Pensão da tia Odete. escrita por Costa


Capítulo 37
Capítulo 37


Notas iniciais do capítulo

E aí, pessoal? Tudo beleza com vocês?
Gente, sei que tenho demorado demais em postar e peço desculpas por isso. Estou atolada em trabalhos e provas e só me resta a madrugada para conciliar tudo. A história já está praticamente pronta, mas manuscrita. Até digitar e arrumar uns detalhes, leva tempo. Consegui arrumar esse porque, como trabalho em escola, ontem e hoje fiquei livre. Consegui adiantar uns trabalhos e me sobrou um tempinho para digitar. Sem mais, vai mais esse e espero que gostem.



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O tempo está passando rapidamente, a barriga da criatura está cada vez maior e já sabemos que vai ser uma garota. Ela cismou com Sofia, mas nem morto minha filha vai se chamar assim. Jonas e Roseni se assumiram. Eu os vejo juntos pra cá e pra lá, mas, sinceramente, ainda acho a Rose um pouco seca com ele, sem muito entusiasmo. Sei lá, deve ser o estilo dela.

Eu, agora, estou à caça da Roseni. Já rodei pela pensão inteira e nem sinal dela. Só me resta ir para a rua. Finalmente me decidi em pedir a criatura em casamento, mas não entendo nada de alianças, anéis e preciso de uma ajuda feminina. Podia pedir pra Flávia, mas sei que ela não vai aguentar e vai acabar dando com a língua nos dentes. Vou aproveitar que a Lívia está no curso dela e tentarei dar uma escapada até a joalheria.

–Roseni! –Gritei ao ver ela do outro lado da rua.

–Rogério, o que foi?

Corri até ela e falei baixo para ninguém ouvir:

–Vou pedir a Lívia em casamento, mas preciso de uma ajuda?

–Não acha que eu ficarei segurando vela enquanto a pede, acha? –Ela brincou.

–Não é isso, é que preciso comprar um anel e não faço ideia de como fazer isso. O máximo que comprava para mulheres eram colares porque não precisavam ter medida certa.

–Ih, cara, adoraria te ajudar, mas também não entendo disso.

–Mas você não é mulher? Toda mulher entende, não?

–Eu sou uma exceção. Nunca gostei muito de anéis. Porque não tenta com a Flávia? Ela sempre anda com os dedos cheios deles. Deve saber mais que eu.

–Eu já pensei nisso, mas se falar com ela, em meia hora todo mundo vai tá sabendo do que eu farei.

–Tem razão, esqueci que a Flávia sempre fala demais. Você tem algum anel que a Lívia usa?

–Deve ter algum na caixinha de joias dela.

–Então o pegue e leve de medida para as alianças.

–Será que dá certo?

–Dá sim.

–Mesmo assim, me sinto um E.T. nesses lugares. Nunca sei o que as mulheres acham bonito.

–Leve o que você gostar. Pelo que conheço da Lívia, era não liga muito para essas coisas.

Agradeci a Roseni e sai dali. Voltei pro quarto e achei vários anéis na caixinha de joias da criatura. Na dúvida, peguei todos. Mesmo com esse aparato que estava, ainda sentia insegurança e precisava de uma segunda opinião. Pensei no Jonas, mas ele é mais tapado que eu. Djair chega a ser pior que nós dois. Só me restava o Camilo. Não queria pedir ajuda pra ele, mas não teria escolha.

–Jorge, você viu o Camilo? –Perguntei ao esbarrar com ele no corredor.

–O Camilo foi levar o Ricky Martin para tosar o pelo.

–E sabe se vai demorar?

–Vai. Depois dali ele ia passar na casa de uma cliente para fazer as unhas dela e ele sempre fica na fofoca.

–Porcaria!

–Que foi? Era tão urgente assim falar com ele?

–Era. Agora eu estou ferrado. Ele era minha última esperança.

–E para que seria?

–Eu vou comprar o anel para pedir a criatura em casamento e queria uma ajuda, uma opinião de quem entende disso.

–Eu posso te ajudar.

–Você?

–Eu entendo. Já aprendi muito cortando o cabelo nas casas das madames. Não sou expert, mas sei um pouco.

–Ficarei eternamente grato. Tenho esses anéis para ajudar. –Disse, mostrando para ele a caixinha.

–Exagerado. Basta um. Todos são do mesmo tamanho.

Ele escolheu um e eu fui guardar o resto. Era uma surpresa saber que o Jorge conhecia dessas coisas. Mas, acho que todos os gays entendem de anéis, Sem maldade, me refiro às joias e bijuterias. Enfim, fico feliz de ter conseguido um comparsa nisso. Ainda nem comprei a porcaria da aliança e já estou com as pernas bambas só de imaginar o pedido. Quem diria que um dia eu teria esse sentimento?

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Chegamos no bendito lugar. Eu não sabia por onde começar. O atendente nos mostrou vários pares de alianças. Era muita escolha pra minha cabeça.

–Pra quando será o casamento? –O atendente puxou assunto.

–Ainda não sei. Não fiz o pedido.

–Então vocês são só amigos? –Ele me perguntou, apontando para o Jorge que olhava uns colares.

Esse cara achou que fossemos um casal gay? Eu mereço. Ainda bem que não foi com o Camilo, era bem provável dele entrar na brincadeira e me beijar.

–Não, ele é um amigo. Estou comprando isso aqui para minha namorada, mãe da minha filha. –Falei para não restar dúvidas acerca da minha orientação sexual.

–Desculpe, achei que fossem. Ele é solteiro? –Perguntou, na cara de pau.

–Não, já é comprometido.

–Que pena. Acho que serei sempre um solteirão. Ficarei para a titia. –Lamentou-se.

