Forgotten escrita por S Pisces


Capítulo 11
Disloyal


Notas iniciais do capítulo

Hey! Esse capitulo, particularmente eu gostei muito de escrever. Tem certo... debate de valores que eu gosto muito e bom, espero que vocês gostem também.
Enjoy!



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Chego a Torre ensopado até os ossos. A princípio eu até gostei da chuva, mas logo ela se tornou um estorvo. Entro molhando completamente todos os carpetes que encontro, não porque quero, mas porque não consigo evitar.

– Querido mutante! – cumprimenta Tony, assim que me ver entrar na sala – você está molhando os meus carpetes! – acusa assim que vê a poça que se forma a minha volta.

– Foi mal. Tá caindo à maior tempestade lá fora e eu acabei me molhando um pouco. – esclareço indiferente. – a agente Romanoff está aqui? – pergunto.

– Está no andar dela Hayden – quem responde é o capitão, entrando na sala – você precisa trocar de roupa, antes que pegue um resfriado. – completa.

– Resfriado? O garoto tem super regeneração e você tá preocupado com um resfriado? Por favor, meu caro Rogers... – fala Tony, debochado.

– Eu tenho que concordar com ele Steve. Resfriado é o menor dos meus problemas. – falo sério. – Se me dão licença. – caminho em direção ao elevador, mas sou seguido pelo Capitão.

– Você está bem Hayden? – pergunta quando as portas se fecham. Eu não queria ser grosso com o capitão, mas estava saturado de tantas perguntas idiotas.

– Sim Cap. – respondo.

– Você não me parece bem... – comenta.

– Eu não quero conversar hoje Capitão. Quer dizer, não estou com cabeça para conversas mais profundas. – esclareço. Ele suspira, mas não faz mais perguntas.

O elevador para e as portas abrem.

– Vem, eu vou te emprestar uma roupa. – enrugo o cenho – mesmo você tendo super regeneração não vou deixar você ficar andando com essa roupa encharcada. – completa. Como ele não me deixa opções, saio do elevador e nos dirigimos até seu quarto.

Como eu já havia visto antes, a organização do Capitão é tão grande que chega a ser metódica. Tudo está no seu devido lugar, a cama impecavelmente arrumada e tudo completamente limpo. Silenciosamente, o capitão vai até seu closet e alguns instantes depois volta com uma calça e uma camisa em mãos.

– Acho que isso vai servir. – estende as roupas e eu as pego. – o banheiro fica ali. – aponta para uma porta no canto e eu concordo com a cabeça, indo me trocar.

O capitão é muito maior que eu e corpulento também, mas a diferença não fica tão visível assim, para minha alegria. Saio do banheiro com minhas roupas nas mãos.

– Pode deixar, eu coloco pra secar na maquina e quando você for embora, você pega. – oferece. A cada gentileza do Steve, eu me sentia pior.

– Obrigado – agradeço brevemente, já me retirando do seu quarto.

Respiro fundo quando o elevador para no andar da viúva. Saio com passos firmes e bato na porta do seu quarto. Logo escuto passos e a porta é aberta.

– Você está atrasado. – exclama já me dando as costas. Respiro fundo tentando não perder a pouca paciência que me resta.

– Você não definiu um horário. Apenas disse “depois das 3”. – tento soar natural, mas a irritação está presente na minha voz.

– Tanto faz. Deveria ter vindo mais cedo. – a vontade que tenho é estrangulá-la, mas apenas abro e fecho as mãos varias vezes.

– Por onde você quer começar? – pergunto tentando mudar de assunto. Ela caminha até sua cama e senta-se. Indica com a cabeça uma espécie de poltrona para que eu sente.

– O que você sabe sobre a missão? – responde com outra pergunta.

Penso um pouco a respeito, ela está fazendo essa pergunta para descobrir se eu realmente estou “por dentro” da missão, ou para saber até que ponto eu sei?

– Eu sei o que me foi informado. – respondo firme. – E você? – Ela me encara por alguns minutos, novamente me analisando.

– Eu sei o bastante para essa missão ser um sucesso. – traduzindo: Eu disponho de muito mais informação que você.

– Isso é injusto. – afirmo.

– A vida não é justa. É melhor ir se acostumando. – fala debochada.

– Desde quando você descobre coisas obvias? – pergunto no mesmo tom.

– Você se acha muito especial não é Hayden? – me olha com ar superior – ganhando todo mundo com essa historinha de “garoto perdido”, salvando a vida da Hill, se fingindo de desentendido em relação as suas “habilidades” – faz aspas com os dedos. – sabe o eu que vejo? – apenas dou de ombros, incentivando ela a continuar.

– Eu vejo um moleque fraco, que não sabe lidar com criticas e que fica se fazendo de coitadinho e de bonzinho para todo o mundo. – conclui.

– E porque isso te incomoda? – questiono naturalmente, aproximando meu rosto do seu.

– Você é ainda mais arrogante do que eu achava. – afirma com desgosto.

