A Arte da Guerra escrita por clariza


Capítulo 13
// Flores de plástico não morrem //


Notas iniciais do capítulo

HEY THERE FOLKS!!!!
Seguinte, capitulo especialmente para a pudinzinha da Juhh Buchanan Barnes que escreveu uma linda, maravilhosa, cheirosa que me deixou de olhos molhados e muito emocionada!
Juhh, muito obrigada pela recomendação, você é demais!!! O Capitulo de hoje é todo seu



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Chegava a ser pecaminoso o quanto eu me sentia relaxada. Tinha desligado a caixinha dos problemas me fechado no banheiro ligado a minha playlist de música francesa e me enfiado na banheira por cerca de meia hora, eu sabia dos dedos dos meus pés ficando parecendo pele de gente velha, a água já estava fria, mas eu tinha comprado sais de banho e nada disso importava, Yuri lambia os meus dedos da mão que estavam por fora da banheira e James estava na sala, assistindo um documentários sobre a segunda guerra mundial aos olhos do resto do mundo. O que eu considerava bom, ele tinha uma visão bem americana dos acontecimentos, ele não conseguia ver a guerra pelos olhos dos inocentes e dos europeus, principalmente o lado monstruoso da guerra em que eu sempre fui apresentada sendo do leste europeu.

Estiquei a minha perna vendo os dedos do meu pé completamente enrugados e prosegui cantarolando la vie in rose , e ouvi perla terceira vez a campainha tocar era a hora da Freya eu não queria ter que atender a porta, mas bucky estava dificultando as coisas, gritei para que ele atendesse a porta e sem nenhuma resposta continuei lá.

A parede do banheiro era inteira de tijolos de vidro, que filtrava a luz do sol em pequenos arco iris que cobriam o chão de mármore branco e formava milhares de diferentes luzes sobre a minha pele, eu tinha razão, era um pecado estar tão relaxada, completamente contente e totalmente alheia ao mundo a campainha tocou uma quarta vez, eu não me irritei de verdade, apenas me levantei e coloquei o meu roupão vermelho e sai da banhei contra a minha vontade deixando um rastro de cheiro de morango com champagne atrás de mim, desci as escadas e James estava esticado no sofá, de bermuda, meias e uma camisa branca, mais relaxado que eu na banheira, a corrida realmente tinha feito bem pra ele.

―Qual o seu problema? ― perguntei me aproximando da porta ― Odeio quando você se faz de surdo.

―Eu não estou me fazendo de surdo, estou ignorando deliberadamente ― respondeu-me soltei um ruido de frustração e abri a porta e havia um vaso com flores cor de rosa no chão, begônias.

Com um calafrio eu peguei o vaso e o trouxe para dentro de casa, analisando as flores, o perfume era mais suave que as rosas, elas eram mais bonitas que as rosas, o interior era de um rosa bonito que ia ficando mais suave na extensão da pétala e quase branco nas pontas, ainda me sentindo agitada eu peguei o cartão entre as folhas verdes, era branco e simples, escrito com uma letra cursiva a caneta.

“Porque você estava linda outro dia, e você cheia tão bem quanto essas flores”

―Quem te mandou flores? ― Bucky perguntou, ainda esparramado no sofá, olhei as flores sentindo o meu corpo rejeitá-las como de fossem um trasplante mal sucedido, aquele sentimento de rejeição crescendo e se tornando imenso dentro de mim, me tomando, eu peguei as flores e fui até a cozinha. ― O que você está fazendo?!

―Odeio flores, Odeio rosas, odeio principalmente begônias ― eu disse, sentindo as minhas mãos tremerem.

―Por que? ―perguntou, genuinamente confuso.

―Elas tem cheiro de morte ― fechei os olhos e respirei fundo, tentando recuperar a minha paz de espirito e parar de tremer ― O tumulo, estava cheia delas, várias begônias, margaridas, rosas, tulipas. Todas tinham o mesmo cheiro, todas elas eram flores tristes e todas elas cheiram a morte e perda, e eu não gosto de flores. É o que a Hydra usou pra me manter calada, eles me mandaram rosas, me deixaram apavorada, e eu não quero isso nessa casa. Essa casa é o meu novo lar, eu não quero ter medo aqui.

