Pensão da tia Odete. escrita por Costa


Capítulo 39
Capítulo 39


Notas iniciais do capítulo

Fala, Pessoal!
Gente, me desculpem pela demora. Essas duas semanas foram terríveis na minha vida: Seminários, provas, estágio, correção de provas... Acabou meu tempo livre. Ainda estou um pouco sem tempo, mas devo conseguir postar com mais frequência.
Esse capítulo dedico pro meu amigo, Escritor Catarinense, que recomendou. Valeu!
Sem mais, aqui vai e espero que gostem.



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E eis que vou me casar. Ainda não estou acreditando, minha ficha ainda não caiu. Acho que a da Lívia também não. Concordamos em fazer algo simples, só para os amigos e parentes mais próximos. Não podemos nos dar ao luxo de um festão agora. Para realizar o desejo da minha sogra, casaremos mês que vem, antes dela ter o bebê. Será primeiro no civil e depois na igrejinha na cidade dela. No civil ficou fácil marcar, o problema vai ser na igrejinha. É pequena, mas bonitinha. Só acho que esse padre é meio relaxado. Eu e ela já o estamos esperando há mais de meia hora e nada dele. Desse jeito desanima casar pela igreja.

–Esse padre tá demorando. –Comentei.

–Calma, amore. Ele deve ser um homem ocupado. Você viu o que nos informaram, ele já está pra chegar.

–Mas está demorando demais.

–Calma, estressadinho. Ele já deve estar vindo.

De fato, ele já estava vindo. Eu vi o padreco, bastante gorducho, entrar esbaforido e correndo. Ainda bem que tinha noção de que estava atrasado.

–Me desculpem, meus filhos. Acabei me atrasando um pouco. –Ele desculpou-se.

–Não há problema, padre. –A criatura disse.

–Vocês são quem querem casar?

–Sim, somos nós. –Falei.

–Só terei a igreja livre pra mês que vem. Se vocês concordarem.

–Mês que vem está perfeito, não é, Rogério.

–Sim, mês que vem está ótimo.

–Rogério? Você se chama Rogério? –Ele me perguntou.

–Sim, Rogério Barcellos e essa é minha noiva, Lívia Guerra de Medeiros.

Ele nos olhou de cima a baixo e parou o olhar na barriga dela. Que esse padreco tanto olha pra minha noiva?

–Quantos meses? –Ele perguntou.

–Vou fazer 6 na semana que vem.

–Bom...

Ele andou um pouco e me rodeou. Fez algo que eu não esperava, me deu um pescotapa.

–Tá maluco, padre?!

–Maluco tá tu. Cadê seus princípios? Onde foram parar teus ensinamentos? Como foi engravidar tua mulher antes do casamento, Garibaldo?

–Garibaldo?! Guenta aí! Ninguém sabe do meu apelido.

–Certeza que não? Não tá me conhecendo não?

–Não.

Ele começou a rir e eu fiquei mais confuso do que estava. Quem é esse padreco?

–Padre, não estou com humor pra isso, fala logo quem te contou sobre o meu apelido. Não foi você, foi, criatura?

–Eu fiquei ao teu lado o tempo todo e esse padre tá certo, não é honroso ter me engravidado. Tem mais, padre, ele fez isso quando eu ainda estava casada.

Isso, Lívia, me entregue mesmo, entregue os nossos podres. Ele me rodeou e me deu outro pescotapa. Padre maldito.

–Que vergonha, Garibaldo... A senhora também foi fraca, não devia ter se iludido com esse aí.

–Ô padre maldito, pode fazer o favor de me dizer quem tu é e como sabe o meu apelido. -Reclamei.

–Esqueceu mesmo hein. Vou te refrescar a memória: Lembra de quando você roubava os docinhos e salgadinhos da quermesse da igreja? O padre Manuel nunca soube.

–Você roubava de um padre? Tu não vai pro céu, Batman. –A criatura começou a rir de mim.

–Roberto? Tu só pode ser o Roberto. –Falei, finalmente descobri.

–Errou.

–Como errei? Só o Roberto conhecia o meu apelido.

–Trator te diz algo?

–Não acredito, Fernando Trator. Como tu engordou. Por isso não estava te reconhecendo. –Dei um abraço no meu amigo de infância.

–Agora eu ganho um abraço. Há dois minutos era padre maldito.

–E continua sendo. O sacerdócio te fez bem. Você era tão magrelo.

–Venci a desnutrição.

–E a velha turma, tem contato?

–Só com o Geraldo. O resto nunca mais vi.

–Eu ainda tenho contato com o Jonas, agora ele trabalha pra mim e...

–Pera lá, vocês se conhecem? –A Lívia nos interrompeu.

–Sim. Amore, esse aqui é o Fernando Trator. Estudamos juntos e fizemos o catecismo na mesma igreja.

–Trator?

–É apelido, mas não deixe sua mente pecaminosa pensar besteira. É Trator porque, quando eu jogava futebol, dava muita rasteira e não parava um em pé no campo. Me apelidaram disso porque eu “limpava” a área.

–Gente, isso é demais para minha cabeça. Mundo pequeno. –Ela falou, ainda surpresa.

–Esse aqui foi minha má influência na juventude. Ele me induzia a roubar os quitutes junto com ele, mas sempre foi um bom amigo. –O padre zombou de mim.

–Ele é má influência mesmo. Já me induziu a fazer besteiras. –Ela deu corda.

–Basta olhar para sua barriga. –O padre disse, apontando para a criatura.

–É, eu sei, sou má influência. Será que podemos resolver logo esse negócio de casamento? –Pedi.

–Podemos, mas não ache que por ser meu amigo eu vou te aliviar. Vocês terão que cumprir com todas as obrigações que os casais tem antes de casarem. –Ele disse rindo.

A partir dali as coisas seguiram mais tranquilas, eu me acalmei. Conversei sobre coisas sem muita importância com o Trator, ele contou uns podres meus para a Lívia, mas, por fim, marcamos o casamento para o próximo mês. Agora era uma questão de dias para estar oficialmente casado com a mulher que eu amo.

Continua.


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