Oito Estações escrita por Pandora Imperatrix


Capítulo 7
Inverno - Altruísmo




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Disclaimer: O único Naruto que eu, supostamente, sou dona é meu gato de estimação.

Esse capítulo acontece no mesmo inverno de The Last. Eu não lembro se o Naruto já era jounin lá, mas indulge me.

Oito Estações

Inverno – Altruísmo

"Frequentemente a minha imaginação
Tem me levado muito longe
Quando fraquejei você estava lá
Com sua mão estendida
Você sabia desde o início"

The Carpenters – I Have You

– Naruto-kun, você sabe essa – ela insistiu com o cenho franzido e mastigando o lábio inferior enquanto olhava para a resposta no cartão.

Naruto estava estudando para a primeira prova chunnin a ser realizada após a guerra. Todos sabiam que ele estaria acima do nível de todos os participantes – bem, talvez não acima de todos, Sasuke também participaria, afinal – e ele havia sido bastante vocal em seu descontentamento em ter que passar por tudo aquilo de novo somente para provar o óbvio, mas Kakashi fez um longo discurso – em seu tom mais “kakashesco” do tipo que fazia Naruto ter vontade de colocar apagadores e baldes com água em cima de cada porta que o seu ex-sensei passaria na vida – sobre como a Chunnin Shiken era muito mais do que somente sobre rankings shinobi, que ele e Sasuke estariam representando Konoha diante todo o mundo ninja e, isso levantaria o espirito de todos que sofreram durante o período de guerra e que, além disso – nessa hora ele tinha até mesmo tirado os olhos da edição de Icha Icha que havia conseguido esconder de sua assistente dentro de um dos pergaminhos que ele deveria estar lendo para olhá-los – seria uma oportunidade em especial pra Sasuke demonstrar que havia deixado seu passado para trás e que era, de fato, um ninja da Folha.

Naruto havia se animado depois disso, afinal, era só um teste bobo, mas agora faltavam apenas algumas semanas e ele havia se lembrado que não eram somente de provas de combate que a Chunnin Shiken era feita e que, ao contrário dos outros testes, ele não tinha muita habilidade com testes teóricos. Ele havia tentado realmente estudar, mas Naruto também não era muito bom em ficar sentado numa biblioteca. Havia pedido ajuda de Sai, mas o ex-ANBU não tinha “lido livros de didática o suficiente” e não conseguia compreender como Naruto não tinha a mesma capacidade de absorver tudo que lia como ele fazia, Sakura estava muito ocupada com o hospital para ajudá-lo e ele nunca admitiria para Sasuke que estava tento problemas com um teste que ambos haviam concordado ser ridiculamente fácil.

Foi quando o Time Oito encontrou Naruto “torturando” uma árvore enquanto reclamava para o vento sobre testes idiotas, senseis pervertidos e amigos inúteis num campo de treinamento que deveria estar reservado para eles, que Naruto – depois de ser convencido a pela Hinata a, por favor, parar de acertar a árvore tantas vezes, ela vai cair em cima de você daqui a pouco, Naruto-kun, cuidado! – teve a brilhante ideia de pedir ajuda da Hyuuga – aos prantos e de joelhos enquanto os colegas de time da mesma o olhavam muita vergonha por deverem a vida a alguém tão patético – afinal, ela o tinha ajudado com aquele teste idiota da primeira vez que eles fizeram a prova, não é mesmo?

Ele estreitou os olhos, fazendo força para tentar se lembrar de qualquer coisa sobre o assunto que ela havia perguntado, era sobre redes de chakra, isso ele sabia, havia lido e relido várias vezes sobre isso. Céus, porque não conseguia então reproduzir nada daquele conhecimento? Ele entendia os conceitos, mas se sentia tentando traduzir algo de outra língua ao tentar responder a pergunta dela.

– Será que eu não posso simplesmente fazer um discurso de efeito como da outra vez, dattebayo?

Ele perguntou com um olhar tão sincero que Hinata não conseguiu conter o riso.

– Hinata! – ele condenou exasperado.

– P-perdão! – mas ela riu mais um pouco antes de tomar um gole de usa bebida, tentando se controlar e não chamar tanta atenção dos outros frequentadores da casa de chá que eles haviam escolhido como local de estudo desde que Naruto havia sido expulso da biblioteca por fazer barulho demais e fazia muito frio para que eles ficassem ao ar livre, como Naruto preferia.

– Em pensar que era essa a menina que desmaiava quando olhava pra mim, olha pra ela agora’ttebayo – ele estalou a língua em falso desgosto, mas não foi capa de se impedir de sorrir. Se sentia muito melhor agora que Hinata, que era alguém com quem ele se via procurando com frequência, ria com facilidade e parecia bem mais confortável na presença dele. Os dois haviam percorrido um longo caminho até se encontrarem naquele nível de amizade e ele, que somente queria entender melhor o mistério que era Hyuuga Hinata, a garota que havia se colocado entre ele e a morte, duas vezes, quanto mais a conhecia, mais agradáveis surpresas encontrava. – Tem certeza que você não é o Sasuke-teme disfarçado?

