Perfeito Aos Meus Olhos escrita por Joice Santos, Joice Reed Kardashian


Capítulo 1
Capítulo 1 - Conhecendo Emmett Cullen


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas lindas do Nyah! Aqui estou começando mais uma fanfic, essa será curtinha. Depois de muito pensar, quase desistir, resolvi postar. É uma ideia diferente. Nessa história o nosso lindo Emm é autista. Bom, quero só deixar claro que eu não conheço pessoas autistas, não tenho ninguém próximo a mim que me direcionou quanto aos detalhes e comportamentos. Escrevi me baseando em pesquisas feitas na internet e gostei do resultado. Espero que gostem também (:



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–Rose, filha, vem já pra cá!

A voz de minha mãe me despertou para o mundo real e eu levantei. Estava no telhado de casa, bem em cima do meu quarto, olhando o cair da noite. O céu tinha parecia estar sendo coberto por longas toalhas de várias cores. O alaranjado por baixo do vermelho, o azul logo em seguida e um tom quase negro por cima. A primeira estrela surgiu detrás de uma nuvem e piscou. A vista da sacada de casa era incrível!

Peguei a câmera e não pedi tempo, registrei mais um lindo por do sol. Minha máquina fotográfica estava sempre comigo, era minha melhor amiga e companheira inseparável.

Com cuidado, desci do telhado e entrei pela porta que dava pra sacada. As paredes do meu quarto estavam forradas de fotos, de tudo quanto é coisa. Pessoas, animais, lugares, minha família, objetos. Era tudo que eu tinha visto, gostado, questionado, apreciado. Toda uma vida. Minha vida.

Ajeitei meu cabelo no espelho. Os cachos dourados cumpridos e brilhantes me davam orgulho, mas eu não era dessas garotas frescas que não podem se sujar. Se fosse necessário, eu me jogaria na lama! Eu gostava de me divertir.

Desci as escadas e encontrei minha mãe com um pano de prato no ombro, sorrindo encantada para meu irmão, Jasper, e para a garota que ele segurava protetoramente pela cintura. Uma baixinha de cabelos escuros curtos e espetados, que tinha um sorriso enorme, daqueles que fazia você sorrir só de encarar por mais de 3 segundos. Papai também parecia feliz, ao lado da mamãe.

–Ah, Rose, vem conhecer a Alice. – mamãe chamou quando me viu parada quase no fim dos degraus.

–Oi. – eu era meio tímida, até conhecer a pessoa.

–Olá. – a baixinha sorriu. Dava vontade de apertar as bochechas dela, vermelhinhas, mas não parecia ser de vergonha.

–Alie, essa é minha irmãzinha Rose. – Jazz me apresentou e eu revirei os olhos.

–Irmãzinha. – falei ironicamente, enquanto ele me puxava para um abraço. – Sou só 3 anos mais nova que você, cachinhos dourado! – brinquei, o chamando pelo apelido que lhe dei desde que... Bom, desde que aprendi a falar e a mamãe leu a história pra mim!

Jasper bagunçou meus cabelos.

–Eu também tenho um irmão de 16 anos. O nome dele é Emmett, é um garoto incrível! – Alice falou. Dava pra ver os olhos cor de ameixa brilharem. Ela era linda, meu irmão tinha tirado sorte grande. Será que esse irmão era tão lindo assim?

–Pois temos que combinar para nossas famílias se conhecerem, querida. –mamãe sugeriu. Ela adorava cozinhar, conhecer gente nova, fazer festa. Tudo era motivo para comemorar, segundo a dona Carmen.

–Claro, mãe. Agora vamos jantar porque estou morrendo de fome e esse cheiro maravilhoso está me enlouquecendo. – Jasper falou, nos fazendo rir.

O jantar estava realmente delicioso, minha mãe era ótima cozinheira, não era a toa que tínhamos um restaurante de sucesso. A companhia de Alice também era muito agradável. Ela era fofa, nos fazia sorrir a todo instante e meu irmão babar.

