Pensão da tia Odete. escrita por Costa


Capítulo 35
Capítulo 35


Notas iniciais do capítulo

Fala pessoal, tudo bem com vocês?
Gente, me perdoem pela demora em postar e em responder os comentários. Esses últimos dias minha vida tem andado uma verdadeira confusão. Meu celular por onde eu digitava os capítulos pifou e eu arrumei um trampo em uma escola, por isso tenho saído de casa 8 da matina e chegado quase 11 da noite. Enfim, sem tempo algum. Até sábado eu tenho o dia cheio e só me sobra o domingo.
Queria dedicar esse capítulo para a querida leitora Sol I que fez uma linda recomendação. Muito obrigada! ♥
Sem mais, deixo-lhes mais esse e espero que gostem.
Forte abraço, gente!



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Acordei, depois da maravilhosa noite que eu tive, mais quebrado do que já estava. Acho que a Lívia me deslocou o outro ombro. Começamos na minha cama, mas não sei em qual parte da noite acabei no colchão inflável. Posso me acostumar com isso todos os dias.

–Bom dia! –Ela me olhou, ainda deitada na cama, e falou.

–Bom dia! Como está?

–Acho que bem. Desculpe-me por ontem. Não sei o que me passou. Eu nunca fui assim...

–Hormônios?

–Oi?

–Dizem que os hormônios das grávidas aumentam e elas ficam meio taradas.

–Tá me chamando de tarada?

–Ontem você estava.

Péssima resposta. Só senti o travesseiro voar na minha cabeça.

–É assim que me trata depois de eu ter feito todas as suas vontades ontem, mesmo estando como estou? –Fiz um drama.

–Pois ontem não parecia tão mal, pelo contrário. Ainda acho que não está tão mal.

–Não me desafie. Olha que poderá se arrepender.

–Faça eu me arrepender.

Ela me desafiou e eu não resisti. Sumi na cama para terminar o que ela me desafiou. O mais adorável desafio que eu já recebi. Não teria nem muito trabalho porque, sinceramente, não sei onde nossas roupas pararam ontem e nem...

–Ai, foi mal! Não vi nada. –Jonas abriu a porta e nos pegou quase no flagra.

–Porra, Jonas! –Gritei, me cobrindo e cobrindo a Lívia.

–Olá, Jonas! –Ela o cumprimentou, na maior cara de pau, e sem nenhum pudor.

–Lívia? –Ele falou e chegou mais perto para conferir.

–É ela mesma. Agora será que dá pra tirar o olhão dela? -Resmunguei.

–Vou querer saber dessa história direito. Toma, não quero mais a chave do teu quarto. Não quero ficar traumatizado e nem ter que fazer terapia. –Me disse jogando a chave e saindo.

–Por que ele tinha a chave do teu quarto? Vocês não estão entrando no time do Camilo, estão?

–Claro que não, pelo menos eu não. Ele tinha porque ficava vigiando a sacada da Roseni. Vamos nos vestir. Ele acabou com o nosso clima.

A Lívia ainda resmungou um pouco, mas terminou por se arrumar como eu e descemos até a cozinha onde o Jonas nos esperava.

–Eu já soube, pela boca do Jorge, que você bancou o salvador da pátria e por isso está todo destruído assim, mas que história é essa de vocês dois? –Ele soltou, na lata.

–Ué, aconteceu. –Falei.

–Aconteceu. –Lívia completou.

–E quando as madames pensavam em me contarem? Eu sou teu melhor amigo e serei sempre o ultimo a saber das coisas?

–Corno é sempre o último a saber. –Brinquei.

–Então era por isso que você nunca sabia de nada? –Ele rebateu.

–Possivelmente. Bem vindo ao clube, amigo!

Lívia ria como criança da nossa conversa sem sentido. Como senti falta de vê-la assim.

–Gente, já entendemos que os dois são cornos. Será que podemos montar essa teoria enquanto tomamos um café? Estou morta de fome. –Ela falou e foi beliscar algo para comer.

–Ainda estou abismado. Vocês estão mesmo juntos?

–Estamos, Jonas. Parece impossível, mas essa criatura nefasta me fisgou.

–Foi macumba. –Ela brincou.

–Foi mesmo. Terei que procurar um bom terreiro para desfazer essa sua amarração. –Brinquei.

A partir daquele ponto a conversa seguiu um clima bom que há muito não tínhamos. Contamos todo o acontecido para o meu amigo chato e ele nos confidenciou, em segredo, que a Roseni o tinha beijado. Acho que essa pensão terá mais um casal formado. Depois de um tempo ele se despediu e foi ver a deusa amada dele. A Lívia foi ligar para a mãe e o irmão dela para contar as novidades e eu fui me sentar no meu cantinho ao sol no meio fio da rua.

–Conseguiu anotar a placa do caminhão que te atropelou? –Djair, que estava terminando de trancar o fusca, perguntou.

–A placa não, mas vi o modelo: Besta peluda.

–foi o Carlos?

–E quem mais? Onde está a Flávia?

–Ela foi visitar uma amiga que teve filho. A besta te fez isso hoje?

–Ontem.

–O que tu fez agora? –Me perguntou se sentando ao meu lado.

–Roubei a mulher dele.

–Como é que é?

–Roubei a Lívia dele. Ela me escolheu e o largou.

–Calma lá que isso me deu até sede. Vou pegar umas cervejas pra gente conversar. –disse se levantando.

–Pra mim suco, não posso beber álcool. –Gritei antes dele entrar.

Pois é, mais uma vez que teria que contar essa história. Mas, no fundo, me divirto. É engraçado ver as reações do povo ao descobrirem que eu estou com a Lívia, com a mulher que mais me xingava e implicava comigo e eu com ela.

