Pensão da tia Odete. escrita por Costa


Capítulo 45
Epílogo


Notas iniciais do capítulo

Fala gente. Com certa tristeza, esse é o final. Espero que gostem.



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Hoje minha pequena criaturinha faz cinco anos. Cinco anos já. Parece que foi ontem que ela nasceu e quase me matou de susto, terminou com minha lua de mel e me fez o cara mais feliz desse mundo. Ela está grandinha já. Puxou o jeito teimoso da Lívia e a minha teimosia. É doce, meiga e paranoica. Péssima combinação. Puxou meus defeitos. Assim como a mãe, quando cisma algo, não tenho como negar. Ela consegue convencer qualquer um com aqueles olhinhos castanhos. Odeio ter que admitir, mas ela será a perdição de muitos garotos, quando crescer. Eu sei que sofrerão em suas mãos (e nas minhas, não posso negar. Serei um sogro carrasco.).

Nesse período, bastantes coisas mudaram. Eu vendi o bar. Aquela vida de sair de noite e chegar só ao amanhecer não era mais pra mim. Isso me cansava demais. Antes, quando era sozinho, não me importava, mas agora tenho uma família para cuidar e desfrutar. Vendi o bar, mas não mudei de rumo. Agora tenho uma pequena lanchonete que também serve almoço. Minha mãe me ajudou a bancar essa aventura. Ela vendeu a lojinha dela na Bahia e se mudou de vez para a pensão. Não quer perder o crescimento dos netos. Até a chamei para vir morar conosco, mas ela quer a liberdade dela. Entendo. O Jonas também me ajudou muito financeiramente nessa empreitada, tanto que o chamei para ser meu sócio. Ele também está muito bem, vai casar na semana que vem com a Cristina, uma cliente assídua da lanchonete. A história dos dois é engraçada. Ela passava todo dia para almoçar, mas só queria ser atendida por ele. Depois de um ano nessa brincadeira, eles assumiram. Fico feliz que ele superou a Roseni.

Roseni, essa é outra que também está bem. Ela se mudou da pensão com a Fátima. Alugaram uma casa e moram juntas. Ainda mantemos contato. Ela, por ser madrinha da Mila, sempre aparece por aqui.

A Tia Odete e o seu Rodolfo completaram, mês passado, 45 anos de casados. A festa foi grande e nós cedemos o espaço do nosso terreno para a festa. Eles têm uma filharada de dar inveja. Já são até bisavós. Se não me engano, eles estão com 11 filhos, 29 netos e 2 bisnetos. Muita coisa!

Minha sogra e o barbudinho do meu cunhado continuam morando em Petrópolis, mas sempre os vamos visitar e eles a nós. Nunca achei que fosse gostar dos parentes da minha mulher.

O Camilo e o Jorge não mudaram. Eles continuam a mesma coisa, ainda vivem na pensão, se amam e tem o Ricky Martin como filho.

Já o Djair não posso dizer o mesmo. Ele está surtando esses últimos dias. A Flávia engravidou. Ele não queria mais filhos, já tem 3, mas ela acabou fazendo uma jogada aí e pegou barriga. Ele nega, mas sei que está babando por dentro. Ela vai ter uma menininha e chamou a mim e a Criatura para apadrinharmos.

–Pai? –A minha pequena criaturinha chegou correndo e se agarrou nas minhas pernas.

–Que foi, criaturinha? –Perguntei enquanto a pegava no colo e ia para o sofá na sala.

–É hoje o meu aniversário, não é?

–É hoje sim, mas o que faz acordada tão cedo? Devia dormir um pouco mais para aguentar ficar acordada.

–Eu acordei.

–Está ansiosa e não consegue esperar, é isso?

–É.

–Eu iria começar a preparar os enfeites. Sua mãe está na pensão da tia Odete preparando as comidas. Quer me ajudar?

–Quero!

–Então vem cá.

A peguei no colo e fui para a cozinha. Entreguei um dois pães velhos e pedi para ela dar um para a Sofia e outro para a Charlote. Com essa confusão da festa, esqueci de dar o pãozinho diário delas. Essas duas cachorras são uns amores, mas cresceram demais. Achei que fossem ficar com um porte médio, mas me enganei. Elas são maiores que um pastor alemão. O Bom é que adoram crianças.

–Pronto, pai! –Ela voltou, toda orgulhosa.

–Que acha se formos até sua mãe? Seu dindo vai adorar ser um dos primeiros a te dar parabéns.

–Oba!