Quando a pequena namorada do meu irmão se foi, lá pelas 23h, nos deixou praticamente um ultimato para irmos a sua casa na próxima semana. Disse que sua família, os Cullen, adoraria nos conhecer. Jasper, obviamente, já os conhecia e confirmou que a simpatia vinha de família.

–Ai, estou ficando velha. Meu menininho está namorando! – mamãe dramatizou. Papai e Jasper reviraram os olhos, eu ri.

–Eu sempre vou ser seu filhinho, mãe. – meu irmão a abraçou pela cintura, quase a erguendo do chão. Era engraçado vê-los assim, Jazz era tão alto e a mamãe pequena. – Vocês gostaram dela? Alie é incrível, não? – ele falou, fascinado. Os olhos castanhos claros brilhando de orgulho ao mencionar a namorada.

–Sim, Jazz. A baixinha é super legal. - afirmei.

–Não vá chamá-la de baixinha na casa dela, Rose. – mamãe me advertiu.

–É o apelido dela, mãe. Baixinha, fadinha, até anã. Ela não liga. – Jazz contou.

–Bom, família, eu acho que está na hora de irmos pra cama. – papai avisou, se espreguiçando no sofá, ficando de pé logo em seguida.

–Boa noite, gente. – beijei papai e depois a mamãe. – Boa noite cachinhos dourados, sonhe com sua fadinha. – brinquei, recebendo um beijo no topo da cabeça, do meu único e preferido irmão.

No meu quarto, já de pijama, dei uma última olhada pela janela. O céu estrelado estava lindo, as estrelas piscavam pra mim. Respirei o ar frio e gostoso que vinha da fresta da janela. Forks, sempre gelada, porém completamente aconchegante.

Dormi com minha mente imaginando o jantar na próxima semana na casa de Alice. Como era mesmo o nome do irmão dela? Ah, Emmett! Uma ansiedade estranha percorreu meu corpo. Eu queria muito conhecê-lo.

Para meu alívio a semana passou rápida, uma das vantagens e desvantagens de se estar de férias. No ano seguinte lá estaria eu na Seattle Film Academy, uma faculdade incrível com cursos voltados para artes, cinema e fotografia. Meu paraíso particular, e de quebra perto de casa. Eu poderia querer coisa melhor?

Hoje , sábado, finalmente será o tão esperado jantar na casa da namorada de Jasper. Mamãe estava se empenhando logo cedo em uma torta de amora deliciosa para levar. “Chegar à casa dos outros de mãos vazia é feio” dizia ela, mas sempre se referindo a si mesma. Ela não ligava que as vistas viessem aqui e não trouxessem nada, porque essa regra maluca é coisa dela.

Era dezembro e, pra variar, estava nevando. Passei a manhã toda largada no sofá vendo uma maratona de um reality show. Jasper do meu lado, porém com os olhos grudados no notebook, vendo emails e falando com Alie, é claro.

Papai havia ido resolver algumas coisas do restaurante, deixar as coisas em ordem para que abrisse de noite sem sua preocupação, já que não estaria lá. Seu Eleazar é sério e sistemático, mas também sabe ser divertido e é sempre simpático. Acho que eu e Jazz puxamos essa parte dele, de nos focarmos em algo para que saia perfeitamente, ser responsáveis. Eu com a fotografia e meu irmão a engenharia civil, que ele já passaria para o segundo ano.

Depois de tomarmos um delicioso chocolate quente em família, no fim da tarde, subi para começar a me aprontar. Estava muito frio, não daria para usar meu vestido preferido. Optei por calça jeans escura, botas bonitas e uma blusa branca de mangas cumpridas. Coloquei meu sobretudo bege de linho por cima e um cachecol branco para finalizar. Penteei meus cabelos dourados, tentando deixar os cachos perfeitos. Em vão, já que o frio deixava os fios arrepiados. Finalizei com minha boina azul preferida.

