A Arte da Guerra escrita por clariza


Capítulo 17
// Existem coisas aqui eu não posso escolher //


Notas iniciais do capítulo

HEEEEEEY THERE FOOLKS!
voltei de viagem e trouxe capitulo quentinho, viagem proveitosa estou com 3 alem desse capítulos escritos hehehe
então, sem mais delongas, aqui vai!!



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Eu tinha comprado um bolo e cem velinhas para o aniversário de Bucky, ele não estava realmente fazendo cem anos, mas eu estava com humor para brincar com ele. Bucky não dissociava a um mês inteiro, até o ritmo dos pesadelos havia diminuído, conseguira dormir uma noite inteira e me acordou na manhã seguinte com panquecas na cama e café e enchido o meu rosto de beijos, coisa que ele tendia muito a fazer desde que eu finalmente tinha me rendido ao charme dele.

Bucky era carinhoso e atencioso, nossas tardes entediantes de tratamento haviam se tornado divertidas, onde víamos filmes, eu o fazia ler livros ou algumas vezes dependendo do livro eu o lia em voz alta, escutávamos músicas e fazíamos todo o plano de o colocar a par dos últimos setenta anos. Havia pontos em que discordávamos totalmente um do outro, Bucky era um americano inegável e ficava realmente nervoso quando as suas verdades eram questionadas, quando eu disse que os EUA não havia ganhado a segunda guerra e sim a Rússia eu temi que a terceira guerra mundial começasse entre nós dois, mesmo depois das minhas milhões de explicações de como a Rússia tinha massacrado a Alemanha com o cerco de Berlim (Sim James, A Rússia pisou no pescoçinho de Hitler e cuspiu vodka em cima) e acabado com metade do exercito alemão, mesmo assim ele não acreditou e foi perguntar pro seu melhor amigo, o google.

Eu estava certa no final, mas eu sabia que no fundo ele não alterava nada, ele continuaria um americano nato, defendendo o seu país até o fim.

Comprar o bolo com as cem velinhas foi a parte fácil do meu plano. A atendente tinha estranhado a quantidade de velinhas, o que resultou em perguntas embaraçosas sobre o meu avô centenário, eu disse que não era pro meu avô e sim para um amigo, eu ganhei um olhar desconfiado, mas, uma coisa que todo sabia era que entre amigos existem milhares de piadas internas que constroem um relacionamento e que às vezes é melhor não perguntar.

Como ele havia saído para correr eu arrumei a casa, com listras vermelhas e estrelas azuis por todos os lugares, no bolo lotado de velas eu coloquei algumas velas que soltavam um tipo de brilho, e como presente de aniversário eu comprei um celular.

Cerca de uma hora mais tarde quando ele voltou da corrida eu o surpreendi, a principio ele tomou um susto havia se esquecido completamente do seu aniversário. Depois eu fiz questão de cantar parabéns e que ele soprasse as velinhas, foi um processo longo. Quando ele soprava as da direita as da esquerda acendiam, depois da minha ajuda para apagar as velas ele me abraçou apertado e me agradeceu por isso.

―Espere para ver o que eu te comprei de aniversário! ― me soltei do aperto dele, correndo até as escadas onde eu havia colocado a caixinha azul com um laço vermelho combinando com a decoração, entreguei a caixinha ― Feliz Aniversário.

Ele abriu a caixinha animado, tirando o telefone e analisando ele por um momento no seu braço de metal, ele sabia como liga-lo e rapidamente ficando muito feliz

―Bem, eu tomei a liberdade de baixar uns aplicativos, tem um pra marcar quantos quilômetros você corre, um aplicativo de câmera que dá um efeito vintage achei que seria familiar, não baixei o tinder você não precisa de tinter ― Eu parei do lado dele, o meu braço apoiado no ombro dele ― Tem o aplicativo da NASA, ele é muito legal. Tem a liga de baseball e de basquete, e claro você pode baixar muito mais, só achei que você ia gostar desses.

―Eu adorei esses, Effy ― ele colocou o telefone sobre o balcão se virando para mim e me beijando, ele tinha me beijando várias vezes, mesmo assim cada vez eu ainda sentia meu estomago se contraindo e criando as milhares de borboletas, mesmo de olhos fechados eu podia sentir as minhas pupilas dilatando e uma carga de ocitocina sedo jogada na minha corrente sanguínea, a dopamina aumentando. Minhas mãos tocavam a nuca dele, acariciando os cabelos da base da sua cabeça as mãos dele deslizando pelas minhas costas segurando a minha cintura firmemente a ponta do seu indicador fazendo suaves círculos sobre a minha camiseta. Todas as vezes que nós beijávamos eu sentia que era daquele jeito que as estrelas eram feitas.

