Forgotten escrita por S Pisces


Capítulo 12
Outside




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Ando, não sei por quanto tempo, nem por onde, apenas deixo as ruas me guiarem, entrando e saindo, entrando e saindo. Eu deveria sentir remorso, ou estar arrependido, mas acho que a raiva que sinto da agente Romanoff me impede de sentir qualquer outra coisa. Como eu a odeio!

Ela fez questão de contar tudo na frente do Capitão, só pra me humilhar, ela sabia que ele não aprovaria tal atitude.

– Droga! – grito e chuto uma lata de lixo, que cai, espalhando todo o seu conteúdo pelo chão.

Continuo andando e praguejando minha sorte. Desmemoriado, quando acho que estou, ou melhor, que minha vida está entrando nos eixos, isso acontece. Só podia ser a vida me sacaneando. Tudo bem que eu realmente peguei a pasta e foi de uma burrice extrema, afinal, é a agente Romanoff, a Viúva Negra, obvio que ela notaria, mas ainda assim, o Capitão não precisava ter ficado sabendo daquela forma!

– Hayden seu idiota! Burro, estúpido! – me recrimino em voz alta, o que chama a atenção de um grupo de pessoas. Eles me olham como se eu fosse louco e solto um suspiro exasperado.

– Estão olhando o que?! – exclamo. Eles balançam a cabeça de forma negativa e continuam seus afazeres.

Provavelmente a Natasha já deve ter ligado para o diretor Coulson e feito minha caveira, aposto que ela deve tê-lo convencido a me tirar da missão. Arregalo os olhos diante dessa possibilidade, ela não faria isso... Ou será que faria? Mas é claro que faria! Sem pensar atravesso a rua correndo, em meio ao trânsito e paro o primeiro taxi que aparece.

Durante todo o percurso até a base, tento me acalmar e bolar uma forma de descobrir como a agente Romanoff agirá. Eu não posso entrar na sala do Coulson e perguntar se ainda estou na missão, vai que a Natasha não falou nada com ele? Talvez eu devesse ligar para ela e pedir que não conte nada para o diretor, mas se eu fizer isso, ela provavelmente vai debochar de mim, e acabar contando, só pra me humilhar mais. Quem sabe Hill não interceda por mim? Mas pra isso, eu preciso contar minha versão dos fatos. O melhor é esperar chegar à base.

Quando o taxi para, pago a corrida e verifico o horário no meu relógio de pulso, 1hrs27min da manhã, fico surpreso, não esperava que fosse tão tarde... Ou cedo, a depender do ponto de vista. Respiro fundo e caminho rápido para dentro da base, estou quebrando regras ao chegar aqui nesse horário. Apenas agentes em missões podem entrar e sair da base livremente, quando não estamos em missões, temos horários a cumprir. Tentando passar despercebido, caminho pelos corredores em direção ao meu quarto e assim que chego a ele, tomo um banho e troco de roupa. E em um timing perfeito, alguém bate na porta do quarto.

– Sim? – pergunto abrindo a porta. Não reconheço a agente que está a minha frente, novata provavelmente. Ela me olha de cima a baixo e cora levemente.

– Agente O’Cornel? – pergunta com a voz trêmula.

– Sim? – repito impaciente.

– O diretor Coulson solicita sua presença na sala dele. Imediatamente. – merda! Xingo mentalmente. Fico alguns instantes paralisado e apenas concordo com a cabeça, a agente vai embora e eu volto ao quarto. Calço meu tênis e relutantemente sigo em direção ao elevador.

A cada andar meu coração bate mais rápido, sinto o sangue pulsando nos meus ouvidos e quando chego ao andar do diretor, minhas mãos tremem. Se acalma Hayden, penso. Você já sabe o que te espera, ela te entregou. Você tá fora da missão. Embora, eu tivesse certeza disso, uma pequena parte do meu cérebro, teimava em acreditar que Natasha não havia feito isso, que o diretor me convocou apenas para uma reunião de rotina, pura ilusão.