Pronto, eu estava apresentável. Olhei para minha cama vendo a máquina fotográfica em cima do travesseiro.

–Hoje, infelizmente terei que te deixar em casa. – falei, como se o objeto fosse mesmo capaz de ouvir e até mesmo responder.

Ia saindo do quarto, mas voltei. Peguei o gloss sabor cereja, meu favorito, e passei.

–Só por garantia, né?! – Falei comigo mesma. Como se eu fosse beijar alguém essa noite, mas era só pra ficar bonita. Qual é, eu tenho 16 anos!

Assim que desci vi Jazz e papai esperando, perto da porta.

–Uau. – Jazz falou impressionado, assoviando em seguida. – Isso aí é tudo pelo jantar ou para o irmão da Alice?

–Largue de gracinhas, Jazz. – falei, vendo meu pai fazer sua típica cara de “nenhum marmanjo chega perto da minha filhinha”. –Cadê a mamãe?

–Está se certificando que a casa está à prova de ladrões, duendes e mísseis. – papai brincou.

Era sempre assim. Minha mãe tinha sérios problemas com segurança, desde que o restaurante fora assaltado ano passado. Por sorte ninguém se machucou, não havia ninguém lá. Mas também não encontraram os ladrões.

–Prontinho, vamos? – mamãe apareceu na porta da cozinha.

–Já estava na hora. – papai comentou e ela bufou. O que minha mãe tinha paciente em alguns assuntos, meu pai tinha de intolerável.

Entramos no carro e fomos. Jazz foi dirigindo, papai ao seu lado, e eu mamãe atrás. Ela com a bendita torta no colo, que exalava um cheiro doce irresistível. Se a casa de Alice fosse longe demais, não haveria torta de amora para sobremesa.

Finalmente chegamos. Era uma casa linda, não era enorme e tinha um caminho de flores até a porta de madeira escura. Nem chegamos a tocar a campainha e Alice abriu a porta, nos recebendo com um sorriso imensurável de alegria e satisfação.

–Oi gente, sejam bem-vindos. – ela nos cumprimentou, abrindo mais a porta e nos dando passagem. – Oi amor. – meu irmão a beijou, rapidamente.

–Alice, isso aqui é para depois do jantar. – mamãe entregou a cheirosa torta de amora. Só meu estomago que estava roncando por ela? Não era possível!

–Não precisava se incomodar, Carmen. – a baixinha sorriu. – Mãe, vem ver o que a Carmen trouxe.

Rapidamente uma mulher com um sorriso igualmente angelical ao de Alice apareceu. Ela tinha os cabelos na altura dos ombros, com leves cachos e da cor dos da filha. A pele branca e a estatura pequena não deixavam dúvidas de que era mãe da baixinha.

–Olá, obrigado por vir gente. – ela cumprimentou cada um de nós com um beijo na bochecha. Um homem de cabelos castanhos claros apareceu – Sou a Esme, esse é meu marido Carlisle.

–Muito prazer, Esme, Carlisle. – papai estendeu a mão para o homem, que o cumprimentou no mesmo instante, exibindo um sorriso de dentes brancos perfeitos e brilhantes.

Depois que fomos todos devidamente apresentados, Esme nos guiou até a sala de jantar. Da porta dava pra ver uma mesa linda e enorme estava muito bem posta, com diversos pratos. O cheiro que emanava dali era ótimo, imagine o gosto. Mas ainda faltava alguém. Cadê o irmão da Alice?

Acho que meus pensamentos e os da baixinha estavam conectados, já que ela fez a mesma pergunta à mãe enquanto íamos à direção da mesa.

–Mamãe, cadê meu irmão?

Esme pareceu ficar um tanto sem graça com a pergunta da filha. Ela olhou para o marido e de volta para Alice, sacudindo a cabeça, e lhe respondeu com um sorriso meio forçado.

–Acho melhor seu irmão jantar no quarto hoje, Alice.

