Perfeito Aos Meus Olhos escrita por Joice Santos, Joice Reed Kardashian


Capítulo 5
Capítulo 5 – Feliz Aniversário, Emmett!


Notas iniciais do capítulo

Heey belezinhas!
Okay, sei que demorei e querem me matar, mas eu não estava conseguindo escrever este final. Queria algo com sentimento e ainda acho que não está como eu queria. Mesmo assim, vamos lá, porque já passou da hora de vocês saberem o final da fanfic.
Quero dedicar o capítulo a linda da minha amiguinha SwiftieSweet. Obrigada pela recomendação maravilhosa amore, nem chorei sabe.
Bom, bora ler...



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A semana passou voando e isso se devia ao fato de eu estar completamente ocupada com o presente de aniversário dos irmãos Cullen.

Queria ver o sorriso de covinhas de Emm e a empolgação da baixinha ao receberem. Alice e Emmett mereciam algo perfeito, por isso estava me esforçando muito para fazer o meu melhor.

Na segunda-feira de manhã, minha mãe me levou para comprar algumas coisas necessárias para revelar as fotos, já que meu material estava acabando. Dona Carmen sugeriu que eu revelasse as fotografias na própria loja, mas eu neguei. Era meu presente especial, tinha que ser feito completamente por mim..

Meu irmão havia me dito que a cor favorita de Alice era lilás e por isso comprei algumas fitas dessa cor para enfeitar a capa do álbum, além de fitas azuis para Emmett. Lembrava que uma das paredes de seu quarto era azul, então concluí que ele gostava da cor.

Voltei para casa contente e ansiosa para pôr mãos à obra e foi exatamente o que fiz.

Passei a semana revelando as fotos com extremo cuidado para não danificar e perder alguma delas. Também dividi meu tempo personalizando o álbum que havia comprado. Enfeitei a capa com fita e escrevi “Para Alice e Emmett” com letras bem desenhadas.

Meu trabalho manual havia ficado caprichado, o que me deixou orgulhosa do meu próprio esforço e cuidado com detalhes.

Além das fotos que organizei alternadamente, uma de cada irmão, também escrevi pequenos textos referentes às fotos e o que eles significavam pra mim, e coloquei nas páginas plastificadas do álbum.

Deu trabalho, fiquei nervosa várias vezes quando não gostava de algum detalhe ou achava que não estava perfeito o suficiente para os Cullen.

No final, quando estava completamente pronto, mamãe, papai e Jasper aprovaram tudo, além de me elogiarem aos montes.

Fiquei totalmente satisfeita com o resultado. Agora aguardava e torcia para que Emmett e Alice também gostassem.

Mal podia esperar para ver os grandes olhos castanhos de Emm examinando as fotos, a voz doce de Alie lendo minhas singelas palavras e o sorriso dos dois. Para ser sincera, se os agradasse, o presente seria para mim, recebendo tais reações encantadoras deles.

[...]

Sexta-feira, 16 horas

– Vamos logo, Rosalie! – meu irmão gritou do andar de baixo.

Eu não estava convencida de que minha roupa estava tão bonita a ponto de arrancar um elogio de Emm. Encarei minha imagem no espelho pela quarta vez, colocando um bico na minha expressão insatisfeita.

Usava um vestido de fundo vinho com estampa floral, meia-calça de fio grosso na cor preta, botas escuras de cano longo e um casaco de lã da mesma cor das botas. Também usava um cachecol no pescoço e meus cabelos dourados estavam presos numa trança que caía sobre meu ombro esquerdo.

A maquiagem era leve, apenas meu batom favorito, cor de cereja, e rímel. O cheiro do meu perfume floral era suave e delicioso, vovó Meredith conhecia bem meu gosto.

Suspirei. Estava tudo exatamente no lugar e não havia mais tempo de trocar de roupa – coisa que eu já havia feito duas vezes. Então me dei por vencida, pegando o presente embrulhado em papel dourado e deixando o quarto.

