♡ Capítulo 06

Lysandre não era o tipo de cara que entrava em um local sem antes bater. Sempre foi um rapaz extremamente educado, apreciador de todas as regras de uma boa educação. Todavia, ao ver Nathaniel entrando naquela sala, e logo depois Castiel, resolveu ir intervir antes que algo de ruim pudesse acontecer. Afinal, conhecia seu amigo ruivo, sabia que Castiel era do tipo pavio curto e que alguma coisa não muito boa poderia acabar acontecendo ali.

O albino só queria evitar qualquer desavença, qualquer confusão que, conhecendo bem aqueles dois, sabia que poderia acontecer. Era como um fósforo aceso perto de palha seca, pronto para ser queimado e colocar aquela sala de cabeça para baixo.

Entretanto, ao adentrar ali, preocupado, se deparou com uma cena bastante esquisita. Não estava entendendo bulhufas daquela situação.

– Lys... – Murmurou o loiro, com uma expressão bastante apreensiva, revezando o olhar dourado entre o melhor amigo e o seu próprio corpo ao lado de si, que também estava sem reação.

– Err... – Lysandre sentia-se incomodado. Será que... Eles dois finalmente estavam se dando bem? Será que Castiel e Nathaniel estavam mesmo se entendendo?! Já poderia comprar os fogos de artifício e comemorar aquilo? – Perdoem-me a intromissão desta forma. Eu imaginei que estivessem brigando, e... – O albino tossiu desconfortável, como se estivesse atrapalhando algo. Estava perdido demais na conversa daqueles dois para entender o que se passava naquele momento. – Bem, desculpem minha intromissão. E eu fico feliz por ver vocês dois se entendendo. – Sorriu suavemente, já na intenção de sair daquela sala.

– Hã? – O ruivo ergueu uma sobrancelha. Agora era ele quem estava confuso.

– A verdade é que... – O loiro começou a falar, mas no mesmo instante foi interrompido pelo outro ao seu lado, que se virava para si e o fitava com um olhar incrédulo.

– Você não vai falar! – Nathaniel o interrompeu antes que o outro resolvesse fazer uma besteira. Não, não e não; não estava preparado para contar aquilo para quem quer que fosse! Sabia muito bem que essa situação seria vista como um desatino, a maior das doidices!

– Ele é meu melhor amigo, cacete! – Berrou o loiro, franzindo o cenho e demonstrando uma irritação que não era comum do comportamento do representante.

Lysandre já ia sair daquele local, deixar os dois conversando, mas pelo o visto não era uma boa ideia. Pediu educadamente para eles pararem de brigar, pois justamente agora quando tudo parecia estar indo bem, eles dois começam a discutir por sabe-se lá o quê. Entretanto, o garoto de estilo vitoriano estava se sentindo extremamente perdido ali. Veja bem, Nathaniel estava uma arara para cima do ruivo, parecendo que soltaria fogo pelas narinas á qualquer momento, como um dragão zangado. Já Castiel estava tentando controlar a situação com calmaria, apesar de não estar tão calmo assim, mas mantinha o nível da conversa.

Aquilo estava estranho. Muito estranho.

– Não precisam brigar... – Murmurou mais uma vez, se aproximando um pouco mais e tocando no ombro de ambos os garotos, antes que a discussão chegasse á níveis alarmantes.

– Eu vou contar sim, você querendo ou não! – Resmungou o loiro, voltando agora a olhar para seu melhor amigo e ignorando as palavras de Nathaniel.

Lysandre não estava entendendo nada. Não sabia do que eles estavam falando, qual o motivo da discussão e muito menos o que eles queriam (ou não queriam) falar. Estava, quase literalmente, brisando.

– É o seguinte, Lysandre: Eu e o representante trocamos de corpo. Pronto, falei! – Castiel simplesmente deu a sua explicação da forma mais direta possível, como se falar que “trocou de corpo com fulano” fosse a coisa mais normal e cotidiana do mundo.

Afinal, quem nunca teve uma troca de corpos com seu maior rival?

