A Herdeira dos Black II escrita por Akanny Reedus


Capítulo 35
Um papai (nem tanto) furioso


Notas iniciais do capítulo

Oii meus lindos, tudo bem?

Sei disso, sei disso... sei que demorei uma eternidade para postar, mas a culpado de tudo isso é a faculdade que já voltou com minhas aulas e ai já da para imaginar que meu tempo começou a diminuir. :(

Enfim, fiquei tristinho por só três pessoas comentarem no capítulo anterior... serião gente, vocês estão me deixando super decepcionada e desanimada para postar aqui no nyah. Então, por favor, fantasmas apareçam! Me digam o que estão achando. Não me façam querer deixar de postar aqui e postar só no spirit (porque lá eu tenho retorno dos meus leitores, sempre tenho retorno, já aqui a metade lê, mas não comenta nada).

Pois bem, não vou mais deixar vocês demorarem para o ler o capítulo.

Até as notas finais :)



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SUSANA BLACK © POV

Segurei sua mão antes dele se afastar e disse:

— Obrigada.

Não consegui dizer em um tom pouco mais alto, sem parecer uma morta viva, mas foi impossível porque naquele momento eu queria sumir.

— Se cuida — o tom de Malfoy foi calmo a ponto de fazer meu coração acelerar.

Por um momento o medo que sentia parece ter sumido.

A sensação de conforto aumento quando vi um pequeno sorriso se formando nos lábios dele. Dei uma olhada em meus amigos; felizmente só eu reparei — ou só Hermione que me lançou um olhar significativo e eu.

Não demorou muito para que meus amigos Harry, Rony, Fred e Jorge comemorarem, o que foi diferente de mim que voltei a sentir o desconforto de antes. Hermione e Gina se sentaram bem próximas de mim — Hermione sentou-se ao meu lado da cama me abraçando e Gina ficou de frente, segurando minha mão boa — ambas me lançavam olhares caridosos, elas sabia o quanto Malfoy ainda significa para mim. O que mais queria naquele momento era me desabafar com elas duas, mas não poderia fazer isso por causa dos garotos. Só que o meu desabafar não era no quesito chorar, pois eu não queria chorar, já estava fazendo internamente. Por dentro queria sair nesse exato momento da cama e ir atrás de Malfoy, gritar para que ele voltasse e não saísse do meu lado.

No entanto, o meu eu externo não derramava uma só lágrima e muito menos conseguia se mexer para ir correndo até ele, pedindo para voltar e que ignorasse meus amigos.  O único sentimento nitido era o meu desanimo. Queria ficar o máximo de tempo quieta; isso foi possível, pois os garotos não diziam sobre nada que eu quisesse responder ou que fosse uma pergunta direta.

— Nem era para esse idiota estar aqui — reclamou Rony.

— A McGonagall deveria ter pedido para algum de nós te trazer e não ele — Harry disse em seguida se sentando na ponta da cama.

— Só que ele era o mais próximo da Susana naquele momento — disse Hermione simplesmente. — Já que não estávamos lá.

— Mas a Gina estava lá e ao lado dela — diz Rony.

— E nós também — disse Fred.

— Só não estávamos perto o suficiente da Susana — completou Jorge.

            A discussão sobre o Malfoy ter me trazido durou até a chegada de Madame Pomfrey para me examinar. Só que antes de olhar minha mão, ela mais expulsou meus amigos do que pediu, mas foram ignorados pelos menos. Porém, no final apenas os gêmeos e Gina se retiraram já que ela deixou apenas três pessoas ficarem comigo até mais tarde.

— Amanhã mesmo a senhorita vai poder sair — dizia ela voltando a passar a gosma fedorenta e verde na palma da minha mão.

— Quer dizer que vou passar a noite aqui? — disse pela primeira vez com desgosto.

 — Sim — respondeu Madame Pomfrey finalizando minha mão com uma tala — sua mão ainda está péssima.

Bufei nervosa.

Odiava passar noites em enfermarias.