Vi a expressão de Alice ficar desapontada, depois ela sorriu como se nada tivesse acontecido.

–Nada disso, o Emm vai jantar conosco. – ela disse e caminhou na direção da sala.

Vi Alice desaparecer ao subir as escadas. O clima ali parecia ter ficado meio tenso. Porque o tal Emmett não podia jantar na mesa com todos?

Logo a baixinha retornava, com um garoto maior que ela segurando sua mão. Ele parecia se esconder atrás dela, a cabeça baixa. Eles se aproximaram, mas o garoto parou antes mesmo de chegar perto de nós.

–Tá tudo bem, Emm. Eles são nossos amigos, é a família do Jazz lembra? – Alice disse como se falasse com uma criança. Mas o irmão dela não tinha 16 anos?!

– E aí, Emmett? – Jasper sorriu, mas o garoto ainda não estava nos olhando.

–Emm, quer dizer oi para eles? – Alice pediu, docemente.

O garoto ergueu a cabeça e eu pude ver o quanto ele era lindo. Alto e tinha a pele incrivelmente branca. Os olhos eram escuros como os de Alice, porém eram vagos. As sobrancelhas grossas e os lábios vermelhos e carnudos. Meu Deus, Rose, respire ok? Ele mexia uma mão na outra, parecendo estar nervoso.

–O-oi. – gaguejou. Sua voz era rouca, extremamente deliciosa de se ouvir, e ainda assim mantinha um tom infantil e envergonhado.

Todos disseram oi para ele também e logo Esme estava nos fazendo voltar para sala de jantar. Os adultos já haviam ido, Alice estava tentando fazer o irmão sair do lugar e Jasper parou no meio caminho pensando se ia ou ficava com a namorada. Cutuquei seu braço para que fosse e caminhei até Alice. Emmett deu um passo para trás, ainda encarando o vazio com a cabeça meio baixa.

–Emm, essa é a Rosalie. – Alice nos apresentou melhor.

–Oi Emmett, pode me chamar de Rose. – sorri sinceramente, esticando minha mão para ele, que não a pegou e permaneceu imóvel. Alice deu um meio sorriso, dando de ombros. Não liguei, apenas balancei a cabeça como se não tivesse problema. Meu sorriso continuava intacto.

– A Rose é irmã do Jazz e pode ser sua amiga se quiser, Emm. Não é mesmo, Rose? - Alice insistiu em tentar estabelecer uma comunicação entre nós. Eu só não queria que ela forçasse o garoto a falar comigo.

Então Emmett deu dois passos lentos em minha direção, parando bem em minha frente, e esticou o braço como se quisesse me tocar. Eu me aproximei mais, com o rosto meio confuso. Alice nos observava, parada atrás do irmão, sorrindo.

Ele, apesar de receoso, tocou meu ombro com as pontas dos dedos. Sua mão esquerda deslizou por meu braço, até alcançar minha mão. Meu corpo todo se tencionou e eu olhei para Alice. Ela ainda estava sorrindo e assentiu com cabeça, erguendo a palma da mão aberta como que me dizendo para fazer o mesmo. E eu fiz.

Emmett colocou sua mão contra a minha. Sorri sinceramente, vendo nossas mãos espalmadas uma contra a outra, achando aquilo tudo muito engraçado e fofo. Ele era fofo.

Apesar do olhar vago, ele me encarava, agora sorrindo também. Parecia um gesto bobo, mas fez meu coração acelerar, esmurrando no peito, e depois falhar algumas batidas. Encarando aquele rosto angelical, percebi as lindas covinhas marcando as bochechas de Emmett.

–Ele gostou de você. – Alice falou, dando um passo em nossa direção. Emmett pareceu despertar, desgrudando nossas mãos e dando um passo para trás. -Então vamos jantar. – ela falou, tocando no ombro do irmão e começando a andar. Talvez ela soubesse que ele a seguiria ou que o levaria para a mesa.