O barulho das minhas botas descendo os degraus atraíram a atenção da minha família. Papai sorriu e Jasper assoviou, o que me fez revirar os olhos e ficar envergonhada. Eles também estavam lindos, até mesmo meu irmão com os cabelos cumpridos demais.

– Está linda, maninha. – elogiou, passando o braço por meus ombros e beijando meus cabelos.

– Valeu Jazz.

Aguardamos dona Carmen checar toda a casa outra vez, demonstrando sua necessidade maníaca por segurança. Sério, papai deveria levá-la a um psicólogo. Só depois de garantir que as janelas estavam bem trancadas foi que pudemos sair. Entramos todos no carro do papai e rumamos para casa dos Cullen. Minha mãe com uma bandeja de doces sobre o colo.

Era fim de tarde e pegamos pouco trânsito. O céu estava escurecendo, com nuvens acinzentadas. O vento frio era cortante e me arrependi por não ter colocados luvas. Provavelmente nevaria nesta madrugada de inverno.

Assim que chegamos, quem atendeu a porta foi tia Esme, ao primeiro toque da campainha. Estava bonita, com um vestido florido e sobretudo cinza. Esbanjava um sorriso grato e sincero, contente por estarmos fazendo uma surpresa para seus filhos.

– Que bom que vocês chegaram. Vamos, entrem. – sorriu abertamente, nos dando passagem.

Dentro da casa não estava tão frio, dádiva do aquecedor. Respirei aliviada, assoprando minhas mãos que seguravam o embrulho dourado. Meus olhos correram pelo ambiente, tentando reconhecer algum rosto.

Havia algumas pessoas – que supus serem parentes da família Cullen - sentadas nos sofás e outras em pé pelo cômodo, comendo, bebendo e conversando. Risadas eram ouvidas, contrapondo-se sobre a música baixa.

– Onde está o Emm, tia Esme? – perguntei, ansiosa para vê-lo. Essa semana longe do meu garoto de covinhas estava me deixando com imensa saudade. Principalmente de seu sorriso terno e seu comprimento único com nossas mãos unidas.

– Está no quarto dele, querida. Emmett não quer ficar aqui embaixo por causa do barulho e das pessoas. – ela fez uma leve careta e me recriminei, me sentindo mal pôr ele não querer aproveitar a festa.

Para todos os efeitos, a ideia era minha e de Jasper. Se Emmett não gostasse, se sentisse incomodado, me sentiria extremamente culpada.

Pedi licença à Esme para subir. Ela tocou meu ombro, me incentivando, e agradeceu mais uma vez por termos vindo.

Deixei o presente com minha mãe, que havia passado a bandeja com os doces para Esme, e avisei que só entregaria quando estivesse com Emmett e Alice juntos.

A baixinha namorada do meu irmão não havia chegado, provavelmente ainda estava com alguma amiga. Foi o que Jasper disse. Jasper havia combinado com uma tal de Jessica Stanley que levasse Alice para dar uma voltinha enquanto as coisas por aqui fossem arrumadas. Nós até queríamos encontrar um pretexto para Emmett sair também e ser uma surpresa completa, mas Esme avisou que se eu não fosse junto provavelmente ele também não iria querer sair - o que me fez perceber o quanto ele estava apegado a mim. Então ela tentaria mantê-lo no quarto até tudo estivesse completamente organizado para seu aniversário.

Entretanto, nem depois disso, ele quis descer.

Subi as escadas depressa, já conhecendo o caminho até o quarto de paredes cor de gelo, com uma em azul, e bati na porta. Ele não abriu ou respondeu.

– Emmett? Sou eu, a Rose. – anunciei, aguardando. Ele não apareceu.

Girei a maçaneta devagar, abrindo a porta, e coloquei a cabeça na fresta.

Emmett estava sentado no meu da cama com uma coberta sobre a cabeça. Olhando assim, qualquer um poderia dizer que era uma criança brincando numa cabana imaginária. Porém, eu sabia que ele estava se escondendo da pequena festa que acontecia em sua sala de estar.

