Can You Love Me? escrita por Didi07San


Capítulo 8
Piquenique à Luz do Luar


Notas iniciais do capítulo

Heyyy, I'm back!!!
Gente tenho tantas coisas para explicar, minha vida ficou complicada d+ (por isso o sumiço) mas agora estou de volta para vocês, começando com a maratona de postagem de capítulos e one's até o dia 11/09.
Me desculpem pelo tamanho do cap, mas não deu para ser menor. Se pensar bem, é até bom que fique grande, para vocês matarem saudade da fic *----*
Achei esse cap simplesmente isso: *------------* :3



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No capítulo anterior...

“––– Não, obrigado ––– ele falou empurrando a cartela de comprimidos para longe.

––– Se mudar de ideia, meu nome é Gaara ––– o ruivo falou se distanciando até uma parte mais brava da praia.

O loiro ficou refletindo, se o plano A não desse certo, ele já tinha o plano B, mas preferia não ter que usa-lo.

Ele suspirou e caminhou em direção da água. Por que estava tão obcecado por ela? Ele não sabia, só sentia que precisava dela, precisava vê-la outra vez, precisa ouvir sua voz de novo. Ele precisava dela, e não mediria esforços para isso.”

Assim como a manhã, a tarde passara rápido. O grupo havia aproveitado a praia como se fosse a primeira vez que estavam em uma. Até boa parte da manhã ficaram jogando vôlei, logo aproveitaram o mar e caçaram conchinhas e caranguejos. Eles almoçaram na barraquinha que vendia camarão e caminharam pela areia achando novos ambientes e mares ainda mais bravos. Ora paravam para conversar ou comer um lanche, ora começavam a correr como crianças. O sol começava a ameaçar se esconder e eles perceberam que a diversão teria que ficar para o dia seguinte.

Cansados, caminhavam quase se esborrachando na areia. Eles sabiam que parte era puro drama, mas podiam sentir, principalmente depois de uma longa viagem o cansaço. Chegaram na pousada e praticamente se jogaram em cima dos sofás vazios.

––– Ah, finalmente! ––– Ino falou aliviada ao sentir seu corpo ser amparado pelas almofadas.

––– Não consigo sentir meu pé ––– Kiba choramingava enquanto analisava cautelosamente seus dedões.

––– Eu queria agradecer a todos por tudo que já fizeram por mim nessa vida, falem pra minha mãe e pro meu pai que eu amo eles, tá? ––– Sakura falou enquanto fingia que estava morrendo.

––– Ah, pode deixar que eu falo ––– de repente Tsunade aparece na recepção com os braços cruzados.

Na pequena ala de descanso, onde alguns sentavam no chão e outros estavam atirados no sofá, o medo pairou e todos se arrumaram rapidamente e sentaram com postura ereta, joelhos retos e cabeça erguida. Todos sabiam o que viria pela frente. Sakura começou a sentir o desespero tomar conta de si e se segurava para não roer as unhas, Shikamaru havia se sentado também, embora fechasse os olhos de sono, Sasuke e Neji tinham a face visivelmente inexpressiva e com o olhar a frente, Kiba que era um dos culpados sentia o coração sair pela boca, mesmo não se arrependendo do que fizera, Tenten e Ino não se importavam muito, mas se mantinham concentradas – só que a segunda de vez em quando checava suas unhas.

Hinata era a única que estava em pé. Ela também era culpada. Talvez, mais culpada que qualquer um. Mas estava lá de prontidão para resolver o equívoco. Sabia que alguma hora ia ter que falar, já que estava lá desde o início da confusão.

Sua respiração era irregular e suas mãos começavam a suar. Seu coração deu um salto ao ouvir Naruto chegando tranquilamente e se sentando no sofá. Ele dera rapidamente uma olhada em sua direção, mas logo desviara.