–Você gosta de torta de amora, Emmett? Minha mãe trouxe, parece deliciosa. Porque não vem jantar com a gente, aí comemos de sobremesa? - estendi minha mão o covidando.

– É a torta preferida dele, não é Emm? Chame-o de Emm. –Alice sussurrou a última frase.

– Eu gosto de torta. – falou baixinho, segurando minha mão. Não pude evitar sorrir outra vez ao ver nossas mãos unidas.

Então fomos para sala de jantar, encontrando todos já começando a comer. Alice se sentou ao lado de Jasper, com um sorriso orgulhoso. Havia um lugar ao lado de minha mãe e outro entre Alice e a mãe de Emmett, eram lugares opostos, uma frente do outro. Queria que ele sentasse do meu lado e acho que Alice percebeu. Ela se levantou, vindo se sentar onde seria meu lugar, deixando os dois lugares, um ao lado do outro vagos.

Puxei Emmett comigo, indo em direção aos nossos assentos. Ele do lado da mãe, eu entre ele e Jazz. Não sei se ele ficou satisfeito por ficar ao meu lado, já que demorou a puxar a cadeira e se sentar. Entretanto, não reclamou.

Assim que começamos a nos servir, pude ver Esme colocar as coisas no prato do filho. Dava pra notar que Emm era diferente, mas ele não era uma criança ou um incapacitado, aposto que sabia arrumar seu próprio prato.

–Mãe, porque não deixa o Emm escolher o que ele quer comer, han? – Alice falou. Estava mais do que na cara que ela não aprovava o modo da mãe querer fazer tudo para ele.

Esme, apesar de relutante, entregou o prato ao filho. Emmett terminou de pegar um pedaço de carne e colocou de volta o prato sobre a mesa, encarando-o.

–Não vai comer salada, meu amor? – Esme perguntou baixinho.

–Não mãe. – ele respondeu, com a voz arrastada, o tom irritado.

Esme até tentou cortar a comida para facilitar as coisas para Emmett, mas Alice pigarreou em contradição.

–Mãe, eu sei... – Emmett falou visivelmente bravo por Esme tratá-lo como uma criança de 3 anos. Ele fechou a mão e bateu o pulso contra a mesa, protestando.

Tudo bem, eu entendo o fato de ela ser mãe e querer protegê-lo, mas só nesses minutos que o conheci já consegui perceber que Emmett quer e pode fazer essas coisas, sozinho.

Pude ver Alice a censurando com os olhos e depois mamãe começou um assunto para distrair o clima tenso, mas nada do que eles diziam conseguia tirar minha atenção de Emmett. Ele segurava firmemente os talheres e cortava com cuidado e lentidão. Não havia muita comida em seu prato, e quando terminou começou a mexer os talheres sobre a mesa.

Eu olhava atenta a cada movimento dele e, pelo canto do olho, pude notar o olhar de Alice na mesma direção.

Então Esme se levantou e começou a retirar a louça. Ela estendeu o braço na frente do filho para pegar seu prato e o gesto fez com que Emmett jogasse os talheres sobre a mesa, atraindo os olhares de todos.

Jasper tossiu quando Alice tentou distrair todos falando sobre o quanto estava ansiosa para provar a torta da dona Carmen que cheirava tão bem.

–Ok, então vamos torta. – esse foi Carlisle, o pai de Emm. Ele tinha um sorriso no rosto e parecia relaxado, ao contrário da esposa.

Minha mãe ajudou Esme a servir a sobremesa, enquanto meu pai e Carlisle substituíram a senhora Cullen no serviço de terminar de tirar a louça.

Jasper e Alice pareciam já terem formado uma bolha só deles, conversando e sorrindo um para o outro, porém eu ainda notava os olhares de baixinha para o irmão.

Quando a torta da mamãe foi servida, vi dona Carmen ficar corada pela quantidade elogios. Mamãe quase nunca cora! Isso foi realmente interessante.