Com passos curtos e suaves, me aproximei dele. Sentei na beirada da cama, de frente para porta. Não disse nada, esperei que ele retirasse o cobertor azul listrado de verde da cabeça, mas ele não o fez.

O silêncio se tornou incomodo para mim. Não o silêncio, na verdade, mas sim o causador dele. Emmett estava incomodando, talvez assustado. E isso era a última coisa que eu lhe queria causar: medo e tristeza.

– Será que podemos conversar, Emm? – pedi e não houve movimento algum. – Olha, sei que não gosta de muita gente perto de você, mas é a sua família lá embaixo. É a minha família também. Fizemos essa surpresa pra você e para Alice e queremos que os dois aproveitem.

Minhas palavras saíram sinceras e eu estava pronta para lhe pedir desculpas, quando sua voz soou abafada pelo cobertor.

– Alice não está em casa. – foi só o que disse.

Suspirei. Talvez não fosse uma boa ideia tirar Alice daqui hoje. Com certeza ela o faria descer, assim como fez quando viemos jantar aqui pela primeira vez.

Ou talvez a ideia dessa festa tenha sido uma completa burrice, minha e de Jasper.

Todos os anos, Emmett comemorava com os amigos do Instituto onde estudava. Porque mudar as coisas dessa vez? Isso o deixou confuso e contrariado.

Esme e Carlisle deveriam ter descartado a ideia assim que sugerimos. Eu deveria ter descartado a ideia quando Jasper apareceu no meu quarto aquela manhã. Entretanto, minha vontade agradar e surpreender os irmãos Cullen tomou a frente, e acabou obtendo uma reação indesejada e já esperada.

– Alice vai chegar daqui a pouco. E eu tenho um presente para vocês dois. – comentei, esperando que isso pudesse alegrá-lo um pouquinho, mas Emmett continuava recluso em seu mundo debaixo da coberta de duas cores. – Quando sua irmã chegar, podemos cantar os parabéns e você pode comer o bolo. O que acha, Emm? Minha mãe fez doces, tem bombom de cereja e é o meu favorito. Quer descer comigo e pegar alguns? – insisti, sorrindo mesmo que ele não pudesse ver.

Cansada de esperar que ele retirasse o cobertor da cabeça, eu mesma fiz. Lentamente o puxei, descobrindo a cabeça e revelando o rosto alvo de traços marcantes. Emmett me encarou por um segundo e desviou o olhar para baixo. Suas mãos grudaram em torno do tecido e não deixaram afastá-lo de seu corpo.

– Não está frio aqui dentro. Lá fora está um gelo, mas aqui tem aquecedor. Olha só como minhas mãos estão geladas, parecem que meus dedos vão cair. – falei, esfregando uma mão na outra antes de aproximá-las dele.

Envolvi as bochechas de Emm com minhas palmas frias e ele não se retraiu como imaginei. Seu olhar suspendeu, grudando no meu por mais que alguns meros segundos. Depois ele correu os olhos castanho-escuros, intensos, profundos e, momentaneamente, expressivos, por meus braços cobertos de lã grossa.

Não me movi. O sorriso deixou meus lábios e minha expressão descontraída deu lugar à seriedade, com um toque de emoção. Emmett retirou uma de minhas mãos de seu rosto e a ergueu. Seus dedos, o indicador e o do meio, andaram por meu pulso até as pontas, causando um leve formigamento. O frio de antes se fora e, sobre a pele rosada que revestia minha palma, só havia calor. Pura e exclusivamente vindo dos dedos esbranquiçados dele.

Ele finalmente uniu nossas mãos, irradiando choque de palma a palma. Só então consegui sorrir, enquanto seus olhos grandes focavam nosso encontro. Os lábios naturalmente avermelhados e as sobrancelhas grossas curvadas, um pequeno vinco entre elas. Percebi que poderia ficar a noite interia ali, dessa forma, admirando seu rosto angelical.