―Que tumulo, Effy? ― ele perguntou, olhando o meu rosto fixamente.

―Não importa ― eu me afastei dele, voltando pro quarto ― eu vou finalizar o meu banho.

Eu não consegui entrar na agua fria do banho, apenas me tranquei no banheiro e fiquei sentava com a minha cabeça apoiada nos joelhos tentando me recompor. Oskar nunca teve um enterro digno, papai sempre teve a fantasia de trazê-lo de volta. Ele sonhava que um dia seriamos um a família feliz que eramos um dia, nós enterramos um caixão cheio de pedras e memórias especiais que tínhamos dele enquanto seu corpo era criogenado. Parado pra sempre no tempo. Imortal enquanto estivesse congelado.

Mas essa não era a hora certa de me quebrar desse jeito, eu precisava me manter firme, juntar esses pedados e voltar a ser a Freya de messes atrás manter o meu foco, eu precisava voltar a entender que todo mundo morre e eu preciso aprender a deixar ir, pelo menos enquanto eu estivesse aqui, eu não poderia voltar as minhas pesquisas eu não poderia achar essa maneira de trazê-lo de volta.

Murmurei pra mim mesma parar de chorar algumas vezes e tomei banho, saindo de lá e tentando me sentir melhor. Depois de sair do banheiro, pentear o cabelo e vestir uma roupa descente, eu peguei o meu telefone e desci as escadas, Bucky estava quieto no sofá eu peguei um pouco de café e me sentei perto dele.

―Você está bem? ― perguntou, inseguro.

―Sim ― tomei um gole do café, frio.

Reparei que ele estava vendo uma daquelas séries de cozinha, ficamos vendo varias episódios seguidos, eu não sei em que ponto eu dormi, deve ter sido entre o merengue de limão e a torta de chocolate com nozes.

―Freya, você está dormindo? Isso explica muita coisa... ― abri os olhos como se eu estivesse me afundando num oceano e repentinamente eu precisasse de ar, depois de uma longa retomada do fôlego, percebi que meu corpo tinha escorregado e agora estava sobre o ombro (de verdade) o meu nariz tocando a ponta no peito dele, coberto pela camisa e o seu braço em volta do meu corpo, estava quente nessa posição, principalmente por que o tempo havia virado lá fora, antes de eu pegar no sono o sol brilhava mas agora grandes nuvens cobriam o céu. ― Eu estava conversando com você…

A voz dele soou realmente sentida, eu sai dos seus braços passando a mão no rosto pra afastar o sono e ver se eu não tinha babado nele ou algo do tipo.

―Desculpa, eu estou cansada ― cocei a minha cabeça ― Sobre o que você estava falando? ― perguntei entre um bocejo.

―Nada importante ― desviou o assunto, com a mão entre a glabela e fechando os olhos, eu rolei os olhos colocando meus pés em cima do sofá e virando o meu tronco pra ele.

―Vamos lá, me diz.― ele me olhou de Soslaio.

―Você está triste e isso está me deixando preocupado ― ele disse, fitei meus olhos em seu rosto, ele não olhava diretamente pra mim, mas para algum ponto sobre a minha cabeça ou ao redor do meu rosto.

―Eu não estou triste, estou preocupada, é diferente.― rebati.

―E eu sei a diferença, você estava chorando lá em cima, e você age como se tivesse que cuidar de tudo, mas você pode ser vulnerável as vezes...― ele disse, escolhendo as palavras com cuidado enquanto eu estreitava os olhos ― Você é uma mulher forte e independente, eu sei disso, você deixou bem claro, Você não é como as garotas que eu conheci antes que precisavam ser protegidas e bancadas e de alguém que as sustentasse, eu só estou dizendo que as vezes… você precisa deixar ir… você pode ter algo que te deixa triste e te faz chorar, é normal. É humano.