Credo! Só de ver a forma que Castiel falou aquilo, Nathaniel cobriu o rosto com ambas as mãos. Por mais que estivesse no corpo daquele delinquente, não queria estar passando por uma situação tão constrangedora e tão absurda como essa. E o pior: Castiel estava falando aquilo estando na sua pele!

Porém, o mais engraçado de tudo, naquele momento, não foi a forma indelicada que Castiel resolveu contar o que estava acontecendo. Ou a expressão de facepalm de Nathaniel. Foi a cara épica de Lysandre!

Ele estava simplesmente... Simplesmente... Poker face?

Se antes o Lys não estava entendendo bulhufas daquela situação, agora ele estava ainda mais perdido que cego em tiroteio. Não estava entendendo nada com nada. Coisa com coisa. Heim? Como assim “trocaram de corpos”? O que o representante estava tentando dizer com aquilo? Por que ele estava tão... Agressivo? Afinal, o que está acontecendo?!

– Como? – Lys quebrou o silêncio que se instalara, vendo que os dois pareciam terem sido paralisados no tempo e espaço, ficando imóveis, como se aguardassem por sua reação.

Se antes Lysandre já tinha uma cara de quem vivia perdido, no mundo da lua, agora sua cara era mil vezes mais de perdido do que o costume.

Nathaniel respirou fundo. Passou a mão nos cabelos ruivos, colocando a franja para trás e deixando o cabelo levemente desalinhado. Estava nervoso, não queria contar nada, não queria! E essa reação do ruivo fez Lysandre estranhar ainda mais a situação. Parecia que seu melhor amigo estava tentando esconder algo que o representante tentava contar.

– Escuta Lys... – O loiro respirou fundo, tentando achar as palavras certas, coisa que Castiel nunca sabia fazer. Afinal, não era o tipo de pessoa que costumava procurar as palavras certas para falar algo importante. Apenas falava e pronto. Mas com Lysandre sabia que tinha que ser mais detalhista, principalmente perante uma situação confusa como essa, que com certeza estava fazendo a cabeça do amigo virar um nó cego. – Eu sou o Castiel. – Aprontou para si mesmo, como se fosse um estrangeiro tentando se comunicar com um índio. – Ele é o representante. Entendeu? – Em seguida apontou para o seu corpo ao seu lado, que agora olhava para si tão incrédulo quanto Lysandre.

O pior de tudo para Nathaniel, é que Lysandre poderia achar que ele era o louco e não Castiel! Ele estava fazendo papel de maluco com o seu corpo!

– Você é mesmo um babaca, Castiel... – Nathaniel murmurou ao revirar os olhos de cor acinzentada.

E Lysandre permaneceu, por alguns segundos, em silêncio, tentando digerir tal situação. Olhou para o seu melhor amigo, que revirava os olhos e parecia pedir alguma interferência divina ao erguer a cabeça e fitar o teto. Em seguida fitou o loiro, que parecia apreensivo, esperando alguma palavra vinda de si, meio nervoso, batendo com o pé direito no chão a todo instante.

Se o loiro tivesse com um cigarro nos lábios agora, Lysandre poderia jurar que aquele era realmente o seu melhor amigo. Ao menos era assim que ele costumava se mostrar quando estava nervoso, na maioria das vezes.

– Esperem. Vocês estão tentando me dizer que... O representante é o Castiel, e o Castiel é o... Nathaniel? – Perguntou devagar, buscando não se enrolar nas próprias palavras. Aquilo era bem difícil.

– Exatamente! – O loiro exclamou, vendo que até o representante chato ao seu lado havia confirmado também, apesar do tom mais desanimado na voz dele.

– E vocês querem que eu acredite nisso? – Ergueu uma sobrancelha, observando os dois. Tudo bem, Lysandre tinha plena noção do quanto era um pouco distraído e lento. Entretanto, não sabia que era alguém tão lento ao ponto de ser zoado daquela forma por seu melhor amigo e pelo presidente do grêmio estudantil. Até sentiu-se um pouco ofendido com isso. E logo franziu o cenho, deixando claro que não estava acreditando nem um pouquinho naquelas palavras.

– Eu falei que ninguém acreditaria nisso! – Nathaniel ralhou com o garoto ao seu lado, irritado e apreensivo. Essas ideias impetuosas e estúpidas tinham que partir de Castiel, já devia ter se acostumado! Que maldição!