―Tem o meu numero salvo na sua memória ― hesitei por um segundo ― E o numero do Steve, o seu amigo.

Bucky apenas sorriu me dando outro beijo, um rápido colar de lábios e não disse nada sobre o numero do seu melhor amigo estar na agenda do seu recém-adquirido celular e eles poderem se comunicar apenas partiu o bolo e fomos pra sala, comendo silenciosamente em nossos pratos assistimos o clube da luta, da lista “Effs para Bucks” era o filme que ele mais tinha gostado, disse que de todos os filmes esse era o favorito, depois tiramos várias fotos no celular dele atualizando o Background e a tela de bloqueio com as nossas caretas. Bucky ainda ficava meio sério nas fotos, fotografias era uma coisa rara na época dele. Depois tiramos no meu celular, e continuamos a nossa maratona de filmes.

Eu começava a ficar paranoica, odiava admitir isso, mas quando Bucky finalmente dormia eu não conseguia pregar os olhos por horas até ser atingida por um sono tão profundo que me apagava por horas. Cada som do lado de fora, cada carro estacionado do lado de fora ou pessoa passando poderia ser a Hydra. Tinha me focado tanto nele que havia me esquecido completamente do mundo lá fora, a S.H.I.E.L.D tinha caído, agora passava uma mensagem tão suja quando a minha antiga empregadora, e todos sabiam de diversos segredos escondidos Natasha os tinha jogado na rede.

Bucky não sabia de nada disso, eu tentava manter isso o mais obscuro possível, não queria que ele se preocupasse com isso. A sua recuperação era a prioridade. Ele dormiu com a cabeça sobre as minhas pernas com uma mão eu passava meus dedos no cabelo dele, suavemente e com a outra eu apagava todas as imagens de câmeras que haviam nos pegado naquele dia, eu fazia isso todos os dias. Eu nos deletava do mundo e cortava qualquer tipo de suspeita ou a jogava para o lugar mais longe possível da nossa real localização.

Mesmo assim eu não me sentia tão segura, Bucky se virou ficando com o seu rosto voltado pra cima os lábios levemente abertos. Passei a minha mão pela barba recém feita dele,Talvez fosse hora de ir. Olhei os preços das passagens aéreas, sair do Brasil seria difícil. Pensei na Argentina, onde poderíamos sair apenas com as nossas novas identidades que eu havia conseguido e eram bem convincentes.

―No que está pensando, boneca? ― perguntou sonolento.

―O que você acha da Argentina?

―Não, eu gosto daqui. ― eu sorri.

―Eu estava pensando que talvez, nós devêssemos ir embora daqui, estamos quase seis meses aqui. ― toquei o rosto dele ― É perigoso ficar num lugar só por tanto tempo.

Bucky se levantou, ficando sentado ao meu lado de frente pra mim.

―Você não tem que ficar com medo ― ele disse seus lábios próximos aos meus, sua respiração tocando a minha boca e fazendo o meu corpo se arrepiar ― Mas, se você realmente quiser ir embora, nós podemos ir.

―Eu sou filha de alemão, medo é uma palavra que não existe pra mim, eu estou preocupada, seria odioso se nos pegassem uma vez que fomos tão longe. A Cautela morreu de velha. ― eu sorri para dele, o beijando ― Como dizia o minha mãe “Man soll den Tag nicht vor dem Abend loben.”

―Soa como as palavras de alguém muito sábio ― ele me beijou de novo, mais intensamente ― Mas está tarde, discutimos isso amanhã tudo bem?

―Tudo bem ― respondi, programando o meu cérebro para acordar mais cedo que ele e traçar o nosso plano de fuga, tínhamos ido muito longe para sermos pegos por tão pouco. Bucky insistiu para subir e irmos dormir, já que ele detestava que eu dormisse na sala e ficasse reclamando de dor nas costas, do jeito dele Bucky estava cuidando de mim.

As mãos deles brincavam na minha cintura enquanto subíamos as escadas, ele fazia cócegas e ao mesmo tempo quando sabia que as minhas pernas iriam fraquejar segurava a minha cintura, por fim entrelaçou os seus braços em volta do me corpo erguendo os meus pés do chão e me levando escada acima “Não posso deixar a minha boneca despencar escada abaixo” e eu fiquei verdadeiramente feliz quando as palavras deixaram a boca dele, os lábios na minha nuca me colocando sentada sobre a cama dele, onde eu havia dormido junto com ele no ultimo mês.