Tsunade pigarreou e logo começou a falar com um tom sério:

––– Bem, hoje eu tive que sair para resolver alguns problemas, no momento em que estive ausente, parece que aconteceu um mal entendido que incomodou meus hóspedes... ––– ela parou de falar para analisa-los, assim que ninguém se opôs, continuou ––– e me disseram que foram vocês.

Todos se entreolhavam discretamente. A loira sorriu balançando a cabeça negativamente.

––– Quais são os envolvidos na briga? ––– após a pergunta, Naruto, Kiba e Hinata se levantaram, exceto a última que já estava em pé ––– Sigam-me, por favor.

Todos, menos Hinata, Naruto e Kiba, continuaram sentados na sala apreensivos. Os três seguiam em direção a uma porta do lado do balcão de recepção, Kiba ajudava a Hyuuga a passar pelo caminho e não esbarrar em nada. Tsunade os chamou para entrar e eles entraram hesitantes. O pessoal da sala começou a discutir:

––– O que será que ela vai fazer? ––– Ino perguntava olhando diretamente para Sakura.

––– Vai nos expulsar daqui? ––– Tenten perguntava pensativa.

––– Claro que não, Sakura, você sabe? ––– Sasuke perguntou tranquilo.

A rosada estava visivelmente em pânico:

––– Eu não sei! Por que perguntam para mim?! ––– a rosada perguntou histérica.

No mesmo instante todos se encararam.

––– Deve ser porque ela é sua avó... ––– Neji cantarolou olhando par aos lados como se a fala não fosse para a rosada.

Sakura o fuzilou com o olhar. Logo respirou fundo e contou até dez.

––– Desculpem, é que eu estou realmente preocupada... Ela é muito imprevisível ––– a rosada mais calma, cerrava os olhos imaginando qual seria a punição.

~*~

––– Sentem-se ––– a loira indicou duas cadeiras de bambu com estofado de flores em frente a mesa de madeira.

O ambiente era pequena, porém recebia muita luz solar e era decorado com cores claras aumentando a noção de espaço. As paredes eram de um tom azul ciano; o piso inteiro era de azulejo liso de cor bege, o que deixava o ambiente mais “cafona”; a decoração, assim como na sala era feita de conchas e quadros de praias.

A loira se sentou confortavelmente na sua cadeira, Kiba carrancudo sentou antes que o loiro o fizesse, logo puxou Hinata delicadamente para sentar ao seu lado. A Hyuuga não queria se sentar, mas como Kiba havia a puxado não teve alternativa.

Naruto ficou em pé rindo baixo da atitude do Inuzuka.

––– Rindo do que Sr. ...? ––– Tsunade perguntava com uma sobrancelha arqueada.

––– Ah, Uzumaki, meu nome é Naruto Uzumaki ––– ele falou parando de rir.

––– Ótimo, rindo do que Sr. Uzumaki? ––– perguntou com a mesma expressão.

––– Não, nada de importante ––– ele falou com um tom de brincadeira.

Kiba continuou olhando diretamente para Tsunade sem se quer virar para trás. Ele batia o pé rapidamente no chão de nervosismo. Ainda segurava a mão de Hinata e apertava cada vez mais. A azulada estava sentindo a dor de Kiba segurar sua mão tão forte, porém a apertou mais para o tranquilizar.

O loiro viu aquilo cerrou os olhos, começando a sentir raiva.

––– Então, podem me falar o que aconteceu desde o início? Qual foi o motivo? ––– ela perguntava com a face séria.

––– Bem,... ––– Naruto ia começar a falar, quando foi interrompido por Kiba:

––– Eu estava descendo para tomar café quando eu vi esse idiota com a Hime! ––– Kiba falou se virando para Naruto, seu tom estava começando a ficar alterado.

A loira teve vontade rir, mas segurou a risada. O Uzumaki o encarou com os ombros relaxados e uma expressão de deboche, o moreno sentiu a raiva controlar seu corpo.

––– Sim, o idiota no caso seria o Sr. Uzumaki e a Hime seria a Srta. ...? ––– Tsunade fazia a pergunta primeiramente olhando e apontando para Naruto e depois para Hinata que estava quieta e com a cabeça inclinada para baixo.