– Olha Lys, sou eu... Ta, eu sei que não é fácil de acreditar, mas porra! – O loiro tentou ignorar o surto idiota de Nathaniel ao seu lado. Só queria fazer seu amigo acreditar logo nisso tudo, talvez ele pudesse ajudar (ok, não que Lysandre pudesse fazer alguma coisa, mas vai saber...). – Pode me perguntar qualquer coisa que você só tenha falado pra mim!

Os outros dois garotos permaneciam em silêncio. Apenas Castiel ainda insistia em levar adiante aquele assunto, por mais que ambos tivessem irritados. Na verdade Lysandre estava mais chateado que irritado.

– Já sei! Essa nova música que você ‘tá compondo e que a gente vai tocar no Floresta fala sobre um amor perdido. Eu até te zoei no começo, mas depois eu disse que a letra tava bem foda, e a melodia dela ‘tá ainda mais foda.

Lys fitava o loiro de um jeito bem estranho. Não costumava ficar com raiva de ninguém, mas... Caramba! Sério que Castiel falou coisas sobre si para Nathaniel? Ah, já não sabia mais no que acreditar. Estava confuso e sem palavras. E esse seu silêncio deixava o loiro ainda mais apoquentado.

– Porra Lys! – Castiel falou em alto e bom som, irritadiço com o silêncio do amigo. Nathaniel suspirava ao seu lado, parecendo sentir dor de cabeça, e Lysandre apenas o observava com um olhar repreensor. Já até notava que ele pretendia se retirar do local, mas antes que ele pudesse sair, Castiel tentou mais uma vez: - Sabe que eu sou o único que te zoa por olhar de um jeito esquisito aquele novato esquisitão, o tal Dimitry. Só porque ele se veste nesse mesmo estilo vitoriano, você fica todo... Encabulado. – Falou com desprezo na voz, cruzando os braços. Detestava quando estava discutindo sobre música com o amigo e o mesmo se distraída quando o tal garoto de longas madeixas castanhas passavam por eles. Lys já era distraído demais, não precisava de mais um motivo para ser ainda mais lerdo.

E o garoto de madeixas platinadas, dessa vez, mudou um pouco a expressão. Ele ficou levemente encabulado, as maçãs do rosto ganhando uma coloração avermelhada e seus olhos heterocromáticos demonstrando o quão desconcertado havia ficado com aquilo. Lys estava corado.

– E-eu não fico distraído por causa dele... – Murmurou incerto ao desviar o olhar.

Nathaniel ergueu uma sobrancelha diante daquela constatação. Não estava entendendo muito bem, só sabia que Castiel estava deixando o outro sem jeito. Logo, após o milésimo suspiro, ele se aproximou um pouco mais de Lysandre e tocou-lhe o ombro, amigavelmente. Já que Castiel resolveu abrir a boca e contar tudo, então o melhor seria confirmar de vez toda a história.

– É verdade o que ele está falando, Lysandre. Eu... Sou o Nath. – Não estava muito á vontade para revelar aquilo, mas... Não havia alternativa.

Lys resvalou os olhos de cores diferentes entre um e outro. No fundo, sabia que Castiel não ia falar essas coisas sobre si para alguém. Conhecia muito bem seu amigo, ele poderia até ser tachado como o delinquente da Sweet Amoris, mas no fundo, era uma boa pessoa e sabia guardar segredos. Se tinha uma coisa que Castiel não era, essa coisa era fofoqueiro.

Após um suspiro cansado, Lysandre sorriu fraco. Fitou o ruivo que segurava seu ombro e o loiro um pouco mais atrás, que o olhava num misto de incerteza e raiva para si. Aquele comportamento era típico de seu amigo... Sem dúvidas.

– Como isso aconteceu?

Ao perguntar aquilo, o loiro soltou o ar. Nem tinha notado que estava tão apreensivo ao ponto de ter prendido a respiração.

Com um sorriso mais aliviado, Castiel chamou Nath e Lys para sentarem nas cadeiras da sala de ciências, e logo ele e Nathaniel tentavam explicar como isso aconteceu.