Depois de todos serem servidos e se deliciado com a maravilhosa torta de amoras da minha digníssima e maluca mãe, os adultos foram para sala conversar.

Tia Esme, como ela havia me mandado chamá-la, deixou a louça para os pombinhos. Tadinho do Jazz, já era da casa então não tinha cerimônia.

–Ei Emm, porque não mostra seu quarto para Rose? – a baixinha sugeriu, enquanto retirava o pratinho de sobremesa da frente do irmão.

Emmett parou de dobrar a ponta da toalha de mesa e me encarou. Ele me encarou e logo desviou o olhar, como que perguntasse se eu queria ir. Assenti, lhe dando um sorriso empolgado. Ele ficou de pé e foi andando na frente, eu o segui em silêncio.

Passamos pela sala e mamãe me sorriu. Acenei rapidamente em resposta, devolvendo o sorriso.

Os quartos ficavam no andar superior e, após subirmos as escadas e andarmos por um comprido corredor, Emmett parou na frente da segunda porta a esquerda. Ele entrou e fiquei observando da porta, não queria invadir seu espaço.

O garoto parou no meio do quarto, como se esperasse eu entrar ou dizer alguma coisa. Ele encarava o pequeno tapete felpudo sob seus pés.

– Muito legal o seu quarto, Emm. – comentei, olhando para ela e, em seguida, para o ambiente.

Era tudo muito organizado. Comparado com o meu era extremamente arrumado, apesar da mamãe sempre estar pegando no meu pé para deixar as coisas ordem. Mas as únicas coisas que realmente ficam no local correto são meus equipamentos fotográficos e as fotos. Isso é meu santuário.

Emm foi até uma estante enorme, pintada de azul, repleta de livros e pegou um deles, trazendo até mim.

–O pequeno príncipe! - sorri ao ver a capa. – É um dos meus livros favoritos também, já li umas 5 vezes. Qual sua frase favorita? – perguntei curiosa e Emmett pegou o livro da minha mão.

Ele começou a recitar a frase, abrindo o livro onde havia uma fita vermelha marcando. Era visível o esforço que Emmett fazia para ler a pequena frase grifada de caneta marca texto amarela.

Depois de muito gaguejar, pausas para tomar fôlego e piscadas para concentração, enfim terminou e, me devolvendo o livro, me olhou como se esperasse eu dizer algo.

– Essa frase é linda, você sabe outras também? – perguntei e ele maneou com a cabeça, como se dissesse que mais ou menos. – Você lê sozinho ou alguém lê pra você?

– Alice. – respondeu.

– Se você quiser posso vir aqui ler pra você. Melhor ainda, posso te ajudar a ler. O que acha? – sugeri. A ideia amadurecendo em minha mente. Seria divertido!

Isto se ele quisesse e a família permitisse. Iria gostar muito de ajudar e passar um tempo com Emm.

Ele assentiu, sorrindo de leve, a cabeça meio baixa.

–Então combinado! – ergui a mão esperando que ele batesse com a dele.

Seu olhar seguiu por meu braço até minha mão esbranquiçada. Ele aproximou a sua, agora erguida, e uniu como havia me cumprimentado na sala. A diferença oi que dessa vez Emm entrelaçou nossas mãos. Sorri, achando o gesto ainda mais fofo.

Ele me puxou para sua cama, ainda com nossos dedos entrelaçados e se sentou. Eu fiz o mesmo ao seu lado.

–Ler, Rose. – pediu, falando pela primeira vez meu nome. Para algum idiota aquilo poderia ter parecido como um crianção chamando por outra pessoa, mas para mim foi a forma mais linda que alguém já disse meu nome. Soou tão puro e inocente vindo de seus lábios.

Tá que eu tenho 16 anos e praticamente tudo pra mim é “puro” e qualquer coisa soa mágico e encantador. Mas Emmett, com essas poucas horinhas, me deixou incrivelmente fascinada. Eu queria realmente fazer uma amizade com ele.