––– Hyuuga, o nome dela é Hinata Hyuuga ––– Kiba respondeu pela azulada rapidamente, como se o loiro talvez também quisesse responder.

Ao ouvir seu nome, a azulada ergueu a cabeça assustada.

––– Mas, o que realmente aconteceu? Qual o problema do Sr. Uzumaki com a Srta. Hyuuga? ––– Tsunade perguntou com a testa franzida em direção do moreno.

––– É só ciúmes bobo, esse paspalho aí tem problema mental... ––– Naruto respondeu rindo do Inuzuka.

No mesmo instante Kiba soltou a mão de Hinata que protestou, mas o mesmo não escutou. Ele se levantou bruscamente da cadeira e seguiu em direção do loiro o encurralando na parede, prendendo seu pescoço com o antebraço. O loiro continuou com a cara risonha, ele sabia que dessa forma conseguia irritar mais o Kiba do que batendo nele. Hinata ao ouvir o barulho, também se levantou, Tsunade saiu da cadeira e separou os dois:

––– Dentro da minha pousada não são admitida brigas! Agora vocês vão sentar e me contar direito essa história com educação que tenho certeza que vocês receberam! ––– A loira falou nervosa e irada.

Os dois se encaram sérios e Hinata expirou, todos se sentaram novamente, exceto Naruto que continuava de pé.

~*~

––– Nosso primeiro dia e já arranjamos briga... ––– Ino reclamou enquanto se preparava para dormir.

––– Nós não, né? Esses garotos bestas que não conseguem ficar uma hora sem arranjar intriga! Agora estamos devendo um favor para a Tsunade ––– Tenten reclamou chutando o colchão para ele ficar reto, a ponta levantada graças à cama estava lhe incomodando.

O colchão ao invés de se esticar e ficar sem partes levantadas, a outra extremidade dele que havia se encaixado entre o armário e a cama se ergueu mais do que a parte anterior estava. A morena que já não estava mais de coques e vestia um pijama largo de ursinho berrou de raiva.

––– Tenten, desiste, isso não é coisa de Deus não ––– Sakura falou se deitando no outro colchão, tentando ignorar as curvas que se formavam pela espuma.

––– Gente, eu durmo aí embaixo ––– Hinata falou pela milésima vez.

Ela estava sentada na cama ao lado de Ino, que já estava deitada e abraçada com seu bichinho de pelúcia que era um porco rosa.

––– Não se preocupe não Hina, durma aí e aproveite que hoje é o seu dia, esqueceu que iremos revezar? ––– a Hyuuga assentiu, ela se deitou e fechou os olhos revendo os acontecimentos anteriores na sua mente.

Depois da conversa deles no escritório, Tsunade falou que não os puniria, mas eles ficariam devendo um favor para ela e se brigassem novamente, teriam que procurar outro lugar para passar as férias. Ninguém teve vontade de jantar, não só por causa do nervosismo, mas sim também porque tinham comido sanduíche nas barraquinhas da praia. Ela ficou se perguntando, aquela viagem realmente daria certo? Com Kiba e Naruto brigados e não podendo ficar no mesmo ambiente? Ela também se perguntava sobre o loiro, o que ela realmente sentia por ele? Por que ficava tão nervosa só de ouvir o seu nome?

~*~

––– Ainda bem que o Naruto mudou de quarto ––– Shikamaru falava se deitando na cama, no seu lugar cativo que era no canto para a janela.

Todos assentiram quietos, Kiba sorriu e agradeceu mentalmente pelo loiro ter tido essa ideia. Ele não responderia por si se em uma bela madrugada acordasse o visse dormindo tranquilamente e de repente lhe desse a vontade de enforcar alguém. Pelo menos Naruto não faria diferença no mundo.

––– Eu não me sentiria bem dormindo no mesmo lugar daquele germe ––– Neji falou com cara de nojo enquanto lutava com o colchão para ele se encaixar entre os móveis.

