Proteção escrita por Sverige


Capítulo 1
Proteção




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A palavra "pai" me era estranha. Não combinava comigo da forma com que combinava com Naruto. Três letras que me atingiram como uma faca, jogando todo o peso da palavra e da responsabilidade sobre minhas costas sem piedade. Quando Sakura me contou sobre sua gravidez, eu primeiramente me senti tenso. Não era o fato de ser pai que me assustava, e sim o de que uma criança viria ao mundo sabendo de todos os erros que sua família cometeu. Ele, ou ela, julgaria a si mesmo e temeria se tornar alguém ruim. Alguém como um dia eu fora. E eu não queria ver mais uma pessoa sofrendo por minha causa. A ideia de suportar a dor de um filho meu e ser incapaz de ajudá-lo me assustava tanto quanto a ideia de perder Sakura; a pessoa que ignorei por tanto tempo e que me amou mesmo diante de minhas atitudes cruéis havia se tornado minha vida personificada. Eu não queria isso. Queria que a criança tivesse uma infância normal e fosse feliz acima de tudo, sem ter o passado sombrio de sua família paterna a aterrorizando durante a vida inteira. Admito que pensei, durante um tempo, no aborto.

Fora Naruto quem me convencera de que eu deveria jogar aquele pensamento no lixo e me tornar o que a criança merecia. Porque o trabalho de um pai é proteger o filho e ajudá-lo a superar seus pensamentos obscuros, ser capaz de sacrificar tudo pela vida do filho e não ter arrependimentos quanto a isso. Aquela ideologia me afetou tanto que eu resolvi segui-la a risca; quando o meu filho nascesse, eu o protegeria e o auxiliaria até o fim de meus dias. Custasse o que custar, eu estaria ao seu lado em todos os momentos possíveis e jogaria tudo no lixo por ele.

A palavra "bebê" acabou por se tornar "ela". Sarada. Salada. Um nome tão incomum que a princípio me fizera rir. Uma garotinha com um nome estranho, filha de uma mulher louca e um homem atormentado pelo passado. Que engraçado. Porém, quando os risos cessaram, me recordei de que estávamos escolhendo nomes para a criança. Nomes para uma pessoa, um ser humano que viria ao mundo em poucos meses e abalaria o que eu chamo de "cotidiano". Ou melhor, o que eu chamo de "vida". Talvez a pequena Sarada se tornasse o significado de minha vida, e não um acontecimento como a maioria das pessoas sem filhos deve pensar.

Notei que o tempo passa rápido quando ela nasceu, de repente, num dia ensolarado. Eu não esperava por aquilo no dito dia e, quando aconteceu, não soube como reagir diante daquela situação. Minha esposa estava tendo nosso filho em frente aos meus olhos e tudo o que se passava por minha mente era branco. Eu estava sem palavras e sem reação, e sobretudo com medo. Medo do "agora" e medo do "depois". Apavorado com o momento que tinha chegado após nove rápidos meses. Principalmente apavorado com a ideia de ter um filho. E, quando ela chegou aos meus braços depois de vários minutos, eu temi o sentimento que estava esquentando meu corpo e me confortando: o amor. O mais puro sentimento de amor que senti, quase tão puro e verdadeiro quanto o amor que sinto por Sakura. Puro e indestrutível como um diamante, e avassalador. Palavras não podem descrever a imensidão de amor que senti quando a segurei no colo e vi seu rosto pela primeira vez. Ela era minha, completamente minha.

Aquele sentimento de conforto foi substituído pelo medo quando recebi a notícia de que Sarada não era uma criança completamente saudável; ela sofria de uma doença hereditária que afetava sua visão. Frágil, ela poderia morrer ou ficar cega. Utilizar o sharigan poderia destruí-la, e eu não podia permitir isso. Gritei, chorei, quase destruí minha casa, apenas por saber que não havia uma cura conhecida para aquilo, apenas um tratamento que controlava por um curto período de tempo. Doze anos. Ela morreria com doze anos.

E eu tinha apenas doze anos para encontrar uma cura para aquela horrível doença que destruiria a coisa mais importante para mim no mundo.

Conversei com Sakura, Naruto e Hinata durante a noite inteira e chegamos a um acordo. O Hokage permitiu com que eu me afastasse da vila por até 12 anos e viajasse atrás de uma cura, enquanto Sakura criasse Sarada enquanto utilizaria seus conhecimentos médicos para que a menina não suspeitasse da doença e acreditasse que era completamente saudável. Eu viajaria ao amanhecer, portanto deveria me despedir de minha esposa e arrumar minhas coisas o mais rápido possível.

E me despedir de Sarada.

Ela estava dormindo serenamente, como um anjo. Afastada de todos aqueles problemas, como se eles não existissem, Sarada estava em seu pequeno mundo de sonhos. Fiz um devaneio silencioso sobre com o que ela deveria estar sonhando enquanto observava suas feições ─ tão parecidas com as minhas, mas ao mesmo tempo tão parecidas com as de Sakura! ─ se contraírem e descontraírem a cada minuto que se passava. Sorri ao ver o esboço de um sorriso passar por seus lábios pequeninhos. Olhei para Sakura, que também sorria, e ela mexeu com a cabeça lentamente. Levantei minha mão e acariciei o pequeno rosto com cuidado, temendo que ela fosse feita de porcelana e se quebrasse ao toque de minhas mãos ásperas. Ela sorriu novamente e tocou minha mão, quase como se quisesse dizer em voz alta um pensamento íntimo seu. "Eu te amo, papai". Senti lágrimas caírem por meu rosto e me afastei, sentindo a dor daquela separação em meu coração me atacar como um animal faminto. Sai pela porta, decidido a salvá-la daquele mal.

Eu vou encontrar a cura para minha amada filha.

Custe o que custar.


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Notas finais do capítulo

E acabou! Espero que tenha gostado! ^^



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