Agridoce escrita por Siaht


Capítulo 1
Agridoce


Notas iniciais do capítulo

Oie, pessoas lindas!;D
Eu simplesmente precisava escrever isso!
Espero que gostem!



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02 de maio sempre foi um dia paradoxal para a comunidade bruxa. Ao mesmo tempo em que a dor e tristeza por todas as perdas se fazia presente, a felicidade pela paz e o fim das trevas era latente. Entre os Weasleys e Potters o dia era sempre mais confuso. A guerra havia acabado e tudo pelo que tanto lutaram finalmente fora conseguido, mas ignorar as perdas era praticamente impossível. Fred havia partido, junto com tantos outros amigos, e a ausência daquele filho, irmão e cunhado tão amado era dolorosamente sentida.

Tudo se tornou ainda mais complicado quando, dois anos após a batalha de Hogwarts, a primogênita de Bill e Fleur veio ao mundo. Era uma garotinha loira, sardenta e adorável, que trouxe vida e alegria a um dia tão sofrido. Seus pais a chamaram de Victoire, vitória em francês, em homenagem a data e a tudo o que conquistaram. Ainda assim, nem mesmo aquela criança, e todas as que estavam por vir, seria capaz de apagar o passado e as fortes memórias que 02 de maio sempre despertariam.

Victoire ainda era pequena quando percebeu que seu aniversário não era igual ao das outras crianças. A festa sempre acontecia mais tarde, após a homenagem anual ao fim da guerra e suas vítimas, e as pessoas não pareciam nenhum pouco felizes. Seu tio Jorge quase nunca aparecia e uma vez ela viu o pai chorar, o que era estranho, já que o pai nunca chorava. De toda forma, como criança inocente que a garotinha era, não perdia muito tempo pensando naquilo e bastava avistar seu melhor amigo, Teddy Lupin, para se esquecer rapidamente de tudo ao seu redor.

O problema é que a inocência das crianças não dura muito e um dia Victoire e Teddy descobriram o que aquele dia realmente significava para os bruxos. Para o garoto aquilo foi mais sofrido, afinal aquele fora o dia em que seus pais morreram e era impossível se manter indiferente. Mas para Vic também não foi simples. Ela tinha um tio que nunca conheceria, pois morrera na guerra, alguém que fizera parte da sua família e que se sacrificara, como tantas outras bruxos.

Isso a fez entender, porque as pessoas pareciam tão tristes e perceber que não havia motivos para comemorar. Todos haviam perdido muito e aquela data servia apenas para lhes lembrar de toda a dor que sentiam. Passou, então, a odiar seu aniversário e as festas que a mãe insistia em fazer, nas quais os membros de sua família apareciam pela simples obrigação.

Odiava ainda mais quando via a tristeza nos olhos de Teddy. De todas as pessoas do mundo, o garoto era a que ela mais odiava ver sofrer, de alguma forma, aquilo a destruía por dentro e, aos 12 anos, Victoire Weasley decidiu que nunca mais iria comemorar a data. Os pais até insistiram para que a menina mudasse de ideia, ou comemorasse em outro dia, mas não havia discussão. Seu aniversário era um dia de tragédias, luto e sofrimento. E foi assim pelos próximos três anos.

(...)

Era seu aniversário de 15 anos, a menina estava sentada na varanda da Toca, lendo um livro que ganhara da sua tia Hermione. Como sempre, o dia tinha uma áurea deprimente e silenciosa. Os eventos de homenagem à guerra haviam chegado ao fim e sua família se encontrava espalhada pela casa, mas dessa vez não se ouvia nenhum barulho. Nem parecia que os Weasleys estavam reunidos. A garota, por sua vez, estava concentrada nas páginas do livro, quando seu tio Jorge se aproximou e se sentou ao seu lado.

— Sem festa de novo? — ele perguntou, atraindo a atenção da sobrinha.

Ela deu de ombros, fechando o livro.

— Não gosto de aniversários.

O tio suspirou.