Ele chutou a parte levantada que ficava do lado da cama, o que não for uma ideia muito boa, já que a outra parte que ficava entre o armário e cama que se levantara mais do que a que estava levantada. Ele resmungou.

––– Também, mas é que aí só dois tem que dormir na cama ––– Shikamaru falou se espreguiçando.

Sasuke riu, mas não foi de Shikamaru, era engraçado o fato de que o cheiro de cerejeira havia ficado impregnado no seu nariz. Talvez fosse psicológico. Mas ele preferia achar que era de verdade, porque aquele perfume era realmente muito bom.

Sasuke se deitou no colchão e fechou os olhos, a última imagem lhe viera na cabeça foi de uma certa garota de cabelos róseos.

––– SHIKAMARU! Você está me empurrando! ––– Kiba reclamou já deitado.

––– Cala a boca! ––– todos responderam em uníssono com a voz contida para o Inuzuka.

Ele indignado bufou e se virou para o outro lado.

~*~

Big Girls Cry

A Hyuuga se remexia pela centésima vez na cama. Não sabia que horas era ou quanto tempo já estava tentando dormir, mas não sentia sono nenhum. Algo a incomodava. Não devia ser mais que meia noite. Ou pelo menos achava. Ela suspirou e decidiu que precisava fazer alguma coisa. Levantou com cuidado da cama e observou mentalmente o quarto, concluiu que não tinha nada para fazer ali. Alcançou a sua bengala e caminhou cautelosamente até a porta. Não tinha como abrir o armário e procurar algumas roupas para se vestir, os colchões implicavam a porta do mesmo.

Não tinha vergonha de sair dali de pijama.

Só precisava respirar ar fresco, não estava indo ao shopping.

Ela suspirou e abriu a porta com cuidado, a fechou e se guiou com a bengala pelo corredor. Não sabia para onde ir, desceu as escadas, passou pela recepção cumprimentando Shizune e ao pisar para fora da construção e sentir o friozinho sorriu e percebeu que ficaria ali. Ela andou calmamente até a praia, como estava descalça sentiu os grãozinhos de areia pinicar seu pé, mas logo se acostumou e percebeu como se fosse um carinho.

Andou para frente e parou onde a areia começava a ficar úmida. Observava o céu quando ouviu uma voz:

––– Hinata? Que coincidência ––– era Naruto.

Ele sabia que não era, ele apenas estava no bar que ficava junto no restaurante, bebendo quando viu a Hyuuga sair da pousada e ir em direção da areia. Na mesma hora ele sorriu ao ver que não estava com ninguém e foi até ela, não sabia porque ela estava caminhando para lá, mas tinha que aproveitar a oportunidade.

Hinata se assustou, porém logo se tranquilizou.

––– N-Naruto, realmente é uma coincidência e tanto ––– ela falou gaguejando sem querer.

Ele sorriu. Já estava acostumado com a Hyuuga gaguejando. Ele observou o céu sem estrelas, com a luz única e somente da Lua. O clima estava um tanto frio, exatamente por isso usava um casaco, a observou e viu seu pijama de manga, devia estar com frio. O que ele poderia falar? O que poderia fazer? Ele já podia sentir o álcool mexer com sua consciência, olhou para o copo de Whisky que carregava nas mãos. Ou talvez fosse uma mera impressão.

Mas se sentia bem naquela noite. Se sentia limpo. Olhou novamente para a Hyuuga ao seu lado, ela não estava mais com óculos como sempre. Seus olhos eram de um tom perolado, a pupila não aparecia, não sabia se aquilo eram cicatrizes do acidente ou se era genética de família. Mas ficava bonito. Pelo menos ele achava.

Sua face ficava mais branca refletida pela luz da Lua, os cabelos mais negros e os lábios mais rosados. Ela estava olhando para frente como se buscasse algo no mar.

