Pensão da tia Odete. escrita por Costa


Capítulo 15
Capítulo 15


Notas iniciais do capítulo

Pessoal, desculpem se sair desformatado. Estou digitando pelo tablet.
Mais um capítulo. Espero que gostem.



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A Lívia me chamou pra irmos embora devia ser quase cinco da tarde. Embarcamos naquela lata velha e pegamos estrada. Pegamos um pouco de engarrafamento. Já era quase a hora de abrir o bar e ainda estávamos a uns 10 minutos do local e o que me acontece? Aquela picape cisma de pifar.

–Não acredito! Sabia que não devia ter vindo. -Falei, enquanto ajudava a empurrar o carro para o acostamento.

–Calma aí, Batman. Não deve ser nada de mais.

–Nada de mais? Não sei se reparou na fumaceira que está saindo do teu motor. Essa porcaria deve estar pegando fogo!

–Mas é exagerado. O motor só deve ter super aquecido.

Preferi não retrucar mais. Não queria voar no pescoço dela. Ela, na maior tranquilidade, abriu o capô e olhou aquilo como se entendesse.

–E então? -Perguntei.

–Não sei o que aconteceu não. O carburador tem água, o óleo tá bom. Não vejo nada de errado.

–Deixa eu ver essa porcaria.

Empurrei ela pro lado e fui conferir aquilo. Não entendia muito, mas poderia ver se achava algum cabo ou mangueira ruim. Olhei o que pude, sujei minhas mãos de graxa, queimei meus dedos, mas não achei nada de muito estranho naquele motor.

–Achou algo, Batman?

–Não. Acho que vai ter que mandar rebocar.

–Que rebocar que nada. Me ajuda, nós empurramos até no bar que já está perto e, de lá, eu ligo pra um amigo mecânico. Ele conserta isso rapidinho.

Ela não acha que eu vou empurrar esse troço até o bar, acha?

–Anda, Rogério. Me ajuda!

–Acho que não. Não vou empurrar isso.

–Que foi? Não aguenta?

–Aguento, mas não sou animal de carga como seu namorado. Boa sorte.

–Se você não me ajudar, eu não vou sair daqui e não vou trabalhar. Acho que você consegue atender os clientes e cuidar do caixa ao mesmo tempo, não é?

–Chantagista, isso que você é! Te odeio.

–Também não gosto muito de você. Anda, cada minuto aqui é um cliente perdido.

Não tive escolha, mas não fiz por ela, mas sim por meu bar. Empurrei aquela porcaria até o bar. O Jonas, assim que nos viu, veio ao nosso encontro.

–Amigo, o que te passou?

–O carro quebrou, não esta vendo? -falei.

–Tá, estou. Mas você veio com a Lívia? E que roupas são essas? Por que está tão vermelho.

–Fomos à praia. Satisfeito? Agora dá pra ajudar?

–Vocês foram juntos?

–Fomos. E me arrependo disso.

O meu lindo amigo se sentou no chão e chorou de rir.

–Jonas!

–Desculpa, Rogério, mas estou imaginando vocês na praia. E você está lindo com essa corzinha vermelha. Parece um camarão.

E agora a criatura começou a rir e não aguenta mais empurrar o carro. O que fiz, meu Deus, para o senhor colocar essas pragas na minha vida?

–Será que as bonitezas podem parar de rir e me ajudar?

Eles me ajudaram a empurrar o carro enquanto falavam de mim, como se eu não estivesse ali. Guardamos aquela porcaria e abrimos o bar. Por sorte a roupa extra que eu levei me serviu de algo. Tomei um banho de gato na pia do banheiro e me arrumei, mais ou menos. A criatura teve que trabalhar com uma saia e uma regata, já que ela não tinha outra troca de roupa. A noite passou rápida. Triste mesmo foi aguentar as piadinhas do Jonas com a minha sunga. Como se ele não tivesse também passado por essa moda.

Fechamos o bar quase amanhecendo o dia. O Jonas se despediu de mim e foi pra casa. A criatura ainda futucava no carro.

–E o teu tal mecânico?

–Ele não pôde vir.

–E o que pretende fazer?

–Pretendo ficar aqui e tentar consertar. Vai que alguém me roube ele.

–Isso aí nem pra ferro velho serve. Deixa essa porcaria aí e vamos embora. Essa sua roupinha praiana está chamando muito a atenção. Vamos antes que te assaltem ou coisa pior.

–Está preocupado comigo, Batman?

–Não com você, exatamente, mas com a minha empregada. Se te matam, onde eu vou achar alguém para trabalhar no seu lugar tão rápido?

–Sei... Você mente mal. Agradeço a preocupação, mas ninguém é louco de se meter comigo.

–Vai ou não?

–Vou, né. Não tenho escolha mesmo. Mas, se me roubarem o carro, a culpa será sua.

–Acredite, ninguém vai querer roubar essa lata velha e, se roubarem, ainda vão te dar um melhor por pena.

Fomos embora de lá. Como eu estava todo moído, queimado de sol e cheio de tralhas, decidi pegar um táxi. Chegamos rápido na pensão, mas, em compensação, gastei quase 70 reais com aquele taxista ladrão. A Lívia ainda me ajudou a carregar as coisas que eram dela mesma e, quando entramos, eu vi a pessoa que não queria ver: a besta peluda.

–Amor, estava preocupado por você. Esse aí não te fez nada, fez? O pessoal disse que vocês foram juntos na praia. -Ele falou pra ela enquanto me olhava com ódio.

–Não, pelo contrário, o Rogério até me ajudou. O meu carro quebrou e viemos de táxi.

–Que bom. Me deixou preocupado. Sei que eu estava esperando um momento especial, mas você me conhece, sabe que eu sou ansioso...

A besta ajoelhou no chão e tirou uma caixinha de anel do bolso. Foi a cena mais surreal que eu já presenciei. Não acredito que ele vai pedir ela em casamento naquela pensão e sem nem um clima romântico.

–Lívia Guerra de Meideiros, quer se casar comigo?

É, ele pediu. Ela começou a chorar e o abraçou dizendo que sim. Como vi que já estava sobrando por ali, deixei as coisas dela no chão e fui pro meu quarto tentar assimilar o que tinha acabado de ver.

Continua.


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