— Repetindo o que lhe disse antes: talvez a senhorita ganhe alta amanhã — diz ela me lançando um olhar mau humorado.

Hermione logo se levantou para buscar meu pijama e outras coisas uteis. Madame Pomfrey se retirou no mesmo instante para olhar Amanda que voltou a reclamar, me deixando sozinha com os garotos.

— Deveriam dar alguma coisa para ficar quieta — reclamou Rony se sentando na cadeira ao lado de minha cama. — Ela está irritando!

— Deve estar doendo — palpitou Harry.

— Ela mesma pediu por isso — Rony chacoalhou o ombro.

— É...

— Quem ela pensa que é para dar um tapa do nada na Su?

Harry desviou o olhar de Amanda para mim com o cenho franzido.

— Sabe ainda não entendi o por que dela ter batido? Você tem alguma ideia do porquê?

— Por que ela é uma idiota? — sugeri seca.

Rony na hora segurou um riso.

— Ela deve ser louca — disse o ruivo um tanto folgado na cadeira. — Sempre a achei estranha.

— Agora por causa dessa imunda, vou me ferrar.

— Claro que não! — exclamou Harry. — Ela que teve a maior culpa.

— Não acho que vão pensar dessa forma.

— Por quê?

— Por que a minha fama não é das melhores — respondi como se aquilo fosse obvio.

— Diz isso pelo que você fez em Beauxbatons?

— Digamos que isso também pode ser incluso na lista, Rony — disse, suspirando cansada e me ajeitando melhor na cama. — Outro motivo da minha má fama é por eu ser filha de Sirius Black.

— Mas o Sirius é inocente — disse Harry em voz baixa — e você sabe disso.

— Só que o resto do mundo não sabe — retruquei no mesmo tom. — Infelizmente é essa a verdade no momento. Enquanto não for provado a inocência do meu pai, eu vou continuar sendo a filha de um assassino e para alguns eu sou apenas parente já que quase ninguém sabe quem é meu pai.

— Não acho que a Profª McGonagall irá levar isso em consideração — disse Hermione aparecendo do nada, segurando uma pequena muda de roupa e livros.

— Ela lhe disse isso?

— Não exatamente — ela balançou a cabeça. — Sem querer eu acabei ouvindo uma conversa da Profª Sprowt com Dumbledore comunicando que tinha avisado os pais da Amanda sobre o que aconteceu.

— Não sabia que você fazia esse tipo de coisa — falou Rony olhando-a admirado.

— Enfim — ela deu uma ênfase na palavra depois de lançar um olhar crítico para ele — durante a conversa o diretor mencionou que concorda com a professora Minerva e disse que você não tem culpa do que a família Black é.

— E o que a família da Susana é...? — se perguntou Harry.

— Papai já mencionou sobre eles — disse Rony em voz baixa. — Segundo o que ele me disse é uma das famílias mais nobres e antigas contendo apenas bruxos sangue-puros; é mais famosa ainda por todos terem ido para Sonserina.

— Uma tradição que foi quebrada pelo meu pai — completei a informação de Rony.

Já tinha um pequeno conhecido da família Black pela minha prima Andrômeda, mas também só o conhecimento básico que foi o que Rony disse.

— Bem, de qualquer forma — disse Hermione interrompendo o clima silencioso que tomou conta por um momento — já da para saber que nem a Dumbledore e nem a Profª McGonagal vão levar o parentesco da Su em consideração.

Se a intenção de Hermione era me deixar tranquila? Infelizmente ela não conseguiu. Era realmente impossível me sentir calma, eu sabia que tinha feito merda e essa merda não vai ser passada tão fácil a limpo. Acho que eles três também sabia disso só que assim como eu, não falavam nada, mas seus olhares diziam muitas coisas.

Depois que troquei de roupa com ajuda de Hermione — Harry e Rony ficaram atrás do varão e só apareceram quando Hermione avisou que tudo estava liberado — fiquei conversando com os três. Harry acabou me contando que era provado que não se tinha mais ninguém usando os broxes escrito “POTTER FEDE”. Desde a primeira prova em que Harry acabou conseguindo passar, a vida dele aqui em Hogwarts melhorou, digo isso pelo fato dele não sofrer mais com as ofensas dos outros alunos e agora ele tem até algumas admiradoras.