Bato na porta e escuto a voz do diretor, me mandando entrar. Assim que dou o primeiro passo que me leva para dentro da sala, sinto o meu sangue gelar. Eu sabia que seria tenso, mas não sabia que seria tanto assim. Quatro pares de olhos me encaram, dois demonstram decepção, um severidade e um... Diversão? Claro que ela estaria se divertindo com tudo aquilo. Abro a boca, mas não consigo formular nada decente pra falar. Pedir desculpas? Simplório demais. Implorar perdão talvez funcionasse, mas apenas talvez. Na dúvida, apenas caminho com passos firmes até a mesa do diretor e paro a sua frente.

– Solicitou minha presença? – minha voz está estável, o que é bom.

– Vamos direto ao assunto. – o diretor limpa a garganta – a agente Romanoff acusou-o de roubar informações confidencias sobre a missão. Você confirma isso? – sem pensar muito respondo.

– Talvez. – ele me olha confuso.

– Talvez? Essa não é a resposta que eu espero de um agente do seu nível. Achei que você tivesse maturidade para entender como as coisas funcionam aqui. – repreende-me Coulson.

– Esse garoto está claramente zombando de nós. – intromete-se a agente Romanoff.

– Eu não estou zombando de ninguém. – defendo-me – só não irei assumir uma coisa que a depender do ponto de vista, eu não fiz. – dou de ombros. A princípio pensei em só assumir meu erro, mas agora que vejo que ela preparou uma plateia, não irei cair sem lutar.

– O que você quer dizer com isso Hayden? – questiona Hill.

– Antes de sair em missão, o que nós fazemos? – pergunto e eles trocam olhares, sem entender onde quero chegar – nós obtemos informações. – falo dando ênfase no obtemos. – nós roubamos, hakeamos sistemas, interrogamos pessoas. Fazemos de tudo para conseguir essas informações que muitas vezes se tornam essenciais para a resolução das missões. Vocês me acusam de ter roubado informações, e eu digo que estava apenas fazendo o meu trabalho. – esclareço. Hill e Clint trocam olhares, Coulson enruga o cenho pensativo e Natasha revira os olhos.

– Sério que vocês estão cogitando levar em consideração esse monte de besteiras que ele falou? – ela aponta pra mim, descrente. – ele tentou me passar pra trás! Ele... – Coulson a interrompe.

– Calma agente Romanoff. Tenho certeza que vamos chegar a um consenso. – ele passa a mão pelos cabelos. – você tem certa razão Hayden – escuto Natasha bufar – nós fazemos sim tudo isso, mas não fazemos nada disso com um dos nossos. Você tentou... Obter informações pegando a pasta da Natasha. – completa.

– Se não me escondessem nada, eu não precisaria chegar a esse extremo. – falo naturalmente.

– Então você assume que me roubou. – afirma Natasha. Reviro os olhos, impaciente.

– Eu assumo que usei de meios não tão... – procuro pela palavra correta – leais para conseguir a pasta sim. Mas não a roubei. Eu também faço parte dessa missão e assim como você mereço acesso irrestrito a essas informações. – completo, num tom exigente.

– Eu concordo que você merece saber sobre essa missão tanto quanto a agente Romanoff. Entretanto, o que você fez foi errado. E suas justificativas por mais plausíveis que sejam não mudam os fatos. – se pronuncia pela primeira vez o Clint. Todos eles me encaram e eu sinto como se estivesse em um tribunal.

– Okay, eu sei que não fiz a coisa mais certa do mundo. Mas quais eram minhas opções? Opções reais. – a impaciência já estampa a face da Natasha, ela sabe que eu estou lutando para permanecer naquela missão.

– Você poderia ter falo comigo. – diz Coulson

– E você me contaria tudo o que sabe? – pergunto.

– Eu lhe contaria tudo o que é necessário que você saiba. – não consigo segurar o riso de escárnio que vem aos lábios.