Acomodei-me melhor na cama e ele soltou minha mão. Comecei a ler um trecho do livro, as vezes desviava o olhar para encará-lo. Emmett acompanhava com os olhos cada palavra que eu lia e, quando terminei o parágrafo, ele pegou o livro rapidamente da minha mão e o fechou.

–O que foi? Não gostou de como li, Emm? – perguntei, com receio de que ele não tivesse gostado ou que tivesse feito alguma de errado. Talvez ele só gostasse da forma que a irmã lesse, estivesse acostumado apenas com ela.

Emmett ficou de pé e foi até a estante, devolvendo o livro para o lugar onde estava antes. Esticou o braço pegando um mais fino na parte superior, acho que era uma revista. Voltou para perto de mim, parando em minha frente e esticando a revista. Era uma história em quadrinhos do homem aranha.

– Você quer que eu leia esse? – ele assentiu. - Tá bom. Que tal irmos lá pra baixo? – sugeri, ficando de pé e ele concordou me dando espaço para passar e ir à frente.

Descemos para sala, recebendo sorrisos das nossas famílias que haviam parado de conversar.

–Está tudo bem? – Esme perguntou, encarando do filho para mim.

–Sim, nós viemos só ficar aqui em baixo, se importam? Emm quer que eu leia o gibi pra ele. – respondi e olhei para Emm, sorrindo.

Pude ver o sorriso orgulhoso dos meus pais e os agradecidos de Esme e Carlisle. Não sei por que, mas aquilo me incomodou um pouco. Eu só iria ler uma história pra um amigo (acho que Emm já era isso pra mim). Não havia porque ficarem orgulhosos com isso, era uma coisa comum. Na cabeça deles era o que? Um ato de nobreza com alguém “especial”?

Devolvi o sorriso meio sem graça, acho que saiu até forçado, mas não me importei. Passei entre os sofás e fui me sentar no tapete, no chão. Emm veio logo atrás de mim, rapidamente estava do meu lado. Nos deitamos de barriga pra baixo, abri o gibi na frente de nós dois, para que Emm pudesse ver as imagens.

Os adultos voltaram a conversar, Alice e Jazz continuavam em sua bolha própria de amor, ela no colo dele. Me desliguei de todos em volta, achando muito mais interessante a história, apesar de ser um gibi típico de meninos. Acho que Emm também estava gostando, ele ficava passando a ponta dos dedos sobre as imagens, as vezes sorrindo, as vezes fazendo uma expressão super concentrada como se fizesse um enorme esforço para entender. Mas eu sabia que ele entendia.

Numa parte engraçada da pequena história nós dois rimos e meu movimento de cabeça fez uma mecha de meu cabelo cacheado cair no rosto. Emm, lentamente, levou a mão até minha mecha dourada e começou a enrolá-la no dedo indicador, o que me deixou um tantinho arrepiada.

Tá, um tantão!

Sua mão grande perto do meu rosto, a pele branca parecia ser tão macia. Os dedos dele ficavam ser contraindo a todo instante, rígidos, mas agora estavam bem esticados tocando meu cabelo. Os olhos grandes agora não estavam mais desfocados, estavam encarando a mecha como se fosse algo que quisesse desvendar ou que o impressionasse muito. A boca vermelha também parecia macia...

Ai meu Deus, o que eu estava falando?! Emmett não era garoto para namorar.

Ai meu Deus duplo! Quis me chutar agora. O que eu estava falando agora? Lógico que ele podia namorar, assim como podia fazer qualquer coisa como qualquer pessoa. Emm era diferente, e isso todos nós somos, mas não quer dizer que tenha que ter tratamento tão especial assim ou ser impossibilitado de fazer qualquer coisa.

Eu só estava encantada demais com aquela beleza toda e aquela alma pura e inocente que brilhava através de seus olhos cor de ameixa. Emm era lindo! E eu uma adolescente boba que obviamente se apaixona fácil demais.