Ficamos mais algumas horas conversando até que Madame Pomfrey ordenou que os três fossem embora para eu dormir. Quem disse que consegui dormi naquela enfermaria gelada e tediosa? Pregava os olhos, dava uma cochilada e depois acordava novamente. Só fui conseguir um sono gostoso justamente quando Madame Pomfrey veio olhar minha mão e me dar uma poção, tentei voltar aquele sono bom, mas não consegui e fiquei acordada por um bom tempo. Harry, Rony e Hermione apareceram logo de manhã para me fazer companhia, contando as novidades e soube que eu estou sendo um dos assuntos mais comentados.

— A Parkinson é a que está fazendo mais questão de ficar comentando absurdos sobre você — contou Hermione irritada.

— Vadia — resmunguei irritada.

— Ela só está piorando mais ainda o seu lado, fazendo de você a verdade vilã de tudo.

— Maldito seja a Buldogue! Que imunda!

— Ah, outra que está também ajudando a Parkinson é a tal da Daphne Greengrass que se acha a última bolacha do pacote.

— Claro que não poderia falta a cabelo de salsicha — ironizei, revirando os olhos e bufando.

— Elas estão fazendo isso porque você está aqui — falou Harry sentado ao meu lado.

— Simas também não fica muito de fora — disse Rony, sentado de frente para mim na ponta da cama com as pernas cruzadas em cima.

— Como assim? Ele também anda falando mal de mim?

Rony balançou a cabeça.

— Não extamente pela escola como a Parkinson, mas fez um comentário nenhum pouco legal sobre você, ontem no dormitório — respondeu Harry revirando os olhos.

— Simas que se dane — retruquei secamente. — Nunca curti muito ele mesmo.

— Ah, também tem o Neville — acrescentou Harry, agora me sentindo bem afetada pelo que ele disse.

Diferente do Simas — e até mesmo um pouco do Dino —, Neville fazia parte da lista de amigos que não é tão grande. É uma lista com pouquíssimos nomes, mas são nomes de pessoas que realmente me importo e o Neville sem muito esforço entrou nessa lista. Eu não tenho nada contra o Dino, ele até que é legalzinho, mas não tenho tanta afinidade com ele e conversamos bem pouco — já que na maioria das vezes ele está falando sobre quadribol — então o considero mais um colega. Já o Simas está bem mais abaixo do Dino, eu realmente nunca curti muito o Simas, nas poucas vezes que conversamos o achava um tanto chatinho; sem esquecer que o achava um tanto falso, pois ele vivia falando mal dos outros pelas costas. Outro detalhe é que ele também vivia conversando de quadribol. Eu gosto muito de quadribol, mas eu não sou fascinada como esses meninos. Enfim, o Neville é diferente desses dois mesmo também sendo um apaixonado por quadribol, ele é mais controlado nesse assunto.

Nas aulas de Adivinhação ele era o meu par; isso ajudou a gente se conhecer melhor. Sempre quando podia eu o ajudava, não só na aula chata da Trelawney, praticamente em todas principalmente em Poções que Snape fazia questão de humilha-lo. O que era um bom motivo para deixar o seboso furioso e me tirar pontos.

— Neville te elogiou — Harry voltou a dizer, tirando um enorme peso das minhas costas com aquelas palavras. No entanto, senti ao mesmo tempo que a tranquilidade uma sensação de surpresa.

— Ele me defendeu? — indaguei.

Harry apenas confirmou com a cabeça.

— Ele disse que não te acha uma pessoa má, nem acredita nessas coisas ruins que os outros estão dizendo, que você não usa magia negra — dizia Harry também um tanto impressionado. — Também falou que você é uma pessoa legal, mesmo aparentando na maioria das vezes uma pessoa muito arrogante, pois sempre o ajuda quando precisa.

