Supermãe escrita por Thaywan


Capítulo 6
O Telefonema


Notas iniciais do capítulo

Antepenúltimo capítulo, espero que gostem e tenham uma boa leitura.



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Me ligaram da creche do Kalvin. Amy não havia passado por lá para buscá-lo. Me deixou aflita. Será que havia acontecido alguma coisa?! Peguei a minha bolsa e saí de casa, trancando a porta. Não estava com cabeça para dirigir até o local,então fui correndo mesmo. A cada passo que eu dava,pensava no que podia ter acontecido com ela. E na melhor das hipóteses,ela ainda estaria viva.

Ao chegar na creche, vi o meu filho correndo assustado e contente ao mesmo tempo para os meus braços. O peguei e o abracei fortemente. Consegui sentir seu coraçãozinho batendo rápido. Ele estava com tanto medo. Me senti sendo a protetora dele. Na verdade, eu devia tê-lo protegido sempre.

–Está tudo bem agora.

–Achei que a senhora havia esquecido de mim. - Disse, me abraçando forte, com olhos cheios de lágrimas. - Achei que estava sozinho.

–Não, não,não. -Proferi.- Lembre-se de uma coisa. Eu nunca irei deixá-lo sozinho. Eu sempre estarei com você, dentro do seu coração. E mesmo que você não sinta isso, tenha a certeza de que acima de nós há alguém maior, que está ao nosso lado.

A professora deu alguns minutos para nós dois. Um pouco depois, ela caminhou até a mim. Notei que a mesma queria me cumprimentar, mas minhas mãos estavam ocupadas de mais com o Kalvin,ela então, recuou.

–Aconteceu alguma coisa com a Amy?! - Perguntou

–Eu não sei. Mas eu espero que não. -Foi a minha resposta. Eu estava aflita e muito nervosa e ela percebeu isso.

–Não quer entrar e tomar um chá ou uma água...?!

–Não. -Interrompi. - Obrigada, mas minha filha está desaparecida e eu não vou parar até encontrá-la. Obrigada mais uma vez por me ligar.

Não consegui me despedir direito. Apenas peguei meu filho e corri de volta para a minha casa, saber se tinha alguma notícia. A esta hora, o bairro inteiro já devia saber. A culpa era minha. Se Amy estava sumida, a culpa era toda minha. Eu não devia ter sido tão dura com ela. Ela é uma adolescente e eu só... A pior mãe do mundo.

Cheguei em frente à minha residência e coloquei Kalvin no chão. A droga da porta não queria abrir. Batia com toda a força, mas não abrir. Kalvin, mais esperto que eu,segurou minha mão para que eu parasse de fazer força e deixei que ele mesmo abrisse a porta com a chave. Assim que entramos, corri para o telefone. Iria ligar para a minha irmã,ela devia saber de alguma coisa... Mas o telefone tocou.De repente. Não hesitei em atende-lo, Se fosse alguma notícia da minha filha, qualquer uma, eu precisava saber. Eu precisava me acalmar.

Atendi de imediato.

–A-Alô... -Gaguejei. Minha voz quase não saía.

–Dona Wanda Víllar?! - Era uma voz grossa. Sem dúvidas era de um homem.

–Sim. Quem está falando?!

–Isso não importa agora. Só quero que saiba que eu estou com a sua filha.

–Minha filha?! Amy?! Ela está bem?!

–Descubra você mesma.

A voz dele sumiu e eu escutei um barulho estranho. Parecia barulhos de engrenagens.

–Wanda...?!

–A-A... -Minha voz falhou.Era a minha filha, era a Amy. Ela ainda estava viva. Foi tão bom ouvir a voz dela. Meus olhos encheram-se de lágrimas, que eu não consegui conter. - Você está bem, minha filha?! - Perguntei entre soluços. Entretanto,não consegui ouvir sua resposta.

–É o seguinte - Era o mesmo rapaz. - quero resgate. 5000, na minha mão, em meia hora, ou a sua filhinha sai dessa para melhor.

–Eu não tenho esse dinheiro.

–Nesse caso, diga adeus à sua filha.

–Não encoste um dedo nela. - Gritei. - Está bem, eu dou o dinheiro. Onde eu te encontro?!

–Quero fazer uma brincadeirinha. Me encontre. E é melhor ser rápida.Ah, e sem polícia.

O desgraçado terminou a ligação. Com a raiva que eu estava naquele momento, joguei o telefone com toda a força contra o chão. Kalvin aproximou-se de mim, lentamente.

–Mamãe... Encontraram a Amy?!

Respirei fundo.Não poderia me exaltar.Sabia que minha filha estava bem, mas aquela podia ser a última vez que ouvi sua voz. Eu não tinha o dinheiro pedido, mas tinha um plano. Um plano que poderia tirar a vida da minha filha ou a minha. Eu preferia que fosse a minha. Teria que arriscar. Era a minha única alternativa. Peguei rapidamente o telefone do chão e tentei ligar para a minha irmã, mas aquela porcaria havia quebrado. Corri até a minha bolsa e peguei o celular.Disquei errado algumas vezes, com o nervosismo. Quando acertei o número, estava sem créditos. Vai a cobrar mesmo, eu sabia que ela tinha. Finalmente, consegui entrar em contato com ela.

–Sandra?! Preciso que cuide do Kalvin para mim. Tenho que resolver um problema.

Minha irmã sabia quando eu estava passando por um momento difícil e, embora tentasse disfarçar minha voz, não era o bastante para que ela não percebesse.Mas consegui contornar a situação e convencê-la à ficar com meu filho.

–Está acontecendo alguma coisa?! Por que a Amy não chegou ainda?! Por que a senhora ligou para a Tia Sandra?!

Eram muitas perguntas para o pouco tempo que eu tinha. Por sorte, minha irmã morava na cidade ao lado, então não demorou muito para vir buscá-lo de carro. Foi só o tempo de arrumar suas coisas em uma bolsa.

–Wanda, o que está havendo?! - Perguntou.

–Não posso dizer agora. Tenho que ir rápido.

Dei um beijo na testa do meu filho e vi o carro partir, com o rosto do pequeno, colado na janela. Agora, eu precisava saber onde aquele monstro estava com a minha filha. Pelo barulho das engrenagens, só devia ser da fábrica abandonada. Era para lá que eu iria. Corri até a lixeira e retirei a minha roupa de Supermãe de lá. Estava toda suja.Mas se esta era a última vez que eu iria vesti-la, que assim fosse.


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