Quando ele terminou de enrolar meu cabelo em seu dedo, vendo que não dava mais, Emm soltou e o cachinho de desmanchou, mas não por completo, ficou apenas mais frouxo com menos voltas. Eu ri, achando engraçado. Seu rosto, antes sério, agora tinha uma expressão um tanto curiosa. Então ele recomeçou a fazer o cacho no dedo outra vez.

Foram longos minutos que se passaram e ele continuou ali, enrolando e vendo se desmanchar o cachinho perfeito que fazia em seu dedo indicador. Foi então que vi meus pais ficarem de pé.

–Hora de irmos, filha. – mamãe avisou.

–Emm, solta o cabelo da Rose. Ela precisa ir pra casa. – Esme pediu.

–Rose tem cabelo cacheado. – Emm contou, um toque de rouquidão presente em sua voz.

Toquei em sua mão para que ele soltasse meu cabelo e pudéssemos ficar de pé. Ele retraiu a mão no mesmo instante, como se não gostasse do meu contato.

–Diga adeus para Rose e a família dela Emm. – outra vez Esme pediu quando estávamos todos de pé na porta. Acho que ele não gostava da mãe ficar dizendo o que ele tinha que fazer.

–Rose vai voltar para ler... – Emm falou, com as mãos um pouco erguidas, na altura dos ombros. Os dedos se contorcendo, abrindo e fechando, outra vez. Ele apontou o gibi no chão e me encarou.

–Claro que vou voltar, Emm. Se a tia Esme deixar, é lógico. – nós dois olhamos para Esme, mas os olhos de Emm estavam como que encarando o nada, vazios.

–Mas é claro, querida. Vamos adorar.

–Oba, muito obrigada. – sorri, agradecida. –Tchau Alie, tchau Emm.

Acenei para eles e antes que eu pudesse me afastar Emmett deu dois passos até mim e segurou minha mão. Sua mão quente brincou a ponta dos meus dedos por alguns segundos e depois seu polegar fez um caminho imaginário pela palma da minha mão, o que me deixou arrepiada. Então ele selou nossas mãos, deixando-as uma contra a outra, erguidas na altura dos nossos rostos. Emm olhava com precisão nossas palmas unidas, vendo como sua mão era maior que a minha.

–Até logo Rose. – ele falou, descolando nossas mãos. Daquele jeitinho que só meu nome soava de seus lábios, pelas poucas vezes que o havia dito. Seus olhos encaravam o vazio de novo, como se estivesse triste por eu ir.

Socorro! Acho que escutei um barulhinho e tenho certeza que foi do meu coração trincando. Rose, Rose, pode ir já parando com isso!

De dentro do carro, através da janela, acenei para família Cullen. Assim que o motor do carro fez barulho, vi Emmett correr e sumir de vista, voltando pra dentro de sua casa.

Foi difícil dormir aquela noite. Eu ficava pegando uma mecha de meu cabelo e enrolando assim como Emmett fez. Isso quando não estava rolando pra cá e pra lá na cama.

Milhares de ideias passavam por minha cabeça.

Coisas para fazer com Emm, tipo andar de bicicleta, correr no parque, brincar de bola, ler. E eu achando que por ter 16 anos não poderia mais ser criança. Dane-se! Só quero me divertir e, agora, com Emm.

Rolei na cama, ficando de frente para estante ao lado da janela. Minha câmera reluziu contra luz azulada do abajur. Fotos! Como não pensei nisso antes? Vou pedir para levar Emm para fotografar comigo qualquer dia desses e que seja logo.

Ah como eu estava ansiosa com minha nova amizade!


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam? Espero que tenham realmente apreciado essa nova fanfic.Não tenho data certa para postagem, mas o próximo já está pronto.Comentem se quiserem, ficaria muito feliz em saber a opinião de vocês. Obrigada (:Beijinhos da Joi :3