Epílogo

O verão tinha chegado, o céu estava azul, o sol brilhava, o mar estava calmo e a tudo corria bem com a colheita. Seria um ano maravilhoso para o reino prospero de Sky. Aquele tempo era sinal de boas novas e de acontecimento incríveis e junto com tudo isso uma tribo de ciganos chegou a capital de Sky.

Fazia anos que a cidade não ficava tão cheia, o rei a rainha os quais estavam recatados no castelo saíram pela primeira vez desde a mudança de estação para se aproximar da população. O tumulto foi grande quando os ciganos começaram a dançar, ler a sorte das pessoas, cantar, mas no tudo conseguiu se organizar. Os monarcas apenas observavam de longe e no dia seguinte convidaram o grupo de dança para se apresentarem dentro do castelo.

A rainha estava deprimida durante o ultimo ano, pois apesar de estar casada a muito tempo ainda não tinha conseguido ter filhos e ainda não teve resultado mesmo rezando para o Deus mar durante tanto tempo. O rei via os ciganos na cidade como uma oportunidade de animar um pouco a esposa.

O grupo de ciganos entrou, entre todas as dançarinas tinha uma que se destacava ainda mais, era alta, bonita, jovem, de longos cabelos ruivos, grandes olhos verdes e uma pele incrivelmente branca. Era a principal daquele grupo, era a segunda na linha de sucessão do clã, a bela e talentosa Yasmin.

Ela dançava e todos os olhos se fixavam sobre ela, todos os nobres do castelo pareciam estar encantados pela jovem. Os ciganos ficaram exatamente um mês em Sky e quando partiram foi da noite para o dia sem deixar rastro algum. Na verdade deixaram apenas algo para trás.

Capitulo 1

O mar estava agitado, o vento soprava e o sol estava incrivelmente quente, enquanto isso dentro do castelo o movimento tinha aumentado, uma das serventes acabará de entrar em trabalho de parto. As outras empregadas suas colegas foram acudi-la e o vento soprou trazendo um mau presságio. Mesmo assim alguém disse que os Deuses estavam de ótimo humor.

A criança nasceu a tardinha quando o sol estava se pondo, uma menina encantadora a qual todos se surpreenderam a olhar para ela. A marca de nascença em suas costas a lua minguante com a estrela. A marca da sacerdotisa da Lua.

A suma-sacerdotisa da Lua foi chamada para se certificarem da situação e para a surpresa de todos era realmente verdade. Aquela criança nascida de uma serva que tinha chegado já grávida ao castelo, uma estrangeira tinha dado a luz a sacerdotisa da Lua, uma das pessoas mais importantes de todo o mundo.

O alvoroço foi geral, Ariana era seu nome, era um bebê e todos já a olhavam com desconfiança, os poucos fios ruivos e aqueles olhos verdes, tão estranhos em um país de pessoas de cabelos, olhos e pele escura, foi um escândalo. Em pouco tempo todo o castelo ficou sabendo e quando a noite terminou de cair os monarcas foram ver a criança.

O rei deu um pequeno sorriso e pegou a pequena no colo, beijou-lhe a testa deu-lhe uma palavra de conforto. A rainha estava ainda em seus primeiros de gravidez, ela se aproximou de Yasmin, a mãe, e deu um pequeno sorriso.

- Mesmo sendo uma estrangeira ela será uma ótima sacerdotisa. – O rei disse sorrindo ainda carregando Ariana.

- É claro. Os Deuses sabem o que fazem, se ela é a escolhida da Lua não podemos contestar, basta viver em nossos costumes.

- Mesmo sendo uma costureira do castelo, será levada para outros aposentos mais próximos ao templo. Assim a pequena terá uma vida própria para a Deusa.

- Eu agradeço. – Yasmin disse, mas estava muito cansada, então pouco falou, mas estendeu os braços para pegar a filha no colo novamente.

- Vamos deixa-la descansar. Depois alguém a ajuda a se mudar de quarto. – Dizendo isso os dois saíram do quarto e a rainha acariciou a barriga com cuidado, um pouco decepcionada. “Por que uma estrangeira, uma serva, uma cigana, deu à luz a sacerdotisa que deveria estar em meu ventre?” E por um momento desejou que a criança em seu ventre fosse um garoto, mas por algum motivo tinha certeza que era uma menina.

De fato os pensamentos da rainha foram concretizados, pois alguns meses depois sua filha nasceu, Helena, parecia ser oposto de Ariana, grande olhos e cabelos negros, a pele escura como chocolate. Uma linda menina e princesa, o rei promoveu uma festa em prol do nascimento de sua filha. Mesmo com a felicidade pela chegada de Helena os cochichos sobre a sacerdotisa da Lua ainda não tinham se apagado.

Ariana se tornou uma criança muito séria, seu tempo sempre foi dividido desde pequena entre as obrigações como sacerdotisa e o estudo de suas tradições ciganas, como, por exemplo, da dança a qual Yasmin mesmo tendo diminuído o quanto praticava nunca deixou de realizar. Como resultado a sacerdotisa nunca teve tempo para agir como criança.

