Pensão da tia Odete. escrita por Costa


Capítulo 22
Capítulo 22




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Eu não sabia o que estava me acontecendo. Eu fui para o meu quarto, mas não conseguia dormir. Só conseguia pensar no bendito beijo da criatura. O que me passa? Por que não consigo parar de pensar nela?

–O que te passa, Rogério? Será que eu estou começando a gostar dela?

Escutei baterem na porta. Não queria falar com ninguém agora, mas se não atendesse, não me deixariam em paz. Levantei com certo desanimo e abri. Para minha surpresa era o Jonas que entrou me abraçando.

–Você tá bem?

–Como? Tá maluco, Jonas?

–Não assaltaram o bar?

–Como soube?

–Rádio peão. Um vizinho me contou. Ele passou por lá quando a polícia estava chegando.

–Estou bem, fisicamente.

–E a Lívia?

–Tá bem também.

–O que aconteceu?

–Senta aí que a história é longa.

Contei tudo pra ele, exceto do beijo. O pessoal da pensão também veio me ver e saber da fofoca. Acho que a Lívia já contou uma parte pra eles, mas como não se contentam só com uma versão, procuram comparar a segunda. Já passava das 5 da tarde quando consegui, finalmente, ficar sozinho. Decidi não abrir o bar hoje. Sei que isso me traria algum prejuízo, mas não estava bem pra voltar lá e arrumar o que os malditos quebraram. Também teria que comprar um outro caixa e não estava com coragem pra pedir pra Lívia ir trabalhar, não depois do que ela passou. Pedi pro Jonas colocar um aviso lá na porta de que só abriria na segunda. Amanhã é o casamento da Lívia e não posso fazer a desfeita de não ir pra poder abrir o bar. Apesar de não gostar da besta, não seria justo com ela. Que vida a minha.

–Tu só se mete em confusão, Rogério.

–Falando sozinho?

–Lívia?

Antes eu a xingaria por entrar no meu quarto e ainda sem bater, mas eu estava feliz em vê-la. Na verdade, eu queria vê-la, desde cedo, só não tive a coragem.

–Você está melhor? -Perguntei.

–Estou. E você?

–Vou ficar.

–Você vai abrir o bar hoje?

–Não.

–Certeza? Eu já estou bem. Se quiser nós vamos mais cedo e arrumamos aquilo lá.

–Certeza. O importante agora é você se sentir bem, estar bem. O bar pode esperar. Você precisa estar tranquila e descansada para amanhã.

–Obrigada.

–Por nada.

–Até que você não é tão amargado como eu pensava, Batman.

–Você continua sendo a criatura, mas posso tirar o nefasta.

Ela riu e me estendeu uma das mãos.

–Amigos? -Perguntou.

–Amigos.

A puxei pela mão e lhe dei um abraço. Depois de tudo que passamos, um aperto de mão seria formal demais para amigos.

–Largue minha mulher.

Carlos, a besta peluda, apareceu como mágica, me agarrou e me jogou contra a parede. Não bastando o impacto que eu tomei, ele veio como um verdadeiro animal pra cima de mim. Sorte que a Lívia se colocou entre nós.

–Sai daí, Lívia, não quero te machucar.

–Sai daqui você, Carlos. Deixa o Rogério em paz. Ele não me fez nada e, se não fosse por ele, talvez nem viva eu estivesse.

–Se não fosse por ele você não teria passado pelo que passou. Como acha que posso deixar esse aí depois de você quase ter morrido naquele assalto. Ele é o responsável pela segurança dos empregados.

–E ele me protegeu. Agora sai daqui!

–Não antes de dar uma boa surra nesse aí.

–Encoste um dedo nele e eu cancelo o casamento agora mesmo.

–Você não teria coragem.

–Quer arriscar?

A besta olhou feio para mim, grunhiu algo entre os dentes, chutou e quebrou um pé da minha mesa e saiu bufando. A Lívia me ajudou a levantar e a me sentar na cama.

–Você está bem?

–Vou ficar. Vá lá antes que piore sua situação com a besta do seu noivo.

–Ele que se acalme primeiro.

–Vá lá, por favor. Não quero que briguem por minha causa.

–Não deixarei ele te bater mais.

Ela me deu um beijo na testa e saiu correndo atrás dele. Começo a acreditar que eu gostaria de ter tomado essa surra. Mesmo que eu morresse, o Carlos iria preso e eu livraria a Lívia de um animal. Só espero que ele não ouse levantar a mão para ela.

–Enquanto eu puder, Lívia, eu vou te proteger. Mesmo que, com isso, eu esteja assinando minha sentença de morte.

Continua.


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