– Emmett, Rose? Posso entrar? – duas batidas rápidas e precisas interromperam nosso momento. Emmett afastou nossas mãos no mesmo instante e tornou a cobrir a cabeça com o cobertor.

– Claro. – foi o que consegui responder, ainda anestesiada pelo contato com ele.

A figura magra e baixinha de Alice surgiu, trajando calça jeans escura, casaco azul marinho de botões enormes e um cachecol que parecia diminuí-la. Seus pés, calçados em botas caramelo em estilo montaria, fizeram ruído no carpete de madeira à medida que ela se aproximava da cama.

Ela suspirou, colocando as mãos na cintura e balançando a cabeça.

– Minha mãe me disse que ele não queria descer. Já pedi que abaixassem o som, está quase inaudível a música lá embaixo. Avisei que já iríamos partir o bolo, então vim chamá-los. Quanto mais cedo fizermos isso, mas cedo acaba. – esclareceu ela, deixando os ombros cederem.

Eu assenti, olhando dela para o irmão. Me remexi sobre o colchão, esperando que Alice fizesse alguma coisa para obter uma reação dele.

– Está ouvindo, Emm? Rose e Jasper fizeram uma surpresa maravilhosa pra nós. Vem, vamos lá pra baixo.

Então Alice puxou o cobertor, mas Emmett o segurou. Ela revirou os olhos, puxando com mais força, até ouvi-lo grunhir.

– Não...! – Emmett exclamou arrastando a palavra, alto e forte, com a voz abafada.

– Emm, por favor. Você quer deixar a mamãe e o papai triste? Quer deixar a Rose triste? Ela vai ficar chateada se você não descer e eu também. Agora, por favor, pare com isso e saia já daí. – pela primeira vez ouvi a baixinha soar autoritária com o irmão.

Alice era um poço de ternura e educação, sempre com voz baixa e controlada. Sorridente e nunca irritada. A pessoa mais paciente do mundo com Emmett. Mas se ela não falasse dessa forma, ele não obedeceria.

Ele descobriu a cabeça e ficou de pé. Não olhou nenhuma de nós nos olhos, permaneceu com a cabeça baixa, enquanto seguíamos pelo corredor e descíamos as escadas.

– Que bom que resolveu se juntar a nós, meu bem. Seu pai está pronto para acender as velas. – Esme falou, segurando o rosto de Emm e depositando um beijo na bochecha.

Ele não esbanjou nenhuma reação em relação ao carinho, não se esquivou como costumava fazer. Ela passou a mão ajeitando a gola de seu casaco, enquanto Alice pegava na mão de Jazz, entrelaçando os dedos.

– Obrigada pela surpresa, anjinho. – ela falou baixinho, mas eu estava focada neles e consegui escutar.

Meu irmão, todo abobalhado pelo sorriso da namorada, também sorriu. Beijou os lábios de Alice num selinho rápido, então ela o arrastou para mais perto da mesa, onde havia um bolo de duas camadas, coberto de glacê branco e morangos.

Carlisle acendeu as velas, os números 19 e 17 posicionados lado a lado. O fogo tremeluziu e logo faíscas saltavam sobre o bolo. Emmett se encolheu do meu lado, torcendo os lábios e encarando o brilho das velinhas, enquanto os outros batiam palmas e cantavam os parabéns.

Infiltrei minha mão por dentro do bolso do casaco dele, alcançando a sua e a segurando. Ele não me olhou, mas permitiu meu contato. Encarei seu rosto concentrado, notando o vinco entre as sobrancelhas, sinal claro de seu desconforto.

Ele continuava lindo, daquela forma e de qualquer outra. Seu rosto banhando pela penumbra, clareando com os dançar das faíscas. Não resisti e beijei sua bochecha.

– Feliz aniversário, Emm. – sussurrei e tornei a encarar o bolo e as sombras das mãos sobre a mesa.

[...]

Quando as vozes cessaram, as luzes acenderam e as pessoas se dispersaram, tia Esme e minha mãe entraram deliciosa tarefa de servir o bolo para os convidados.