– Eu não sou arrogante, apenas me adapto as situações... E as pessoas. – esclareço com um sorriso de lado.

Ela me fuzila com os olhos e sei que não existe nenhuma possibilidade de nos tornamos amigos. Acho que se conseguirmos nos tolerar já estará de bom tamanho.

– Ainda bem que só precisarei tolerar você durante essa missão. – dá voz aos meus pensamentos, jogando uma pasta para mim.

– Faço suas as minhas palavras. – falo, com uma expressão divertida. O que irrita ainda mais a agente Romanoff.

Ela volta toda sua atenção para as informações contidas nas pastas e faço o mesmo. Essa missão parecia bastante simples a principio: recuperar informações valiosas que foram roubadas. Mas depois do atentado alguma coisa mudou drasticamente e mesmo com todas aquelas pastas e coisas que me foram ditas eu sabia que não estavam me contando tudo. E isso me irritava.

– Que tipo de informações foram roubadas? – indago pela primeira vez depois da nossa pequena discussão.

– São estudos, análises, cálculos, esquemas, esboços, tudo referente a um novo projeto, que pode mudar o rumo da historia. – responde sem desviar os olhos dos papeis.

– E que projeto é esse? Quem é o dono?

– O idealizador desse projeto não quer ser identificado e quer que as informações sobre tudo isso permaneça num circulo restrito. – responde ainda com a cabeça baixa, o que me irrita. .

– Aposto que você está inclusa nesse circulo. – afirmo num tom duro e ela ergue a cabeça, me olhando nos olhos.

– Lamento agente, é informação confidencial. – volta à atenção para os papeis.

– Isso não faz sentido. – começo – quer dizer, eu quase morri indo atrás dessas coisas e não tenho o direito de saber por que ou por quem estou ariscando minha vida? – ela suspira e me olha... Compreensiva?

– Quando se é um espião você trabalha em cima do que te dão. Não faz perguntas ou questiona ordens. Trabalho dado é trabalho executado, entendeu? – vejo que não adianta discutir, que ela não vai contar nada. O jeito é esperar o desenrolar da missão para descobrir por conta própria. – além do mais, você é pago pra isso. – completa.

– Pra arriscar a vida por motivos desconhecidos? – pergunto irônico. Ela parece refletir sobre o que eu falei.

– Talvez. Nós dispomos de muito mais informações que a maioria dos civis. Eles vivem achando que estão protegidos e que sabem de tudo. Mas isso é uma mentira. – ela ri sem humor – o mundo está um caos e ninguém sabe como lidar com isso, os governos brigam entre si, jogam a culpa uns nos outros e quem fica no meio é a população ignorante que permanece alheia a tudo isso.

– Então o nosso trabalho é mentir para os civis? – questiono com uma sobrancelha arqueada.

– O nosso trabalho é fazê-los acreditar que estão protegidos, que sabem de tudo. Assim eles continuam com suas vidinhas patéticas, enquanto nós corrigimos as falhas dos governos. – responde dura, pondo um ponto final no assunto.

– Você acha que o que fazemos é certo? – continuo, ignorando completamente sua tentativa de encerrar a conversa. Natasha me olha impaciente.

– O que é isso? Crise de identidade agora? Crise de consciência? – questiona com o cenho franzido – se você não gosta do que faz, é melhor deixar enquanto é tempo. Enquanto você ainda não tem uma lista de sangue atrás de você! – completa de modo soturno.

– Você tem uma lista de sangue? – pergunto de modo casual. Não quero parecer curioso nem nada.

– Olha, chega de tantas perguntas, okay? Minha paciência já se esgotou! – fala exasperada.

– Desculpe. – peço sem graça. – podemos começar a traçar um plano e... – me interrompe.

– Não. Fazemos isso amanhã. – respira fundo várias vezes tentando manter a calma.

– Mas, amanhã fica muito em cima, precisaremos revisar o plano e... – mas uma vez ela me interrompe.

– Eu disse amanhã! – praticamente grita.

Alguém bate na porta e enquanto ela vai abrir eu começo a recolher minhas coisas, coloco minhas pastas na mochila e já estou fechando-a quando vejo uma pasta com o nome confidencial. Aproveitando que Natasha está distraída, coloco a pasta rapidamente na minha mochila, juntamente com as outras coisas e caminho para a porta.

– Eu vou indo. Nos vemos amanhã então. – ela apenas concorda com a cabeça e fecha a porta, sem nem se despedir. – tenha uma boa noite – desejo um pouco mais alto, para a porta.

Vejo que a porta do elevador esta se fechando e corro em direção a mesma.

– Doutor Banner! – o cumprimento entrando no elevador.

– Agente O’Cornel. Estava com a Natasha? – pergunta curioso.

– Sim, estávamos analisando algumas coisas da nossa próxima missão. – esclareço.

– Humm, certo. – um silêncio constrangedor se instala, mas logo é quebrado pelo Doutor. – você está bem Hayden? Quer dizer, já descobriram como você foi capaz de se curar tão rápido? – aconteceu tanta coisa nesses últimos dias que nem me liguei em saber mais informações sobre isso.