––– Bem, você já deve estar cansada de ficar em pé ––– ele falou refletindo, tirou seu casaco e o estendeu na areia.

Ele se lembrava de ter visto isso em algum lugar. Ah, era dos filmes antigos, onde os cavalheiros tiravam suas blusas de frio e colocavam em cima das poças de água para a dama passar. Ele estava fazendo quase isso. Rio. Ele? Um cavalheiro? Aquela bebida realmente não estava normal.

Hinata ouviu o barulho e ficou confusa no mesmo instante.

––– Eu coloquei meu casaco na areia, pode se sentar... ––– ele falou fazendo um gesto para o chão mesmo sabendo que ela não veria.

––– Não, você vai ficar com frio, não posso aceitar ––– A Hyuuga falou desconcertada.

––– Pode sim e vai... Não se preocupe comigo ––– ele falou observando seu rosto que em sua opinião parecia de um anjo. Olhou novamente para o Whisky.

Será que ele havia morrido de beber tanto e estava no céu? Não, mesmo se estivesse morto ele não estaria no céu.

O que ele estava pensando? Balançou a cabeça bruscamente e quando olhou a perolada, que já havia se sentado. Ele não estava bêbado. Apenas queria estar. Suspirou. Ela ficava muito mais bonita de noite, tinha que admitir isso.

Se sentou na areia já que não tinha mais espaço em cima do casaco. Sentiu os grãos mais grossos naquela parte e roçou a mão nele. O clima estava agradável e fresco, a noite não era tão escura e o barulho do mar violento era como melodia para o seus ouvidos, o vento forte era como o toque de uma flauta e a Hyuuga a inspiração para a música. Isso era estranho, pensou.

Ela estava apoiada nos joelho com os olhos fechados aproveitando o silêncio.

––– Quer? ––– ele ofereceu o Whisky para a Hyuuga.

Ela já havia sentido o cheiro de álcool antes. Nunca bebera e não queria experimentar álcool naquela noite.

––– Não quero, obrigada ––– falou gentilmente.

A voz dela era tão doce que poderia ficar ouvindo-a sua vida inteira.

––– Mas aí o piquenique não tem graça ––– ele falou dando um pequeno gole na bebida, sentindo sua garganta queimar enquanto líquido descia.

––– Piquenique? ––– a Hyuuga perguntou rindo.

Sua risada era tão singela que queria sonhar com ela. Ficou pensativo e logo respondeu:

––– É, isso é um piquenique... A toalha é o casaco e como não temos comida, o Whisky é o nosso aperitivo, não diga que essa noite não é uma ótima noite para um piquenique? ––– ele falava tranquilo.

Hinata refletiu. Realmente, aquilo parecia uma boa versão de piquenique. Ele a observou enquanto ela pensava, a mão no queixo e a expressão de dúvida a fazia ficar mais bonita ainda. Realmente não estava bêbado? Talvez ela fosse a sua bebida e ela o tivesse embebedado. Tentou desfocar o olhar dela, mas não conseguiu.

––– Você é cega, né? ––– perguntou por impulso, o que era óbvio.

––– Sou.

Embora a conversa estivesse um tanto estranha e óbvia, o clima fresco fazia com que tudo se normalizasse e parecesse apenas conversar banais.

––– Existem cirurgias para voltar a enxergar... Por que nunca fez uma?

A perolada ficou um tanto surpresa com a pergunta. Deixou alguns segundos passar até tentar obter a resposta correta. Ela sabia que poderia voltar a enxergar se quisesse, mas não pretendia tão cedo fazer isso. O loiro a observava curioso, ao ver que Hinata havia se calado, fez mais perguntas:

––– Você tem medo da cirurgia? Se for isso, os riscos são quase...

Ela o interrompeu rapidamente:

––– Não é isso.

O vento soou fazendo um zumbido suave. Naruto olhou para frente e franziu a testa.

––– A questão é que... Não me importo.

Ele virou bruscamente para ela:

––– Como assim?! Você pode ter se acostumado a não enxergar, mas o que custa voltar a ter a visão?