Alice, obviamente, já havia entregado seu primeiro pedaço para meu querido e abobalhado irmão mais velho - e único. Jasper segurou o pratinho de plástico como se fosse o maior presente da vida dele, recebendo da namorada um beijo no canto da boca.

Minha mãe perguntou a Emm para quem ele queria entregar o primeiro pedaço, mas ele não disse nada, apenas negou com a cabeça e se encolheu. Ainda estava desconfortável com a casa com mais pessoas do que estava acostumado, o barulho das vozes crescendo.

Aproximei-me dele, que estava sentado no chão, atrás do sofá. Longe das conversas e da música animada, que já não estava tão alta. Emm girava nas mãos o novo globo de neve feito de plástico, um presente da mãe.

– Ei Emm - o chamei, segurando meu pedaço de bolo de chocolate com morango nas mãos. - Não vai comer bolo? - me ajoelhei, ficando de frente pra ele.

Ele não me respondeu, continuou concentrado em seu presente, e eu fiz uma careta.

– Está chateado comigo, Emm? Me desculpe. Só queria se divertisse no seu aniversário. Desculpe por convidar as pessoas. - pedi me sentindo culpada, mesmo sabendo que a ideia de chamar os parentes da família havia sido de Esme. Ela queria que o filho interagisse, que, pelo menos hoje, desse uma chance de se aproximar de outras pessoas.

Mas eu me sentia culpada por causar tumulto em sua casa e ainda deixá-lo dessa forma, incomodado no lugar onde deveria se sentir mais a vontade.

Emmett continuou em silêncio, girando o globo de neve, achando os flocos sintéticos batendo no plástico e o pequeno boneco branco dentro dele mais interessante que meu pedido de desculpas.

Suspirei e me sentei em sua frente, me dando por vencida. Se ele não queria falar, tudo bem, eu ficaria ali, em silêncio, lhe fazendo companhia.

O vi parar de remexer o globo, erguer a cabeça e me encarar rapidamente. Ele deixou o globo no colo e colocou as mãos sobre as orelhas, tapando os ouvidos.

– Barulho. - falou, apertando os olhos. Em seguida os abriu e abaixou os braços, deixando os ombros cederem.

– Eu sei que não gosta de barulho. Pra falar a verdade, eu também não. Vamos lá pra fora? - sugeri, segurando o pratinho de plástico com uma mão só e ofereci a livre para ele. - Por favor. Desculpe, Emm. – implorei, não suportando a ideia de tê-lo bravo ou chateado comigo.

Emmett me encarou e tenho certeza que conseguiu capturar a culpa e tristeza em meu olhar. Lentamente, suas mãos foram para meu rosto, mais precisamente em minha boca. Repuxou os cantos dos meus lábios, como que colocando um sorriso ali.

– Rose tem que sorrir. - pediu, ainda segurando um sorriso forçado em meus lábios.

Engoli o bolo em minha garganta. Ele queria me fazer chorar, só podia ser. Sua voz soou terna e carregada de sentimento, batendo em meu rosto de forma desestabilizadora. Por mais perturbadora que pudesse estar sendo essa pequena festa para ele, Emmett continuava pensando em mim e isso fazia meu pobre coração adolescente doer.

– Eu vou sorrir se você disser que está tudo bem. - respondi e ele afastou as mãos.


– Está tudo bem, Rose. Tudo bem. – repetiu.

Senti seu olhar sobre mim, os grandes olhos castanhos bem abertos. Ele aguardava meu sorriso e assim fiz, feliz por saber que ele já não estava magoado comigo.

Emmett aceitou minha mão estendida e com a outra segurou o globo de neve. Ficamos de pé e eu deixei o pratinho de plástico azul com o restante do bolo sobre uma mesinha próxima.

Caminhamos para fora dali, desviando das pessoas e Emm andava com a cabeça baixa. Ao passarmos por Alice, ele deixou o presente de Esme sob os cuidados da irmã.