―O que te deixa triste, James? ―Seus olhos encontraram os meus, eu gostava da cor dos olhos dele eu já tinha visto milhares de olhos azuis, mas nenhum deles tinha aquela mistura de brilho e uma infindável tristeza neles.

―Não ser capaz de ser quem eu costumava ser, e você? ― ele se virou pra mim.

―Guerra me deixa triste, violência me deixa triste, inocentes morrendo por motivo nenhum me deixa triste.

Houve silêncio por um momento, enquanto eu mordia a parte interna da minha boca.

―Quem você perdeu? ― fiz uma lista mental dos prós e contras sobre contar sobre Oskar, no final os prós venceram.

―Meu irmão.― ele deu um sorriso triste em minha direção, sua mão tocando o meu rosto de leve e sussurrando um “ sinto muito” ― Foi a muito tempo.

Encostei a minha cabeça no sofá, a mão dele presa entre o meu rosto e o tecido do sofá, ele afagava suavemente a minha bochecha com a sua mão grande e quente, de alguma forma eu me senti um pouco melhor, fechei os meus olhos apreciando a sensação do contato do nosso corpo.

―Do que você tem medo, Freya?

―Isso se tornou sobre medo?

―Eu me lembrei que todas as noites você desce pelo menos dez vezes pra verificar todas as portas e janelas da casa, você tem medo do que está aqui dentro ou lá fora?

―Do lado de fora, eles pode aparecer aqui, posem achar que você está morto… Mas eles ainda podem vir por mim. E eu não quero voltar, Bucky… Eu também tenho a minha cota de coisas horríveis que eu fiz lá dentro…

―Todos nós temos a nossa quota de arrependimentos ― ele acenou para que eu me aproximasse e voltasse aos braços dele, hesitei por um momento, me lembrei da sensação quente dos seus braços apesar do meu cérebro resistir imediatamente, mas me entreguei a sensação de estar num lugar quentinho e voltei a escorar a minha cabeça no peito dele e trocamos o canal da TV, assistimos Independece Day.

O filme terminou cerca de três da manhã, e lembrei que Bucky nunca tinha visto um filme de ficção cientifica, pelo menos não um dos incríveis anos noventa então o filme realmente o impressionou, tive que responder suas inúmeras perguntas sobre o filme e se NY realmente tinha sido atacada por alienígenas.

Peguei o meu cérebro viajando por formulas químicas e a minha cabeça juntando elementos e eu percebi que eu tinha uma resposta, uma das quais eu tão desesperadamente queria, me levantei de perto de Bucky e corri até a a bancada da cozinha e peguei um canetão e comecei a riscar a parede de blindex, as formulas foram se espalhando pelas janelas até que as janelas estivessem cheias, olhei maravilhada para o que eu havia criado, Bucky quebrou o silêncio.

―O que tudo isso quer dizer?

―Eu posso reverter o soro, o que eles usaram em você.

―O que você quer dizer com isso? ― perguntou, os seus olhos brilhando pra mim.

―O que eles fizeram com você, eu posso desfazer. ― Ele sorriu se levantando e vindo na minha direção, segurou o meu rosto entre as suas mãos, naquele momento nem o seu braço de metal não pareceu me incomodar, ele juntou as nossas testas e eu fechei os olhos, sorrindo aliviada. Eu poderia deixá-lo em paz, dar um fim ao sofrimento dele.

―Não podemos fazer isso.

―Porque não? ― perguntei ― Eu posso me desdobrar e e conseguir todas essas coisas, eu sei que é meio complicado conseguir todos os elementos, não vai ser fácil, mas eu tenho a licença.

―Porque, boneca, se eu fizesse isso eu poderia ficar fraco e então eu não poderia te proteger, e se eles realmente vierem e tentarem levar você ― disse, olhando nos meus olhos ― Eu não tenho planos de deixar eles te levarem.





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Notas finais do capítulo

A dor vai curar essas lástimas
O soro tem gosto de lágrimas
As flores têm cheiro de morte
A dor vai fechar esses cortes
Flores! Flores!
As flores de plástico não morrem...

Flores-Titãs