As mãos dele se moldaram ao meu rosto, inclinando o corpo dele sobre o meu e deitando sobre mim, os meus dedos tocavam os cabelos dele agora já crescidos, nossas pernas entrelaçadas e línguas se tocando. Minha mente apenas focando nele, tudo que eu queria fazer era passar as minhas unhas curtas por toda a extensão das costas dele e entrelaçar os meus dedos no cabelo dele. Nada mais importava.

Contrariando o principio do meu plano de acordar mais cedo, quando eu abri os meus olhos de manhã Bucky já estava acordado, na frente do computador tomando café, usando apenas calça de moletom eu caminhei até ele enrolada como um casulo no cobertor e coloquei os meus braços em volta do pescoço dele, beijando sua bochecha e reparando o que ele estava pesquisando, havia uma foto dele com uma garota sorridente de cabelos encaracolados e rosto em forma de coração. A foto era em preto e branco e muito granulada, Bucky tinha um braço em volta dela e sorria tanto quando a garota. Ele abriu espaço para que eu me sentasse em seu colo, quando eu me sentei ele sorriu para mim, apontando para a garota.

―Pra quem exatamente eu estou olhando? ― achei que as bochechas iam se partir de tão grande que era o seu sorriso.

―Achei que você deveria conhecê-la, você está olhando para a minha irmã, Rebecca. ― ele disse, olhei para ele, abismada. Eu não fazia ideia de que ele tinha uma irmã, ele nunca falava de família ou coisas tão pessoais do seu passado ― Outro dia você me mostrou uma foto da sua família, achei que esse é o momento de você conhecer pelo menos a foto de algum dos meus familiares, não achei fotos dos meus pais. Minha mãe morreu quando eu tinha doze, ela teve tuberculose e o meu pai quando eu tinha catorze num acidente na fabrica de carros que ele trabalhava, ficamos só eu e a Bex. Ela tinha nove, foi morar com umas tias em Nova Jersey ― ele deu uma risada nasalada ― Como ela odiava aquele lugar, quando completou dezessete e terminou os estudos, eu a fiz terminar, ela de alguma forma conseguiu me convencer a morar comigo em Nova York, trabalhava de garçonete e dividíamos o aluguel. Ela teria te adorado, Bex também era muito boa em matemática e um desastre na cozinha.

―Ela ainda... ― o sorriso dele ficou triste.

―Ela faleceu dois anos atrás, se casou, teve filhos e netos. Eu estou feliz que ela achou um rumo depois da guerra, depois de receber duas cartas do exercito sobre minha morte.

―As duas erradas...

―Eu posso ouvi-la ligando para Steve, posso ouvir os seus gritos dizendo que ela foi enganada uma vez, que os Buchanam são difíceis de matar. Mas ela é forte, ela superou.

―Não, a gente nunca supera essas coisas ― passei a mão no cabelo dele ― Isso não vai te fazer sentir melhor, mas, nós não superamos é um hematoma que nunca vai sarar. Se você não o toca você não sente, mas sabe que ele esta lá e quando alguém toca no seu hematoma ainda vai doer. É um buraco no coração que nunca vai se fechar, eu sei que ela sentiu a sua falta até o ultimo suspiro. A morte de um irmão não é algo que a gente esquece, e algo que carregamos.

―Shh, não fique triste, ontem eu tinha comprado algo pra você, mas achei melhor só te entregar hoje ― ele disse, resgatando algo do seu bolso. Uma corrente fina e dourada com uma medalhinha e uma imagem de um santo no meio, sorri quando reconheci São Kazimierz ― Eu sei que você não é polonesa, mas ele é o santo padroeiro das crianças polonesas e tinha um fraco por ajudar as pessoas, por isso foi santificado.

―Não sabia que você é tão católico ― Me abaixei para que ele colocasse a medalhinha no meu pescoço, ela era longa a sua ponta ficava num ponto entre os meus seios, eu a puxei de volta lendo a inscrição atrás da imagem de são Kazimierz “пирог в небе” ― Um castelo nas nuvens.

―Estudei numa escola católica, você aprende essas coisas ― Eu sorri para o rosto sorridente de Bucky que eu estava me acostumando a ver.

Ele me beijou exatamente quando ouvimos a primeira explosão.


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Notas finais do capítulo

Tradução:
Man soll den Tag nicht vor dem Abend loben = Não se deve louvar o dia antes que chegue a noite.

Espero que gostem do ultimo capitulo de calmaria, agora vem tiro, porrada e bomba.