Mesmo discordando da parte que eu sou uma pessoa legal, gostei de saber a opinião do Neville sobre mim, só discordo com o fato de ser legal porque eu não me acho uma pessoa legal. As vezes nem sei como Harry, Rony e Hermione me aguentam o dia todo.

Enquanto Rony ajudava Harry com as explicações sobre ontem a noite no dormitório masculino, ouvi passos e Rony parou na hora de falar, quando o dono dos passos apareceu.

— Padrinho!

No mesmo instante os garotos e Hermione se levantaram em um pulo.

— Que surpresa — falei realmente em um tom de surpresa.

Não imaginava que iria ver meu padrinho tão cedo. Por mais que o semblante estampado na cara dele não seja o melhor, eu sorri, e só não fui correndo para abraça-lo porque estava de cama.

— Acredite, você não é a única surpresa com minha vinda para cá — diz ele em voz baixa, mantendo seu semblante serio.

Vish, acho que vou levar bronca; pensei mordendo o lábio inferior.

— Harry, Rony e Hermione, poderiam me deixar a sós com Susana?

Sem enrolação os três assentiram, se despediram dele e comprovando que os três haviam desaparecido, meu padrinho voltou a me olhar o que me deixou com medo. Eu vou levar bronca! Eu vou levar uma bronca daquelas! Eu tô fudida!

— Então — começou ele com a voz controlada e respirando fundo — o que me diz?

— Sobre?

Porra, Susana, você está mesmo pedindo para ficar de castigo!

— Do que você acha?

— Sei lá — disse balançando os ombros — ainda não estou boa em Adivinhação.

— Susana...

— Affe! Não me lembro de ter feito nada.

— Acha mesmo que estourar a cara de alguém nada? — seu tom de voz foi alto, ele me olhava furioso, o que por um momento parecia até que o Lobisomen ia surgi antes da lua-cheia. — Você criou um rombo na cara da Bisbal!

— Padrinho também não é para tanto — revirei os olhos. — Não precisa ficar nervoso.

— Eu não estou nervoso!

— Tomou sua poção?

— Quê? Claro que tomei!

— Ah, então você está mansinho.

— Susana não brinca cutuca o que não deve — murmurou ele irritando.

— Que um suquinho?

— Susana...!!!

— Chazinho?

— Grew...!!

— Já sei então você vai ficar mais calminho com o redirante....

— Black... o que? Redi o que?

A face furiosa do meu padrinho mudou completamente, ele me olhava com o cenho franzido e curioso.

— Redirante — respondi na maior naturalidade — é uma bebida trouxa que tem umas espuminhas junto. Hermione que me disse.

— É refrigerante — corrigiu meu padrinho com a voz calmo.

— É esse mesmo... Pera! Como você sabe disso?

— Lily — respondeu ele como se fosse o mais obvio — ela vivia me contando... Droga, Susana, não muda de assunto.

Merda! Não deu certo a história do redirante. Ops! Quero dizer a história do refrigerante.

Como era de se imaginar levei o maior sermão de toda a minha vida. Ele me contou que havia recebido ontem a noite uma coruja com uma carta de McGonagall contando sobre o que fiz no jantar. E hoje, não perdeu tempo de vim para Hogwarts entender melhor essa história e antes de vim me ver foi parado pela professora e Dumbledore para conversarem sobre minha arte.

— Padrinho eu não fiz por querer — expliquei emburrando a cara — foi a idiota da Bisbal que apareceu do nada e me deu um tapa na cara.

— É, só que um tapa não é suficiente para você arrebentar a cara da garota.

— Para mim é motivo o suficiente — retruquei. — Eu já odeio que apontam o dedo na minha cara. Imagina me dar o tapa? Eu realmente fico furiosa. Não suporto que me toquem, principalmente sem motivo.

— Francamente, você é realmente filha do seu pai — dizia meu padrinho balançando a cabeça.

Recebi aquilo como um elogio.