No instante seguinte estávamos sentados no degrau da varanda, em silêncio. Não havia ninguém no quintal, só os ruídos de poucos pássaros e dos carros que passavam na estrada, do outro lado da cerca branca dos Cullen.

Notei que algumas casas da vizinhança já começavam a ser enfeitadas para o Natal e imaginei se passaria, pela primeira vez, essa data especial ao lado de Emmett e sua família. Esperava que meu irmão e Alice sugerissem algo, do contrário, eu mesma faria.

Pensar no Natal, nas festas de fim de ano, me fez lembrar que logo as férias chegariam ao fim. No ano seguinte eu estaria na Universidade, fazendo o que sei de melhor: tirar fotos.

Mas e Emmett? Eu teria tempo para vê-lo sempre? Será que teria todos os finais de semana para brincar com ele? Correr no parque, jogar bola e ensiná-lo a usar a câmera fotográfica?

Balancei a cabeça, afastando os pensamentos. Não, nada me afastaria dele. Eu teria a semana inteirinha para estudar, no final de semana arranjaria uma brecha para me divertir. Acima de tudo, para ver o sorriso de covinhas fofo do meu garoto especial.

Fui despertada dos meus pensamentos quando ouvi passos e alguém se aproximava. Eu e Emm erguemos a cabeça, vendo o idiota do primo dele passar. Emmett voltou a remexer no cadarço do tênis, enquanto eu seguia Alec com o olhar.

O moreno com pinta de marrento passou despreocupado, com as mãos nos bolsos da jaqueta de couro preta e seguiu para a lateral da casa. Não tardou um minuto e uma garota loira o seguiu, com um sorriso divertido no canto dos lábios pintados de vermelho. Fiquei de pé e cutuquei o ombro de Emm.

– Ei, quem era a garota a loira? – perguntei – Ela é da sua família?

– Bianca é minha prima. – ele respondeu, ainda sem me encarar.

Hmm, Alec e essa tal de Bianca, saindo da festa às escondidas...

– Espera, ela é irmã do Alec? – o possível parentesco me embrulhou o estômago.

– Não, Bianca é filha da irmã do meu pai. Bianca é filha da tia Carla. – explicou ele.

Pulei os pequenos degraus, fazendo um baque surdo na grama úmida.

– Vem, Emm. Vamos ver o que eles estão aprontando. – o chamei, mas Emm parecia muito concentrado nos cadarços acinzentados de seus sapatos. – Vamos Emm. – segurei sua mão, mas ele a puxou de volta. Ficou de pé e me olhou irritado. – Desculpe. Vamos, por favor. Isso vai ser interessante. – comentei, esbanjando um sorriso travesso.

No instante seguinte estávamos nos esgueirando na parede dos fundos da casa dos Cullen. Emmett atrás de mim, sem entender o que fazíamos ali. Fiquei de joelhos e ele me imitou. Estiquei o pescoço, conseguindo ver os dois fujões.

Alec e Bianca estavam se beijando. Ele segurava a cintura dela, apertando. Ela estava de costas, os cabelos lisos e cumpridos batendo na altura do quadril.

– Seus primos são namorados, Emm? – perguntei, voltado a me esconder completamente atrás da parede. Ele negou. – Olha isso. – apontei e Emmett se esticou da mesma forma que eu, vendo os dois.

Quando Alec desceu uma das mãos até o bolso da calça clara da Bianca e apertou o local, nós rimos. Puxei Emmett no mesmo instante, para encostar-se à parede, antes que nos vissem.

– Seu primo não presta. É um idiota. – eu ri, balançando a cabeça.

– Alec é um idiota. – Emm repetiu e eu assenti.

Ainda de joelhos, tornei a me esticar para vê-los. Bianca estava rindo de algo que ele dizia, provavelmente alguma cantada barata. Ele era ridículo. Por mais que tenha o visto apenas daquela vez, quando vim visitar Emm, havia sido suficiente para saber que Alec não era uma boa pessoa. Era um idiota prepotente. E agora ele estava lá, beijando uma garota que parecia uma modelo da Victoria’s Secret.