O loiro estava totalmente confuso. Como uma pessoa que ficou cega, sabe que pode voltar a enxergar e não quer? Não se importa? Ele levantou quase tropeçando para ficar de frente para a Hyuuga. Sentou e amparou a mão na areia. Ela refletia o que contaria para ele, a verdade é que nem ela sabia direito o porque de não querer voltar a enxergar. Desde o acidente não teve tempo para chorar por ter ficado cega, a partir da volta do hospital para casa se ocupou em se adaptar a um mundo que pela sua visão era totalmente negro.

De repente memórias lhe voltaram à mente. Sua mãe. O carro do seu pai. As brigas. O acidente. Sentiu seus olhos lacrimejarem e agarrou com forças a areia até machucarem sua mão.

––– É difícil... Você não vai entender...

––– Não custa tentar.

Ela abraçou suas pernas com as mãos e pousou a cabeça em cima. Naruto a observava tranquilamente, enquanto Hinata sentia lágrimas salgadas percorrerem sua face.

––– De algum modo, eu sou mais feliz cega do que quando podia enxergar... ––– ele apenas a fitava sem interromper sua fala ––– eu já vi muitas coisas... Coisas que me fariam agradecer se não pudesse ter visto.

Naruto se chocou com a resposta. Percebeu pelo tom da perolada que aquilo já era a última coisa que falaria sobre sua visão. Olhou para o céu tentando entender o que ela havia dito. “Ela tinha se decepcionado com alguma coisa? Algo que a faria não querer enxergar mais?”. Hinata secou suas lágrimas e levantou a cabeça.

––– Já que você fez uma pergunta, posso fazer outra? ––– perguntou assustando o loiro que estava distraído.

––– Ah? Oi? ––– perguntou olhando para os lados até parar na Hyuuga que estava dando risadas do susto do loiro.

––– Desculpa ––– falava com a voz risonha.

––– Não foi nada não ––– ele falava envergonhado coçando a nuca.

Depois de alguns segundo ela recomeçou:

––– Como você é?

––– Como assim?

––– Sua aparência, como ela é? ––– a morena repetiu curiosa, já esquecida da última conversa delicada deles.

Ele ficou com os olhos arregalados. “Como ela não sabe minha aparência? Ah é, ela é cega”, de alguma forma ele nunca pensou que ela não estava o vendo, mesmo que soubesse que não podia enxergar. Difícil de explicar, pensou ele. Pigarreou e deixou a coluna reta, ficando com a postura ereta.

––– Eu sou loiro de olhos azuis, basicamente.

––– Sério? Duvido... Só quer se engrandecer para mim ––– ela falou duvidando e rindo.

––– É sério! –––ele falou começando a rir também, o que não passava uma certeza se estava falando a verdade ou não.

Ela ergueu hesitante a mão até a sua testa, o loiro estreitou os olhos ao ver aquilo.

––– Posso? ––– perguntou começando a passar sua mão no cabelo do loiro.

Deslizava a palma entre os fios bagunçados de Naruto. Após desceu para a face e ele fechou os olhos para sentir o toque tão suave da Hyuuga. Após analisar seu rosto, pousou a mão delicadamente na areia. Naruto tomou mais um gole da bebida e se levantou, jogou o copo no chão e fez uma careta. Já estava ficando tonto.

––– Vamos, suas amigas podem perceber sua demora.

––– Ah, claro.

Ela se levantou calmamente e entregou o casaco para o loiro. Assim ambos começaram a caminhar até a pousada, nenhum pronunciava nada, apenas aproveitavam o silêncio da noite fria e serena.


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Notas finais do capítulo

Ownnnnt!! :3
O que acharam? Na verdade, esse cap já estava praticamente escrito antes do sumiço, porém eu tive que acrescentar algumas coisas e tal, para ficar bem completinho :DDD
Deixem um review bem fofo, como a cena NaruHina *----*
Hasta la vista, baby