Seus cultos eram os mais diversos e eram diferentes dos de qualquer outra sacerdotisa, sendo assim a suma-sacerdotisa era a única que conseguia passar o conhecimento necessário para ela, mesmo não sendo uma mulher paciente. Era duro para uma criança, mas aos seus seis anos de idade, Ariana parecia ter completo entendimento de sua situação. Achava chato e entediante, mesmo assim cumpria todas as suas responsabilidades como sacerdotisa, mas o que realmente gostava era de dançar.

Quando Ariana completou seus sete anos de idade a Deusa autorizou que ela pela primeira vez participasse do festival da colheita, seria a primeira vez em quinze anos que todos os sacerdotes escolhidos iriam comparecer. Eles eram quatro ao todo, um para cada Deus principal. Ariana, para a Lua, Cecilia, para o Mar, Galahad para o Sol e Henry para a Terra. Pela primeira vez todos estariam reunidos.

A festa da colheita era feita uma vez por ano e fazia rodizio entre os quatro reinos, Sky, Cipre, Teleos e Lipre, respectivamente na ordem dos sacerdotes. Naquele ano como comemoração a chegada de Ariana a festa seria realizada no castelo de Sky. Uma semana antes o castelo estava coberto de flores, tudo estava perfeitamente enfeitado e um os ingredientes para o banquete começaram a chegar. A princesa parecia curiosa pelos acontecimentos, mas também enciumada com a sacerdotisa, pois tão perto do evento tudo estava voltado para Ariana.

Dois dias antes Henry chegou ao castelo um adolescente de treze anos de idade, era alto, forte, possuía cabelos castanhos bem curtos, rentes a cabeça, olhos bondosos cor de mel e a pele um pouco mais escura do que a de Helena. Ele não parecia diferente de qualquer outro lavrador se não fosse pela sua postura que lhe dava um ar de sabedoria, sendo o primeiro dos três sacerdotes sua primeira providencia foi falar com a pequena Ariana. Eles se encontram no jardim de inverno do castelo.

O jardim de inverno era o único espaço verde que a sacerdotisa era autorizada de ir, uma vez que não podia sair de dentro do castelo, era uma área em torno de oito metros quadrados, coberta de grama, com uma grande arvore e vários canteiros de flores. Sentada em baixo da arvore Ariana estava a ler quando Henry se aproximou.

- Senhorita? – Ele chamou dando um pequeno sorriso e foi quando aqueles grandes olhos verdes se viraram para o garoto.

- Está me chamando?

- Estou, é a senhorita Ariana, certo? – Perguntou e se ajoelhou ao lado dela de maneira que seus olhos ficassem na mesma altura.

- Sou sim, mas quem me chama?

- Henry, o sacerdote da Deusa Terra.

- Então, o senhor já chegou. Então acho que está na hora deu me levantar.

- Não se incomode com isso, estava sobre a grama é o meu território. -Ele disse sorrindo. Está semana os Deuses estão de ótimo humor devido a festa. Foi um bom ano.

- De fato, os ritos são difíceis?

- Não se preocupe, a primeira vez que eu participei também fiquei nervoso, mas não se preocupe. A maior parte do tempo apenas agradecemos aos aldeões e aos deuses. Eu sou o mais velho entre os sacerdotes, então eu falarei mais.

- Todos vocês tem alguma marca? Assim como eu?

- Tenho, a minha é uma pequena arvore, mas fica na minha perna.

- Eu sempre achei estranho ter uma marca dessas, a cor dos meus olhos e cabelos já é estranha demais para ser marcada.

- Não se preocupe com a cor de seus olhos e de seus cabelos é uma bela garota. Vai chamar muita atenção quando for mais velha. Mas no momento é melhor ser um pouco criança, não precisa crescer tão rápido quanto eu.

- Eu preciso crescer rápido é como os sedentários fazem. Todos os dias minha mãe diz como gostaria de sair de voltar a ser andarilha.

- Não pode fazer isso. Você é a sacerdotisa da Lua, a sacerdotisa de Sky, sempre será. Você verá será um futuro maravilhoso. – Ele disse e beijou-lhe a testa com cuidado.

- Estranho dizer para continuar criança, é maduro demais para um jovem.

- É como as coisas são, mas se eu crescendo poder manter a infância dos outros sacerdotes por mais tempo terá valido a pena. Afinal você e Galahad levaram esse mundo a um novo estágio.

- O que quer dizer com isso?

- Não é nada. Por que não voltamos ao salão? Aposto que consigo algo doce para você. – Henry se levantou e estendeu a mão que logo vou segurada e a garota ficou de pé.

- Sim, em prol de alguma coisa doce. – Eles saíram de mãos dadas em direção ao salão principal, por alguma razão Ariana se sentia segura ao lado de Henry, uma figura diferente de qualquer outra pessoa que já tinha conhecido uma aura boa e confiante.