— Quando Dumbledore me chamou — começou ele se sentando na cadeira que antes fora ocupada por Hermione — era também para me informar sobre o que iria acontecer com você. Não... Não se preocupe, você não vai ser expulsa, mas também não vai sair em puni.

— Conta uma novidade, padrinho? — falei no meu tom ironico de sempre, revirando os olhos e bufando.

— Bisbal também não ficara livre, porém, não me informaram o que vai acontecer com ela, só com você.

— E o que disseram sobre mim?

— Você irá ficar em detenção por um ano — olhei meu padrinho abismada, já ele me lançou um olhar de compaixão, triste até. Seu tom de voz era mais baixo quando voltou a dizer: — As suas idas para Hogsmeade foram canceladas. Não poderá assistir as próximas tarefas do torneio e irá perder 100 pontos.

A enorme vontade que tive naquele momento, junto com meu sangue fervendo, era berrar e tacar algo com tudo na parede para que ficasse tudo em pedaços. Chorar é outra opção que havia em minha lista. Queria chorar de raiva, desabar em lágrimas toda a raiva que sentia naquele momento. Como puderam cometer essa injustiça comigo? Isso que não queriam me expulsar provavelmente para parecer um ato mais justo comigo. Só que não é isso que me pareceu.

— Tem mais uma coisinha.

— Mais?

— Vai ser cobrado uma indenização pelo que você fez — padrinho soltou um suspiro cansado.

— Indenização é o de menos — digo. — Tenho muito ouro, não tem problema nenhuma...

— Bem, eu não acho que seu pai vai pensar dessa mesma forma.

— Como assim meu pai?

— Dumbledore mandou uma carta a ele informando o que aconteceu, dizendo também que ele é quem vai ter que pagar a indenização, pois você é menor de idade e ele é digamos que seu responsável oficial (eu sou apenas o substituto mesmo que sua guarda esteja comigo).

— Ah, mas com ele não deve ter nenhum problema — disse chacoalhando os braços — ele vai me entender.

— Ele até pode entender o lado de você ter batido dela, mas não acho que ele vai entender o lado que por causa disso vai ter que sair do bolso dele o dinheiro da indenização.

Juro que por um momento senti um medo me atingir, junto imaginei a bronca que iria receber do meu pai e essa seria a primeira que ia receber dele. Não que eu nunca tenha recebido bronca na vida, meu padrinho já me deu muito sermão e castigo. Só que a sensação é diferente ao saber que dessa vez vai ser do meu próprio pai.

— Sabe de uma coisa padrinho — digo do nada, olhando para o mesmo que me encarava sem a expressão furiosa — as vezes acho que o mundo me odeia muito.

— Por que diz isso? — perguntou ele com o cenho franzido.

— Porque sou sempre injustiçada — respondi. — Tudo que faço eu acabo me ferrando no final. Tudo que não é minha culpa eu é que acabo perdendo no final. Tudo! Será que a vida me odeia? Tirou logo de primeira minha mãe, depois afastou meu pai por um tempão e só agora me colocou ele de volta, mas ainda sim me manteu afastada dele por mais uma injustiça contra ele.

Não queria chorar.

Não queria mesmo.

Porém foi meio impossível, pois enquanto dizia senti minha garganta aperta e meus olhos se encherem de lágrimas. Foi quando terminei de falar que essas lagrimas acabaram saindo. Enxuguei a primeira que caiu, porém, as outras foi impossível.

— A vida não é perfeita para ninguém, todos sofrem com problemas e injustiças, nada é perfeito — meu padrinho se levantou da cadeira e sentou na cama, segurando minha mão e voltando a dizer: — Acredito que tudo o que acontece em nossas vidas tem um motivo. Talvez ele possa demorar para acontecer, mas de uma certa forma ele aparece.

— Está dizendo que a morte da minha mãe foi para me dar uma lição?

— Lhe ensinar não, mas lhe dar uma oportunidade; uma chance para você viver, crescer e se tornar essa bruxa maravilhosa que você está se tornando.