Não que eles soubessem explicar, já que eles também não faziam a mínima ideia de como aquilo foi acontecer, mas... Explicaram como tudo começou numa simples manhã qualquer.

♡ ♥

– Isso é tudo muito confuso... – Foi a única opinião que Lysandre conseguiu formar após a explicação que ambos lhe deram. Ou melhor, após a quarta explicação, pois essa história toda tinha deixado a cabeça do albino tão confusa que foi necessário repetirem mais de uma vez para que ele realmente entendesse tal situação.

A mente de Nathaniel no corpo de Castiel. E a mente de Castiel no corpo de Nathaniel. É muito complicado de entender! Sem contar que... Caramba, como isso foi acontecer?!

– Eu sei que é, Lysandre. – Nathaniel falou num tom calmo, pois foi o único que conseguiu repetir as outras três vezes para que o amigo vitoriano realmente pudesse entender o que se passava, pois Castiel havia ficado puto de raiva na primeira tentativa de explicação.

– Mas Castiel... – Lys olhou para o ruivo, mas logo depois para o loiro que estava sentado sobre uma das mesas compridas da sala de ciências, lembrando que ele era o Cas. – Como vamos tocar naquele Pub? É no próximo final de semana, após a semana de provas...

– Era isso que a gente ‘tava discutindo antes de você entrar na sala, Lys. – O loiro resmungou, cruzando os braços. – Não sei o que fazer, droga.

– Bem... Se não for um incômodo, você poderia ensinar o Nathaniel á tocar guitarra. – O de olhos heterocromáticos sugeriu.

Os rivais se encararam por um momento, ponderando aquela ideia.

– Não sei se vai dar para aprender a tocar guitarra em uma fucking semana.

– Eu realmente acredito que em uma semana não seja fácil aprender á tocar guitarra, mas... Bem, eu posso tentar. – Nathaniel falou enquanto fitava os próprios pés agora, observando o all star vermelho surrado como se fosse algo interessante.

– Bom... Ou ele aprende á tocar guitarra, ou nós cancelamos a nossa apresentação, Castiel. – Lysandre falou seriamente. Era um assunto que não poderia ficar parado, tinham que decidir o quanto antes. Sem contar que eles ensaiaram isso á um bom tempo, e deveriam ensaiar ainda mais. Porém, com esse pequeno (mas não tão pequeno) imprevisto, talvez todo o esforço fosse por água abaixo...

– Eu acho que até lá a gente já vai ter resolvido essa droga de situação! – O loiro resmungou levemente irritado. Estava odiando isso, odiando pensar em uma solução para a sua apresentação e não conseguir achar nada que pudesse lhes salvar.

– E se não resolverem? Vocês sequer sabem a causa que os deixou dessa forma. – Lys falava de uma maneira quase cansada. Não estava querendo ser rude, todavia, tinham que falar sobre isso – Acho que... Perdemos essa chance.

O loiro mordeu o lábio inferior e abaixou a cabeça. Passou a mão nos cabelos dourados e curtos, tentando não pensar nisso, mas... Que droga! Odiava perder! E odiava mais ainda saber que não podia fazer nada! Não queria se sentir um derrotado sem antes tentar algo, mas... O que tentar? Só de pensar que iam perder aquela apresentação Castiel ficava apreensivo, e até meio triste. Que merda, que droga, que... Que maldição dos infernos!

Nathaniel havia ficado quieto, observando a forma dos dois amigos que tentavam, em vão, buscar uma solução para o problema deles. Notou que Lys já estava tentando se conformar com a ideia. Em seguida, fitou Castiel em seu próprio corpo, ele olhava para baixo e parecia realmente... Para baixo. Nath respirou fundo, sentindo-se culpado por aquilo. Se ao menos soubesse tocar... Mas nunca na vida teve a chance de aprender á tocar algum instrumento. Como dizia seu pai, “aprender música era inútil para seu futuro profissional”. Nunca teve a oportunidade, não tinha como ajudar.

– Eu posso tentar aprender. Eu sei que talvez não dê certo, mas... Podemos ao menos tentar.

Castiel olhou para ele, sem esperança nenhuma. E o olhar de Lysandre não era muito diferente.