– Eu não falei nem fui procurado por nenhum médico ultimamente. Então sem novidades. – dou de ombros.

– Sabe Hayden, eu fiquei muito impressionado com sua capacidade de recuperação. Eu gostaria, se você não se importar, claro, de descobrir o que você é. – explica meio sem graça.

– Por mim tudo bem. – provavelmente as chances de descobrir alguma coisa sobre mim aumentam bastante com o doutor Bruce por trás das pesquisas. – do que você precisará?

– Amostra de sangue, a princípio. – as portas do elevador se abrem e saímos na sala principal – você poderia vir até meu laboratório para que eu colete essa amostra? – vejo que ele está animado e apenas concordo com a cabeça. Ele começa a andar e eu o sigo.

No caminho ele aponta algumas salas e laboratórios e destrancando a porta, entra no seu próprio laboratório. A torre é maior do que aparenta ser.

– Sente-se ai, por favor. – sento em uma cadeira alta enquanto ele pega alguns materiais. – estique o braço e feche e abra a mãos algumas vezes. – faço o que ele diz, e ele amarra um elástico no meu braço, acima do cotovelo. – será rápido.

Sinto a agulha entrando no meu braço e ele puxa o embolo, logo a seringa se enche com meu sangue. Ele retira a agulha e coloca um adesivo no local, para não haver sangramentos. Deposita quantidades de sangue em vários vidrinhos e guarda o resto do material.

– Obrigado Hayden. Assim que eu obter algum resultado satisfatório eu te aviso. – agradece.

– Por nada. Eu ficarei aguardando. – saio do laboratório, em direção a saída. Quando passo por um espelho, lembro que ainda estou com as roupas do Steve. Dou meia volta e pego o elevador, em direção ao seu andar. Bato na porta e logo um Steve de moletom e camiseta abre a porta.

– Eu vim buscar minhas roupas. – aviso meio constrangido.

– Já estão secas, espera um minutinho. – ele volta para o quarto e alguns instantes depois retorna com uma sacola na mão. – aqui está. – me oferece a sacola e eu a pego.

– Steve, sobre hoje mais cedo, me desc... – não consigo completar, pois sou imprensado contra a parede. Olho assustado para os lados, completamente aturdido com tudo.

– Onde está seu idiota? – grita Natasha, completamente exasperada. – cadê a droga da minha pasta? – ela pressiona seu antebraço com força contra meu pescoço. Sou mais alto, mas isso não impede que eu fique a mercê dela.

– Natasha! – exclama Steve – larga ele! – ele tenta afastá-la de mim, mas ela o empurra com a mão livre – Natasha, larga ele agora! – ordena, num tom que não permite discussões. Ela afrouxa o aperto, mas não me larga completamente.

– Eu vou perguntar pela ultima vez e eu quero uma resposta. Onde está minha pasta? – questiona pausadamente. Engulo seco. Não era para aquilo está acontecendo, não na frente do Steve pelo menos.

– Na mochila. – murmuro. Ela me larga e eu retiro a mochila das minhas costas e entrego a ela. Ela a abre e logo encontra a pasta confidencial no meio das outras.

– Realmente passou pela sua cabeça que eu não fosse desconfiar? Que eu não fosse dar falta dessa pasta? – dá um sorriso de escárnio – você é patético Hayden. – joga a mochila contra mim e eu a pego. Ela olha para Steve, que assiste a tudo boquiaberto. – seu protegido roubou uma pasta com informações confidenciais! – me acusa.

– Eu não roubei! – defendo-me.

– Agora mudou o nome do que você fez? – pergunta irônica.

– Quem é você pra me dar lição de moral? Você rouba informações o tempo todo! – acuso-a também.

– Você quer comparar o que eu faço com o que você fez? – coloca o dedo na minha cara – você roubou informações da sua parceira de missão!

– Hayden, por que você fez isso? – pergunta Steve, posso ouvir a decepção na sua voz.

– Eles estão me escondendo informações, eu quero saber o que é. – vejo que Steve está em uma espécie de dilema interno.

– Eu entendo o quão frustrante isso pode ser, mas roubar informações confidenciais da sua própria parceira? É desleal Hayden. – ele fala ainda mais decepcionado.

– Steve, eu sinto muito. – falo pra ele, mas ele apenas retorna ao seu quarto e fecha a porta. Viro-me para Natasha que me olha com um sorriso vitorioso – está feliz agora? – questiono ríspido e passo por ela.

– Assuma suas ações moleque e conviva com o resultado delas. – grita as minhas costas. Acelero os passos e entro no elevador, praticamente soco o painel até que as portas se fecham. Sinto uma raiva imensa se apoderar de mim e assim que as portas se abrem, praticamente corro para fora da torre, ignorando tudo e todos no caminho.


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Notas finais do capítulo

Não gosto de pedir, mas adoraria saber o que vocês acharam.
Até quarta! :)
Beijoo



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