–Cerveja pra mim e toddynho pra você. –Djair voltou, se sentou do meu lado e me entregou aquele achocolatado.

–Toddynho?

–Não tinha suco na geladeira e isso foi a única coisa sem álcool que achei lá além de água.

–Podia ter sido a água. Me sinto com 10 anos, mas fazer o quê? Eu estou com sede.

Contei para ele tudo o que aconteceu e ele chorava de rir de mim. Ele também ficou com raiva do Carlos, mas aquele lá já estava tendo o que merecia. Depois do depoimento da Lívia e da acusação de agressão do seu Rodolfo, acho que ele vai ficar engaiolado por um bom tempo. Conversamos mais um pouco e ele foi ver a Lívia. Queria colocar o papo em dia e saber, com mais riqueza de fofocas, os acontecimentos. Eu continuei no meu cantinho ao sol.

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Estava quase dormindo e acordei com uma poeirada na cara que me entrou até na boca. Levantei correndo e fui olhar quem era o ser celestial que me fez esse favor.

–Te acertei? –Lívia, da minha sacada, perguntou.

–Não, imagina... Mudou de tática?

–Como?

–Da primeira vez foi água suja. Agora é poeira?

–Foi mal, Batman.

–Sem problemas. O que você está fazendo aí?

–Limpando o nosso quarto. Não me leva a mal não, mas você é meio porquinho.

–Quê? Eu não sou porquinho.

Era só essa que me faltava agora... Subi lá pra ver o tamanho da bagunça que me esperava. Tamanho foi o meu choque ao ver meu quarto de pernas pro ar e pior: o Camilo de avental, lenço na cabeça e flanela na mão. Uma autentica diarista. Podia morrer sem ver isso.

–Vai ficar nos olhando com essa cara de bobo? –A criatura me perguntou.

–Não sei. Acho que ainda estou meio abobado da surra.

–Não parecia abobado ontem. –Ela me provocou.

–Você me tentou. Mas, mudando de assunto: Você não está se esforçando, está? Sabe que não pode no seu estado.

–Não. O Camilo é que me ajudou a tirar os móveis do lugar.

–Ajudei, mas você é teimosa como uma mula. O Rogé está certo. Ao invés de estar aqui limpando esse chiqueirinho, devia estar num motel.

–É o que?! –Perguntei. O Camilo é sem noção mesmo.

–É isso mesmo. Vocês demoraram tanto a se assumirem. Precisam colocar as coisas em dia. Depois que a Camila nascer, não terão paz.

–Camilo querido do meu coração, não dá corda pra ele, por favor. –A Lívia pediu ao me ver bufando de raiva.

–Tá bom, mas só porque você está me pedindo. –Ele disse.

Preferi sair dali antes que matasse um. Fui para a minha sacada respirar um pouco de ar fresco. Comecei a ficar mais tranquilo, mas eis que ouço um grande estrondo vindo do corredor. O que será agora? Só me resta ir lá ver. Chegando lá dou de cara com o Jorge e o Djair enrolados para carregarem um colchão de casal. Será que vão jogar fora? Parece estar meio surrado já.

–Gente, pra que Isso? Se vão jogar fora, por que não usaram o caminho mais fácil e jogaram pela sacada? –Perguntei e eles me olharam com cara de riso.

–Isso não vai pro lixo, vai pro seu quarto, Batman. Tínhamos uma cama de casal guardada no sótão e o seu Rodolfo pediu para que montássemos pra vocês. –Djair, rindo, me disse.

–É brincadeira, não é? –Perguntei?

Eles riram mais ainda e levaram aquele troço fedido para dentro do quarto. Não é brincadeira.

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Mesmo eu reclamando o tempo todo, eles ainda montaram aquela cama no meu quarto. Não era feia, o colchão era até mais confortável que o meu, mas a infelicidade estava no cheiro de mofo daquilo. Sei que vou custar a dormir com esse cheiro.

–Ainda chorando pela sua cama? –A Lívia me perguntou ao entrar no quarto.

–Um pouco. Vai sair? –Perguntei ao ver que ela trocou de roupa.

–Vou né? Vou pro seu bar. Você com esse braço não vai conseguir trabalhar e fora que com esse nariz inchado pode assustar os clientes.

–E quem disse que eu vou deixar você ir?

–Quem disse que vai me impedir?

–Mas você não vai mesmo, não nesse seu estado. Pensa no bebê.

–Gravidez não é doença.

–Não é, mas um bar de funciona até de madrugada não é lugar para uma grávida.

–Você não acha que eu vou ficar parada até ter a criança, acha?

–Não disse isso, mas não posso deixar que faça algo que te prejudique ou prejudique o bebê.

–Então já vi que não vou fazer nada. Pra vocês, homens, tudo é perigoso pra uma grávida.

–Por que não aproveita esse tempo e faz algum curso? Pensar não requer esforço físico.

–Um curso?

–É, eu pago pra você. Há de ter algo que você goste.

–Prometo pensar, mas sem essa de você pagar. Nunca precisei de homem pra sobreviver.

–Eu também nunca precisei de mulher para sobreviver e não sou machista nem cafetão. Acredito que devemos dividir as despesas. O que me diz? Hoje eu faço por você, no futuro você fará por mim.

–Penso da mesma forma, sendo assim, trato feito, amore.

Selamos o acordo com um beijo apaixonado. Acho que nunca vou me cansar de beijar essa mulher. Ela acabou me dando razão e ficando em casa. Eu, no fundo, sou um pouco machista. Acredito que mulheres devam ser mimadas, mas nunca direi isso para a criatura. Não quero iniciar uma guerra. Teimosa também do jeito que ela é, terei que me desdobrar para conseguir fazer ela sossegar até ter a criança. Deus!...Às vezes me pergunto onde fui amarrar o meu burro.

Continua.


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