O som da risada da garota cessou e imaginei que tivessem voltado a se beijar. Quando ouvi os passos deles se aproximando, fiquei e pé e fiz sinal para Emmett de que corrêssemos. Voltamos para varando rindo e o casal passou por nós, uma atrás do outro, como se nada tivesse acontecido.

Emmett parou de rir, mesmo depois de Alec já ter entrado na casa, mas eu continuei. Só quando a mão dele pousou sobre a minha foi que parei aos poucos, respirando mais profundamente. Emm apertou a mão sobre a minha e antes que eu pudesse dizer ou fazer qualquer coisa, seu rosto já estava próximo do meu. Pisquei e no instante seguinte nossos lábios haviam se chocado.

Foi rápido, desengonçado e surpreendente. Para mim pareceu uma eternidade, mas quando ele se afastou, me encarando com os olhos grandes em expectativa, percebi que havia sido um tempo curto demais.

Ainda sentia a maciez de seus lábios grossos sobre os meus. O gosto doce e suave, pressionando minha boca, me tirando de órbita por poucos segundos. Eu não estava preparada, mas, nem se estivesse, teria sido tão especial.

– Emm... Eu.... – não sabia o que dizer. O que ele queria ouvir de mim? Minhas bochechas deveriam estar coradas de vergonha, enquanto ele continuava sem desviar o olhar de mim, sem demonstrar qualquer indício de ter ficado sem jeito.

Tudo bem, não era meu primeiro beijo na vida. Eu já havia beijado outros dois garotos, mas foi em uma brincadeira idiota de verdade ou desafio.

Aqui, agora, era o primeiro beijo com o garoto mais especial do mundo para mim. Com um garoto que eu realmente gostava e que jamais imaginei que sentisse algo do tipo por mim.

– Rose ficou chateada. – ele fez careta, desviando o olhar para os próprios pés, notando que eu não dizia nada.

– O que? Eu? Não Emm, eu não fiquei chateada. Eu... eu gostei, de verdade. Você só me pegou de surpresa, foi isso. – respondi, tentando esclarecer.

Oh meu Deus, ele tinha me beijado!

A ficha caiu de repente, me fazendo rir baixinho e balançar a cabeça. O vento frio noturno balançou alguns fios de meus cabelos que escapavam da trança e os coloquei atrás da orelha.

Ficamos em silêncio por mais alguns instantes, então me lembrei do presente.

– Vem Emm, quero te dar meu presente. Vamos achar a Alice. – fiquei de pé estendendo minha mão. Ele aceitou e se deixou ser guiado por mim à procura de sua irmã, desviando dos covidados, mantendo a cabeça baixa.

[...]

Um mês depois...

Havia se passado um mês depois do aniversário de Emm e Alice. Um mês que tinha visto dois pares de olhos castanhos brilhando ao abrir meu presente. Jasper disse que nunca viu a namorada tão feliz com um presente e eu me senti nas nuvens por ter agradado a baixinha.

Emmett também adorou o álbum de fotografias, inclusive arrancou de uma das páginas a foto que ele havia tirado da borboleta amarela quando eu estava o ensinando fotografar.

Recebi elogios do senhor e senhora Cullen pelo trabalho, me dando ainda mais certeza que havia escolhido a profissão certa.

Mas, acima de tudo, se passou um mês desde que Emm havia me beijado.

Naquela noite, depois da pequena festa de aniversário, sonhei com o corrido. Ainda podia sentir, mesmo que muito rápido e suave, o gosto dos lábios dele.

Entretanto, não aconteceu de novo. E eu não me importei. Seria para Emmett a melhor amiga, a pessoa que aparece nos finais de semana para jogar bola, que o ensina a tirar fotos e que ainda não aprendeu a abrir latinhas de refrigerante.

Não iria negar, estava apaixonada pelo garoto lindo com sorriso de covinhas irresistíveis. Mas que garota em sã consciência não se apaixonaria por ele? Emmett era doce, gentil, meigo, curioso e muito inteligente. Sua companhia era suave e divertida. Suas expressões marcantes, seu ar infantil e a pureza de seus gestos eram características únicas e admiráveis.