– Eu, Sasuke-san? P-por rir de você? – ela pareceu descrente, um sorriso ainda tentando escapar de seus lábios.

O sorriso dele se tornou ainda mais maroto e ele se aproximou dela como quem fosse contar um segredo, fazendo o rubor no rosto de Hinata, que havia começado a diminuir com o fim de seus risos, voltar com força total e se sentindo um tanto satisfeito por isso.

– Pode parecer que o Teme tem alguma doença que faz a cara dele não saber rir, mas eu já vi ele rindo e, acredite, é bizarro dattebayo.

Ela balançou a cabeça, um sorriso ainda levantando suas bochechas rosadas.

– Você é malvado, Naruto-kun.

– ESSA MENINA’TTEBAYO! – ele se afastou dela num ímpeto, quase caindo se sua cadeira – A HINATA QUE EU CONHEÇO NUNCA DIRIA ISSO! QUEM É VOCÊ, ESPÍRITO?

Ela afundou o rosto nas cartelas escondendo outra crise de risos e das pessoas que, com certeza, os estavam encarando agora, se é que já não estavam antes.

– N-naruto-kun! – ela o cutucou com a ponta da sandália. – Responda a pergunta.

Ele nem se lembrava mais do que ela havia perguntado e, embora a sessão de estudos fosse para ele, Naruto havia cultivado a esperança de que ela tivesse esquecido também.

– Er – ele coçou a nuca num gesto encabulado – pode repetir?

Ela suspirou, aquela tarde seria longa.

– Hm, você vai pra casa agora?

Hinata não respondeu imediatamente, seu olhar se voltou para a vitrine embaçada da casa de chá que mostrava os transeuntes de uma das ruas mais movimentadas de Konoha.

– A-acho que vou visitar Neji-nii-san – ela suspirou e completou com uma voz pequeninha, tão diferente da Hinata risonha que havia passado as últimas horas o ajudando com os estudos – faz tempo que eu não vou lá...

– Posso ir com você’ttebayo? – ele perguntou antes que pudesse se conter, suas bochechas esquentando um pouco sem ele saber muito bem o motivo.

– C-claro – mas Naruto não gostou muito de como o sorriso que ela lhe deu, lembrou-lhe um dos de Sai.

O caminho foi estranhamente silencioso, quem passasse, ele pensou, nem ao menos notariam que eles estavam indo a algum lugar juntos.

Quando chegaram ao local correto, Naruto observou Hinata zelosamente limpar neve que havia caído em cima na placa que exibia o nome de Neji, tirar os tristes girassóis murchos que outrora enfeitaram o local tão lúgubre e murmurar alguma coisa sobre precisar passar na floricultura. A atividade dela pareceu tão rotineira, tão natural que ele se pegou realmente se arrependendo de ter pedido pra acompanha-la. Embora Neji tivesse sido seu amigo, embora Neji tivesse partido para lhe dar a chance de continuar vivendo, ele se sentia um intruso naquela cena, como se tivesse presenciando algo que não deveria. A conversa que havia tido com Hinata meses atrás lhe voltou a povoar os pensamentos. Hinata e Neji não eram somente amigos, não eram somente primos, eles eram família de uma forma que ele ainda não podia compreender. Ele se pegou se perguntando se havia mais daquele casamento do que políticas internas do clã Hyuuga e os sentimentos de Neji, sentimentos esses que, ele estava dolorosamente ciente, levaram os três para o lugar onde estavam agora.

Ele queria dizer alguma coisa, mas se viu numa de raras ocasiões de sua vida em que ele não tinha ideia do que dizer.

Os dois contemplaram o local solene, ainda mergulhados naquele silêncio estranho, Naruto estendendo seu olhar para toda aquela imensidão de nomes, seu coração pesando com a noção de que cada um deles havia sido uma pessoa com, sonhos, sentimentos e vontades tão complicadas quanto às dele um dia, e agora, se resumiam a um nome numa placa de pedra e, se tivessem sorte, lembranças de entes queridos. Ele olhou para Hinata, notando que ela não havia deslocado o olhar do nome do primo por nem ao menos um segundo. Ela nem ao menos tremeu quando o vento começou a soprar tão forte que era possível ouvir uivos causados por este e a árvore que os abrigava começou a derrubar montinhos de neve acumulada. Naruto estudou o rosto redondo ganhar ângulos mais afiados pelas sombras formadas pelos cabelos escuros, as feições delicadas fechadas numa expressão séria, a candura sempre presente nos olhos quase lilases, perdida numa imensidão branca e fria como a neve que cobria o cemitério. Ele quis perguntar se ela se sentia culpada, mas a reposta era óbvia, ele quis perguntar se ela se arrependia, mas eu estômago se contraiu, descobrindo que, de certa forma, temia a resposta. Naruto se perguntou como as coisas seriam se fosse dele o nome na pedra e se fosse Neji ao lado de Hinata naquele momento, o pensamento lhe deixou sem ar. Estranho, nem durante a guerra a morte lhe havia parecido tão definitiva, tão real.