— Eu também não. Pelo menos, não mais. — comentou tristemente. Desde a morte de Fred, seu aniversário se tornara um dos dias mais dolorosos do ano, mas Victoire era jovem demais para partilhar sua dor. — Tem certeza?

A garota desviou os olhos, fazendo o tio sorrir. A menina nunca soubera mentir.

— Hoje não é um dia para comemorações. — disse, encarando as unhas pintadas de rosa.

— Na verdade, é. — o homem discordou. A loira o encarou confusa e ele continuou. — Não estou dizendo que não é um dia triste, mas não é apenas um dia triste.

— Mas o tio Fred, os pais do Teddy e... — ela começou, mas o ruivo a interrompeu.

— Eles lutaram por um mundo melhor. Por uma sociedade justa, na qual todos fossem tratados como iguais. Por um mundo sem trevas e para que nossos filhos viessem em paz. E eles conseguiram. Nós conseguimos. E apesar de termos vários motivos para chorar, sofrer e sentir saudades, também temos muitas razões para comemorar. E o seu nascimento é uma delas, Vic.

A menina sorriu levemente. Evidenciando as sardas abaixo dos olhos, podia ter herdado todos os genes dos Delacour, mas as sardas não deixavam dúvida de que era uma Weasley.

— Você não está triste?

— É claro que estou. Todos nós estamos, mas também estamos felizes, por tudo o que temos hoje, por tudo o que construímos. Sempre teremos saudades dos que partiram e, Merlin sabe, que Fred sempre será uma parte de mim, mas também nos alegramos por cada novo Weasley em nossa família. Nos alegramos pela nossa vitória sobre as forças das trevas e ainda mais pela nossa doce e linda Victoire.

A garota sentiu o rosto esquentar.

— Nem sempre é sobre tristeza ou felicidade, doce ou amargo. A vida é agridoce, Vic. Esse dia também.

Victoire pesou as palavras do tio e elas faziam todo sentido.

— Eu sinto muito por tudo o que vocês perderam na guerra, especialmente você. — a menina disse com sinceridade. Não tinha um irmão gêmeo, mas tinha Dominique e Louis e, por mais que brigassem e se implicassem o tempo todo, não podia nem imaginar viver sem um deles.

— Eu sei. — Jorge disse com pesar. — Mas nós já choramos demais por um dia. Anda. — ele disse se levantando. — Sua mãe e avó fizeram um bolo e nós vamos comemorar seu aniversário, a senhorita querendo ou não.

A loira quis reclamar, mas o tio não deixou.

— Nem adianta protestar. Teddy fez seus irmãos e primos passarem horas enchendo balões e se encarregou de garantir que eles não roubassem nenhuma dos doces que suas tias estão preparando.

— Teddy? — ela perguntou com os olhos brilhando.

— De quem você acha que foi a ideia dessa festa? — Jorge questionou, fazendo o sorriso da sobrinha se alargar ainda mais. — Você não quer deixar seu namorado esperando, não é mesmo?

O comentário fez Victoire ficar da cor de um tomate e Jorge sorriu, a menina era mesmo uma Weasley.

— Ele não é meu namorado. Nós somos apenas amigos. — ela disse, desconcertada.

— Claro! Amigos que se beijam ocasionalmente. — o homem comentou debochado e não conseguiu segurar a risada ao ver a expressão de pânico no rosto da sobrinha. — Não se preocupe, eu não vou contar ao seu pai. — disse piscando para a garota.

Os dois soltaram uma risada cúmplice, enquanto entravam na Toca e Victoire finalmente entendeu que 02 de maio podia ser muito mais do que um dia de tristeza, dor e luto.


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Notas finais do capítulo

Bom, não saiu exatamente como eu tinha imaginado, mas espero que tenham gostado!
Sempre quis escrever algo sobre o aniversário da Victoire e achei que envolver o Jorge tornaria tudo mais significativo. Além disso, gosto de imaginar que os anos e a dor de perder o irmão trouxeram uma certa sabedoria ao Weasley.
Beijinhos...
Thas