim.

– Eu quero dirigir Hayden. – fala tentando parecer sóbria.

– Mas eu faço questão. – insisto.

– Não me obrigue a fazer ligação direta. – fala e eu reviro os olhos. Ela não conseguiria nem encontrar o motor nesse estado. – Acho que você está me subestimando demais Hayden.

– Eu não estou te subestimando, pelo contrario, eu acho você uma garota incrível e por esse motivo quero que você fique bem. Deixa eu cuidar um pouco de você. – falo e lhe dou um beijo casto. Ela suspira e entra no carro, sentando-se no banco do carona.

Dou a partida e saio da vaga, vejo pelo canto do olho que a Bels não vai conseguir ficar acordada por muito tempo e peço logo seu endereço. Após alguns minutos, o esperado acontece, e a Bels mergulha na inconsciência. 25 minutos depois estaciono em frente à casa que acho que pertence a ela, espero alguns instantes para ver se há movimento na casa e como não vejo nada, pego as chaves e vou até a varanda. Enfio a chave na fechadura e a mesma abre, para minha alegria, afinal, eu não poderia testar em todas as casas da rua até encontrar a certa. Volto ao carro e carrego a Bels até a casa, procuro pelo quarto e a coloco na cama. Depois coloco o carro na garagem e volto ao quarto da Bels, deito-me na cama, ao seu lado e caio na inconsciência também.

~~ 8 ~~

Escuto algo quebrando com brutalidade e acordo sobressaltado. Meio confuso tento me localizar no local em que estou, logo flashes da madrugada me atingem e levanto da cama em um salto.

– Isabela? – chamo, quando não a encontro no quarto.

Saio correndo pelo corredor e estou prestes a descer as escadas quando vejo uma porta entreaberta, com passos rápidos vou até a mesma e a escancaro. Não fico muito surpreso com a cena que encontro.

– Bels, você tá bem? – pergunto agachando-me ao seu lado e afastando seu cabelo do rosto.

Ela olha pra mim, completamente pálida e quando abre a boca pra falar, é atingida por mais uma onda de ânsia de vomito, o que faz ela praticamente enfiar o rosto no vaso sanitário a sua frente.

– Sai daqui. – sussurra com a voz fraca. Vomita novamente e então começa a chorar, automaticamente a abraço, reconfortando-a. Não sei quanto tempo se passa, até que ela desfaz o abraço e levanta-se.

– Eu preciso tomar um banho. – fala, encarando-se no espelho. Apenas concordo e saio do banheiro. Desço as escadas e sento-me no sofa, onde cochilo novamente.

– Demorei? – Sou despertado com uma leve sacudida em meu ombro.

– Não, não. – falo meio sonolento – Quer dizer... Eu nem sei que horas são. – completo.

– Não passa das 10 da manhã. – senta-se ao meu lado. – Hayden, obrigada por tudo. Por ter cuidado de mim, na festa e aqui. Você é um verdadeiro Gentleman. – rimos com isso. – E desculpe também, sei que não sou uma pessoa fácil de lidar.

– Acredite, trabalho com pessoas muito mais difíceis. – afirmo.

– De qualquer forma... – ela passa a mão no meu rosto – Você é um bom garoto. E eu sempre vou ser grata a você. – ela beija minha bochecha.

Mas eu não quero que termine assim, então a beijo na boca. E logo o beijo é aprofundado, aprofundado de tal forma que nada mais importa.

Quem começou o beijo fui eu, mas para minha surpresa quem toma as rédeas da situação é ela. Passando uma perna por sobre as minhas, rapidamente a Bels se encontra sentada no meu colo. Suas mãos se mostram hábeis e minha camisa logo está jogada no chão, minhas mãos percorrem seu corpo e as coisas vão ficando realmente quentes. Fogo e combustível. Contudo, somos interrompidos por um barulho que nos pega desprevenidos.

– Que constrangedor. – fala a Bels, colocando as mãos no rosto. Seu estomago ronca novamente.

– Nós somos humanos e considerando o tanto que você bebeu e o tanto que você colocou pra fora, é normal que esteja com fome. – falo segurando o riso. Bels balança a cabeça mostrando claramente sua frustração sai de cima do meu colo.

– Você tá com fome? – pergunta irritada.

– Faminto. – falo em seu ouvido, e vejo ela fechar os olhos e morder os lábios.

– Vou preparar alguma coisa pra gente. – fala caminhando até onde acho ser a cozinha. – É melhor você vestir isso aqui de novo, essa visão me desconcentra. – diz, jogando a camisa no meu rosto. Solto uma risada e a sigo.

– Espero que você saiba cozinhar, porque eu não sei nem fritar um ovo. – comento, vestindo a camisa.

– Finalmente alguma coisa que você não sabe fazer. – reviro os olhos diante disso. Ela não tem idéia das coisas que posso fazer, coisas boas... E coisas ruins.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Forgotten" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.