No dia seguinte Cecilia chegou ao castelo, com ela veio vários cavaleiros, além de seu irmão. Cecilia, a sacerdotisa do mar era tratada diferente dos outros, por vários motivos, o primeiro ela era a princesa de Teleos e o segundo a escolhida do Mar não podia mostrar seu rosto em publico. Dizem as más línguas que o Deus sempre escolhe a moça mais bonita da geração como sua sacerdotisa, um capricho da parte dele.

Ariana não conseguiu se aproximar dela, apesar de Henry dizer que estava tudo bem, que na verdade Cecilia era apenas uma garota pouco mais velha do que ela como qualquer outra e não se diferenciava nem como sacerdotisa nem como princesa. Entre os cavaleiros da sacerdotisa do Mar, tinha um que veio com seu filho, uma criança de dez anos de idade. Ele sempre estava ao lado de Cecilia que estava completamente coberta com uma roupa branca.

A ruiva se aproximou um pouco sem jeito, Henry estava ao seu lado e colocou a mão sobre seu ombro. Cumprimentaram a princesa e seus cavaleiros e a criança ao lado dela sorriu e a encarou nos olhos.

- Você é a sacerdotisa da Lua? – Ele perguntou um pouco desconfiado, o que a fez dar um pequeno passo para trás se apoiando mais em Henry.

- Sou sim...

- Eu não sabia que existia pessoas de olhos tão claros nesse país. Eles são tão bonitos. Eu sou Atlas, filho do primeiro cavaleiro de vossa alteza.

- Prazer em conhecê-lo. – Ela respondeu dando um sorriso foi a primeira vez que alguém tinha elogiado quanto a sua aparência. Atlas era pequeno, mas parecia ser do tipo que treinava bastante, possuía a pele cor de caramelo , olhos cor de mel e cabelos castanhos na altura da nuca.

-O prazer é meu. – Ele sorriu de volta. Um garoto simpático, educado e parecia bastante dedicado a princesa.

Agora só faltava Galahad o qual chegou mais tarde naquele dia, era dois anos mais velho do que Ariana, os cabelos negros rentes a cabeça, os olhos castanhos escuros e a pele era tom de chocolate. Era uma criança bonita, que apenas sorriu ao visualizar Ariana. Ele se aproximou e beijou-lhe a mão.

- Sou Galahad, o sacerdote escolhido pelo Deus Sol. É um prazer conhece-la.

- O prazer é meu... – Ela disse um pouco tímida, ele sorriu com doçura, mas não disse mais nada, parecia estar com vergonha.

Agora que estavam todos os quatro reunidos pela primeira vez em anos a festa foi maior do que o normal. A música era alta, a comida era farta, e as crianças dirigiram poucas palavras ao publico. Henry foi o que abriu e fechou as cerimonias como era de costume, afinal a festa da colheita era sobretudo da Deusa Terra.

Capitulo 2

A festa continuaria durante mais alguns dias, foi bem mais calmo do que todos os adultos imaginavam, afinal quatro crianças juntas as quais representava todo o contexto religioso das nações qualquer coisa poderia acontecer. Não ouve grandes incidentes, mas quando elas finalmente puderam relaxar um pouco durante as festas começaram a brincar uns com os outros sem nenhuma restrição.

Galahad tinha um cuidado especial para com Ariana, a ponto de não querer que ela se machucasse, Atlas acabou se juntando a brincadeira e tomava esses cuidados com Cecilia. Henry ficava ao lado deles como o responsável. Eles se divertiram bastante, correram, brincaram, como raramente faziam quando estavam sozinhos.

Helena estava de lado era mais nova do que Ariana, mas pensava que tinha o direito de se juntar a brincadeira, mesmo assim não teve coragem de se aproximar dos cinco. A sacerdotisa da Lua aproximou-se da princesa, estavam no jardim de inverno como sempre, no momento brincando de jogo de mãos.

- Por que não vem brincar com a gente vossa alteza? – Disse dando um pequeno sorriso.

- Eu não vou. – Respondeu de maneira arrogante e depois encarou a ruiva e gritou. – Não posso brincar com uma criança sem pai e de horríveis olhos verdes. – Depois saiu correndo.

Ariana ficou parada por alguns instantes enquanto via os cabelos negros da princesa desaparecerem nas curvas do castelo. Pouco depois Atlas se aproximou, pegou em sua mão e a levou de volta para o circulo deles sorrindo.

- Não se preocupe, eu realmente gosto de seus olhos verdes.

No dia seguinte todos foram embora e Ariana retornou para sua rotina habitual, Yasmin parecia ter ficado mais ocupada, pois tinha conseguido mais eventos em que dançasse. Os dias foram passando devagar e os cultos da garota apenas ficavam mais intensos.

No próximo aniversario seus cultos mudaram de apenas ao anoitecer para até que o sol surgisse no horizonte. Era um trabalho árduo, mas não era complicado, na verdade quase prazeroso. Apenas a presença da princesa que deixava a ruiva desconfortável, pois sempre que a via parecia que Helena reafirmava o tanto que odiava os olhos verdes