Enquanto pudesse, enquanto ele me quisesse por perto, estaria ali.

Foi por isso que aceitei mais um convite de Alice para irmos ao parque, aproveitar o que restava das férias.

– Vamos, Rose? Minha fadinha já ligou, está saindo de casa. – Jasper colocou a cabeça para dentro do meu quarto, pela fresta da porta, me apressando.

– Vamos sim, Jazz. – levantei da escrivaninha, onde ajeitava o filme dentro da câmera. Pendurei a máquina no pescoço e saí do quarto, acompanhada do meu irmão.

Fomos no carro dele, aquela lata velha que eu não fazia ideia de como ainda conseguia correr alguns quilômetros. Jasper estacionou e atravessamos a rua pouco movimentada. Era uma tarde de sábado, o sol estava fraco e o vento frio continuava presente, típico de Forks.

– Anjinho, aqui! – a voz de sinos de Alice se fez presente, atraindo a atenção do meu irmão.

Vi Jasper correr pelo gramado úmido e abraçar a namorada baixinha. Alice ficou na ponta dos pés para beijá-lo e os cabelos dos dois, quase do mesmo cumprimento, balançavam com um vento.

Registrei a cena, sabendo que o casal maravilha me agradeceria depois por uma foto tão romântica.

Procurei outra imagem para capturar. Na verdade, automaticamente, meu cérebro e coração já estavam vasculhavam o local atrás do meu garoto especial.

E lá estava ele.

Emmett corria atrás da tão adorada bola de plástico vermelha, que rolava pelo gramado. Assim que a pegou, apertou os braços em torno dela, sorrindo tanto que chegou a fechar os olhos. Sua risada melodiosa, forte e contagiante, preencheu meus ouvidos, despertando a vontade que querer registrá-la junto às fotografias.

Então eu cliquei o botão de captura, salvando para sempre aquele momento. Um Emmett alegre e sorridente, com covinhas salpicando as bochechas levemente coradas pela corrida, alguns fios de cabelos negros escapando da touca e todo aquele tamanho de homem, abrigando um coração de menino.

Admirei a foto, pensando em quantas mais dessas haviam, reveladas em meu pequeno e amador estúdio improvisado no sótão. Em quantas mais ainda teriam. Sorri, sabendo que jamais me cansaria de fotografa-lo, admirá-lo e amá-lo também. Por mais jovem que fosse, eu era muito capaz de reconhecer e sentir tal sentimento. E não tinha vergonha alguma de gritar para o mundo que era em relação à Emmett Cullen.

– Você é perfeito, Emm. – sussurrei para mim mesma – Totalmente perfeito pra mim.

Um sorriso ainda maior surgiu em meus lábios e fui me juntar a Jasper, Alice e Emm na brincadeira com a bola, satisfeita e contente.

Pois eu havia encontrado o garoto perfeito para mim, não importava em que sentido fosse. Não importava o que a sociedade dissesse; os padrões e preconceitos pregados a cada dia.

Nesse momento só importava o que eu sentia, despertado única e exclusivamente por ele. O garoto especial que era perfeito aos meus olhos.

“Querido, querido, por favor,
Nunca, nunca, se sinta
Como se fosse menos do que perfeito pra caramba
Querido, querido, por favor,
Se em algum momento você se sentir
Como se fosse nada
Você é perfeito pra caramba pra mim.”

Fucking Perfect – versão Carol Cabrino

Fim


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam do último capítulo?
Com ele a fic se encerra e quero agradecer a todos que deram uma chance para PAMO. Vocês são demais!
Se alguém estiver a fim de ler uma One minha, foi postada recentemente e é Alisper... Link aqui: http://fanfiction.com.br/historia/627199/Nossa_Historia_de_Amor/
Bom, comentem tá?! Por favorzinho...
Beijo, beijo.



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