Foi só quando eles estavam fazendo o caminho de volta, que ele não conseguiu mais suportar o peso em seu peito e parou.

– Hinata.

Ela se furou para ele, o cenho franzido ao notar que havia o ultrapassado alguns passos.

– Algum problema, Naruto-kun?

Ele respirou fundo, seus pulsos cerrados dentro dos bolsos da jaqueta. Ele ainda a estudou por alguns segundos. Ela tremia levemente agora, Naruto teve vontade de ajeitar o cachecol que ela usava para fazê-la se sentir mais aquecida.

– Você está arrependida, não está? De ter se colocado na minha frente naquele dia.

A cor sumiu do rosto dela, ele avançou dos passos em direção a Hinata, instantaneamente arrependido de ter dito algo. Seu coração se apertando com a possibilidade dela se retrair novamente, de eles voltarem a ser ilustres estranhos.

– Hinata, d-desculpe, eu...

– Não – ela disse. Sua voz baixa, mas firme – eu não me arrependo.

E então, arregalando os olhos Naruto percebeu, finalmente, que era por não se arrepender que ela quase havia sido esmagada e ainda andava mancando pelo peso da culpa.

– E isso é por causa do que... do que você me disse quando lutou com o Pain’ttebayo? – as palavras escaparam antes que ele pudesse se deter, ele até mesmo tapou a própria boca num jeito um tanto infantil, os dois coraram. Era a primeira vez que ele trazia o assunto à tona.

– P-por aquilo – ela fez uma pausa e lançou um olhar furtivo a ele por debaixo dos cílios tão negros – e porque você era muito importante naquele momento. O m-mundo inteiro precisava de v-você, não só eu.

Ele sorriu, desesperado para quebrar o clima estranho que havia vindo carregando desde que saíra da casa de chá.

– Você não estava sendo egoísta daquela vez, então’ttebayo?

O rosto dela se iluminou de vermelho como um semáforo.

– N-naruto-kun! – ela escondeu o rosto com as mãos. Ele não conseguia se lembrar de como funcionavam as redes de chakra, mas, aparentemente, se lembrava de absolutamente tudo que ela havia dito anos atrás. Oh céus!

O sorriso dele se alargou ainda mais. E ele voltou a caminhar, tomando o cuidado de esbarrar levemente no ombro dela, convidando-a a voltar a andar.

– Hey, a casa do teme e por aqui. Ele está me devendo dinheiro e eu estou com fome, o que acha de a gente passar no teme e depois no Ichiraku’s, Hinata? Lámen por conta do Sasuke!

Ela soltou uma risadinha estrangulada, seu rosto ainda corado, mas a conversa voltou a rolar fácil entre os dois novamente. O caminho para a casa foi num clima muito diferente do pesado de momentos atrás. E semanas depois, quando Naruto foi pessoalmente até o complexo Hyuuga contar em primeira mão que era oficialmente um chunnin de Konoha e Hinata lhe deu um abraço e um sorriso enorme, ele chegou à conclusão que gostava daquela sensação, de ser o preferido de alguém, mesmo que fosse de uma menina sombria e um pouco estranha, afinal, ele gostava de pessoas estranhas como ela.

N/A: Olar, pois é gente, postar a fic em final de período é difícil. Ainda mais depois de ver The Last, não sei por que depois que o relacionamento é estabelecido eu perco o interesse urgh. Eu queria ser que nem aquelas autoras que conseguem imaginar mil timelines diferentes da do canon, mas eu, multishipper ou não, morro canon whore, comolidar? (Eu estou até começando a gostar de InoSai por causa da minha canon whorrisse, THE HORROR!)

Por causa da minha mente linear, eu pensei em terminar a fic em vez de com a última primavera antes de The Last, com a primeira primavera depois de The Last. Que acham? “Mas autora você não ‘tava dizendo por ai que ia ter continuação?” Amores, meu nome não é Hinata, eu volto sim com a minha palavra, ainda mais quando tem longfic no meio hahaha. Meu interesse em Naruto – rezemos – não vai durar o tempo de uma continuação, eu tenho que voltar para Sailor Moon, tenho uma pilha de fic pra terminar e um fandom com menos mimimi pra amar hehe.

Mas e isso, espero que vocês tenham gostado e até o próximo, e último, capítulo de Oito Estações!


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