– Viu só? Que opções vocês me dão? Nenhuma! – deixo a irritação tomar conta de mim – eu cheguei aqui e vocês prometeram me ajudar e até hoje nada! Eu já apanhei, lutei, quebrei ossos, voei pelos ares e tudo o que vocês sabem fazer é me dar tapinhas nas costas e mais trabalho. Eu arrisco minha vida, mas pelo que eu estou arriscando? Por quem eu estou lutando? – soco a mesa e ela treme. – eu sei que vocês estão me enganando, não só a mim, como a todos aqui e lá fora. – completo.

– Eu lamento agente O’Cornel, mas você sabe que até agora não conseguimos nenhuma informação sobre você. E isso nos preocupa também. – começa Hill – contudo, isso não é motivo para você nos acusar! Você sabia pelo que passaria ao entrar aqui. Eu te avisei que não seria fácil. – completa.

– Nós não estamos enganando ninguém. Nós trabalhamos para cuidar dessas pessoas que você diz que enganamos, para assegurar a segurança delas. Não duvide da nossa lealdade para com essas pessoas. – Coulson afirma num tom duro.

– Não fale sobre lealdade com ele. – diz irônica Natasha – ele não sabe o significado dessa palavra. – penso em responder, mas a verdade é que são tantas acusações que minha cabeça começa a rodar.

– Eu não fui chamado aqui para discutir o significado de lealdade, fui? – já estava cansado de toda aquela conversa fiada. Viro-me e encaro Coulson

– Agente O’Cornel, infelizmente, você está fora dessa missão. – Coulson me encara com o semblante sério e eu mantenho minha expressão impassível.

Encaro um a um, Clint não demonstra nenhuma emoção, Hill parece conformada e Natasha, bom, não sei por que ela não está fazendo a dança da vitória. Ela sorri e caminho até ela, paro em sua frente e encaro seus olhos verdes. Verde no verde. Seu sorriso se desfaz.

– Bom trabalho. – parabenizo num tom frio, faço uma leve mesura e me retiro da sala.

Meus passos ecoam nos corredores vazios da base, e eu vou direto para meu quarto. Jogo-me na cama, mas fico agitado e sei que dormir não é uma opção. Minha cabeça fervilha e a única coisa que pode me acalmar é ar puro. Troco de roupa, vestindo a mesma roupa que estava na minha malfadada ida a torre e saio do meu quarto. Estou tão irritado que não me importo se serei visto saindo da base sem autorização, quero apenas dar o fora dali. Já estou na saída quando escuto vozes, e sem olhar, reconheço a quem pertencem.

Acelero os passos, mas isso não impede que eu seja visto.

– Hayden? – escuto a voz da Hill. – Hayden! – dessa vez ela tem certeza que sou eu. Ignoro seu chamado e continuo andando. Ela me chama mais algumas vezes, mas logo se torna difícil entender o que ela fala.

Respirando fundo, saio definitivamente da área da S.H.I.E.L.D. Como provavelmente não encontrarei nenhum taxi ou carona, vou a pé mesmo para o centro, o que quer dizer 40min de caminhada. Mas não ando nem 10, logo um carro passa por mim e para, em seguida, a motorista sai do carro e me oferece uma carona.

– Hey gatinho, precisa de ajuda? – ela fica em pé ao lado do carro. Não consigo evitar olhar o seu corpo, que diga-se de passagem, é escultural. Ela parece ter entre 1,65 e 1,70. Cabelos castanhos, longos e cacheados e olhos levemente puxados, de um castanho escuro. Pernas que mesmo cobertas por uma calça jeans escura mostram que são torneadas.

– Eu preciso de carona. – explico quando consigo me recompor, caminhando até ela.

– E pra onde você está indo? – ela pergunta, curiosa.

– Pra onde você está indo? – como eu não tinha um destino, talvez ela pudesse me indicar um.

– Vem comigo que eu te mostro. – ela sussurra bem próxima a mim, com um sorriso malicioso nos lábios. Retribuo o sorriso e entro no carro.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. Até domingo :)



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