Com a manga do pijama, passei nos meus olhos para enjugar as lágrimas, levantei um pouco para conseguir ficar perda do meu padrinho e o abracei.

— As vezes eu só queria ter minha mãe comigo — murmurei com a voz afabada já que praticamente afundei meu rosto no peitoral do meu padrinho, que me abraçava forte — Também queria ver mais uma vez o meu pai. É pedi muito?

— Quando você menos esperar, Sirius vai estar ao seu lado recompensando todos esses anos que ficou longe de você — falou meu padrinho em voz baixa, me abraçando mais para perto dele e pude sentir um beijo na testa.

Estando assim como meu padrinho parece que todos os meus problemas somem, meu medo, desaparece; me fazendo sentir protegida. De uma coisa eu tenho certeza nessa minha vida é que depois dos meus pais, meu padrinho era a pessoa que mais amava. E agradeço a minha mãe que deixou ele para me guiar na vida, já que infelizmente, ela não pode fazer isso.

Meu padrinho ficou praticamente o dia todo comigo, conversamos sobre vários assuntos bem diferentes do que aconteceu ontem, disse a ele sobre as aulas de Defesa contra as Artes das Trevas com Olho-Tonto dizendo que o conhecia. Depois falei sobre o Harry no torneio que não fazíamos a mínima ideia de quem teria colocado o nome dele, mas que eu desconfiava de Karkarrof e comecei a desconfiar mais depois de saber que ele foi um dos seguidores de Voldemort.

Infelizmente o nosso tempo de conversa parou quando Madame Pomfrey veio me examinar.

— Sua mão está melhorando — dizia ela terminando de passar a gosma fedorenta na queimadura que continuava feia. — Só vou pedir para ficar passando essa pomada e pingar todos os dias essa poção para cicatrizar.

— Isso quer dizer que estou com alta? — perguntei olhando a ansiosa.

— Está — respondeu Madame Pomfrey depois que conjurar talas em volta da mão —, mas pelo amor não faça esforço com ela.

Concordei com a cabeça dando o meu melhor sorriso.

Era realmente um enorme alivio em saber que iria sair desse lugar tedioso.

Eu só não curti quando meu padrinho entregou meu montinho de roupa nova que Hermione havia trazido ontem a noite, dizendo que agora teria que ir embora, e que só veio ver como estava — principalmente para dar bronca.

— Se comporte, se cuide, não me faça receber mais uma coruja a meia-noite dizendo que você queimou a cara de mais alguém — diz ele em um tom mesclado de seriedade com um pouco de ironia.

— A próxima vai ser por eu ter deixado alguém banguelo — digo.

Padrinho revirou os olhos, soltando uma risada, me deu um beijo na testa e disse:

— Se cuida, minha querida.

Assenti, sorrindo.

Ao passar pelo quadro da Mulher Gorda o salão se silenciou, os olhares foram em minha direção e respirei fundo para não fazer o que havia dito para o meu padrinho de deixar alguém banguelo. Por sorte logo de primeira encontrei Harry, Rony e Hermione sentados em uma mesa com vários pergaminhos me acompanhando até o lugar livre ao lado de Harry.

— Recebeu mesmo alta? — perguntou Hermione toda sorridente.

— Mione, se ela está aqui deve ser porque ela recebeu alta — falou Rony um tanto sarcástico.

Hermione lançou um olhar mal-humorado ao mesmo.

— Perguntei isso porque talvez ela mesma tenha se dado alta.

— Mione! Acha mesma que sou desse tipo de pessoa? — disse, fingindo estar indignada, o que a fez rir.

— É bom te ter de volta — disse Harry rindo.

Depois de voltar do jantar com os garotos e Hermione, comentando sobre os olhares malignos vindo da mesa dos Lufanos que por um momento achei que estava na época do “Caça às Bruxas” e que ia ser queimada viva. Entrando no salão vimos uma coruja negra em cima do sofá com uma carta pequena no bicu.

— Será que é do Sirius? — sussurrou Hermione.