– E eu acredito que tudo isso vai passar antes que chegue o próximo sábado. – Sorriu sem vontade alguma, tentando parecer firme no que falava. – Eu vou tentar aprender apenas por precaução.

– Ok, que seja. – Cas falou ao levantar-se, esticando os braços e olhando para os outros dois. – Vou tentar te ensinar a tocar guitarra, representante.

Lys sorriu minimamente. Será que eles poderiam, finalmente, serem amigos?

♡ ♥

Com o assunto tão tenso sobre a apresentação de Lysandre e Castiel, além da descoberta de Lys sobre a tal ‘maldição’, os dois rivais não tiveram tempo de discutirem o que fazer no dia de hoje. Entretanto, eles sentaram no local certo: Nath na cadeira ao lado da janela, lá atrás, onde o ruivo costumava sentar-se, e Castiel lá pela frente, no lugar daquele loiro irritante.

De alguma forma, Castiel ainda estava achando esquisito o fato de Nathaniel estar querendo ajudá-lo quanto á apresentação. Não que estivesse achando ruim, pelo contrário, era muito bem saber que nem tudo estava perdido (ainda). Mas era esquisito, muito esquisito.

Mas afinal, o que não era esquisito? Nesses últimos acontecimentos, nada mais deveria lhe surpreender.

Por sorte a aula do primeiro horário era biologia, e o professor não tinha o costume de fazer perguntas idiotas para os alunos, pelo contrário, era um cara meio mórbido que apenas dava sua aula e deixava todo mundo com sono e tédio.

Então a aula desse dia passou sem mais problemas.

♡ ♥

– Você deveria ter avisado á Melody que não ia passar no grêmio agora no intervalo! Ela vai ficar me esperando! – Nathaniel ralhou com o ruivo, franzindo o cenho e enfiando as mãos nos bolsos da jaqueta jeans. Estava na hora do intervalo, e Nath estava sentado no chão do terraço da escola, um local onde o Castiel de verdade costumava ir para matar aulas, dormir ou fumar um pouco, ás escondidas.

– Foda-se. – Foi tudo o que o loiro respondeu, dando de ombros e notando como sentiu falta daquele lugar, por mais que não fizesse mais de quatro dias em que esteve ali sendo ele mesmo. Sem contar que aquela Melody era irritante. Definitivamente não suportaria passar todo o intervalo com a morena.

Não entendia como Nathaniel a suportava. Talvez porque ela era tão chata quanto ele, e os dois se combinavam... Ele deveria ficar com ela de vez, tsc.

– Podemos começar as aulas de guitarra hoje, depois da aula. – Falou após alguns segundos de silêncio, voltando-se para o ruivo. Era tão estranho falar com alguém que tinha a sua própria cara... Ainda não havia se acostumado totalmente.

– Hoje meu pai chega cedo. Eu tenho que estar lá... Ou melhor, você tem que estar. – Explicou sem muito ânimo na voz. Nas quintas-feiras seu pai costumava chegar mais cedo, e às vezes costumavam jantar com todo mundo, na mesa. E pensar nisso o deixava apreensivo... Estava tão preocupado com os problemas de Castiel e Lysandre que, por um momento, havia se esquecido de seus próprios problemas (que, a propósito, eram bem piores).

– Hm... Que droga. Então já vamos perder um dia. Mas por que você tem que estar cedo em casa? – Não estava entendendo direito. Só porque o pai dele chegava cedo quer dizer que ele não poderia sair? Que bosta.

– Ele costuma jantar com a família. E, aliás, evita falar qualquer coisa, ok? – Nath suspirou entristecido. – Só responda minimamente as coisas que ele vai perguntar...

Castiel murmurou qualquer afirmação, erguendo uma sobrancelha e não entendendo muito bem aquelas instruções sobre “como ser o representante chato em casa, na frente do pai”. Mas pouco se importou, apenas deu de ombros e saiu dali, querendo aproveitar o restante do horário do almoço e ir comer algo, ignorando a cara de imbecil que Nathaniel demonstrava em sua face.

Não entendia o motivo de Nathaniel querer que ele agisse tão calado em casa, mas pouco se importou com o isso. Estava preocupado demais com a sua apresentação.

Continua...