A coloquei sobre meus ombros e a levei para a pensão. A pensão ficava pertinho e ela até sabia ir sozinha, mas não arriscava. Ela ainda é bem pequena pra isso. Eu morro se acontecer algo com minha família. Também tenho medo da Besta. Há uns dois anos eu estava passando por essas ruas com a Lívia e a Mila e o vi. Ele parecia bastante abatido. Nos olhou e não falou nada. Pode ser apenas um devaneio meu, mas acho que vi dor nele, acho que, ao me ver realizado e com minha família, ele finalmente entendeu o que perdeu e que poderia ser ele no meu lugar. Só espero que ele tenha tomado juízo e que seja feliz.

Chegamos lá e ela foi correndo procurar pelo tio Camilo para ser paparicada. Ela adora aquele louco. Eu fui para o único lugar que saberia encontrar minha mulher: na cozinha.

–Oi, Família! –Cumprimentei minha mãe, minha sogra e dona Odete com um aceno, para minha mulher dei um beijo rápido.

–A Mila acordou? –A Lívia perguntou.

–Acordou. Já está lá enchendo o saco do Camilo.

–Coitado. Dois ele não vai aguentar.

–O Roger também está com ele?

–E então não? Não conhece os seus filhos?!

Pior que eu conhecia. A Mila ensinou o irmão a gostar do Camilo. Roger, outra benção que a Lívia me deu há 3 anos. Não queríamos mais filhos além da Mila, mas, numa noite de bebedeira e discussão terminamos na cama. O resultado foi um garotinho levado e chantagista. Ele tem apenas dois anos, mas sabe bem como nos manipular. Se parece, fisicamente, com o barbudinho. Puxou mais ao tio, mas tem os meus olho num tom castanho esverdeado. É o meu pequeno Batboy, como disse o Djair. O bom é que, ao contrário da irmã, ele tem um temperamento mais maleável. Um amor de criança, basta falar uma vez, um olhar e ele já entende o que queremos.

–Não, você já está gordo demais! –A Lívia bateu na minha mão e me impediu de roubar um brigadeiro.

–Só um.

–Não, senhor. Suma da cozinha. –Ela me jogou pra fora de lá.

Tá, eu havia engordado um pouco, uns 10 quilos, e ganhado uma barriga um pouco arredondada, mas ainda tinha cabelo, um pouco mais grisalhos que há 5 anos atrás, mas os tinha. Fico feliz que as previsões do Djair não se concretizaram por completo. Prefiro ser barrigudo a careca.

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Chegou a hora da festa. Minha casa estava toda enfeitada com balõezinhos e enfeites das princesas da Disney. Minha pequena adora esses desenhos e decidiu isso como tema da festa. Não era de todo mal, é mais estético de se ver do que aqueles desenhos feios de agora, principalmente aquela porquinha feia que esqueci o nome.

A casa estava cheia, o pessoal da pensão, minha sogra, mãe, Jonas, todo mundo conhecido e mais os amiguinhos de escola da Mila. Minha pequena Criaturinha era uma verdadeira anfitriã. Ela andava, vestida de princesa, por ideia do Camilo, de um lado para o outro, recebendo e cumprimentando a todos os convidados. Era engraçado de ver, onde ela ia, as cachorras iam atrás. Pareciam suas guardiãs. Também tinha o homem de rosa, Camilo. Ele não mudou e estava usando um terno rosa. Parecia o segurança afeminado da princesa.

–Toma seu filho, Rogério. O pobrezinho tá dormindo em pé. –Jorge veio com o Roger no colo e me entregou o pequeno.

–Que foi, filhão? –Perguntei para o garoto.

–Tô com sono.

–Acordou cedo, né?

Ele assentiu com a cabeça. Eu agradeci ao Jorge e fui colocar o pequeno no quarto. Com essa crescida inesperada da família, eu tive que puxar um segundo andar. Agora os quartos ficavam em cima. O coloquei no berço dele e aproveitei para olhar pela janela: Lá embaixo o quintal estava lindo, todo gramado, com dois pés de goiaba que cresciam fortes. Mais bonito que o jardim que demorei para cultivar era a minha família. Eram loucos, não nego, sei que ainda haveriam muitas brigas, mas sei que sempre poderei contar com eles. Mesmo que nos mudemos da pensão, seremos sempre sobrinhos de Odete.

Fim.


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam?
Espero que tenham curtido a história. Eu amei escrevê-la.
Agradeço por todos que acompanharam até aqui, especialmente para o Escritor Catarinense e a Sol l que, além de sempre comentarem, ainda recomendaram. Obrigada, gente.
Agradeço também aos fantasminhas que acompanharam, mas não comentaram. Fantasminhas, se assim desejarem, comentem esse último, por favor. Apenas para eu saber se gostaram ou não. Isso me ajuda muito a melhorar.
Muito obrigada a todos, de coração, que leram até aqui.
Espero esbarrar com vocês em outras fics.
Forte abraço e um Feliz Natal para todos!