Reencontro escrita por Jolly Roger


Capítulo 1
Reencontro


Notas iniciais do capítulo

essa é uma Oneshot que fiz para um trabalho de escola, mas gostei tanto que decidi postar



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Respirar fundo. Era só nisso que Eduarda pensava no momento. Ela tinha certeza que se perdesse a tranquilidade por um momento, seu coração bateria tão forte que sofreria um infarto.

- Você não precisa ficar tão nervosa é só um casal. – Foi isso o que disse Nicolas a um minuto atrás, Nicolas era o namorado de Eduarda desde que ela saiu do seu último orfanato.

Para ele é fácil falar, Eduarda pensou. Não vai ser os pais dele que sairão daquela porta. Pais que ela nunca viu na vida, mas que mesmo assim são tão importantes pra ela. Desde que recebeu a notícia que seus pais queriam conhece-la Eduarda ficou pensando o que seus pais falariam quando descobrissem que depois de completar dezoito anos saiu do orfanato e se tornou uma ladra.

Nicolas também estava um pouco nervoso, uma gota de suor escorria no seu rosto. Seu maior medo era que os pais da namorada pensassem que ele levou a garota pro crime, mas na verdade quando conheceu Eduarda ela já roubava faz tempo e era uma ladra ainda melhor que ele.

O garoto olhou para porta e imaginou o que poderia sair de lá: um advogado que tinha largado a mulher gravida, que sem recursos nenhum deve que se separar da filha, mas que agora que seu antigo namorado voltou disposto a arrumar todos os erros do passado, ela decidiu procurar a filha. E se esse tal de advogado, for durão e ao descobrir que colocou um casal de jovens ladrões na sua vida mandar eles para a cadeia para aprenderem uma lição.

Os pensamentos de Eduarda não eram muito melhores. Para ela os pais eram dois vagabundos que sem dó nem piedade deram a filha pra adoção apenas para não ter o trabalho de cuidar de uma criança e agora que se tornara maior de idade os pais voltaram para roubar o dinheiro da filha (que Eduarda sabia muito bem que não era muito).

Ainda há um quilometro de distância da sorveteria, onde encontraria sua filha, Mauro irritado com o transito infernal de São Paulo mais o nervosismo de rever sua filha após 22 anos separados já não respondia mais por si mesmo. Gritava pra qualquer um que fosse mais devagar que ele e para os sinais que se atreviam a fechar quando era sua vez de passar. Há uma semana atrás quando voltou para o Brasil junto com sua mulher, ficava noites acordados pensando em como seria sua filha, será que seria loira como ele ou morena como Bela? Morena ele imaginava. Era a mais inteligente da turma como Bela ou preferia matar aula como ele? Não era inteligente, mas também nunca tinha matado aula. Será que desculparia os pais por largarem ela com apenas três meses? Não, nunca desculparia.

Bela ao lado do marido também estava nervosa, mas também não saía xingando as pessoas na rua, mas sempre xingava o marido quando ele gritava com alguém. Nunca tinha discutido tanto com Mauro em tão pouco tempo, tudo isso por causa de sua filha. Será que valeria a pena? Claro que valeria, era sua filha a Dudinha. Será que se tornara uma pessoa do bem como os pais ou seria uma daquelas pessoas narcisistas que não se importavam com mais ninguém?

Bela sentiu o tranco quando Mauro parou o carro e quase bateu na guia. A rua onde ficava a sorveteria estava vazia, o que parecia um milagre já que a rua pela qual acabaram de passar estavacheia demais. Entraram na sorveteria que como a rua estava vazia, além do mais quem ia para a sorveteria plena sexta-feira no inverno com chuva, estava apenas um casal de jovens. A menina loira olhou para os dois timidamente, depois se levantou e cumprimentou os desajeitadamente.

- Oi, eu sou Eduarda.

Bela sentiu as lágrimas invadirem seus olhos e quando olhou para seu marido ele já não se segurava mais. Os dois correram e enterraram a filha nos braços, um abraço caloroso de pura saudade e amor.

- Meu nome é.... Bela.

- O meu é Mauro.

Os três juntos se sentaram na mesa onde estava o rapaz.

- Não queremos voltara viver como uma família feliz, em nossa situação isso seria impossível. – Começou Bela.

- Também concordo. Na verdade só aceitei vim aqui porque quero saber o motivo por terem me deixado com apenas três meses.

- Somos voluntários da cruz vermelha. Recebemos um convite para ir trabalhar na África, era nosso maior sonho poder ajudar as pessoas de lá. Mas as condições para um voluntario lá eram muito precárias, não era bom criar uma criança num lugar desses.

- Sabíamos que teria uma vida muito melhor num orfanato do que aquelas pessoas sem ajuda, foi uma escolha difícil, mas foi por uma boa causa. – Disse Mauro sem tirar os olhos da filha, agora tão grande, já era adulta. Ele sentia tanto por perder as primeiras palavras, os primeiros passos da filha até sua primeira briga para poder sair com os amigos.

Nicolas examinava bem os dois. Pareciam falar a verdade e seus olhos mostravam muito bem o que sentiam, mas e quando perguntarem o que faziam de humanitário? Pelo que se lembrava a melhor coisa que já tinha feito foi doar uma parte de um roubo para o orfanato da qual Eduarda saíra. Essa com certeza não é a resposta que os sogros esperavam.

Eduarda olhava seu pé mexendo num canudo do chão. Será que seria realmente verdade aquela história? Os dois estariam mentindo?

Mauro e Bela perceberam o receio da filha.

- Vocês já viram a savana africana? É linda. – falou Bela enquanto o marido pegava a câmera fotográfica.

Aos poucos foram mostrando as fotos de animais, plantas, pessoas tão magras que Eduarda achou que fosse montagem, mas sabia que não era. Quando apareceu um menino de aproximadamente cinco anos que não devia pesar metade do peso certo para sua idade, Ayo era seu nome de acordo com Bela, Eduarda sentiu-se uma idiota por sempre reclamar de sua vida. Aquela criança com um sorriso tímido como se a qualquer momento a câmera pudesse machucá-lo, mas depois de algumas fotos ele já mostrava um sorriso confiante e alegre.

Esse era o momento perfeito para contar suas histórias, boas ou não, Eduarda não perderia mais tempo perguntando-se por que tinha sido largada. Isso era passado, não importava mais quantos anos passou sem a presença dos pais e sim quantos passará daqui pra frente.


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem e comentem sua opinião



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