Tirei a carta do bicu da coruja e não tinha dúvidas que era do meu pai, estava sem remetente, apena com meu nome e havia uma pequena mordida na ponta da carta: feita pelo Bicuço. Olhando melhor o papel negro me dei conta que era um berrador.

— Será que é um berrador? — indagou Rony fechando a porta do dormitório masculino.

— Tenho uma leve sensação que é — respondi nervosa, me sentando em uma das camas, mordendo o lábio inferior.

— É melhor você abrir se não...

Sabia muito bem o que aconteceria se caso eu não abrisse.

Sem enrolações puxei a fitinha para abrir o envelope, nesse mesmo instante a voz do meu pai surgiu já dizendo o meu nome todo. Foi nesse momento que me dei conta que estava realmente fudida.

Susana Grew Black

Eu não vou gritar com você, tenho certeza que o Aluado já fez isso.

Mas não que vai escapar!

Eu não estou irritado.

Eu estou fulo, pocesso, enrravecido, colérico, puto, rancoroso, irado!

O que você tinha na cabeça quando estourou o rosto da menina trouxa?! Andou bebendo as poções do Aluado? Você não é uma Bersek sua filhote mal criada!!

ANDOU BEBENDO BABA DE LOBISOMEM?!!

Você abriu um rombo na cara da menina!!!! No mundo trouxa você pode ser presa só por isso! MIL VEZES AZKABAN E SUAS MORTALIDADES À UMA PRISÃO TROUXAS E SEUS GUARDAS CORRUPITOS!!

Você é igual sua mãe! Faz as coisas sem pensar!

Você é teimosa! Inconsequente! Inresponsável! Arrogante! Mimada! Egoista! MALDITO SANGUE SONSERINA! Mas você também é totalmente sem noção! Infantil! Afoita! Audaciosa! Explosiva! Problematica! BENDITO SANGUE GRIFINÓRIA!

VOCÊ SÓ DA PROBLEMA!! E NÃO VENHA DIZER QUE É PORQUE SOU SEU PAI! SUA MÃE SÓ ME USOU!!! Maldito seja a camisola vermelha de cetim...

Agora eu vou te que pagar uma fortuna de indenização para os pais da menina. Provavelmente está pensando agora, “mas você é rico, papai” SIM! MAS NÃO DE DINHEIRO TROUXA! Que caso não se lembre tem diferença entre o nosso dinheiro com o deles. Portanto é melhor você não queimar a cara de mais ninguém!

VOCÊ ESTÁ DE CASTIGO!! Deviria ter lançando nela uma azaração que é mais prático. Assim eu não teria que pagar merda nenhuma!

Assinado: Você sabe quem, mas não aquele!

Ouve um longo silêncio, mas logo ele voltou a falar.

ps: papai te ama.

Agora eu me pergunto: devo ficar com medo? Raiva por estar de castigo? Ria? Ou simplesmente comprovar a mim mesma que meu pai é bipolar e que nem mesmo ele sabia disso?

— Isso era para ser uma bronca? — ouvi Harry se perguntando mais a si mesmo.

Eu também estava me fazendo a mesma pergunta.

— Quem me dera mamãe me mandasse berradores assim com um pouco de elogio — dessa vez quem disse foi Rony sem tirar os olhos do local onde antes estava o envelope. Não só ele estava assim, os quatro não desviou um segundo se quer o olhar.

— Só sei que essa foi a carta de um papai (nem tanto) furioso.

— Já eu acabei descobrindo como você foi feita, Su.

Da frente invisível olhamos Hermione me olhando.

Papai, você não precisava revelar sobre a camisola vermelha... não precisava mesmo.


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Notas finais do capítulo

E ai, o que acharam?

Não tenho dúvidas que esse foi o capítulo que mais me diverti para escrever. Essa carta do Sirius os créditos vai tudo para minha amiga, Virgo, que deu a ideia e ainda escreveu a carta. ♥

É isso, espero que tenham gostado e se vocês aparecerem, vou fazer um enorme esforço para postar aqui em menos de 15 dias.

Até uma próxima, beijos :D