Eu preferi não dar mais corda porque o Jorge voltou para perto de mim. Ele me explicou um pouco as diferenças de um tipo de metal para o outro, qual o ouro tinha a maior pureza, quais pedras eram quais. Ele mentiu, ele é um expert. A única coisa que eu sabia era o que era ouro e prata e, mesmo assim, ainda era arriscado eu comprar uma imitação achando que fosse real. No fim, me decidi por um par simples de ouro. Me saíram o olho da cara, mas já que estava sendo assaltando, mandei gravar logo dentro delas os nossos nomes: O meu na da criatura e o dela na minha. Levou umas meia hora, mas decidi esperar. Sabe-se lá quando teria tempo para fazer isso e, se eles fazem na hora, mesmo que por um preço maior, eu faço de uma vez.

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Voltamos para casa e, realmente, o Jorge me surpreendeu. Ele só tem aparência carrancuda, mas é uma ótima pessoa. Um bom amigo. Ele foi para o canto dele e eu fui para o meu quarto arrumar um esconderijo seguro para as alianças. Do jeito que a criatura é, sei que ela pode futricar e achar. Depois de muito procurar, a escondi num local que sei que ela não achará: No buraquinho da parede, atrás da mesa, que as lagartixas usam como casa. Só espero que elas não me empurrem aquilo pra fora.

–Ô Batman, tá aí? –O Djair me gritou.

–Tô, guenta aí que já vou.

Acabei de colocar a mesa no lugar, guardei o anel que peguei emprestado de volta em sua caixinha e sai.

–Fala, Djair. O que houve?

–Lembra que te falei que tinha um amigo vendendo o terreno aqui perto?

–Sei, e aí? Falou com ele?

–Falei e ele tá aí na cidade. Vai ficar até amanhã. Se tu quiser ver o terreno, vamos agora.

–Mas a Lívia também precisava ver.

–Ele só veio aqui porque pedi. Depois tu fala com ela.

–Tá. Vamos ver esse terreno que você tanto fala.

Sai com o Djair e ele parecia entusiasmado. Eu andei procurando terrenos ou casas próximos à pensão e, para falar a verdade, o mais próximo que achei ficava a 15 minutos de carro. Esse que iriamos ver ficava a 5 minutos à pé. Eu e a criatura decidimos que queríamos algo perto, precisávamos estar rodeados desses “sobrinhos de Odete”.

Chegamos e ele me apresentou o seu amigo, Diogo. Parecia ser gente boa. Me mostrou o terreno. Era bastante extenso. Maior do que a maioria do pessoal daqui tem. Só tinha um problema: Não tinha casa. Era só mesmo o terreno, sem nenhuma construção. Só estava cercado em volta. Eu teria um trabalho desgraçado e não sabia se conseguiria arrumar tudo antes da bebê chegar.

–O que achou, Batman? –O Djair me perguntou

–Precisava de uma coisa mais prática, com uma casinha já. Como conseguirei arrumar isso até a bebê chegar? Depois que nascer sei que não terei mais tempo.

–Isso é fácil. Uma vez a casa do meu compadre pegou fogo e a gente levantou uma maior em menos de um mês. Com uns braços, levantamos rapidinho o seu barraco.

–Mas isso vai sair caro.

–Talvez saia até mais barato do que se você comprar uma casa pronta.

–E então, Rogério? O que me diz? –O Diogo perguntou.

–Por quanto tá pedindo?

–Eu vou ser sincero contigo: Sei que esse terreno, pela localização e pelo tamanho, vale uns 30 mil contos, mas estou pra me mudar do país mês que vêm e preciso de grana. A imobiliária só me ofereceu 20 mil pra compra imediata. Eu faço por 25. Se me der 5 de entrada, que é o que eu preciso pra agora, o restante podemos parcelar.

–Eu até gostei. É um terreno bom e com um preço excelente, mas não posso fechar o negócio sem falar com a minha parceira primeiro, me entende?

–Claro, entendo. Para um casamento dar certo, as decisões precisam ser tomadas juntas. Eu já tenho um outro comprador em vista, mas, como você é amigo do Djair, posso segurar até amanhã por uma resposta.

–Faria isso?

–Claro. Amigo do Djair, também é meu amigo.

–Obrigado então, Diogo. Assim que falar com a minha namorada, te dou uma resposta.

Trocamos o número de celular e eu voltei para casa com o Djair. Era quase certo a criatura aceitar o negócio. Eu fiquei feliz com isso, mas receoso. Seu o quanto uma obra pode demorar sem as devidas verbas. Eu já estou melhor financeiramente, mas ainda não tenho nem de longe o que já tive um dia. Eu já tive muito dinheiro, casa na praia e carro do ano, mas, por culpa de maus negócios e de um sócio ladrão, perdi quase tudo. Agora estou me reerguendo aos poucos. Talvez nunca mais tenha o que já tive um dia, mas, se tiver um cantinho para viver com a Lívia, não precisarei de mais nada. O que antes me importava, agora já não ligo. Agora só quero uma família e ser feliz. Quem diria que encontraria tudo o que eu sempre precisei, mas nunca admiti, aqui nesse “muquifo”? Pois é, a vida dá umas viradas de uma hora pra outra. Enfim, não sei se o que tenho com a Lívia vai durar para sempre, nunca acreditei no “felizes para sempre” dos contos de fada, mas sei que farei o possível para fazer ela e nossa filhota feliz enquanto durar. E que dure muitos anos.

Continua.


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Notas finais do capítulo

P.S.: A filhota do Batman e da Criatura ainda não tem um nome. Estou sem idéias, se quiserem deixar sugestões, serão bem vindas. :)
Forte abraço gente e agradeço por lerem.